China: “Tooooma, Obama! Dáááá-lhe
Putin!”
19/3/2014, [*] Wang
Yiwei, People'sDaily Overseas Edition,
Pequim (Editorial)
Traduzido pelo
pessoal da Vila Vudu
Kiev - campo de batalha de uma guerra nem tão fria assim... |
A Ucrânia
tornou-se campo de batalha final na “guerra fria” e vai-se convertendo em
possibilidade que a crise dispare uma segunda “guerra fria”.
A declaração
de independência da Ucrânia, pelo Parlamento da Crimeia, antes do referendo de
16/3 indica que a Crimeia pode seguir avante e unir-se à Rússia. Os tambores de
guerra entre Rússia e países ocidentais nos ensinam quatro coisas.
Um conflito
geoestratégico levou à catástrofe a política das grandes potências
Muitos no
oeste da Ucrânia são católicos, e no leste da Ucrânia a maioria é de crentes da
religião russa ortodoxa. A crise financeira causou conflito entre civilizações,
empurrando a Ucrânia para a beira da bancarrota e da fragmentação. Assim se
criou um vácuo que deram às grandes potências um incentivo para que se
imiscuíssem em assuntos internos da Ucrânia.
A
superdependência da Ucrânia à Rússia é o ponto vulnerável de sua segurança
nacional
Em anos
recentes, países ocidentais conseguiram promover várias mudanças de regime. A
Ucrânia está à beira de ter de declarar “calote” e bancarrota. A
superdependência da Ucrânia à Rússia é o ponto vulnerável de sua segurança
nacional. Países ocidentais aproveitaram-se desse ponto fraco, para seus
esforços para promover mudança de regime na Ucrânia.
O ocidente, comandado pelos EUA, fracassou na Ucrânia. |
O fracasso
dos países ocidentais, que não colheram as lições da história, resultou em
conflito
O colapso da
União Soviética no final da guerra fria gerou um grau de complacência no
Ocidente. Na sequência, com a ascensão do neoconservadorismo e do
neoimperialismo, os EUA embrulharam-se em conflitos, como a invasão do Iraque e
a guerra no Afeganistão. Esses pontos de estresse são resultado da incapacidade
do Ocidente para compreender as lições da história.
Os duplos
padrões dos países ocidentais demonstram sua hipocrisia
Alguns países
ocidentais foram lépidos ao apoiar o referendo pela independência que se fez na
Província Autônoma do Kosovo e Metohija entre 26-30/9/1991. Agora, só fazem
repetir objeções ao referendo na Crimeia. No passado, muito defenderam direitos
humanos – por exemplo, que o direito à autodeterminação prevalece sobre a
soberania. Agora, falam como se nada fosse mais importante que a soberania e a
integridade territorial da Ucrânia. Esses duplos padrões explicam-se pelo fato
de que, na análise final, os valores das potências ocidentais são inteiramente
determinados por seus próprios interesses.
Dia 17/3, os
primeiros resultados mostravam que 96,6% dos crimeanos votaram a favor de se
integrarem à Rússia, no referendo de domingo. Os EUA recusam-se a aceitar o
resultado do referendo. A crise da Ucrânia continua a ser duro desafio no
caminho das grandes potências.
_______________
[*]
Wang Yiwei é professor na
Tongii University, Diretor do Institute of International and Public
Affairs, Diretor da China-EU Academic
Network e pesquisador sênior adjunto
do The Chahar Institute. Graduou-se
em Política Internacional na Fudan
University onde também completou o mestrado e o Ph. D.. Cursou o pós-doutorado
no Centro de Estudos Internacionais da Yale
University. Escreveu vários livros, entre os quais: Beyond Balance of Power: Global Governance and Co-operations among Great
Powers, Shanghai Lexicology Press, 2008; e The
Mythed America, China Social Sciences Press, 2008. Escreve em inglês, alemão
e chinês. Publicou artigos em vários jornais e revistas como American Review, International Survey, China Review, Teaching and Research,
World Outlook, People’s Daily, World
Economy & Politics, Wenhui Daily The hyperGlobal e Kulturaustausch (em alemão).
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