sexta-feira, 10 de maio de 2013

Philippe Corcuff: “A esquerda está em estado de morte cerebral”


Set. 2012, Philippe Corcuff (entrevista a Mathieu Deslandes) - Rue89 
Entrevista traduzida pelo pessoal da Vila Vudu


Excerto da Ata de Reunião dos tradutores: Essa entrevista não é nenhuma brastemp: muito critica e pouco propõe. Além disso, os jornalistas do Blog Rue89 creem firmemente que Hollande, na presidência da França – dado que ele não é a fascista Marinne Le Pen – seria alguma “esquerda”. Mas o entrevistado faz retrato interessante, pensado com cuidado, de uma autoproclamada esquerda não comunista (no Brasil, é a chamada “a militância” petista e inclui também os marina-silvistas “ecológicos à moda Al Gore & créditos de carbono" que, estes, são o NADA absoluto), que abunda nesses tempos pós-neoliberais ou, talvez, melhor dito, nesses tempos de neoliberalismo terminal, mas de neoliberalismo ainda sobrevivente no PSDB e na imprensa-empresa e, ativo, portanto, ainda, nas discussões sociais no Brasil (embora o entrevistado só fale da França). Então, decidimos traduzir.


Philippe Corcuff em Lyon (9/2012). Foto de Mathieu Deslandes - Rue 89
O sociólogo Philippe Corcuff  conhece bem as esquerdas: milita há 35 anos. Trocou o Partido Socialista pelos Movimento dos Cidadãos, depois pelos Verdes, de onde partiu para a Liga Comunista Revolucionária (LCR), que se converteu em Novo Partido Anticapitalista (NPA). Novamente decepcionado, diz que talvez se una à Federação Anarquista. Frequenta também a Associação pró-Taxação das Transações financeiras e pela Ação Cidadã (ATTAC), altermundista, e o sindicato Unitários Solidários Democráticos [orig. Solidaires Unitaires Démocratiques, SUD-Education].

Mathieu Deslandes
Mantendo-se conectado a todos os ambientes militantes que pôde atravessar, Corduff alarma-se, há meses, com o embrutecimento intelectual dos militantes. Da experiência, extraiu um livreto, “A esquerda está em estado de morte cerebral?” [Orig. La Gauche est-elle en état de mort cérébrale? éd. Textuel), que essa semana chegará às livrarias.

Em sua sala, no Instituto de Estudos Políticos de Lyon, descreve o quadro mental da “esquerda à Hollande”, dos “esquerdistas do esquerdismo”, e suas patologias mentais. Explica por que os think tanks são total fracasso, por que “os indignados trazem alguma esperança”, milita para que a política aprenda com o RAP e que ouse tentar, que ouse experimentar.

Rue89 : Qual o papel das ideias, na reconquista do poder [na França], pela esquerda?

Antonio Gramsci
Philippe Corcuff: Instalou-se um “esquemão”, ligado a uma determinada leitura super simplificada de Antonio Gramsci, pensador marxista: a ideia de que a conquista do poder político teria de, antes, passar por uma fase de hegemonia cultural ou intelectual.

Minha hipótese caminha na direção exatamente oposta, para a situação atual: a esquerda só conseguiu vencer eleitoralmente, quando já estava em estado de decomposição intelectual.

Rue89 : O “sonho francês” de François Hollande, nesse caso, foi o quê?

Philippe Corcuff: Confundem-se hoje ideias e slogans de marketing, na discussão política. Ideias têm a ver com trabalho intelectual. Na tradição da esquerda, é confrontar os preconceitos, criticar as ideias feitas e os lugares-comuns, buscar distanciar-se de qualquer sinal de imediatismo, reformular frases, estabelecer relações entre diferentes dimensões... É precisamente tudo que já praticamente não se encontra, ou encontra-se cada vez menos.

Discutem-se, praticamente sempre, ideias apenas empilhadas umas sobre as outras, mas nada é retrabalhado, nada é pensado. E a publicidade e o jornalismo-que-há arrancam daí slogans lisos e consensuais.

Rue89 : Desde quando a esquerda está nesse estado de morte cerebral, como você diz?

Pierre Moscovici
Philippe Corcuff: É resultado de várias evoluções misturadas.

  • Há, para começar, um movimento contínuo de profissionalização política e, nele, os recursos intelectuais são cada vez menos valorizados. Por exemplo: até há poucos anos, Pierre Moscovici,  que tinha imagem de intelectual, pôs-se a explicar ao jornal Libération  que não, que era homem de aparelho. Como se fosse melhor negócio, para ele, expor-se como apparatchik que como intelectual.
  • Há também o movimento de tecnocratização. Os tecnólogos participam cada vez mais da definição do que seja a política. Passaram a ocupar, simultaneamente, o posto de alto funcionário do Estado, o mais alto cargo político e ocupam também uma parte do poder econômico. Assim se forjou uma visão particular, muito fragmentada. A realidade foi recortada e surgem casos ditos “técnicos”: “a imigração”, “o emprego”, “o déficit no orçamento”, “a delinquência”... Segmentam-se os problemas, sem estabelecer qualquer relação entre eles. Examinam-se pequenos trechos das grandes engrenagens sociais, e ignora-se a totalidade.
    François Hartog
  • Em seguida, não surgiu nenhum corpo teórico englobante que substituísse o marxismo, em declínio a partir do início dos anos 1980s. Não lastimo a ausência do peso muito exclusivo que se dava às referências marxistas nos anos 50-70, mas a ausência de qualquer teoria totalizante, englobante, que, sim, o marxismo oferecia.
  • Por último, o que o historiador François Hartog  chama de “presentismo” [orig. “le présentisme”]. As sociedades tradicionais tinham, para referência, o passado; as sociedades modernas (no sentido de “o Iluminismo”) voltavam-se para o futuro, mediante o progresso; hoje, uma espécie de presente perpétuo substituiu tudo isso, sem apoio nem no passado nem no futuro, para avaliar o que acontece. De fato, a política está convertida, cada dia mais, numa esquete de marionetes do imediatismo.
Rue89 : E por que lhe parece grave?

Philippe Corcuff: É grave, se se considera a história da esquerda, que sempre foi a luta, ao mesmo tempo, por justiça e por verdade. O mundo sobreviveu ao fim dos dinossauros, a esquerda bem pode sobreviver ao sumiço do trabalho intelectual dentro dela mesma, mas haverá uma perda, que já se constata na própria definição do que conhecíamos como “a esquerda”.


Rue89 : E os think-tanks que pululam fora da Academia? Não criaram material de pensamento?

Philippe Corcuff: Mantiveram-se e mantêm-se sempre num domínio limitado: dos intelectuais segmentados por expertise e pela lógica programática. Só fazem elaborar “respostas aos problemas” da “escola”, da “imigração”, do “déficit de orçamento”, só respostas a “problemas”, sem qualquer reflexão sobre o quadro geral onde cada “problema” se insere.

Isso não basta, para que a esquerda reelabore o que chamo “os programas” [lit. os softwares (NTs)] da crítica social e da emancipação, quero dizer, os modos de formular as questões, antes de começar a pensar em respostas.

Rue89 : Como você definiria o quadro intelectual da esquerda no governo [da França]?

Anthony Giddens
Philippe Corcuff: Apesar de os socialistas franceses rejeitarem a palavra, o quadro intelectual, ali, é social-liberal. O sociólogo Anthony Giddens,  intelectual farol da “terceira via” britânica defendida por Tony Blair, disse bem claramente:

  • havia a social-democracia que defendia o Estado social;
  • houve Thatcher, com o neoliberalismo que atacava o Estado social; e
  • veio o social-liberalismo, que ficou entre os dois anteriores.

Essa esquerda à Hollande entende que a globalização neoliberal e o recuo do Estado social são fatos consumados, são irremediáveis e irreversíveis. Contenta-se com arranjos societais justos, mas limitados (como o casamento homossexual, por exemplo, uma causa que, no fundo, é a consagração do casamento burguês mais conservador). Hollande, especificamente, defende os quadros da Educação nacional e, em certa medida, dos funcionários da Polícia e do Judiciário, mas o restante dos serviços públicos estão já na lógica dos “cortes” e mais “cortes” neoliberais.

François Hollande
Como nada disso pode ser claramente assumido, o que se vê é o distanciamento entre os discursos e as práticas.

Rue89 : Como você definiria o quadro intelectual dos “esquerdistas da esquerda”?

Philippe Corcuff : É o que chamo, provocativamente, de “pensamento Le Monde Diplo”. Não penso especificamente no jornal mensal Le Monde diplomatique, das raras publicações da imprensa-empresa comercial que resistiu à virada neoliberal de 1983. Mas já se passaram 30 anos! E, pouco a pouco, aqueles esquemas maniqueístas viraram rotina de pensamento.

Havia “o mal” (o mercado, o individualismo) e “o bem” (o Estado, o coletivo e, cada vez mais a nação, sob o tema da “desglobalização”). E a luta entre o bem e o mal favoreceria “o mal” por causa “da mídia”, grande “o mal”, que aliena e embrutece todo mundo – exceto, evidentemente, os senhores desse específico discurso, sempre preservados por obra e graça do Espírito Santo!

Esse “pensamento Le Monde Diplo” não se caracteriza tanto pela indignação ou pelo engajamento. O que ele faz é, ininterruptamente “se lamentar”, lastimar-se, deplorar que as coisas não sejam... o que não são. Os automatismos de hiper-simplificação dessa doxa crítica têm ecos na Front de Gauche, no grupo Attac, no Novo Partido Anticapitalista (NPA) – no qual milito – na esquerda do Partido Socialista, entre os ecologistas... Mas, sobretudo, entre grande número de simpatizantes “críticos”.

O pensamento “lamentativo” é pensamento paralisante, que, hoje, é dos principais obstáculos à reconstrução intelectual das esquerdas. Por exemplo: a esquerda, hoje, jura por todos os santos ante a dupla fé de que ‘tudo será diferente’ quando o mundo livrar-se do “individualismo” e der jeito “na mídia dominante”.

O que se vê aí, operante, nesse caso, é uma das manifestações de uma patologia intelectual que atravessa todas as esquerdas: o essencialismo, quero dizer: ver o mundo através de essências, de entidades homogêneas e estáveis. Fala-se de “os muçulmanos”, de “a Europa”, “a mídia”, “os EUA”, “Israel”, “Venezuela”... como se fossem essências imutáveis.

E ninguém cuida de observar que, na realidade, só há contradições, lógicas diversas, mais ou menos variadas, resistências, transformações. O livro de Alain Badiou sobre Sarkozy é tipicamente essencialista: fez do sarkozysmo uma essência atemporal: um “transcendental Pétainista”.

Philippe Corcuff  em Lyon (9/2012). Foto de Mathieu Deslandes - Rue 89
Rue89 : Como você chegou à conclusão de que as teorias da conspiração também são característica que atravessa todos os campos de pensamento da esquerda?

Philippe Corcuff: No que tenha a ver com análise dos meios de comunicação e das relações internacionais, dei-me conta de que havia esquemas muito presentes entre os militantes e simpatizantes de esquerda, em total contradição com os esquemas das ciências sociais nesses domínios.

No quadro conspiracional/conspiracionista, o principal, de tudo que acontece, é fruto de manipulações conscientes e ocultadas de algumas elites. Ora, tudo que aprendi nas Ciências Sociais, de Marx a Bourdieu, me diz que o que mais opera são limitações de estruturas não personalizadas, impessoais.

O capitalismo é Matrix ou Skynet  em Terminator: um maquinário impessoal que constrange e pouco a pouco domina o mundo. A máquina não tem piloto, ninguém a controla completamente: foi o que se viu na crise das hipotecas podres, quando alguns dos que se sentiam ‘pilotos’ foram eliminados, outros mal tiveram tempo de salvar a própria pele... A evidência de que há quem se aproveite do sistema não implica que os mesmos controlem o sistema.

Aí se vê, cara a cara, como no caso do essencialismo, outra patologia intelectual importante da esquerda.

Rue89? E há outras?

Philippe Corcuff  Uma visão implícita assombra as esquerdas: a passagem sub-reptícia do verbo pronominal reflexivo “emancipar-se”, para o verbo transitivo “emancipar” [quase sempre “o outro”].

A maioria dos que falam publicamente no campo da esquerda usam mais a primeira acepção, no caso da autoemancipação dos oprimidos, mas são quase sempre leninistas: uma vanguarda esclarecida (antiliberal, anticapitalista, laica, feminista) que deverá arrancar, da caverna para a luz, a massa que os meios de comunicação teriam alienado completamente, alienada também pelo trabalho, pelo consumo e/ou pelo Islã.

Esses homens e mulheres embrutecidos pelo trabalho, essas mulheres com véus embrutecidas pelo patriarcado, as prostitutas embrutecidas pelos cafetões, e eu, profeta feminista, as conduzirei das trevas à luz...

Rue89: E como se sai disso?

Philippe Corcuff: Os partidos políticos têm cada vez menos relações, para se revigorarem, com os movimentos sociais – e é no que deu a hegemonia da visão tecnocrática –, ou com os intelectuais seriamente críticos.

Quando estão à procura de ideias, escolhem ou tecnocratas especialistas num ou noutro domínio, ou intelectuais “de televisão” – os Alain Minc, Jacques Attali, Bernard Henry-Levi, Caroline Fourest... – Quer dizer: procuram gente que fala de tudo com aplomb sem saber coisa alguma de coisa alguma.

As universidades populares alternativas são experiências interessantes, mas apresentam-se mais como locais de difusão de recursos críticos, que como locais de elaboração.

Grupos como o Conselho Científico de ATTAC  e a Fundação Copérnico  oferecem a contraexpertise útil para enfrentar cenários tecnocráticos, mas, para fazê-lo, correm o risco de continuar prisioneiros de uma visão segmentada das coisas.

Há também revistas interessantes (Multitudes, Vacarme, ContreTemps, Agone, Réfractions, EcoRev’, La Revue des livres...), mas nem sempre conseguem evitar o fechamento intelectualista. Tem havido algum contato e interações com grupos de ação – entre Vacarme e Act Up, entre Multitudes e a coordenação dos trabalhadores precários e intermitentes da Ile-de-France, entre ContreTemps e o Novo Partido Anticapitalista – mas as interações mais produtivas só duraram pouco tempo.

Sinto também que muitos esperam que surja “o grande pensador”. Não me parece coisa que se deva desejar, se se pensa de uma perspectiva democrática. Alguns grandes intelectuais franceses desempenharam (como Foucault, Bourdieu, etc.) e podem ainda desempenhar certo papel, mas isso, para mim, não é o principal : os programas [no sentido de softwares, orig. les logiciels] da esquerda não podem ser reinventados só por uma casta de intelectuais profissionais.

Sonho com clubes nos quais os militantes dos movimentos sociais, pesquisadores, políticos de partido, artistas possam dialogar, e nos quais podem desenvolver-se ideias renovadas, a partir de uma relação crítica com tradições que cada grupo traga.

Rue89 : O movimentos dos “Indignados” poderia revificar intelectualmente a esquerda, não?

Philippe Corcuff: É um pouco o que se vê na Espanha e nos EUA: há um começo de reelaboração intelectual do que é a esquerda e que aproxima novos meios militantes e meios intelectuais e culturais.

Rue89: Mas estão esboçando conceitos? Ou é só a união de categorias que, até aqui, nunca haviam trabalhado juntas?

Judith Butler
Philippe Corcuff: A visão da sociedade construída em torno da clivagem 1% versus 99% permitiu que convergissem pessoas preocupadas com moradia, os sindicalistas, militantes das minorias, teóricos do gênero, de relações pós-coloniais, marxistas, ecologistas, artistas…

Há um cadinho favorável à emergência de algo que brote simultaneamente do mais antigo e do mais novo. O movimento “Occupy” produziu uma revista: Tidal. Leem-se artigos de Judith Butler  e outros. Começaram a fazer “a quente” o que eu sonhava em fazer “a frio”, naquele clube de que falei.

Rue89: As esquerdas francesas são mais preguiçosas que outras esquerdas?

Philippe Corcuff: Diferente da Alemanha e dos EUA, a esquerda francesa é carente de cultura experimental. É ligada à valorização da política como combate (os que pensam que a política é, sobretudo, questão de ter colhões presidenciais ou revolucionários) e do centralismo estatal. Por aqui se experimenta menos, outros modos de viver, de trabalhar, de decidir, de pensar... Há algumas experiências, como Lip  e, depois, passa-se tempos e tempos falando delas.

Melhor que se afundar nas lamentações e no ressentimento do “pensamento Monde Diplo” (“é culpa da mídia, do individualismo, do Grupo de Bilderberg da Troika...”), seria lançar-se na aventura de outras práticas sociais, políticas e intelectuais.

Ouço, seguidamente me dizem: essas suas histórias de experiências são boas para os burguesinhos ‘de balada’ [orig. bobos, de bourgeois bohémien (NTs)]. Mas as pessoas que fizeram emergir as ideias de consciência de classe e de movimento operário entre 1830 e 1848 na França, viviam em situação bem mais miserável que hoje.

De fato, vez ou outra, bastam alguns dispositivos absolutamente simples, para começar a pensar e agir. Por exemplo: numa oficina, na Universidade Popular de Lyon, mandei os alunos lerem dois textos : um de Michel Onfray, um de Bernard-Henri Lévy. E os fiz discutir: 100% dos alunos “detonaram” o artigo assinado por BHL. Mas eu trocara os autores. Apenas uma ideia de experiência que mostra a dificuldade de “pensar pela própria cabeça”, na prática.

Rue89: Você escreve que seria preciso buscar o RAP, dentre outros grupos, para inventar novas linguagens políticas. Que novidade há aí, além do modismo?

Philippe Corcuff: Quando, como agora, vivemos em sociedades individualistas, as pessoas fortemente presas à própria individualidade, a maioria dos grupos de esquerda só sabem dar respostas, principalmente, coletivas. É o que chamo de hegemonia, na esquerda, do “software coletivista”.

Contudo, umas das fontes importantes de anticapitalismo, hoje, sobrevive na intimidade sonhadora e agredida das pessoas. Dei-me conta disso, ao fazer um estudo de recepção do seriado norte-americano de televisão “Ally McBeal”,  com uma centena de telespectadoras. Não raro, o ápice do autoesquecimento de si mesmo, um cerne de não egoísmo capitalista, é vivido sob a forma de uma amizade ou de um amor no qual não vigem leis de interesse. Há aí, portanto, valores anticapitalistas.

Nas letras de RAP de Keny Arkana Casey  ou La Rumeur vê-se, precisamente, pessoas que nos falam da opressão social, e, simultaneamente, do vivido individual. A linguagem política teria de conseguir associar assim os quadros coletivos e as subjetividades individuais.

Rue89: Mais ou menos o discurso de Martine Aubry sobre “o cuidar” e “o cuidado... 

Philippe Corcuff: O problema é que ali se deu uso “marketado” à coisa: ela falou um pouco, porque parecia chique, e logo mudou de assunto.

Sandra Laugier
Mas, sim, há trabalhos sobre o cuidado e o cuidar, dos quais participa minha amiga a filósofa Sandra Laugier que, sim, são apaixonantes : associam dimensões afetivas e pessoais, à questão da proteção social. Mas seria necessário que os filósofos que se interessam pelo cuidado e pelo cuidar, políticos, trabalhadores sociais, sindicalistas e militantes feministas pudessem pensar juntos.

Em todos os casos, é importante distinguir bem claramente o que é reposicionamento e realinhamento das esquerdas em face do trabalho intelectual, e o que, bem diferente, não passam de brilharecos superficiais e modismos temporários ou “marketing político”.

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