3/7/2012, Manlio Dinucci, Il Manifesto
Traduzido pelo Coletivo de
Tradutores da Vila
Vudu
Manlio Dinucci |
“Profundamente preocupados com a escalada da
violência” que ameaça converter o conflito em guerra regional, eles exigem “a
cessação da violência armada em todas as suas formas”. Mas... quem são esses
pacifistas? São os membros do “Grupo de Ação pela Síria”, reunido em Genebra,
dia 30/6, no comunicado de encerramento da reunião.
Chefiando
o coro de “pacifistas”, lá estão os EUA, diretores, de fato, da operação de
guerra em andamento, os quais, depois de destruir [o Iraque, onde tudo começou] o estado líbio, ano passado, tentam agora desmantelar o estado sírio.
Agentes
da CIA, escreve o New York Times, operando clandestinamente no sul da
Turquia, estão recrutando e armando mercenários para lutar contra o governo da
Síria. Mediante uma rede clandestina transfronteira, na qual também está
operando o Mossad israelense, recebem rifles automáticos, munição, foguetes
antitanques e explosivos. Com um vídeo em YouTube, mostram que sabem usar as
armas: a explosão de uma poderosa bomba, detonada por controle remoto, destrói
um caminhão de transporte de civis, que passa frente à uma loja.
A
Turquia também manifestou sua “oposição à
crescente militarização do conflito”, que deve ser solucionado “mediante diálogo pacífico”. Mas a
Turquia fornece o centro de comando, em Istambul, que dirige a operação, e as
bases militares nas quais grupos armados são treinados, antes de serem
infiltrados na Síria.
"Rebeldes" da OTAN, na Síria |
A
Turquia, usando o pretexto de a Síria ter abatido um jato militar turco – que
voava a baixa altitude sobre a costa da Síria para testar as defesas antiaéreas
sírias – está reunindo tropas na fronteira e ameaça “intervenção defensiva”. Depois, estaria
aberto o caminho para ataque de larga escala pela OTAN, nos termos do artigo 5º
da Carta da OTAN, desempoeirado exatamente para a ocasião (contra a Líbia,
bastou inventar um “não-artigo” 5º).
Os
demais membros do Grupo – França, Grã-Bretanha, Arábia Saudita e Qatar –
proclamam-se “comprometidos com defender
a soberania, independência e unidade nacionais da Síria”.
Essas mesmas
forças estão fazendo agora contra a Síria a mesma operação que puseram em ação
contra a Líbia: treinando e armando um “Exército Sírio Livre” e mais de 100
outros grupos recrutados em vários países, pagos com dinheiro da Arábia Saudita.
E também usam militantes islamistas reacionários e grupos islamistas armados,
antes declarados perigosos terroristas, agora infiltrados com forças especiais
na Síria, como os que o Qatar despachou ano passado para a Líbia, fantasiados
como grupos da oposição interna.
Leia também:
Síria e os "rebeldes" da OTAN (desertores do Exército sírio) |
E
os membros do Grupo de Ação que pregam “liberdade de movimento no país para os
jornalistas” são os mesmos que manipularam fotografias e vídeos, enquanto
movem incansável campanha de propaganda, com jornalistas, jornais e televisões,
em que culpam o governo sírio pelos massacres. São os mesmos que organizaram o
ataque terrorista que matou três jornalistas sírios, quando um grupo armado
atacou a rede de televisão al-Ekhbaria, em Damasco, usando foguetes para
explodir o prédio.
Também
gostariam de explodir os argumentos de Rússia e China, membros do Grupo de Ação,
que insistem em afirmar que nenhum agente externo deve tomar decisões que cabem
exclusivamente ao povo sírio. Mas as potências ocidentais já decidiram – ao
ativar sua máquina de guerra – mais uma vez anexar a Síria ao seu império.
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