6/2/2012, Russia
Today, (+ video, em inglês)
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
A
reação do ocidente ao veto de Moscou e Pequim a um projeto de resolução em exame
no Conselho de Segurança da ONU é “quase histérica”, “obscena” – disse o
ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. “Os excessivamente
furiosos raramente têm razão” – disse Lavrov em conferência de imprensa em
Moscou.
Segundo
o diplomata, aquelas “declarações histéricas” visam exclusivamente a ocultar o
que realmente se passa na Síria. Para Lavrov, há mais de uma fonte de violência
na República Árabe. Por isso Moscou apoiou a iniciativa de acordo negociado, que
a Liga Árabe apresentou em novembro passado. Naquela ocasião, a proposta da Liga
Árabe falava em pôr fim a violência “venha de onde vier”.
O
ministro observou que essa demanda aparecia refletida na resolução do Conselho
de Segurança. Mas o documento teria de oferecer mais que só slogans; e propor passos precisos pelos
quais atender efetivamente às demandas.
“O
que e viu foi que, na versão analisada agora, havia muitos detalhes exigidos de
um só lado e só do lado do governo sírio” – disse Lavrov. “Apresentamos várias
emendas a serem feitas no projeto, para corrigir esse desequilíbrio e indicar
passos concretos a serem dados, pela oposição e pela comunidade internacional,
para pôr fim à violência dos grupos extremistas armados em ação na
Síria.”
Dentre
as emendas sugeridas pelos diplomatas russos havia a exigência de que o governo
sírio retirasse soldados e agentes de segurança das cidades; e, simultaneamente,
os grupos extremistas armados desocupariam as áreas onde estão e entregariam as
armas. Além disso, a Rússia sugeriu que a comunidade internacional se
organizasse para negociar com a oposição política e obter dela que se separasse
dos extremistas armados, como primeiro passo para pôr fim à violência na
Síria.
O
ministro russo disse que Moscou foi surpreendida pela decisão do Conselho de
Segurança de ignorar completamente aquele conjunto de emendas “absolutamente
lógicas” que os russos ofereceram como sugestão. Para Lavrov é “muito
lamentável” que os autores do projeto inicial tenham desconsiderado as sugestões
dos russos e tenham optado por votar “precipitadamente” o projeto de resolução.
A Rússia pediu aos membros do Conselho de Segurança que a votação fosse adiada
por alguns dias, até que o próprio Lavrov e o chefe da Inteligência russa,
Mikhail Fradkov, pudessem ir a Damasco, onde já tinham reunião agendada com o
presidente Al-Asaad, para o dia 7/2. Para Lavrov, a votação precipitada, que
desconsiderou o trabalho diplomático dos russos, foi “flagrante
desrespeito”.
Falando
em Moscou na 2ª-feira, o ministro russo disse que agentes externos tentam hoje
derrubar o governo sírio. Por isso, sobretudo, o número de mortos continua a
aumentar.
“Várias
vezes conclamamos Damasco a promover e apressar várias reformas indispensáveis,
e continuamos a trabalhar nessa linha. Mas vemos bem claramente também que há
outros atores, com outros objetivos específicos. Esses outros atores estão
tentando instrumentalizar o movimento de oposição na Síria para conseguir
derrubar o governo”. Segundo o ministro Lavrov, a oposição síria está sendo
“insistentemente manipulada do exterior, com instruções para não aceitar
qualquer acordo negociado com o governo”. Mais que isso, os mesmos atores
externos estimulam as milícias armadas – inclusive os grupos extremistas – e
lhes fornecem armas e todos os tipos de suprimentos e
apoios.
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