sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Império e a “faca só lâmina” [1]: exércitos globais + ONGs [4/4]

Dividir nações soberanas & substituí-las por sistemas de administração global

12/2/2012, [*] Tony Cartalucci, Blog Land Destroyer 
Traduzido por João Aroldo (sugestão do Chico Villela)

Leia antes:

Parte IV: A Fraqueza do Império é Independência

Imperialismo
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Impérios necessitam de súditos. Sem súditos não há império. Não há frota, não há fuzileiros, não há administradores imperiais. Não há trabalhadores para coletar e enviar os recursos para ser refinados, ninguém para refiná-los nas fábricas e enviá-los de volta e, certamente, ninguém para comprar os bens manufaturados quando eles chegarem.

Os impérios precisam que os súditos sejam preferentemente ignorantes, facilmente manipulados, doutrinados em uma maneira que os motive a cumprir sua função no império com confiança. Eles precisam de súditos que acreditem no império e, mais importante, eles precisam de súditos que sejam desesperadamente dependentes. Não é coincidência que as nações declarem suas “independências” da Inglaterra em busca das suas liberdades.

Ao boicotarem o sistema britânico, os Pais Fundadores já eram
homens livres e independentes quando assinaram a Declaração de
Independência. A guerra vindoura foi para defender essa liberdade.
(clique na imagem para aumentar)
...

Antes das grandes batalhas da Revolução Americana e da vitória que se seguiu, os Pais Fundadores se encarregaram de declarar sua independência, não só por escrito, mas também pela ação. Os Pais Fundadores pararam a importação de produtos ingleses, criaram seu próprio sistema financeiro, formaram suas próprias milícias e, o mais importante, formaram seu próprio governo baseado em seus próprios valores, não no interesse próprio do Rei George.

Esta independência verdadeiramente mensurável acabou por ser a chave para o seu sucesso, porque independência é liberdade, e liberdade da tirania é vitória. A batalha que eles travaram não foi apenas para se libertarem, em vez disso, foi travada para defender a liberdade do sistema britânico que eles já tinham conseguido.

Em Naming Names: Your Real Government, foi fornecida uma lista dos principais e mais frequentes interesses corporativos-financeiros e os think-tanks que eles usam para criar, promover, publicar e executar suas políticas.

O artigo conclui afirmando:

Essas organizações representam os interesses coletivos das maiores corporações do mundo. Elas não só possuem exércitos de acadêmicos da política e pesquisadores para articular suas agendas programas e formar consenso internamente, mas também usam sua acumulação maciça de influência não autorizada na mídia, indústria [através de uma rede global de ONGs] e finanças para fabricar um consenso internacional para uso próprio.

Acreditar que essa oligarquia corporativo-financeira sujeitaria sua agenda e destino aos caprichos das massas eleitoras é no mínimo ingênuo. Eles garantiram meticulosamente que não importa quem seja eleito, em qualquer país, as armas, o petróleo, a riqueza e o poder continuam fluindo perpetuamente para suas mãos.

Vídeo não disponível: Votar não é uma opção. Noam Chomsky em 1993 sobre o NED:

É o que você pode esperar de uma campanha democrática bipartidária - é uma tentativa de impor o que é chamado de democracia, o que significa o domínio pelos ricos e poderosos, sem interferência da patuléia, mas dentro de um contexto de procedimentos eleitorais formais.
....

Isso é confirmado em um discurso de Noam Chomsky em 1993, em que ele afirmava que o trabalho do National Endowment for Democracy, “é uma tentativa de impor o que é chamado de democracia, o que significa o domínio pelos ricos e poderosos, sem interferência da patuléia, mas dentro de um contexto de procedimentos eleitorais formais”.

Claramente ela está, juntamente com a Open Society e a vasta rede de administradores de sistema sendo construída por todo o planeta, trabalhando inconscientemente em conjunto com a OTAN, criando, na trilha de destruição deixada, as bases homogêneas de um império corporativo-financeiro global.

Se o mundo é mesmo governado por interesses corporativo-financeiros, e as eleições são não apenas inúteis, mas dão uma falsa sensação de segurança à população, o que nós podemos fazer para declarar nossa independência do império moderno?

Diariamente, por todo o planeta, bilhões de pessoas inconscientemente pagam para este império, comprando seus produtos, dando atenção a diversões como TV, rádio, cinemas, e participando em sistemas, organizações e causas que como “Georgia Trustees” podem ter começado trabalhando pela reforma prisional, e acabaram fornecendo ao império mais uma colônia rentável para explorar. Está claro que grandes campanhas, eleições, manifestações e protestos não são necessários ou mesmo opções viáveis para desmantelar seus sistemas – ao invés, nossas decisões diárias de boicotar suas corporações, desligar nossas TVs e rádios, deixar os cinemas vazios e recusar a reconhecer a legitimidade de instituições e organizações corporativas tanto a nível nacional como internacional.


Vídeo: O Fab Lab. Transformando consumidores em produtores com tecnologia de produção, colaboração open source, e inovação. Também abre as portas para as comunidades trabalharem em conjunto e resolverem seus próprios problemas, ao invés de esperar que eles sejam resolvidos por políticos desonestos eleitos.

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Ao invés disso, achar soluções locais, procurar a autossuficiência, autodeterminação, e tecnologia de apoio para fazermos amanhã o que dependemos das corporações hoje. Podemos começar hoje, simplesmente “votando” localmente com nossas carteiras, “votando” ler, assistir e ouvir mídia realmente independente ao invés de Hollywood – ou melhor ainda – criando nosso próprio conteúdo. O mesmo pode ser dito quanto às notícias. Pare de dar bola para mentirosos profissionais na BBC que foram pegos em golpes em série envolvendo documentários comprados, fazendo reportagens tendenciosas, e mentindo deslavadamente para o público. Há uma mídia alternativa pulsante que já provou os méritos de estar fazendo mais e melhor, e fazendo pelas pessoas.

Como concluído em The Real Revolution.

"Eles precisam de nós, nós não precisamos deles. Este é o grande segredo. Nós conseguimos nossa liberdade assim que nós assumimos nossa responsabilidade pela comida, água, segurança, o sistema monetário, energia e manufatura; isso é independência. Independência é liberdade, liberdade é independência. Nós nunca seremos livres se dependermos das empresas da Fortune 500 para sobrevivermos.

Resolver esses problemas acontecendo em outros países começa por resolver os problemas nos nossos próprios quintais. Boicote os globalistas, suspenda seu apoio, enfraqueça seu sistema, e eles perdem sua capacidade de cometer essas atrocidades. Isso será uma verdadeira revolução e pode começar hoje. Não queimando cidades e rebeldes mascarados agitando bandeiras, mas comunidades não mais dependentes e abastecendo um sistema corrupto que todos nós sabemos que deve acabar.
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Nota dos tradutores
[1] É imagem-criação de João Cabral de Melo Neto, no poema A faca só lâmina: “assim como uma faca / que sem bolso ou bainha / se transformasse em parte / de vossa anatomia”. Lê-se, na íntegra, na Revista Bula.. Recolhemos aqui, para traduzir o título original “Empire’s Double Edged Sword: Global Military + NGOs”.
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[*] Tony Cartalucci é um pesquisador de geopolítica e escritor sediado em Bangkok, Tailândia. Seu trabalho visa cobrir os eventos mundiais a partir de uma perspectiva do Sudeste Asiático, bem como promover a auto-suficiência como uma das chaves para a verdadeira liberdade.

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