5/2/2012,
Grigory Sysoyev, Ria Novosti
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
O
Ministro das Relações Exteriores da Russia, Sergei Lavrov, enviou na sexta-feira
(3/2/12) alterações ao projeto de resolução apresentado pelo Marrocos à
Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton e ao Embaixador da Rússia na ONU,
Vitaly Churkin e conhecimento de todos os membros do CS ONU.
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O
ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov explicou, ontem, por
que a Rússia vetou uma resolução sobre a Síria no Conselho de Segurança da ONU:
nos termos em que estava redigida, a resolução seria unilateral e prejudicaria a
Síria, se adotada.
O
veto dos embaixadores de Rússia e China impediu que fosse aprovado o projeto de
resolução encaminhado pelo Marrocos que exigia a imediata renúncia do presidente
Bashar al-Assad. 13 dos 15 membros do Conselho de Segurança aprovaram o projeto
apoiado pela Liga Árabe e pelo ocidente. (...)
As
autoridades sírias têm atribuído a violência no país à ação de gangues armadas
ligadas a al-Qaeda e informam que mais de 2.000 soldados e policiais já foram
mortos.
Lavrov
disse que, na 6ª-feira enviou à secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton e
ao embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, as emendas propostas pela Rússia ao
texto do projeto a ser votado.
“Quem
desse atenção àquelas emendas facilmente perceberia a racionalidade e a
objetividade de nossa posição” – disse Lavrov.
Vários
países ocidentais dedicaram-se a tentar persuadir Moscou a apoiar uma resolução
que, de fato, autorizaria uma ação militar na Síria, mas a Rússia respondeu
repetidas vezes que o furor com que o ocidente está tentando legitimar aquela
ação militar na Síria obriga a temer que esteja em preparação a repetição de um
“cenário líbio”.
Na
Líbia, forças rebeldes derrubaram e assassinaram Muammar Gaddafi em outubro de
2011, depois de meses de combates, para cujo desfecho as forças da OTAN tiveram
influência decisiva.
Embora
os termos do projeto que estava sendo votado tenham sido suavizados,
aparentemente para superar a oposição dos russos, o ministro das Relações
Exteriores da Rússia disse que, apesar das modificações, o projeto patrocinado
pelo ocidente e pela Liga Árabe continuava a ser decisão
“unilateral”.
Para
o ministro russo, os grupos que estão provocando a violência na Síria teriam de
ser conhecidos e examinados adequadamente – o que o Conselho de Segurança não
fez em momento algum. Disse que o projeto agora vetado não impõe qualquer
restrição à ação de grupos armados da oposição, e que a Rússia teme que,
aprovada nos termos atuais, a resolução tornará impossível qualquer diálogo
político nacional na Síria.
Além
do mais, disse Lavrov, o projeto vetado incluía a exigência de que as forças
regulares do estado sírio se retirassem imediatamente de cidades e vilas.
“Essa
exigência, se não estiver acompanhada da exigência de que os grupos armados
extremistas entreguem as armas, é absolutamente provocativa. Nenhum presidente
que não esteja absolutamente derrotado e que se respeite jamais aceitará essa
exigência, por mais ameaçado que esteja. E nada, em nenhum caso, justifica
render-se e entregar o país a extremistas armados”, disse
Lavrov.
A
embaixadora dos EUA na ONU Susan Rice disse no sábado que “há meses esse
Conselho está refém de dois membros. Esses membros escondem-se atrás de
argumentos ocos e de interesses particulares, ao mesmo tempo em que rejeitam
qualquer redação que pressione Assad a deixar o governo”.
[A embaixadora dos EUA aparentemente esquece
as mais de 50 vezes em que o mesmo Conselho esteve refém de um único membro,
exatamente os EUA, que vetaram, contra a maioria dos demais membros,todos os projetos de resolução que
visavam a garantir direitos para os palestinos, contra os interesses de
Israel (NTs)]
(...)
A Rússia e a China já haviam vetado outro projeto de resolução, em outubro de
2011, que continha ameaças de sanções contra a Síria.
Lavrov
disse também que outro problema do projeto agora vetado é a cláusula que exige
que Assad deixe o governo.
A
Rússia, dos principais apoiadores de Assad durante o levante contra seu regime,
já dissera, no início da semana, que vetaria qualquer projeto de resolução que
exigisse a renúncia de Assad e ameaçasse com “outras medidas” caso ele não
concordasse. Moscou apresentou um texto alternativo de resolução, que os EUA
criticaram por lhes parecer muito suave.
“Já
dissemos várias vezes que não estamos protegendo Assad. Estamos protegendo a lei
internacional. O Conselho de Segurança da ONU não tem competência para intervir
em questões internas dos estados”, disse Lavrov.
Lavrov
disse também que sábado (4/2), ele e o chefe dos Serviço de Inteligência
Exterior da Rússia, Mikhail Fradkov, estarão na Síria, para encontro com o
presidente al-Assad agendado para a 3ª-feira, cumprindo instruções do presidente
Dmitry Medvedev.
Churkin,
embaixador russo na ONU, disse, depois da votação no Conselho de Segurança: “O
projeto de resolução que vetamos não reflete satisfatoriamente a realidade em
campo na Síria, e enviaria sinais conflitantes às forças políticas na
Síria.”
Perguntado por que a Rússia concordou inicialmente e,
adiante, mudou seu voto, Churkin disse que a situação mudou ao longo do último
mês, depois que a Liga Árabe expôs seus planos para a Síria [1].
Os
chefes das delegações russa e chinesa disseram que os países esperam que a
comunidade internacional continue a trabalhar para pôr fim à violência na
Síria.
O
governo da Síria nega qualquer envolvimento nos confrontos violentos em Homs nos
últimos dias.
Nota
dos tradutores
[1]
Sobre os planos da Liga Árabe para a Síria, ver 3/2/2012, Pepe Escobar,
“Vazou!
A agenda da Liga Árabe para a Síria”.
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