2/2/2012, Olga
Denisova, The Voice of Rússia,
Moscou
Traduzidopelo pessoal da Vila Vudu
A
Rússia alertou que votará contra qualquer resolução do Conselho de Segurança da
ONU sobre a Síria, se a considerar errônea ou se entender que aprofundará o
atual conflito. Segundo o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, o conflito
doméstico na Síria tem de ser superado por acordo entre os dois lados, que devem
reunir-se para discutir suas diferenças.
Vitaly Churkin |
Depois
da reunião do Conselho de Segurança sobre a Síria, Vitaly Churkin comentou as
duas diferentes abordagens que estão em confronto naquele
Conselho.
“Os
representantes ocidentais evitaram cuidadosamente qualquer crítica à posição
russa. Por isso, minha fala não precisou ser mais agressiva, e a reunião
transcorreu em ambiente muito mais calmo do que se poderia prever, se as
circunstâncias fossem diferentes. Assim se criou clima favorável para
trabalharmos num texto de resolução que efetivamente contribua para que se
encontre saída para a crise”
O
impasse diplomático já se arrasta há várias sessões do Conselho de Segurança.
Existem agora em discussão dois projetos de resolução para a crise síria: um
apresentado pelo Marrocos, outro apresentado pela Rússia. O projeto levado ao
Conselho pelo Marrocos foi redigido pela França e alguns países árabes que não
são membros do Conselho de Segurança. O Marrocos é o único país árabe que está
representado no Conselho de Segurança. O projeto encaminhado pelo Marrocos não
descarta a intervenção militar na Síria – e a Rússia já anunciou que em nenhum
caso o aprovará. O projeto também inclui um plano, sugerido pela Liga Árabe, que
exige que o presidente Bashar al-Assad renuncie e entregue a presidência ao
vice-presidente.
Para
o embaixador russo Vitaly Churkin:
“O
projeto de resolução encaminhado pela Liga Árabe é extremamente detalhado. Não
apenas “cria” um governo de unidade nacional na Síria, mas também “determina”
que esse governo deve cooperar com o vice-presidente; diz como deve ser essa
cooperação; e lista as questões às quais o “novo governo” deve-se dedicar
prioritariamente.
Damasco
já rejeitou esse tipo de texto e, portanto, não faz sentido algum discuti-lo, se
já se sabe o que resultará de Damasco não acatar a resolução que se aprove aqui.
A Liga Árabe, evidentemente, tem pleno direito de manifestar sua opinião. Mas
temos de não esquecer que o Conselho de Segurança não ter competência nem poder
para impor decisões políticas, ou para forçar os países a acatar decisões
políticas do Conselho, sequer em países em crise. O Conselho não está autorizado
a adotar resolução que implique “ordenar” a um presidente que renuncie.
Evidentemente, há muito o que discutir”.
Segundo
Vitaly Churkin, diplomatas e políticos devem buscar contato e diálogo com os
oponentes, sobretudo em tempos de crise. A Síria é perfeitamente capaz de
construir saídas para a crise atual, e as forças da oposição síria devem
procurar condições de segurança para conduzir conversações com o
governo.
A
Rússia está disposta a convidar os dois lados que se enfrentam na Síria, para
reuniões de discussão a serem organizadas em Moscou. As autoridades sírias já se
declararam interessadas nessas conversações.
O
problema é que o presidente do Conselho Nacional de Transição, Burhan Ghalioun,
impôs inúmeras condições. Disse que aceitaria ir a Moscou, se a Rússia aceitasse
a cláusula que ordena que o presidente Bashar al-Assad renuncie. Moscou
respondeu que as conversações só acontecerão se os dois lados em conflito
aceitarem sem precondições o convite para negociar.
Em
nenhum caso a Rússia apoiará qualquer embargo de armas contra a Síria, assim
como não aprovará resolução que implique uso da força, intervenção militar ou
sanções contra Damasco. Essa é a posição russa já conhecida, da qual os russos
não abrirão mão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.