1/10/2013, [*] MK
Bhadrakumar, Rediff blogs – Indian
Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Estação de espionagem da NSA em Bad Aibling, Sul de Munique, Alemenha |
O jornal Russia Today, rede
mantida pelo governo russo, com sede em Moscou, publicou uma coluna de sátira
mordente [1] contra o modo suave como New Delhi respondeu, até agora, ao
affair Edward Snowden. A coluna aparece assinada por autor indiano e
RT, é claro, dirá que nada tem a ver com a opinião assinada de seus
colunistas. Mas, dada a cultura midiática na Rússia, é interessante que a coluna
apareça num poderoso órgão de mídia, ao qual o presidente Vladimir
Putin vive a dar entrevistas exclusivas.
Vladimir Putin |
O
principal argumento do colunista é que faltou coragem política à Índia para dar
nomes aos bois. É argumento virtuoso, no plano moral.
Mas...
considere-se o assunto, de um outro ponto de vista. De modo geral, a liderança
indiana assumiu, sobre a saga Snowden, uma posição que não difere, no fundo, da
posição de Putin sobre o mesmo caso — a saber, que nada que seja absoluta
novidade, no que Snowden divulgou para a opinião pública.
Em recente entrevista à Associated Press,
Putin falou
em tom de quase pouco caso sobre Snowden, como “sujeito estranho”, espantado
demais ante os fatos, para que o Kremlin se interesse muito por ele.
Dilma Rousseff |
Como
a Rússia, a Índia também parece manifestar visão realista sobre o “Informante
sem Fronteiras”. Nos dois casos, são políticos pragmáticos, que não se deixam
levar por emoções nuas e cruas. Além disso, nem o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, nem Putin tem sobre os ombros a tradição de um passado
revolucionário, e não se deixam tomar pela compulsão, como no caso da presidenta
Dilma Rousseff do Brasil, para “rugir”.
Xi
Jinping da China alinhar-se-ia com Manmohan Singh e Putin, no modo pós-moderno
de reagir a espionagens e bisbilhotices, vendo-as como práticas ancestrais, que
se devem esperar que continuem, enquanto a natureza humana for o que é e o
sistema de Westphalia não se esgotar e der lugar a um sistema genuíno de
governança global.
Xi Jinping e Manmohan Sing |
O
problema de rugir é que pode dar dor de garganta. É o que pode acontecer a
Rousseff se persistir nos rugidos, até que não lhe reste outro remédio além de
gargarejos de salmoura e um voto de silêncio até que recupere a voz. A vantagem
de miar é que atrai os sentidos do ouvinte e o gato assegura melhor chance para
chegar ao prato e lamber o leite. Bem feitas as contas, e considerado o longo
prazo, a Índia não parece ter errado muito.
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Nota
dos tradutores
[1]
“Revelações
de Snowden: Índia mia, Brasil ruge” (orig.
“Snowden fallout: India’s meow, Brazil’s
roar”, Sreeram Chaulia, Russia Today, 29/9/2013).
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[*]
MK Bhadrakumar foi
diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União
Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão,
Uzbequistão e Turquia. É especialista em
questões do Irã, Afeganistão e
Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações,
dentre as quais The
Hindu,Asia Times Online e
Indian Punchline. É o filho mais velho
de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de
Kerala.
O diplomata indiano ficou chateado com o Snowden...que peninha...se Ghandi não tivesse "rugido" ela ainda estaria prestando serviços de segunda classe para a Rainha.
ResponderExcluirO Bhadrakumar defendeu a diplomacia da Índia (e indiretamente as da Rússia e da China)... E ainda curtiu com a cara, um pouquinho só, do "voluntarismo" da Dilma...
ExcluirMerkel se juntou ao rugido de Dilma, então Bhadrakumar errou.
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