20/11/2012, Robert Fisk
[de The Independent] em Clearing Information
House - Israel Demands
Our Support Because It Fights Its ‘War Against Terrorists’ in Our
Name
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu*
Robert Fisk |
Chega!
Agora, basta! Já temos até um ministro da “Infraestrutura Nacional”, Uzi Landau
– um dos meus paus-mandados favoritos no governo de Israel – falando sobre “dano
colateral” e justificando as bombas contra a rádio do Hamás: poderia ser usada
para transmitir instruções militares, disse ele.
Mas
isso, exatamente, foi o que disse nosso bem-amado Lord [Tony] Blair de
Kut al-Amara – agora, suponho, já é Lord Blair da Terra Santa – depois
que a OTAN bombardeou a estação de TV sérvia em Belgrado, quando a OTAN, também,
cacarejava sobre “dano colateral”!
Nós,
os ocidentais, começamos isso, na ex-Iugoslávia, no Afeganistão, no Iraque –
trens, pontes, estações de TV, festas de casamento, blocos de apartamentos de
moradia de civis, digam aí, qualquer coisa – e agora os israelenses seguem
nossos passos e produzem, quando precisam, a mesma cansada lista de desculpas
que inventamos para os crimes da OTAN.
Uri Avneri |
Estranho,
isso sim, é como eles sempre se safam. Lord Blair, cujas 92 viagens em 1ª
classe à Terra Santa produziram paz além da paz, que ninguém viu, anda dizendo
agora que uma trégua seria boa para todos – ele está cada dia mais magro, já com
ares de esqueleto, ou é minha imaginação? – e uma trégua, acho eu, haverá, mais
de 100 palestinos e três israelenses mortos depois, quando já é tarde demais.
Mas... E vale a pena tudo isso? O assassinato, por Israel, do comandante militar
do Hamás, Ahmed al-Jaabari, não terá sido usado como pretexto para bombardearem
todos os mísseis que o Hamás comprou?
Para
o muito sábio, velha raposa israelense, Uri Avneri – 89 anos! – essa foi a
armadilha na qual caiu o Hamás, quando se pôs a lançar seus absurdos foguetes
“Portas do Inferno”, para vingar o assassinato de Jaabari. Toda a Operação
“Pilar da Defesa” visou a destruir as novas armas do Hamás – não os foguetes,
praticamente sem efeito algum.
William Hague |
Será
por isso que Israel deu tal nome à tal operação? Porque, apesar de repetirmos
sem parar que a coisa se chama(ria) “Operação Pilar da Defesa”, amigos
israelenses informam que a tradução correta do nome em hebraico dessa guerra
repugnante seria “Operação Pilar de Nuvem”. Faz mais sentido. Porque está lá, no
livro do Êxodo (13:21) – “E o Senhor pôs-se à frente deles num pilar de nuvem,
para abrir-lhes o caminho”.
Fico
pensando. Será que o ridículo William Hague dá-se conta de que está fazendo
serviço de Deus, quando dá seu apoio a essa sangria sem fim?
Mas,
ideia vai, ideia vem, ocorre-me outra coisa. Uma das novidades de Israel sobre
essa guerra diz, mais ou menos, que Israel mata “terroristas” aos magotes,
sempre com imensos “danos colaterais” inocentes – e o mundo se enfurece contra
Israel. Mas o regime sírio também não mata sírios inocentes aos milhares
mensalmente? Onde estão os protestos de massa, a onda de fúria contra Bashar
al-Assad? Quanta hipocrisia! Mas, sim, tudo isso é, em si, pura hipocrisia.
Bashar, pelo menos, jamais nos pediu apoio. Se se comparam a brutalidade de
Israel e a brutalidade do regime de Assad, vê-se que Assad está jogando o
joguinho do velho Lord Blair: não acertamos todas no Iraque, não somos
perfeitos – mas Saddam foi pior que nós.
Bashar al-Assad |
Não.
Israel diz que cultiva os mesmos valores que o ocidente pressuposto moral. Diz
que combate o “terrorismo” em nosso nome, tanto quanto para se autodefender. Diz
que luta como o ocidente luta. Que joga pelas regras do ocidente. Todos viramos
israelenses, é o que andamos dizendo? E o Hamás é nosso inimigo, tanto quanto é
inimigo de Israel? E assim, e por isso, todos estaríamos contaminados pelos
crimes de guerra dos pilotos de Israel? Aí está, me parece, a razão pela qual
nos postamos contra Israel e protestamos contra Israel. “Operação Pilar de
Nuvem”? Não em meu nome!
*Nota da redecastorphoto: pela data do artigo pode-se perceber que ele foi escrito ANTES do Acordo de Cessar Fogo entre Israel e o Hamas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.