domingo, 11 de novembro de 2012

Saída de Petraeus e guerra do Afeganistão


10/11/2012, MK Bhadrakumar*, Indian Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

David Petraeus
A saída do diretor da CIA [1] tem importantes implicações para a Casa Branca. Em termos imediatos, permanece aberta a “chaga de Benghazi”. A CIA, como já se sabe, aconselhou a Casa Branca a defender, desde o início, que o assassinato do embaixador dos EUA na Líbia não fora ataque terrorista – tema que levantou poeira na fase final da campanha eleitoral de Obama.

Essa semana haverá audiência, com depoimentos, na Comissão de Segurança Nacional da Câmara, em Washington. A melhor esperança do presidente Barack Obama era que Petraeus defendesse a posição do governo e, com sorte, conseguisse controlar o incêndio. Na direção oposta, os Republicanos [2] apostam na possibilidade de Petraeus cuspir tudo o que sabe.

A saída de Petraeus também debilita o governo Obama no que tenha a ver com o Afeganistão, onde os laços do general com o campo Republicano no Congresso ajudaram Obama a defender “a avançada” [orig. surge], que não gerou resultados duráveis, mas os Republicanos optaram por desviar os olhos. Mitt Romney absolutamente não tocou na questão afegã, completamente apagada da campanha.

Drone Predator
Petraeus sempre foi proponente e ardente defensor dos ataques com drones  [3] nas áreas tribais do Paquistão. Nunca foi particularmente admirado pelos altos escalões militares do Paquistão. Assim, o destino da “guerra de drones” pode estar por um fio (e sempre foi ponto de discórdia nas relações EUA-Paquistão).

De fato, ouviu-se de longe o suspiro de alívio saído do quartel-general em Rawalpindi, ante a notícia de que Petraeus já não trabalha para o governo Obama. E tudo isso acontece em momento crucial, quando se espera que Obama “revisite” o problema afegão e as relações dos EUA com o Paquistão.

O Paquistão puxará todos os freios de mão, à espera de que Obama manifeste algum espírito de acomodação e reconheça a centralidade do Paquistão no encaminhamento da questão afegã. Já se ouvem vozes influentes [4] que pregam uma redução da pressão dos norte-americanos sobre o Paquistão.



Notas de rodapé
[1] 9/11/2012, The Guardian, Ewen MacAskill (Washington) em: CIA director David Petraeus resigns over “unacceptable” extramarital affair.
[2]  9/11/2012, CNN, Erin Burnett em: “Rep. Peter King on Benghazi hearing: Petraeus "absolutely necessary witness.  
[3]  4/11/2012, Middle Eats Online, Ray McGovern em: Silence of the Drones”.
[4] 7/11/2012, Forign Policy (Af-Pak channel) Shuja Nawaz em: For Obama, a second chance in South Asia”.
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MK Bhadrakumar* foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The HinduAsia Online e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.

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