1/2/2012, Russia
Today (e
vídeo)
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
O
modo como alguns membros do Conselho de Segurança da ONU manipularam as
resoluções do colegiado sobre a Líbia, para justificar o apoio armado a forças
que se opunham ao governo lá existente, criou novas dificuldades, agora que se
trata do conflito civil na Síria – disse a
Russia Today o embaixador
da Índia na ONU.
Para
Hardeep Singh Puri, o Conselho de Segurança da ONU sofre hoje as consequências
do que foi feito na Líbia, quando representantes de nações ali presentes
ignoraram completamente decisões contidas nas resoluções que lhes cabia
implementar.
“Uma
das dificuldades que enfrentamos hoje, na discussão da situação na Síria, é que
a experiência do Conselho de Segurança, no caso das Resoluções 1.970 e 1.973
para a Líbia, paira aqui como uma sombra e vicia a atmosfera, quando se discute
a Síria” – explicou o diplomata, que lembrou que, apesar dos muitos esforços, o
Conselho de Segurança da ONU não consegue, há seis meses, aprovar qualquer
documento sobre a crise em andamento na Síria.
O
diplomata indiano lembra que, nas resoluções sobre a Líbia, o Conselho de
Segurança autorizou o uso de força na Líbia, mas exclusivamente para conter a
violência naquele determinado momento.
“A
ONU teve de envolver-se; a Resolução autorizava a implantar uma zona aérea de
exclusão e imediato cessar-fogo. Mas depois, quando tentamos fazer cumprir a
ordem de cessar-fogo, outros países – já envolvidos na operação militar –
responderam que não considerariam a possibilidade de cessar-fogo, antes de o
regime ter sido derrubado. Não estou dizendo que o Conselho de Segurança tenha
sido manipulado para derrubar um governo, mas, no final das contas, é o que
parece ter acontecido” – disse ele.
E
essas ‘interpretações criativas’ de decisões do Conselho de Segurança da ONU não
são o pior problema que o Conselho de Segurança enfrenta
hoje.
“Há
questão mais séria que essa” – continuou o embaixador indiano. – “A resolução
1.973 fala especificadamente sobre embargo de armas. Pelo que se sabe hoje, a
resolução foi interpretada como ‘Ok, vocês podem atacar militarmente o governo
de Gaddafi, e o embargo não significa que vocês não possam fornecer armas à
oposição’. Isso é absolutamente inaceitável” – continua
ele.
“Várias
vezes pedi a palavra em reuniões do Conselho de Segurança, para lembrar que as
palavras têm significados. Quando decidirmos por uma ou outra redação, é
indispensável que todos saibamos claramente o que significa cada formulação. O
poder armado impôs-se nesse Conselho, alterou o sentido das resoluções
aprovadas, e ficou-se com a impressão de que, no momento, aquela seria uma
abordagem razoável. No longo prazo, essa violência jamais funciona” – concluiu
Hardeep Singh Puri.
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