Raul Longo no Sambaqui |
Enviado por Raul
Longo
A
origem da palavra é do grego, mas seu sentido ainda mais remoto, posto que
religioso. Cremação de corpos seria a tradução, mas não necessariamente imolação
de animais, pois aos deuses também se sacrificava corpos
vegetais.
Só
no século XIX a palavra passou a designar massacres humanos. E, no seguinte,
inscrita com “H” maiúsculo, os extermínios promovidos pelos
nazistas.
Hoje,
ao ouvir a palavra todos se reportam ao sacrifício dos judeus na Segunda Guerra,
mas em verdade há muito mais a ser considerado.
Primeiro
que a palavra “judeu” não designa uma etnia, mas sim uma religião. A etnia é
semita, como a de qualquer árabe, com a diferença de que após milenares
movimentos migratórios de tão miscigenados os antigos hebreus são os que menos
preservam os códigos genéticos semitas.
O
que não quer dizer nada, claro. Tampouco é de causar espanto os judeus também
terem praticado inúmeros holocaustos, conforme se denota na Bíblia:
“E
porás o altar do holocausto diante da porta do tabernáculo da tenda da
revelação” (Êxodo, capítulo 40, versículo 6).
Não
eram sacrifícios humanos, mas o que realmente causa estranheza são algumas
outras omissões sobre o chamado “Holocausto Judeu” como, por exemplo, a de que
não foram as únicas vítimas. Também se incluíam grupos de homossexuais, ciganos,
eslavos, polacos, russos, deficientes mentais e físicos, Testemunhas de Jeová,
mórmons e sindicalistas.
Mais
motivos para nossa indignação à barbárie nazista que tanto nos comove sempre que
deparamos com aquelas imagens horripilantes, constantemente expostas para jamais
tornarmos a permitir a repetição de tão repulsivo espetáculo. Afinal, somos uma
civilização!
Não
apenas uma civilização como tantas outras da história, mas a civilização
ocidental, de origem caucasiana. Tão brancos quantos os semitas, ou melhor, os
judeus.
E
como brancos e ocidentais nos distinguimos também por nossa orientação
religiosa, reconhecendo que todos os seres humanos são iguais perante nosso
Deus. Por sinal, um Deus concebido pelos hebreus, portanto branco como
nós.
Mas
o mentor do igualitarismo que assumimos como cristãos, foi Jesus. Os semitas
hebreus não dão importância alguma a Jesus, mas nem por isso deixamos de
considerá-los nossos iguais e nos causa asco a reprodução daquelas cenas do
Holocausto. Se não experimentamos a mesma sensação pelos demais grupos é apenas
por não serem tão divulgados. Como também pouco se divulga o Holocausto dos
Palestinos pelos judeus sionistas.
Além
de brancos como nós, muitos palestinos são cristãos, como o eram aqueles demais
exterminados pelo nazismo tão pouco divulgados.
Se
o fossem, nos causariam a mesma comoção sentida pelo Holocausto Judeu. Inclusive
pelos ciganos, apesar de não tão brancos quanto nós e adoradores de outros
deuses. Como exemplo mundial de civilização evoluída nos comovemos e como
cristãos pregamos a compaixão entre os homens.
Mas
vamos aos números para dimensionarmos melhor o horror do Holocausto:
Além
dos 6 milhões de judeus, foram mortos também 17 milhões de soviéticos (9,5
milhões civis), 5,5 milhões de alemães (3 milhões civis), 4 milhões de poloneses
(3 milhões civis), 2 milhões de chineses, 1,6 milhão de iugoslavos, 1,5 milhão
de japoneses, 535 mil franceses (3,3 mil civis), 450 mil italianos (150 mil
civis) 396 mil ingleses e 292 mil soldados
estadunidenses.
Holocausto judeu (6 anos) II a. Guerra Mundial |
Como
não nos indignarmos com estes números? Como admitir que em nossa cultura
ocidental e cristã, isso tenha ocorrido ao longo dos 6 piores anos de nossa
história?
Terão
sido mesmo os seis piores anos da história de nossa civilização? Acompanhemos
esse trecho de uma descrição do médico inglês Robert
Clarke;
Grande
número de indivíduos... chegou ao hospital tão deploravelmente emagrecido que a
pele parece estar inteiramente retesada e colada ao esqueleto.
A
expressão do rosto indica sofrimento moral e físico da mais profunda e
agonizante natureza.
Ocasionalmente,
entre os grupos recém-chegados, a expressão mais completa de sofrimento se
encontra expressa na melancolia ou na loucura delirante.
As
feições secas encolhidas e magras são ressaltadas por olhos fundos, negros e
cintilantes.
A
barriga é como se estivesse presa às costas, enquanto o osso das cadeiras se
projeta e provoca a dilaceração da pele suja e úlceras fagedênicas.
A
mão e os dedos magros parecem excessivamente alongados pelo grande e negligente
crescimento das unhas que em tais casos parecem garras.
A
magreza e a miserabilidade da figura são aumentadas em muitos casos pelas
secreções multicores de que o corpo está coberto.
As
pernas recusam a cumprir suas funções e suportam com dificuldade o corpo
emagrecido, cambaleante e debilitado.
Muitos
deles sofrem de ulcerações extensas e gangrenosas situadas nas extremidades,
frequentemente despregando a parte mole dos ossos, os quais, tornando-se
decadentes, são esfoliados.
Robert Clarke não testemunhou as
vítimas dos campos de extermínio nazista ao fim da Segunda Guerra Mundial. Ele
viveu muito antes e esse relato consta em “Sierra Leone. A
description of the Manners and Customs of the Liberated Africans; with
observation upon the National History of the Colony and a Notice of the Native
Tribes”
O
que o médico Robert Clarke relata aí é a situação de sobreviventes dos navios
negreiros que cruzaram o Atlântico durante 4 séculos. Todos os diários de bordo
e registros alfandegários denunciam que nem a metade da carga humana alcançava o
destino em companhia de seus apreensores.
Talvez
tenha ocorrido no Brasil o último descarregamento dessa carga. Deu-se na
localidade conhecida como Saco das Bananas, no município de Ubatuba, estado de
São Paulo. Clandestinamente, pois então já se estava no início do Século
XX.
Holocausto Negro (4 séculos) |
Não
há registros do número de mortos em terra ou embarcados durante os 4 séculos do
Holocausto Negro promovido por nossa civilização branca, ocidental e cristã.
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