20/11/2012, Yusuf Fernandez - Al-Manar, Líbano
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Yusuf Fernandez |
O
secretário-geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse hoje que a
resposta dos palestinos, com mísseis Fajr-5, de fabricação iraniana, contra
Telavive é desenvolvimento de grande importância na história do conflito
árabes-israelenses.
Falando
durante a comemoração do Dia de Ashura no subúrbio do sul de Beirute, sobre a
nova ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, o líder da Resistência libanesa
disse que o governo israelense mais uma vez repete os erros de 2006, quando
supôs e disse que teria eliminado todos os mísseis que havia no Líbano. O
ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, disse, na 6ª-feira, que os ataques
israelenses teriam destruído todos os mísseis balísticos com alcance superior a
40 km .
Mas o míssil iraniano, lançado na tarde do mesmo dia, tem alcance de
110-150
km . Vídeo a seguir:
Sayyed
Hassan Nasrallah disse que a ofensiva contra a Faixa de Gaza permite ver, mais
uma vez, a verdadeira face dos governos ocidentais, sobretudo do governo dos
EUA, britânico e francês, que se dizem solidários aos povos árabes mas, de fato,
apoiam Israel incondicionalmente.
Os
principais trechos da fala de Nasrallah
Sayyed Hassan Nasrallah |
Vimos
ontem a ofensiva bárbara e selvagem contra nosso povo em Gaza, que começou com o
assassinato do comandante militar do Hamás, Ahmed Jaabari, herói e mártir, e que
foi seguido pelo martírio de grande número de civis. E os confrontos continuam,
com uma série de disputas heroicas.
Dirijo-me
a meus irmãos do Hamás, apresento-lhes meus pêsames e ao mesmo tempo felicito os
irmãos pelo martírio desse grande homem e de todos os irmãos que caíram. E
também felicito todos os que continuam a lutar contra o inimigo sionista.
Evidentemente,
condenamos mais essa agressão. O mínimo que se tem de dizer é que os países
árabes e muçulmanos e todas as nações livres do mundo têm de apoiar a luta dos
habitantes de Gaza e de seus valorosos combatentes resistentes.
O
fator determinante é a vontade do povo palestino, sua força e sua perseverança.
(...)
Sabemos
que esse povo já deu provas de resistência corajosa e sábia, que tem capacidade
material e humana para fazer frente àquela luta. (...) Os lançamentos de mísseis
Fajr-5 contra Telavive são prova da coragem e da sabedoria da resistência
palestina.
O
que hoje se passa pode ser resumido em alguns pontos:
Primeiro
ponto: O que
está acontecendo em Gaza é um elo a mais na cadeia da confrontação entre o
inimigo sionista e os povos de nossa região, especialmente os palestinos. Esse
enfrentamento determinará novamente o destino da Palestina e o destino de toda a
nação. Deve-se extrair ensinamentos e assumir responsabilidades.
Vê-se
bem claramente que o inimigo não precisa de motivos nem de pretextos para passar
à ofensiva e nos atacar. Nos últimos dias, nada acontecera. Os políticos
israelenses são movidos exclusivamente por interesses políticos ou eleitorais.
Aconteceu exatamente assim contra o Líbano em 1996 durante o ataque “Vinhas da
Ira” ordenada por Shimon Peres, que carecia de uma vitória militar para ser
eleito primeiro-ministro. Mas os seus atos voltaram-se contra ele: perdeu a
aposta e não foi eleito.
Quando
os israelenses querem iniciar hostilidades contra nós, não precisam de ação
alguma de nossa parte: partem à ofensiva e, dali em diante, reagem a qualquer
reação.
Israel
é inimigo perverso
Segundo
ponto: Esse
inimigo, como de hábito, sempre recorre à perfídia e à mentira em tudo o que
faz. Durante os últimos dias, Israel sugerira que teria aceitado a trégua –
exatamente como também fez no ataque de 2008-2009, e os palestinos estavam
tranquilos. Mas os israelenses, romperam o clima que levaria a um acordo ao
assassinarem o comandante militar do Hamás (...) É movimento que nos ensina a
jamais baixar a guarda. Nunca nos devemos deixar enganar pelo inimigo.
Aprendendo
com as guerras do Líbano e Gaza
Terceiro
ponto:
segundo os objetivos declarados do ataque contra Gaza, parece que os israelenses
tentam extrair lições das guerras de 2006 e 2008 contra o Líbano e a Faixa de
Gaza.
Naquelas
duas guerras, os israelenses fixaram-se altos objetivos; não os alcançaram,
fracassaram e perderam tudo.
Dessa
vez, apesar de alguns ataques violentíssimos, os objetivos declarados dos
israelenses são muito modestos. Não disseram que aspiram a acabar com a
resistência; sequer que visariam a pôr fim, para sempre, aos ataques com
foguetes e mísseis da Resistência.
Disseram
só que queriam, em primeiro lugar, desmontar a estrutura dos líderes da
Resistência; em segundo lugar, destruir, pelo menos, alguns de seus depósitos de
mísseis; e, em terceiro lugar, que queriam restaurar a própria capacidade de
dissuasão na Faixa de Gaza. É prova de que Israel sabe que sua capacidade de
dissuasão sofreu grave erosão nos últimos tempos.
Tratam
também de transferir toda a culpa para os vários grupos da Resistência
palestina. Mas só o curso dos acontecimentos nos mostrará quais os reais
objetivos de Israel.
Pedimos
a Deus que sejam derrotados; que, mais uma vez, seus projetos sejam torpedeados;
e que suas ações maléficas voltem-se contra eles.
A
surpresa: os mísseis Fajr-5
É,
precisamente, o que já se começa a ver acontecer.
No
início do ataque, os israelenses disseram que haviam destruído todos os sistemas
de foguetes médio alcance, superior a 40 km ; e ainda fingiram minimizar seus
objetivos, sempre para não deixar transparecer qualquer impressão de fracasso:
concederam que ainda restariam os foguetes de alcance inferior a
40 km .
Pois qual não foi a surpresa, quando viram cair sobre Telavive os mísseis
Fajr-5. Vídeo a seguir:
Cometeram,
portanto, o mesmo erro que o ministro da Defesa de Israel, Peretz, nos primeiros
dias da guerra de julho de 2006, quando disse que havia eliminado as capacidades
missilísticas da Resistência Islâmica no Líbano.
O
lançamento dos mísseis Fajr-5 contra Telavive é acontecimento de grande
importância e operação em grande escala na luta e na resistência contra Israel,
na história do conflito árabe-israelense. É fato muito revelador e tem enorme
significação.
A
verdadeira face dos ocidentais
Quarto
ponto: Parece
que os povos árabes e muçulmanos precisam de derramamento de sangue, para
despertar da letargia. Novamente enfrentamos aqui as velhas posições que os EUA
tradicionalmente manifestam, sempre seguidos pela Grã-Bretanha e França. Muitos
caciques da Primavera Árabe expuseram a seus respectivos povos noções falsas,
erradas. (...) E os fizeram crer que os norte-americanos teriam mudado e que,
agora, estariam interessados em ajudar os povos árabes oprimidos, e convidam os
povos a criar vínculos estratégicos com governos do ocidente.
O
que está acontecendo em Gaza tem a vantagem de, outra vez, deixar à vista, bem
claramente, a verdadeira face dos norte-americanos, que apóiam Israel
incondicionalmente e falam do direito “de defender-se” que Israel teria, como
dizem, e condenam os grupos da Resistência palestina. Britânicos e franceses
seguiram a trilha dos EUA.
Significa
que os povos árabes, na visão dessas pessoas, não têm importância alguma: aos
EUA, Grã-Bretanha e França não importam nem os valores humanos, nem a luta
contra a opressão, nem as injustiças infligidas aos povos, nem os direitos
humanos, nem a democracia. A eles só interessam seus próprios interesses e sua
relação com Israel – e Israel é deixado à vontade para fazer o que queira. Se
algum governo rende-se àqueles interesses, EUA, Grã-Bretanha e França tudo fazem
para protegê-lo e preservá-lo no poder.
O
sangue, o martírio, a opressão de Gaza outra vez aí estão, para revelar a
verdadeira face dos ocidentais, que nada fizeram além de enganar o mundo durante
os últimos dois anos.
A
pergunta que se repete é: O que fazer?
Quinto
ponto: O que
árabes e muçulmanos devem fazer? É a pergunta sobre a qual se fala há mais de 60
anos, em todas as guerras. Todo o mundo sabe o que é preciso fazer, mas poucos
fazem. Basta ter vontade de agir e agir.
É
necessário adotar postura de seriedade, sem dissimulação. Em primeiro lugar, é
preciso expulsar os embaixadores de Israel; em seguida, romper relações com
Israel e eliminar ou, no mínimo, suspender, todos os acordos assinados com a
entidade sionista. É indispensável romper o bloqueio da Faixa de Gaza e
abastecer os palestinos, não só de comida e remédios, mas também, e sobretudo,
com armas e munições. Os habitantes de Gaza são capazes de se autodefender eles
mesmos e não têm necessidade de mais quadros humanos.
Ninguém
está pedindo aos árabes que se ponham à frente da luta pela libertação da
Palestina. O que se pede é que, no mínimo, exijam dos governos ocidentais que
pressionem Israel para que suspendam os ataques. A ideia de que Israel não cede
a pressões é falsa. Já se viu como os EUA podem, quando querem, conseguir que
Israel obedeça ao que digam os norte-americanos.
Os
países árabes podem usar, como arma de pressão, o petróleo. Nem peço que
suspendam a exportação, mas, ao menos, poderiam racionar o petróleo – o que
faria subir os preços. Alguns países, como os EUA, seriam profundamente afetados
por medida desse tipo.
Postura
firme dos países árabes e muçulmanos, expressa pela Liga Árabe e pela
Organização da Conferência Islâmica teria poder suficiente para pressionar
fortemente os israelenses.
Israel
aproveita-se dos conflitos da região
Por
desgraça, alguns chegaram a dizer que o objetivo da ofensiva israelense é
desviar a atenção do que se passa na Síria. São ideias desoladoras. São notícias
absurdas e absolutamente equivocadas.
O
que está acontecendo hoje é que Israel aproveita-se dos conflitos na região e,
dentre outros conflitos, aproveita-se do que se passa na Síria. Hoje, as
circunstâncias são muito diferentes das que havia em 2008-2009, quando a Síria
podia ajudar mais a Faixa de Gaza. Hoje, uma das linhas de apoio à Faixa de Gaza
está bloqueada: a Síria, preocupada com o que acontece em seu próprio
território, está impedida de prestar apoio logístico (...).
Nada
impede de ver que Israel, hoje, se aproveita desse conflito, da mudança nas
prioridades de alguns países e das tensões sectárias que convertem amigos em
inimigos.
Aqui,
faço uma convocação, um chamamento à união, à reunião. Que todos façam todos os
esforços possíveis para deter o ataque israelense. A Palestina sempre foi
denominador comum de todas as vontades na região, uma bússola a apontar
prioridades (...).
Estamos
num cenário em que o sangue desafia a espada – como aconteceu em Kerbala, com o
imã Hussein. Que seja nova página gloriosa de nossa história. Que, mais uma vez,
os vencedores sejam os que lutam na Resistência, nessa batalha
histórica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.