quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Israel pede nosso apoio, porque faz sua “guerra aos terroristas”, em nosso nome!


20/11/2012, Robert Fisk [de The Independent] em Clearing Information House - Israel Demands Our Support Because It Fights Its ‘War Against Terrorists’ in Our Name
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu*


Robert Fisk
Chega! Agora, basta! Já temos até um ministro da “Infraestrutura Nacional”, Uzi Landau – um dos meus paus-mandados favoritos no governo de Israel – falando sobre “dano colateral” e justificando as bombas contra a rádio do Hamás: poderia ser usada para transmitir instruções militares, disse ele.

Mas isso, exatamente, foi o que disse nosso bem-amado Lord [Tony] Blair de Kut al-Amara – agora, suponho, já é Lord Blair da Terra Santa – depois que a OTAN bombardeou a estação de TV sérvia em Belgrado, quando a OTAN, também, cacarejava sobre “dano colateral”!

Nós, os ocidentais, começamos isso, na ex-Iugoslávia, no Afeganistão, no Iraque – trens, pontes, estações de TV, festas de casamento, blocos de apartamentos de moradia de civis, digam aí, qualquer coisa – e agora os israelenses seguem nossos passos e produzem, quando precisam, a mesma cansada lista de desculpas que inventamos para os crimes da OTAN.

Uri Avneri
Estranho, isso sim, é como eles sempre se safam. Lord Blair, cujas 92 viagens em 1ª classe à Terra Santa produziram paz além da paz, que ninguém viu, anda dizendo agora que uma trégua seria boa para todos – ele está cada dia mais magro, já com ares de esqueleto, ou é minha imaginação? – e uma trégua, acho eu, haverá, mais de 100 palestinos e três israelenses mortos depois, quando já é tarde demais. Mas... E vale a pena tudo isso? O assassinato, por Israel, do comandante militar do Hamás, Ahmed al-Jaabari, não terá sido usado como pretexto para bombardearem todos os mísseis que o Hamás comprou?

Para o muito sábio, velha raposa israelense, Uri Avneri – 89 anos! – essa foi a armadilha na qual caiu o Hamás, quando se pôs a lançar seus absurdos foguetes “Portas do Inferno”, para vingar o assassinato de Jaabari. Toda a Operação “Pilar da Defesa” visou a destruir as novas armas do Hamás – não os foguetes, praticamente sem efeito algum.

William Hague
Será por isso que Israel deu tal nome à tal operação? Porque, apesar de repetirmos sem parar que a coisa se chama(ria) “Operação Pilar da Defesa”, amigos israelenses informam que a tradução correta do nome em hebraico dessa guerra repugnante seria “Operação Pilar de Nuvem”. Faz mais sentido. Porque está lá, no livro do Êxodo (13:21) – “E o Senhor pôs-se à frente deles num pilar de nuvem, para abrir-lhes o caminho”.

Fico pensando. Será que o ridículo William Hague dá-se conta de que está fazendo serviço de Deus, quando dá seu apoio a essa sangria sem fim?

Mas, ideia vai, ideia vem, ocorre-me outra coisa. Uma das novidades de Israel sobre essa guerra diz, mais ou menos, que Israel mata “terroristas” aos magotes, sempre com imensos “danos colaterais” inocentes – e o mundo se enfurece contra Israel. Mas o regime sírio também não mata sírios inocentes aos milhares mensalmente? Onde estão os protestos de massa, a onda de fúria contra Bashar al-Assad? Quanta hipocrisia! Mas, sim, tudo isso é, em si, pura hipocrisia. Bashar, pelo menos, jamais nos pediu apoio. Se se comparam a brutalidade de Israel e a brutalidade do regime de Assad, vê-se que Assad está jogando o joguinho do velho Lord Blair: não acertamos todas no Iraque, não somos perfeitos – mas Saddam foi pior que nós.
Bashar al-Assad

Não. Israel diz que cultiva os mesmos valores que o ocidente pressuposto moral. Diz que combate o “terrorismo” em nosso nome, tanto quanto para se autodefender. Diz que luta como o ocidente luta. Que joga pelas regras do ocidente. Todos viramos israelenses, é o que andamos dizendo? E o Hamás é nosso inimigo, tanto quanto é inimigo de Israel? E assim, e por isso, todos estaríamos contaminados pelos crimes de guerra dos pilotos de Israel? Aí está, me parece, a razão pela qual nos postamos contra Israel e protestamos contra Israel. “Operação Pilar de Nuvem”? Não em meu nome!

*Nota da redecastorphoto: pela data do artigo pode-se perceber que ele foi escrito ANTES do Acordo de Cessar Fogo entre Israel e o Hamas.

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