Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
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também:
Pepe
Escobar: “Síria: sombras por trás do espelho” - 08
Fev 2012
Só
WikiLeaks salva! - 09
Fev 2012
Bashar al-Assad não sairá. Não, pelo menos, agora. Não, provavelmente, por um longo tempo. Os jornais do Oriente Médio estão cheios de histórias sobre se Assad vive ou não seu “momento Benghazi” – matérias quase invariavelmente enviadas prontas de Washington ou Londres ou Paris – e poucos na região entendem como é possível que o ocidente veja tão mal e entenda tão pouco. É preciso repetir e repetir: o Egito não foi a Tunísia; o Bahrain não foi o Egito; o Iêmen não foi o Bahrain; a Líbia não foi o Iêmen. E a Síria, definitivamente, não é a Líbia.
Ao olhar para o
leste o que Bashar al Assad vê? O Irã está com ele e o Iraque se recusa a impor
sanções!
Bashar al-Assad não sairá. Não, pelo menos, agora. Não, provavelmente, por um longo tempo. Os jornais do Oriente Médio estão cheios de histórias sobre se Assad vive ou não seu “momento Benghazi” – matérias quase invariavelmente enviadas prontas de Washington ou Londres ou Paris – e poucos na região entendem como é possível que o ocidente veja tão mal e entenda tão pouco. É preciso repetir e repetir: o Egito não foi a Tunísia; o Bahrain não foi o Egito; o Iêmen não foi o Bahrain; a Líbia não foi o Iêmen. E a Síria, definitivamente, não é a Líbia.
Robert Fisk |
Não
é difícil ver como a oposição joga com o ocidente. A artilharia de imagens
horrendas de Homs, pelo Facebook; declarações do ‘Exército Sírio Livre’; a zanga
arrogante de La Clinton; e a surpresa indignada por os russos se mostrarem tão
cegos ao sofrimento dos sírios – como se os EUA algum dia tivessem tomado
conhecimento do sofrimento dos palestinos, quando, arredondando, mais de 1.300
palestinos foram mortos, no massacre pelos israelenses em Gaza – nada disso tem
qualquer conexão racional com a realidade em campo, na Síria e no mundo. E por
que os russos se preocupariam com Homs? Preocuparam-se com os mortos na
Chechênia?
Invertamos
a perspectiva. Sim, todos sabemos que o serviço secreto sírio cometeu vários
abusos de direitos humanos. No Líbano, por exemplo. Sim, todos sabemos que o
governo de Damasco não foi eleito. Sim, todos sabemos que há corrupção. Sim,
todos assistimos à humilhação da ONU no fim de semana – embora paire o mais
denso mistério sobre por que La Clinton esperava que os russos bateriam
calcanhar e continência a ela, depois que a “zona aérea de exclusão” virou
“mudança de regime” na Líbia?
Destruir
o governo dos alawitas na Síria – os alawitas são xiitas – será como cravar uma
espada na alma do Irã xiita.
Consideremos
agora o Oriente Médio, visto de uma das janelas do imenso palácio presidencial
de onde se descortina toda a área mais antiga de Damasco. É verdade: o Golfo
voltou-se contra a Síria. É verdade: a Turquia voltou-se contra a Síria (apesar
de a Turquia, generosamente, ter oferecido teto para o exílio de Bashar, no
velho império otomano).
Mas
observemos o leste. Se volta os olhos para o leste, o que Bashar vê? O leal Irã,
ao seu lado. O leal Iraque – hoje, o Iraque é o melhor mais novo amigo do Irã no
mundo árabe – que se recusou a impor sanções contra a Síria. E o oeste? A oeste,
o leal pequeno Líbano recusou-se a impor sanções. Assim, da fronteira do
Afeganistão até o Mediterrâneo, Assad vê uma linha reta de alianças que
conseguirá impedir, no mínimo, o colapso econômico do
regime.
O
problema é que o ocidente foi de tal modo inundado de matérias jornalísticas,
“análises”, contos, conferências e da conversa-delírio dos think-tanks de sempre sobre o amaldiçoado Irã, o
Iraque traidor, a perversa Síria e o assustado Líbano, que é quase impossível
limpar o raciocínio, excluir do pensamento todas essas “análises” delirantes e,
afinal, ver que Assad absolutamente não está sozinho. Não se trata de “proteger”
Assad, nem de pregar que continue no poder. É que essa é a simples e pura
verdade. É fato: Assad não está sozinho nem isolado.
Os
turcos, apesar das idas e vindas e “declarações” espalhafatosas à moda Clinton,
não montaram o “cordão sanitário” que prometeram montar no norte da Síria. Nem o
rei Abdullah II respondeu afirmativamente ao pedido da oposição síria para que
montasse outro “cordão sanitário” no sul. Muito estranhamente – e já escrevi
sobre isso – só Israel mantém-se em silêncio.
Enquanto
a Síria puder comerciar com o Iraque, pode comerciar com o Irã e, claro, pode
comerciar com o Líbano. Os xiitas do Irã e a maioria xiita no Iraque e a
liderança (embora numericamente minoritária) xiita na Síria e os xiitas (a maior
comunidade religiosa do país, mas não majoritária na população) do Líbano,
permanecerão ao lado de Assad, embora em alguns casos relutantemente. Acho que é
aí que a porca torce o rabo. Gaddafi tinha inimigos com real poder de fogo, que
tinham a OTAN. Os inimigos de Assad têm Kalashnikovs e não têm a
OTAN.
Assad
tem Damasco e Aleppo – e essas cidades fazem toda a diferença. Suas principais
unidades militares não desertaram.
Entre
os “mocinhos” há também vários “bandidos” – fato que o ocidente esqueceu de ver
na Líbia, nem quando os “mocinhos” assassinaram seu comandante militar desertor
e torturaram prisioneiros até a morte. Ah, sim, e a Marinha Real britânica
conseguiu atracar em Benghazi. Não consegue atracar em Tartous, na Síria,
porque, ali, a Marinha Russa atracou antes (e continua atracada).
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