Viva
o Partido dos Trabalhadores! Viva o Partido Comunista do Brasil! Viva o
Brasil!
Ministro José Dirceu |
Fato
é que é preciso resistir SEMPRE. Dirceu parece ser o único petista (além de Lula
e Dilma e, sabe-se lá, talvez mais alguns da mesma geração histórico-política,
impenetravelmente mudos, infelizmente) a ter visão revolucionária clara desse
processo. Como Mao Tse Tung aprendeu e ensinou “Só a luta ensina”.
Não
vemos nenhum interesse em aprofundar a discussão “sobre” o julgamento, porque
nos parece que nenhuma discussão 'jurídica', construída em juridiquês, ajudará o
Brasil a entender o que houve e continua a haver.
Mas
queremos anotar aqui uma ideia, surgida na nossa roda de conversa: que todos
DEVEMOS MUITO ao grande ministro José Dirceu.
O
ministro José Dirceu conseguiu -- em boa parte à custa dele mesmo -- e sem
contar, sequer, com clara e forte defesa política que tivesse recebido do
próprio partido, porque, isso, Dirceu não teve --MOSTRAR ao Brasil o que é, como
opera, o que faz o STF.
Com
isso, o ministro José Dirceu mostrou também ao Brasil o quanto ainda é precária
e frágil a tal “redemocratização” – que tão levianamente tantos dão por
consumada e que, de fato, apenas começou e nem em sonhos pode ser considerada
completada. Mas “redemocratização” que, sim, começou afinal a andar a passos
muito rápidos, a partir da primeira eleição do presidente Lula.
Temos
um STF, sim: um belo prédio e juízes bem falantes, que não erram nos pronomes e
têm vasto vocabulário, bem educados, que sabem discordar com compostura (nem
sempre, nem todos, mas muitas vezes), com elegante representação feminina e,
até, com um juiz negro. Temos pois, para vários efeitos, o que pode ser
apresentado como boa amostra 'de gêneros' e 'de raças' do que é o Brasil 2012.
E
todos ali – com a honrosa exceção do juiz Lewandovski – são doutos
representantes do udenismo golpista mais bronco, mais arrogante, mais metido a
“ético” e mais metido a “democrático”, com leitura ético-de-classe moralista
brutal do mundo e do Brasil. Dispensam-se nomes, mas, sendo preciso, triste
exemplo extremo disso é o juiz Gilmar Mendes.
Bem
feitas as contas, o STF ainda é uma espécie de cenáculo onde se reúne uma
variante neoliberal letrada e formada em Direito, das muito broncas
Senhoras-de-Santana, as quais, saídas das colunas do pseudo jornalismo, chegaram
agora à toga.
O
bloco histórico que construiu o golpe de 64 e, depois, foi forçado a aceitar uma
abertura que foi, como se recomendava para que os negócios não fossem abalados,
“lenta, gradual e segura”, sobrevive e continua ativo no STF, como também
continua vivo na USP, na imprensa-empresa e em inúmeras instituições
brasileiras. Pode-se conceder que a abertura prossegue – embora nunca seja
simples ou fácil e tenha de ser sempre duramente disputada, todos os dias (tema
de que nunca se falou no Brasil d’A Privataria Tucana e tampouco se fala no
Brasil petista). E é bom, parece, que prossiga.
Mas,
se há coisa que não mudou e continua uniformemente distribuída na sociedade
brasileira, que afeta igualmente todos os “gêneros” e todas as “raças”, é o
udenismo figadal daquele bloco histórico. Esse udenismo figadal é promovido,
para dentro e para fora do MESMO BLOCO HISTÓRICO, pela imprensa-empresa que
milita no Brasil e por uma ideologia “jornalístico-comunicacional” dura de
matar, porque se reproduz também na universidade. E não é difícil ver que é a
MESMA, mesmíssima imprensa-empresa e a mesmíssima ideologia jornalística
(falava-se menos em “comunicação” naqueles anos) que já estava ativa em 1964 (e
antes disso).
A
ideologia daquele bloco histórico libera o caminho para uma discussão dita
“ética” -- como também é dita “feminista” e como também é dita “ecológica” e
pode ser tudo e qualquer coisa, desde que não seja discussão POLÍTICA --, a
qual, essa discussão despolitizada, é facultada “às massas”. Mas só.
Chega
a ser engraçado! Hoje o Brasil sangra-se em saúde, discutindo a tal “Teoria do
Domínio do Fato”. OK. “Teoria do Domínio do Fato” todos podem discutir. Mas que
a ninguém ocorra discutir alguma “Teoria do Domínio do BUG” (Bloco Udenista
Golpista).
Assim,
o que se vê são empenhados militantes suando a camisa para contra-argumentar com
advogados e juristas experientes, condenados a sempre perder, sempre, a
discussão. E assim se vai consumindo o empenho político...
O
xororô chatíssimo dos petistas, a chatíssima repetição do argumento “como nos
perseguem!” pode bem ser resultado também desse mecanismo ideológico: dado que a
discussão política é vedada, resta a eterna “se-lamentação” (pros depressivos) e
a euforia sem-noção e sem-estratégia (prôs mais animados). E nenhuma discussão
política.
POR
FALAR NISSO: Não é ESPANTOSO o silêncio do Ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, que é petista e professor de Direito, ante a escandalosa degola do mais
importante quadro político e ex-ministro do SEU PRÓPRIO GOVERNO PETISTA?! Taí.
Esse silêncio, para nós, é TOTALMENTE
INCOMPREENSÍVEL.
Pelo
mesmo argumento, do apagamento da discussão política, operada pelo bloco
histórico que continua ativo no Brasil desde 1950, se entende (quase), até, o
abjeto sarcasmo que o juiz “Collor de Mello” não se envergonhou de manifestar
para as câmeras de televisão. Rindo, ele, provavelmente, de nós, do nosso voto,
da democracia brasileira. Santo Deus!
Nem
em tribunais nazistas jamais se viu juiz sarcástico! O carrasco, na guilhotina,
é sério como a morte. Até ele entende que, naquele momento, nenhum sarcasmo é
admissível. Risinhos e caretas no STF, no Brasil-2012?! É repugnante. É abjeto.
É udenista e golpista.
Aquele
udenismo figadal também se manifestou pela boca do JB e não pôde ser
efetivamente “revisto” pelo juiz revisor, porque o MESMO udenismo figadal, de
classe, histórico no Brasil, também continua representado pelos demais juízes do
STF. E a disputa política democrática está, ali, reduzida à contabilidade,
dentre nove votos, como em qualquer reunião de condomínio, ou para decidir
pendengas de futebol de várzea. Provas?! Prá quê?!
A
democracia brasileira ainda é mis-en-scène, puro espetáculo, “ideologia
objetivada”, como escreveu Debord, quando previu que, na sociedade do
espetáculo, assim aconteceria. Está acontecendo, mais claramente detectável no
Brasil que em muitos outros países, porque aqui opera o Grupo GAFE
(Globo-Abril-FSP-Estadão) e aqui se faz o pior jornalismo do mundo (o que não é
dizer pouco).
Mas
– e isso é vitória da democracia brasileira – já se pôde ouvir, dentro do STF,
uma voz de razão democrática, que falou pela boca do ministro Lewandovski. Isso
NUNCA SE VIU ANTES. É um momento histórico de extraordinária importância. É
preciso festejar COM DIRCEU, que tenhamos já chegado a ter uma voz democrática
no STF pós-ditadura. Viva o Brasil!
Pois
bem. Tudo isso o Brasil VIU ao longo dessa semana e pela televisão. O serviço
valiosíssimo de ter levado tudo isso às televisões do Brasil, o Brasil deve,
integralmente, ao Ministro José Dirceu.
Dirceu
já poderia estar vivendo, rico e feliz, bem longe do Brasil e esquecido do
Brasil. Bastaria ter decidido ir. E decidiu ficar. Grande homem, o Ministro José
Dirceu! Rasteiro, rastaquera, é o juiz sarcástico, aquele, o feio, o tolo, o
reacionário, o udenista golpista.
Continua
o Partido dos Trabalhadores, portanto, ainda, a dever aos seus militantes e ao
Brasil – que tão empenhadamente, tão apaixonadamente, tão vitalmente, acompanham
o presidente Lula, a presidenta Dilma e quem os dois mandem acompanhar – a parte
histórico-política de explicar o PT e o Brasil a eles mesmos.
Para
tanto, o PT tem de parar de supor que o Big Bang ocorreu num palanque da Vila
Euclides, que a história só começou a andar em 1980.
O
PT só existe porque, antes, houve um Brasil de Getúlio, houve um Brasil de
Brizola, houve um Brasil de Jango, houve um Brasil de Marighela, houve
resistência, houve sindicatos, houve um sindicato de metalúrgicos, houve um
pensamento político, houve agentes políticos que não se deixaram matar, houve
Lula, Dirceu, Dilma e outros, que não se deixaram matar e dos quais nasceu o PT.
Nada teria acontecido naquele palanque da Vila Euclides, sem essa longa
procissão de lutadores, sem o MST, sem Lamarca, sem tantos e tantos heróis do
Brasil.
De
fato, há muuuuitas razões que explicam por que o PT é perseguido. O PT carrega,
sem, parece, entender o que carrega, a própria história das lutas de resistência
à ditadura e ao golpismo udenista no Brasil. Mas, estranhamente, o PT (i) não sabe disso; e, o que parece
muito mais grave (ii) vê mérito
nessa ignorância e (iii) ostenta a
própria ignorância histórica como se fosse vantagem. Não é. Todas as
fragilidades do PT advêm de o PT supor que alguma força política brotaria do
zero, do nada, de Lula-sem-passado e de algum papim de classe “ético”-fascista,
embora sinceramente “ético”-fascista.
Fato
é que todos os que perseguem o PT sabem – conscientemente ou hipnotizados pela
ideologia “ético” golpista dominante – por que perseguem o PT. E cada vez que um
petista começa com xororô – ou cada vez que o senador Suplicy pede desculpas e
chora – os perseguidores riem. Há muito disso, também, no risinho
sarcástico-cafajeste daquele juiz.
Verdade
é que, isso -- construir um discurso POLÍTICO para o PT -- o ministro José
Dirceu não conseguiria fazer também, e também sozinho. O Brasil ainda não tem
discurso político de democratização. Há impedimentos históricos, de fundo, que
nos impedem (ainda) de tê-lo.
Mas
é mérito TAMBÉM do Ministro José Dirceu JAMAIS ter desistido do PT, nem quando o
PT o abandonou.
Construímos
para nós mesmos, cá na Vila Vudu, uma teoria, segundo a qual o ministro José
Dirceu sempre soube que o PT não é o partido do qual ele precisaria. Mas, pela
teoria que inventamos para nós, o ministro José Dirceu pensa o PT, não como o
partido que é, mas como o partido que um dia talvez pudesse ter nascido, se o
Brasil não tivesse sido assassinado, uma geração inteira, pelo golpe de 1964.
Isso
também é pensar revolucionariamente: ver o presente como a possibilidade que há
ali, viva, mesmo que ainda só potencial. Não fosse essa capacidade
revolucionária de ver futuros que ainda não há, nenhum futuro buscado jamais
teria chegado a ser.
É
sorte histórica -- e motivo de felicidade pessoal -- pensar que nos, cá na Vila
Vudu, somos sobreviventes da mesma geração política do Ministro José Dirceu, do
presidente Lula e da presidenta Dilma. Essa sorte histórica a maioria dos
petistas não tem, infelizmente para eles e para o Brasil. Então, é seguir
lutando, que a luta ensina.
Começamos
a pensar que talvez haja, em andamento, um processo subterrâneo, ainda sem voz,
que vai sendo empurrado adiante pelos muitos, no Brasil, que ainda não tem
discurso, talvez, provavelmente, porque os discursos novos só aparecem quando o
processo já mudou de fase: então, já empurrado o Brasil para uma outra fase,
tornar-se-á possível (ou, pelo menos, mais fácil, menos difícil) olhar para a
fase que ficou para trás.
E
quem olhar bem, verá que a fase que ficou para trás não teria jamais sido o que
foi sem a apaixonada militância dos jovens petistas, que não têm culpa de terem
nascido em mundo neoliberal, de individualismo e capitalismo de exploração
“ética” triunfante, quando a imprensa-empresa e a universidade já haviam cuidado
de construir mundo à sua própria imagem. Vai-se ver, a coisa funciona assim.
Vai-se
ver, aquele mundo que a tucanaria udenista da privataria tanto se empenhou em
construir aqui, e até construiu – até que o primeiro governo Lula lhe impussesse
o primeiro grande revés – é o mundo que se vê hoje, caindo aos pedaços, em
ruínas, em cacos.
O
ex-FHC e atual NADA tanto fez para "deixar para trás a era Vargas"... E a parte
"trabalho" do mundo, que a era Vargas soube ver e fortalecer no Brasil resiste,
e volta aí, pra puxar-lhe o tapete uspeano udenista & privataria. Grandes
tempos, vivemos hoje no Brasil!
Ter
permanecido no Brasil e ter defendido o PT até quando o PT o abandonou, e sempre
a empurrar adiante a história e a luta, é mérito revolucionário de proporções
leninistas, que se tem de atribuir ao Ministro José Dirceu.
Por
isso, agradecemos, nós, aqui, historicamente reverentes, e publicamente.
A
luta continua! Viva o Partido dos Trabalhadores! Viva o Brasil!
[assina]
Coletivo de Tradutores Vila Vudu
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