1/5/2013, Sara Taha Moughnieh, Al-Manar TV (parte 1)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
O Secretário-Geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah fez ontem discurso
televisionado, no qual tratou de questões relacionadas ao inimigo sionista, à
crise na Síria e a combatentes e mártires do Hezbollah.
Sayyed Nasrallah avisa “Israel: não cometa nenhuma loucura no Líbano” |
Sua
Eminência repetiu que o Hezbollah nada teve a ver com um drone que teria
sobrevoado a Palestina ocupada:
Dada
a situação sensível na região, e porque não enviou nenhuma aeronave comandada à
distância, o Hezbollah distribuiu imediatamente uma declaração bem precisa, em
que nega ter enviado qualquer tipo de aeronave comandada à distância para
sobrevoar a Palestina ocupada.
Sayyed
Nasrallah continuou:
O
Hezbollah sempre assume plena responsabilidade pelas próprias ações, sobretudo
quando tenham a ver com o inimigo israelense.
Acrescentou
que:
(...) o que foi dito sobre esse drone não foi mais importante ou mais
perigoso que a responsabilidade do Hezbollah sobre o drone Ayyoub, que voou sobre a
Palestina e chegou a Dimona.
Explicou
que não nega que uma aeronave possa ter entrado nos territórios ocupados, mas
(...)
não há provas disso. Até agora, os
israelenses não divulgaram nenhuma imagem, nenhum vídeo que comprove que tenham
realmente derrubado o veículo aéreo que dizem ter atacado.
Sayyed
Nasrallah discutiu várias possíveis explicações sobre quem possa ser responsável
por aquele drone. Excluiu a primeira, segundo a qual os Guardas
Revolucionários do Irã teriam enviado o drone contra a entidade sionista;
considerou-a:
(...) irrealista e fantasiosa.
A
segunda explicação que circulou, segundo a qual algum grupo libanês ou palestino
teria capacidade para enviar um pequeno drone para sobrevoar a Palestina,
tampouco veio acompanhada de qualquer prova.
Uma
terceira explicação, de que algum lado inimigo, que não seja a entidade
sionista, tenha disparado o drone de território libanês ou não
libanês, foi posta em circulação apenas para que “Israel” acusasse o Hezbollah e
encontrasse pretexto para operação militar, caso em que o Hezbollah teria de
defender-se, o que arrastaria o Líbano para uma situação de confronto, nesse
caso, entre Israel e o Hezbollah.
A
quarta explicação é que “Israel” tenha enviado o drone para sobrevoar o Líbano, fê-lo
voar sobre os territórios ocupados e depois o derrubou. Essa é a explicação mais
razoável e mais verossímil.
Sua
Eminência disse que:
(...)
estamos acompanhando de perto essa questão. Temos recebido informações
preocupantes da região, e há massivo deslocamento de tropas para o norte da
Palestina, mas acreditamos que estejam relacionados aos desenvolvimentos na
Síria.
Sayyed
Nasrallah avisa: “Israel: não cometa
nenhuma loucura no Líbano”:
Erra
quem suponha que a Resistência é fraca ou vaga. Aqui aviso o inimigo e os grupos
e subgrupos que se alinham com ele: não cometam nenhuma loucura no Líbano,
porque a Resistência está alerta, preparada e determinada a defender o Líbano.
Com a ajuda de Deus, triunfaremos em qualquer batalha futura. Os libaneses
dedicam-se atentamente e cuidadosamente à análise de todas essas
possibilidades.
Erra
quem acusar o Hezbollah, porque há muitas mãos trabalhando contra a causa
palestina: norte-americanos, árabes e o Golfo trabalham aí e todos relacionam-se
entre eles mesmos para impor novas condições aos palestinos. Tudo isso gera
preocupação, porque nesses casos, as novas condições sempre vêm precedidas por
agressão armada, para abalar a coragem e a firmeza dos palestinos.
Nos
orgulhamos de nossos mártires e os sepultamos publicamente
Sua
Eminência comentou também o que chamou de:
(...) “mentiras da mídia” sobre comboios e grande
número de mártires. A imprensa inventou um leilão de mártires, disputando quem
noticia o maior número de mortes; há notícias de que seriam 500. Ontem, a rede
Al-Arabiya falava de 30 novos
mártires e outra rede falava de covas clandestinas, enterros clandestinos e “em
etapas”.
Sayyed
Nasrallah lembrou que: “
(...) o Líbano é país de pequeno território. Onde
alguém conseguiria esconder essas centenas de mártires? Nunca, em nossa
história, o Hezbollah escondeu os cadáveres de nossos mártires ou os enterramos
“em etapas”.
Em todos os casos, informamos a família de todos os nossos
combatentes mártires e os enterramos publicamente, no dia seguinte.
O
enterro de nossos combatentes mártires é sempre público. Nós nos orgulhamos dos
nossos mártires, especialmente dos que tombaram nos últimos dois dias.
As
notícias sobre grande número de mortos são parte de uma guerra psicológica na
qual a mentira deliberada é a principal arma: “minta, minta, minta, até que
alguém acredite em você”.
Hoje, o
objetivo do inimigo é destruir a Síria
Sobre
a crise síria, Sayyed Nasrallah disse que:
(...) o objetivo do inimigo, em todos os eventos
que se veem hoje na Síria, já não é excluir a Síria do Eixo da Resistência no
confronto árabe-israelense. Já não se trata sequer de ganhar poder a qualquer
preço. Pode-se dizer que o objetivo de todos que operam na guerra na Síria é
destruir a Síria, impedir que se estabeleça ali um estado organizado e forte, e
substituí-lo por estado fraco demais para tomar decisões autônomas sobre o
petróleo, o mar, as fronteiras sírias.
Desde o início da crise síria, os
militares já haviam decidido derrubar o governo. Para isso, massacraram civis,
convocaram a intervenção estrangeira, usaram armas químicas. Houve clérigos que
emitiram Fatwas bem claras, que
autorizavam o assassinato de civis. De nosso lado, que é o lado da Resistência,
sempre pregamos e continuamos a pregar que se construa um acordo
político. [1]
Sua
Eminência acrescentou:
Por
causa do que está acontecendo na Síria, a causa palestina está esquecida e corre
grave risco de ser apagada. A situação na Síria também afeta o Líbano, o Iraque,
toda a região.
A Síria
tem amigos verdadeiros na região e no mundo, que não permitirão que caia em mãos
infiéis de EUA e Israel, disse
o secretário-geral do Hezbollah, que revelou que: o regime sírio já informou aos negociadores
russos os nomes que comporão a delegação síria que participará do diálogo com a
oposição. Mas o outro lado continua a recusar qualquer tipo de diálogo.
O
Hezbollah entende que todos que dizem lamentar o banho de sangue na Síria, os
que não admitem que a causa palestina seja apagada e esquecida e os que se
preocupam com o destino da Síria devem unir-se para buscar um acordo político,
uma solução política para a situação síria.
O Hezbollah tomará todas as
medidas necessárias para proteger os moradores dos arredores de
Al-Qusayr
[2]
Sayyed
Nasrallah disse que :
(...)
os ataques contra as vilas nos arredores de Al-Qusayr aumentaram nos últimos
dias e circulam informações de que haveria libaneses envolvidos naqueles
ataques, o que forçaria o exército sírio a confrontar os agressores e proteger
as vilas. Mas... O que fez o governo libanês para proteger os libaneses que
vivem em Al-Qusayr?
O governo libanês pode mandar o exército proteger essas
pessoas?
Nesse
contexto, Sayyed Nasrallah disse que:
(...) o máximo que o governo libanês pode fazer é
apresentar um protesto à Liga Árabe. De que vale apresentar protestos ao
carrasco executor?
Já
declaramos expressamente que não deixaremos os libaneses que vivem nos arredores
de Al-Qusayr expostos a ataques de grupos armados e que tomaremos todas as
medidas necessárias para preservar suas condições de vida.
Sua
Eminência acrescentou que há grupos libaneses
(...) emitindo fatwas, falando e enviando dinheiro e
militantes para a Síria através do Líbano e outros países. Que não digam que são
inocentes nos eventos na Síria.
A destruição da mesquita de
Sayyeda Zainab
[3] terá
graves repercussões
O
Secretário-Geral do Hezbollah disse que:
(...) na região de Sayyeda Zainab, onde está o
santuário de Sayyed Zainab, filha do Imã Ali, há grupos armados ativos. É
questão extremamente sensível, sobretudo depois que grupos infiéis anunciaram
que, se chegarem ao local, a mesquita será destruída. Há combates ali e muitos
mártires da Resistência. Portanto, os grupos da Resistência que combatem ali
estão, de fato, impedindo que a sedição se alastre, não incitando a agitação e o
tumulto.
E
acrescentou:
Não
basta que a oposição e a chamada “Coalizão Síria” oponha-se à destruição daquele
lugar santo. Todos os países que apoiam aqueles grupos agressores serão
responsabilizados pelo crime, se chegar a acontecer.
E
Sayyed Nasrallah avisou:
Se
esse crime chegar a consumar-se, haverá repercussões graves.
Os
sequestrados em Azaz nada têm a ver com o “conflito político”. Têm de ser
imediatamente libertados
Sobre
os libaneses sequestrados em Azaz, Sua Eminência disse
que:
(...)
o prolongamento desse caso é muito
doloroso. Por isso os familiares dos sequestrados andam, de um lugar para outro,
com seu protesto.
Sayyed
Nastallah comentou que:
(...) o prolongamento desse caso, até hoje,
obriga a pensar mais detidamente sobre as partes envolvidas e as causas do
sequestro.
Se
queriam fazer pressão política, fracassaram obviamente, desde o início. Houve
boatos de que queriam resgate, e eu declarei que iria pessoalmente a Damasco
para resolver o impasse. Mas depois negaram que desejassem resgate.
Sua
Eminência disse que:
Negociações
conduzidas por Qatar, Turquia e Arábia Saudita não produziram qualquer
resultado.
E
exigiu a imediata libertação dos sequestrados, que nada têm a ver com o
“conflito político”.
Não
queremos que o conflito sírio mude-se para o Líbano
Não
queremos nenhum conflito no Líbano e não queremos que o conflito sírio mude-se
para o Líbano. Sabemos de grupos libaneses que atacaram nos arredores de
Al-Qusayr. Conhecemos todos, um a um, pelo nome. Mas nada faremos contra eles,
porque nosso principal interesse é preservar o Líbano e não envolver o país em
qualquer luta – disse
Sayyed Nasrallah.
[Ao
longo do dia, prosseguirá a publicação do discurso.]
Notas dos
tradutores
[1] Sobre isso ver: 18/4/2012., redecastorphoto, The World Tomorrow em:
“Hassan
Nasrallah (Hezbollah), entrevistado por Julian
Assange”
[2] Al-Qusayr é
cidade estrategicamente importante, porque está na estrada que liga Damasco à
costa. Sobre a situação ali:
Dizem que a oposição controla
metade da Síria... Mas não dão conta de um punhado, no máximo mil, combatentes
do Hezbollah? Não passa de propaganda da oposição. O Hezbollah tem todo o
direito de defender as áreas sob jurisdição no Líbano e ali a oposição está
sendo obrigada à retirada. Eles têm de culpar alguém. Então culparam o Hezbollah
(Kamel Wazne, diretor do Centre for
American Strategic Studies em Beirute, na Al-Jazeera, 28/4/2013: “Al-Qusayr:
On the road to Damascus”)
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