O CCG − Conselho de Cooperação do Golfo RACHOU!
5/3/2014, [*] Moon
of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Comemoração do dia da libertação do Kuwait em 25/2/2014 |
Há muito
tempo os EUA tentam firmar uma frente anti-Irã nos países árabes no Golfo
Persa. O Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), fundado em 1981, incluía
Bahrain, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O braço
militar do CCG, o escudo peninsular, foi formado sob orientação dos EUA e como
uma grande
feira cativa para a venda de armas fabricadas nos EUA:
Gostaríamos de expandir nossa cooperação de
segurança com parceiros na região, trabalhando de forma coordenada com o CCG,
inclusive mediante a venda de artigos norte-americanos de defesa, através do
CCG, como organização. Esse é um passo adiante natural, para melhorar a
colaboração EUA-CCG, e permitirá que o CCG adquira capacidades militares
críticas, inclusive itens para defesa com mísseis balísticos, segurança
marítima e contraterrorismo − disse o secretário de Defesa, Chuck Hagel
...
[Hagel] disse que nos últimos dez anos, a venda de
armamento militar avançado dos EUA às nações do CCG alterou o equilíbrio
militar a favor do CCG e contra o Irã.
O Conselho de Cooperação do Golfo (antes de "rachar") |
Hoje, o CCG
rachou:
Arábia Saudita, Bahrain e os Emirados Árabes
Unidos retiraram seus embaixadores de Doha, na 4ª-feira (5/3/2014), como
protesto contra a interferência do Qatar em seus assuntos internos, anunciaram
em declaração conjunta.
Os três países árabes do Golfo tomaram a
decisão, depois do que os jornais descreveram como “reunião tempestuosa” em
Riad, tarde da noite, na 3ª-feira (4/3/2014), entre os ministros de Relações
Exteriores das seis nações que formam o CCG.
Os países do GCC “empreenderam esforços
massivos para entenderem-se com o Qatar, em vários níveis, para chegar a uma
política unificada (...) para garantir a não interferência, direta ou indireta,
nos assuntos internos de cada um dos estados membros” – diz a declaração.
As nações também pediram ao Qatar, apoiador
do movimento da Fraternidade Muçulmana, banido na maioria dos estados do Golfo,
que “não apoie qualquer partido que ameace a segurança e a estabilidade de
qualquer membro do CCG” – citando, em particular, as campanhas pela imprensa
contra aqueles membros.
A declaração diz que, apesar de o emir do
Qatar , Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, ter-se comprometido com esses
princípios, em mini-cúpula realizada em Riad em novembro, com o emir do Kuwait
e o monarca saudita, o Qatar não cumpriu o compromisso que assumiu.
Os
investimentos do Golfo em empresas do Qatar caíram
depois de divulgada a declaração, mas o Qatar ainda tem alguns
instrumentos de pressão, porque fornece gás natural aos Emirados Árabes Unidos.
Kuwait e Omã, também membros do CCG não convocaram seus embaixadores.
O Qatar não está navegando com segurança no Golfo Pérsico |
Qatar e
Arábia Saudita vêm lutando pela liderança do “arquivo sírio”, em torno de
interpretações ideológicas do Islã, mas também em torno da posição anti-Irã
fanática da Arábia Saudita. Omã é outro país que não adere muito firmemente à
posição anti-Irã liderada por EUA/sauditas, no CCG. Agora, os EUA têm em mãos
mais um grande problema de política exterior.
Os EUA
parecem estar falhando em todos os cantos onde tentam unir seus “aliados” em
campanha anti-alguém, sob comando dos EUA.
Na Europa,
os “aliados” dos EUA discordam quanto a possíveis sanções contra a Rússia, e
não seguirão o comando anti-Rússia que os EUA preferem. No sudeste da Ásia, os
“aliados” dos EUA, Coreia do Sul e Japão batem cabeça um contra o outro, e não
acompanharão os EUA em sua campanha anti-China. Agora, com o CCG rachado, a
campanha anti-Irã comandada pelos EUA no Golfo parece também estar fazendo
água.
As
aspirações de política externa de total dominação pelos EUA enfrentam
dificuldades, com os “aliados” cuidando cada vez mais dos próprios interesses,
em vez de acompanhar a liderança, tantas vezes lunática, de Washington.
Aí está um
fato histórico, que os atores da política exterior em Washington ainda não
entenderam.
__________________
Dos COMENTÁRIOS a esse postado:
Ver em:
“E o Kuwait está fazendo sua
rebelião à parte, contra o CCG”. (Postado por Mina − Mar 5, 2014
7:27:35 AM)
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também
conhecida como “Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras
formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt
Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em
1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa
utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no
primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre
aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os
quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). No Brasil, produzimos versão
SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em “Cida Moreira canta Brecht”,
que incorporamos às nossas traduções desse blogMoon of Alabama, à
guisa de homenagem. Pode ser ouvida a seguir:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.