12/5/2013, The Express Tribune (International Herald Tribune) Paquistão
(AFP) –
Traduzido e comentado pelo pessoal
da Vila Vudu
Nota do
Coletivo de tradutores da Vila Vudu: O
jornal-empresa que publica esta “análise” que aqui se lerá tem, por Imran Khan,
tanta simpatia quanto as empresas que formam o Grupo GAFE
(Globo-Abril-FSP-Estadão), pelos nossos governos Lula-Dilma. Pode-se dizer que
The Express Tribune é o jornal da UDN
golpista e pró-EUA, do Paquistão. E sobre a agência France Presse, nem é preciso falar:
todos conhecemos o teor do noticiário que a Agência distribui, porque é a úúúnica coisa que se lê e ouve,
infinitamente repetida, no Brasil desinformado, há eras, pelo Grupo GAFE.
Mas optamos
por traduzir o artigo abaixo, porque, por enviesado e vicioso que também seja, o
jornalismo paquistanês é MUITO melhor que o jornalismo brasileiro, que é o pior
do mundo. E a matéria explica, um pouco pelo menos, sobre os partidos que ontem
disputaram uma eleição histórica no Paquistão e o quadro que se configura hoje –
o que o “jornalismo” brasileiro [só rindo] não informa. Então, lá vai.
Imran Khan |
No resultado que parece ser o mais
dramático das eleições de ontem no Paquistão, o partido de Imran Khan saiu vitorioso no noroeste do
país. Será um duro teste para o ex-campeão de críquete, de retória
antiamericana, que clama por conversações de paz com os Talibã.
Depois
de anos de guerra, tergiversações e promessas não cumpridas pelos partidos
religiosos e o secular Partido Nacional Awami [orig. Awami National Party
(ANP)], os eleitores que
vivem nas áreas controladas pela insurgência Talibã recompensaram o jamais
testado partido de Khan e deram-lhe maioria no Parlamento regional nas áreas
pashtuns do Paquistão.
Para
o Partido Pakistan Tehreek-e-Insaaf (PTI)/Movimento Paquistanês por Justiça, de
Khan, que, antes, só tinha um deputado, foi vitória avassaladora na região do
Khyber Pakhtunkhwa (KPK) – das regiões mais tumultuadas do país –, que entrega a
Khan uma taça envenenada, pode-se dizer, pelo excesso de responsabilidades.
Os
resultados iniciais indicam que o PTI de Khan elegeu 33 deputados à Assembleia
Provincial da região Khyber pashtun, de 99 deputados; o concorrente mais
próximo, Jamiat Ulema-e-Islam, ficou com apenas 15 deputados.
Sempre
em obcecada oposição aos ataques dos drones norte-americanos, tanto
quanto contra os ataques do governo paquistanês contra os Talibã acusados de
assassinar milhares de pessoas, a vitória do PTI de Khan no noroeste do país
empurra o partido para bem longe dos belos ideias da oposição, e na direção das
confortáveis realidades do governo. [ISSO
AÍ PARECE PAPIM DA DONA DORA KRAMER! Em paquistanês pró-EUA & drones “éticos”, então, SOA
IGUALZINHO! (risos, risos muitos) (NTs)].
Said Saifullah Khan Mahsud |
Para
muitos analistas, Khan terá um duro despertar e perceberá, muito rapidamente,
que suas política de pacificação são ingênuas, que não se trata simplesmente de
“a guerra dos EUA” e que os Talibã não são gente com quem se possa negociar.
Terão
de acordar rapidamente para a realidade, porque as posições dos Talibã são tais
que absolutamente não são conciliáveis com nenhum governo, nem nas províncias
pashtuns nem na capital Islamabad – disse
Said
Saifullah Khan Mahsud do Centro
de Pesquisa da FATA [Federal Administrated Tribal Areas/Áreas Tribais sob
Administração do Governo Central].
Ehsanullah Ehsan |
O
partido ANP, que governou as áreas pashtuns nos últimos cinco anos foi,
simplesmente, varrido do mundo político pelas urnas, expulso por um eleitorado
cansado de governos corruptos e incapazes de construir qualquer paz naquelas
províncias devastadas pela guerra.
Khan,
por sua vez, autoapresenta-se como líder carismático. Esteve inúmeras vezes na
região, conversando com gente comum nas ruas, prometendo paz e denunciando
repetidamente os ataques pelos drones norte-americanos: a fórmula deu
certo.
Os
Talibã, para os quais a democracia ocidental seria anti-islamista, matou mais de
150 pessoas durante a campanha eleitoral, inclusive 24 no próprio dia das
eleições. Os partidos seculares que formavam a coalizão de governo foram, de
longe, os que sofreram maior número de baixas.
Em entrevista por telefone
com a
Agência France
Presse, o porta-voz dos Talibã, Ehsanullah
Ehsan, disse que
...os
insurgentes esperarão que os partidos formem o novo governo na capital e nas
províncias pashtuns”, antes de anunciarem sua própria política.
Nawaz Sharif |
Mas,
antes das eleições, falando do Partido Liga Muçulmana do Paquistão [Pakistan
Muslim League-N, PMLN] que venceu as eleições para o Parlamento nacional, e
do PTI de Khan, eleito na região pashtun do noroeste do país, Ehsan já avisara
que
...só
os atacaremos se fizerem governo que entrem em conflito com o Islã.
A
situação sugere, para o PTI de Khan, a desconfortável perspectiva de ter de
recuar das políticas que conseguiram elegê-lo – diz
Umair Javed, jornalista paquistanês [DEVE SER A D. ELIANE, DO PAQUISTÃO, OU
UM/UM URUBÓLOGO NEOLIBERAL QUALQUER, POR LÁ (RISOS, RISOS)].
Até
agora, Imran Khan sempre foi muito claro: vai acabar com tudo. Nada de
inteligência compartilhada com os EUA, nada de via de passagem para a OTAN, fim
completo do programa de drones
dos EUA no Paquistão.
Shaukat Qadir |
Mas
governar uma província pode ser experiência grande demais para o partido de Khan
e, em todos os casos, obrigará o partido a temperar algumas de suas posições
extremistas [É O ESTADÃO! É O ESTADÃO NO PAQUISTÃO! A UDN GOLPISTA É UNIVERSAL!
(risos, risos, sim, mas que a UDN é universal, é! No mínimo, é... GLOBAL!
(risos, risos muitos)(NTs)] contra a Guerra ao Terror e no que tenham a ver com
as relações Paquistão-EUA –
continua o jornalista.
Aspecto crucial desse processo
será a relação entre o PTI de Khan nas províncias pashtuns e o governo de Nawaz
Sharif no
governo central. De fato, os dois candidatos manifestaram posições semelhantes
sobre a Guerra ao Terror. Mas Sharif é tido como político pragmático.
Ashfaq Kavani |
Contudo,
mesmo que se adote a via de começar a negociar a paz com os Tallibã, já se sabe
que políticas semelhantes deram em nada em anos recentes.
Khan
quer paz sem combater. É provável que vejamos mais um acordo de paz e, depois de
poucos meses de desmandos e injustiças dos Talibã, a opinião pública voltará a
virar-se contra ele –
disse Shaukat Qadir,
brigadeiro aposentado e analista de segurança.
Soldados
paquistaneses combatem há anos, mas só em 2009 o país uniu-se pela primeira vez
em operação nacional contra os Talibã em Swat, depois de divulgado um vídeo em
que uma moça de 17 anos é chicoteada.
Mas
muito dependerá provavelmente do poderio militar do Paquistão. O comandante do
Exército, general Ashfaq Kayani, sempre foi
dedicado aliado dos EUA, mas os soldados mais jovens dão sinais de, cada dia
mais, rejeitar uma guerra sangrenta e começam a dar sinais de oposição à
intervenção norte-americana.
É situação muito complicada, porque, por um
lado, o Comandante Geral do Exército disse recentemente que as forças militares
e as forças políticas devem andar lado a lado, mas não se vê qualquer concessão,
das forças contra as quais combatem – diz o general Talat Masood.
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