Todas as supostas vantagens da
energia eólica e da energia solar já foram apresentadas à exaustão. Agora é hora
de lembrar os problemas delas
Robert Bryce |
por Robert Bryce*
Nos últimos 10 anos, países do
mundo todo investiram pesado em programas de energia renovável. Afinal, sol e vento são
grátis, não é mesmo? O que ambientalistas nem sempre veem é que convertê-los em
energia
tem um custo alto - em dinheiro e recursos naturais.
Pegue como exemplo a energia eólica.
Uma turbina precisa de 50 toneladas de estanho para produzir 1 megawatt de energia.
Já com gás natural, uma turbina produz essa mesma energia com apenas 0,3 tonelada de
estanho. O vento pode sair de graça, mas precisamos de minérios para erguer a
infraestrutura que permitirá gerar energia.
Os minérios não são o único
recurso natural exigido pelas energias renováveis. Também temos de encontrar
muita terra disponível. Os números mostram por quê: em cada metro quadrado de
terreno, é possível gerar 1 watt com energia eólica,
20 vezes menos do que qualquer usina de gás natural. A energia solar
precisa de áreas menores. É possível produzi-la no seu próprio telhado, como eu
faço: gero 3,2 quilowatts com painéis solares sobre minha casa, o que dá cerca
de 30% da eletricidade que eu, minha esposa e nossos 3 filhos
consumimos. O custo de instalação dos painéis tem baixado cada vez mais, e hoje
está em US$ 5 mil por quilowatt. Mas é um custo similar ao da energia
nuclear - que tem a vantagem de funcionar também à noite.
A prática mostra quão dispendiosas
podem ser as energias renováveis. O estado americano da Califórnia pretende
obter um terço da sua energia
(cerca de 17 mil megawatts) de fontes limpas em 2020. Se essa meta for dividida
meio a meio entre sol e vento, será necessário ocupar uma área 5 vezes maior do
que Manhattan para os painéis solares e outra 70 vezes maior do que a ilha para
as turbinas eólicas.
Não que devamos parar de investir
em energias
renováveis. Mas precisamos ser claros quanto ao retorno que
podemos ter com elas. O Brasil é um exemplo: tido como representante da
importância do etanol, produz quase 28 bilhões de litros de álcool por ano. É
pouco perto do que o país precisa. Petróleo e gás natural geram 9 vezes mais energia,
segundo números da Petrobras. Sem contar o dinheiro que é preciso investir para
alavancar as energias renováveis. Alguns países já perceberam que talvez seja um
investimento alto demais. Nos EUA, o Senado cortou US$ 6 bilhões de subsídios
para o etanol de milho. A Espanha reduziu o apoio financeiro à energia solar e eólica.
A solução correta para a questão
energética depende das características de cada país.
A energia solar pode
ser uma boa alternativa para a Arábia Saudita. A hidrelétrica para o Brasil e
para a África Central. Se queremos reduzir as emissões de carbono, devemos olhar
para dados e fatos. E não excluir opções como a energia
nuclear, que segue como uma das nossas melhores opções, apesar do acidente de
Fukushima, no Japão, no início deste ano.
*Robert Bryce é
pesquisador associado do Centro de Polícia Energética e Ambiental do Manhattan Institute e autor do livro “Power Hungry: The Myths of "Green" Energy
and the Real Fuels of the Future”.
Artigo enviado por José CDS com o
comentário: Antes de criticarem a usina de Belo Monte, os ecochatos,
ecologistas de ocasião, políticos da oposição e a mídia golpista, deveriam ler o
texto (e os estudos) de Robert Bryce sobre as “energias limpas” publicado em superinteressante.
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