31/7/2013, [*] MK
Bhadrakumar, Indian Punchline
Traduzido pelo
pessoal da Vila
Vudu
Trabalhador iraniano dá
toques finais num mural do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, do Irã na praça
Enghelab, em Teerã. Fotógrafo: Majid Said
|
Mesmo para quem observa
compulsivamente há anos a “questão iraniana”, é uma festa para a inteligência:
nunca antes, em três décadas, a luta dentro do establishment
norte-americano foi tão feroz. “Engajar” ou não “engajar” o Irã: eis a questão.
Em matéria fascinante, o New
York Times toma a pulso dos EUA.
Hassan Rouhani |
Claro,
uma mão invisível impulsiona os políticos do Capitólio a pôr freios no
presidente Barack Obama, apesar de já estar em clara ascensão, na opinião
pública nos EUA, a ideia de que não resta saída além de engajar o Irã; sobretudo
agora que a eleição de Hassan Rouhani abre janela sem precedentes de novas
oportunidades, depois de trinta anos de impasse.
Não
se trata de pôr algemas na prerrogativa presidencial, de Obama, de comandar a
política exterior: é situação de vida-ou-morte para o lobby israelense.
O
pesadelo israelense é que, se o engajamento EUA-Irã ganhar tração, haverá
mudança tectônica na geopolítica do Oriente Médio; e a posição pivô das
estratégicas dos EUA na região pode sofrer erosão.
Israel
está em pânico, de que projetos divulgados, como a estrada de ferro financiada
pelos EUA, conectando o Afeganistão a portos iranianos no Mar da Arábia, venham
a mudar dramaticamente o jogo.
O
último relatório de 175 páginas, divulgado na 3ª-feira (30/7/2013) ao Congresso
dos EUA, pelo Inspetor Geral norte-americano para a Reconstrução Afegã, diz que
“o Irã é a destinação preferencial de exportações de minérios [do Afeganistão]
porque a estrada é mais eficiente e a infraestrutura ferroviária do Irã está em
melhores condições que a do Paquistão”.
Inacreditável,
não é mesmo?! Os militares norte-americanos querem retomar e implementar o mesmo
projeto sobre o qual burocratas indianos letárgicos, vãos, covardes, e seus
senhores políticos, nada fizeram, além de muito discursar e falar em vão,
durante vinte anos? Vide páginas
164-166 do Relatório.
Como se não bastasse, Obama fez
das tripas coração para aumentar o nível de conforto dos israelenses: o mais
recente movimento foi nomear Martin Indyk para comandar as conversações para o
Oriente Médio que se reiniciam. Indyk não é apenas “velho servidor de Israel”:
ele é a
própria “mão israelense” encarnada.
Barack Obama |
Obama
fez o que fez com o único objetivo de inspirar confiança a Telavive, de que é e
sempre será um anjo guardião dos melhores interesses de Israel. Pois nem assim
Israel deixou-se convencer.
Israel
absolutamente não quer, de modo algum, a integração do Irã como potência
regional; não quer normalização de laços entre Irã e o ocidente; não quer ver o
Irã aberto como a mais recente fronteira de energia – Israel absolutamente não
quer nada disso.
E
não quer porque essas medidas implicarão que Israel será forçado a contentar-se
com ser estado normal de 6 milhões de habitantes. Se desaparecer o fantasma
iraniano, Israel será fatalmente empurrada a ter de resolver o problema
palestino.
Até
hoje, a questão nuclear iraniana serviu como útil distração, ao longo de
décadas, tempo durante o qual Telavive desencaminhou a chamada “comunidade
internacional”.
E
então, de repente, começa essa nova campanha a favor do programa nuclear
iraniano. O mais recente relatório
de “think-tank” dos EUA
diz que o Irã
(...)
em meados de 2014 terá capacidade crítica
para processar material de urânio baixo-enriquecido e fabricar material a ser
usado numa arma atômica, sem que os inspetores internacionais tomem
conhecimento.
Eureka!
Descobriram
a pólvora!
A
mensagem ocultada é:
Não
é hora de o presidente dos EUA inventar de “engajar” em negociações o Irã, país
de traidores.
Para
os velhos observadores do Irã, a coisa volta, como uma sensação de déjà
vu.
A grande pergunta é se Obama terá
a coragem política necessária para desafiar
o lobby israelense e dar o salto de fé necessário
para engajar o Irã.
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[*] MK Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço
Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri
Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É
especialista em questões do Irã,
Afeganistão
e Paquistão e escreve sobre temas de
energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The Hindu, Asia Times Online e Indian
Punchline.
É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista,
tradutor e militante de Kerala.
Fica difícil dizer qual dos dois manda mais: EUA ou Israel.Mas a partir de pequenas análises é fácil perceber quem está ganhando por uma cabeça. Quem comanda Wall Street? Quem comanda a mídia? Quem recebe uma grana violenta de um determinado orçamento público? A quem Obama serve?
ResponderExcluirPrezada Regina,
ExcluirQuem manda nos EUA é Israel. Obama é serviçal da AIPAC (The American Israel Public Affairs Committee). Foi eleito com a grana dos sionistas prometendo fazer TUDO o que o estado genocida continuasse a assassinar palestinos e roubar suas terras. Hoje, os EUA são completamente subservientes à Israel. Tem o link de um artigo do Robert Parry na postagem seguinte (mais recente) que mostra bem essa subserviência da Câmara de Representantes.
Abraço