27/2/2012, Plaza Pública,
Guatemala
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
Ler
também:
- “Praça Global”/“The Global
Square” - 15/2/2012, Commondreams
- Somos todos “Anonymous” - 25/2/2012, Anonymous
News
- WIKILEAKS-2012: “Stratfor - Os Arquivos da
Inteligência/Espionagem Privada Global” - 27/2/2012, WikiLeaks –
2012
- WikiLeaks chama! - 27/2/2012, Santiago
O’Donnell, Pagina 12, Argentina
- Stratfor: Por dentro de uma CIA
privada -
28/2/2012, Yazan al-Saadi, Al-Akhbar, Líbano
Comentário:
15
meses depois de publicar 250 mil telegramas das embaixadas norte-americanas em
todo o mundo, WikiLeaks volta a
lançar luz sobre as relações obscuras entre uma empresa global, informantes
dentro das forças de segurança dos estados e ex-agentes da
inteligência/espionagem dos EUA: a empresa Stratfor. WikiLeaks, que tem sede em Londres,
obteve 5 milhões de
e-mails
da empresa Stratfor, especializada em segurança, e selecionou 25 jornais
em todo o mundo, para divulgá-los e comentá-los para a opinião pública. O
jornal Plaza
Pública, na Guatemala, é um deles.
Nenhuma
publicação de mercado do Brasil está incluída nessa seleção de 25 publicações
decentes, em todo o mundo.
De
um dos
e-mails
agora publicados, de 8/3/2011:
“Abriu-se
a caixa de Pandora (com a candidatura de Sandra Torres como candidata). O setor
privado vai tratar de matá-la. Los Zetas vão protegê-la. Logo
será o Apocalipse.
E então? Como tiramos dinheiro disso tudo?
Abraços
[assina]
Jaime Rivera,
CEO de
Bladex
“Os
Arquivos da Inteligência/espionagem Global” que começaram a ser publicados hoje
em todo o mundo são
e-mail s dessa empresa de “inteligência global” com sede no Texas
e revelam como opera uma empresa que vende serviços de inteligência confidencial
a grandes empresas e agências de governos nos EUA. Os e-mails mostram a rede de
informantes, a estrutura de pagamentos, as técnicas de lavagem de dinheiro e de
métodos psicológicos para obter informação.
Há
quase 30 mil
e-mails
nos quais se discute a Guatemala, entre 2004 e 2011. Plaza
Pública os
publicará ao longo dos próximos meses, oferecendo a nossos leitores, como fez
com os telegramas diplomáticos do Cablegate no ano passado, o
contexto necessário no qual cada e-mail está inserido.
Como
advertimos no ano passado, nada garante que o que se lê nos e-mails de Stratfor seja
verdade. Do nosso ponto de vista, Stratfor é uma fonte. Nesse caso, é uma fonte
que tem acesso a dados e informações que se compram e vendem-se, no limite entre
a legalidade e a ilegalidade. E Stratfor é também, por vocação empresarial,
“fonte de outras fontes”, sem que ninguém, até agora, se tenha preocupado com a
veracidade da “inteligência” que Stratfor vende, regida, como empresa, por seus
próprios interesses empresariais.
Nesses
“Arquivos da Inteligência/espionagem Global” vê-se o processo pelo qual Stratfor
paga aos seus informantes através de contas na Suíça e cartões de crédito
pré-pagos.
Dentre
os
e-mails
sobre a Guatemala, já encontramos coisas que dão calafrios, sem qualquer
credibilidade, mas que, tanto quanto se sabe, bem poderiam ser tratados como
informação “de inteligência”. Por exemplo, um e-mail recente, que ainda não completou um ano,
datado de 8/3/2011:
“Abriu-se
a caixa de Pandora (com a candidatura de Sandra Torres). O setor privado vai
tratar de matá-la.
Los
Zetas vão protegê-la. Será o Apocalipse. E então? Como tiramos dinheiro
disso tudo?
Abraços.
[assina] Jaime Rivera, CEO de Bladex
O
problema para a Guatemala é que, embora o comentário acima nada tenha a ver com
a realidade, o
e-mail
é assinado por ninguém menos que o hoje presidente do Banco
Latino-americano de Comercio Exterior, ouvido recentemente pela revista Forbes. Em
seu perfil, aparece como assessor da Bolsa de Valores de Nova York, com renda
anual de quase um US$1 milhão.
Essa
é apenas uma amostra de quem são as fontes e informantes de Stratfor e do que
dizem; muitos deles em postos de decidir, por exemplo, se o país recebe ou não
investimentos externos e o que se faz com o dinheiro.
E
Stratfor – diferente do que dizem os telegramas que chegam dos EUA – serve-se de
métodos pouco ortodoxos. George Friedmann, fundador, gerente financeiro e
diretor de Stratfor, resume numa frase: “Você tem de controlar [sua fonte].
Controlar quer dizer controle financeiro, sexual ou psicológico”, Friedman
explicava à analista Reva Bhalla, dia 6/12/2011, que quer extrair, de um
informante israelense, informação sobre o estado de saúde do presidente Hugo
Chávez.
Stratfor
também menciona o jornal Plaza Pública pelo menos uma vez,
quando zomba de uma coluna de David Martínez Amador na qual David critica o modo
de os norte-americanos obterem informações em campo no México e na América
Central, que só conseguem de informantes infiltrados. “David não gosta de nós
porque somos gringos”, dia 19/8/2011.
O
que WikiLeaks faz agora está sendo
feito apesar do bloqueio econômico que lhe foi imposto por Bank of America, Visa, Mastercard, PayPal e Western Union, o que dificultou muito o
processo de as doações de colaboradores chegarem até WikiLeaks.
Simultaneamente,
as mesmas empresas nada fazem para impedir que seus serviços sejam usados para
financiar organizações antissemitas, sionistas, racistas suprematistas brancos e
criminosas de todos os tipos. Julian Assange continua em prisão domiciliar em
Londres, há seis meses.
A
falta de ética de algumas empresas jornalísticas, como o jornal The Guardian, destruiu a
relação cooperativa que WikiLeaks
havia construído com o jornal britânico, e obrigou a organização a publicar, de
uma só vez, todos os telegramas diplomáticos dos EUA que tinha em seu poder.
Diferente do que divulgaram os maiores jornais do mundo, os telegramas
diplomáticos tiveram de ser divulgados em bloco, porque jornalistas, entre os
quais jornalistas do TheGuardian, publicaram em livro
as senhas de acesso ao material; e um desertor de WikiLeaks vendeu as senhas que tinha em
seu poder.
Para
salvar a integridade dos telegramas, antes de que fossem manipulados, WikiLeaks decidiu liberar todos. Na
nossa avaliação, do jornal Plaza Pública, não foi a melhor
opção, mas entendemos os motivos de
WikiLeaks.
Assim
aconteceu que, um ano depois, a própria embaixada dos EUA na Guatemala, para
expor argumentos seus, citou artigos do jornal Plaza Pública que usavam
informação dos telegramas vazados por WikiLeaks.
O
que temos agora é mais um esforço a favor da transparência da informação, e
esforço mundial. Jornais de prestígio em todo o mundo, como Público na Espanha; a
revista
Rolling Stone nos EUA; The Hindu na Índia; La
Nación na
Costa Rica;
Página 12 na Argentina, La Jornada no México ou Plaza
Pública na
Guatemala são alguns dos parceiros de
WikiLeaks nessa ocasião.
Cobertura mais completa sobre temas globais pode ser
encontrada, no jornal Público/WikiLeaks,
espanhol.
Ao
longo das próximas semanas, Plaza Pública distribuirá,
comentada, informação que haja nos e-mails de Stratfor sobre a Guatemala e alguns dos
países vizinhos.
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