Quinn Norton |
11/1/2012, Quinn
Norton, Wired (Parte III)
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
Ver
também
3/1/2012,
“Anonymous
101: O moralismo derrota o
Lulz”, Quinn Norton,
Wired (Parte II)
Esta matéria é a
terceira de uma série especial de Quinn Norton para a revista Wired.
Quinn Norton está
vivendo com manifestantes #Occupy e
quer ler por trás das manchetes, acompanhando os Anonymous.
O
projeto de seu trabalho pode ser lido em: “Wired.com Embeds With
#Occupy and Anonymous”
(em
inglês).
Nota
dos editores:
Cobertura
decente do que são e fazem os Anonymous andará sempre muito próxima,
em alguns pontos, de material NSF
[2]. Inclui
imagens e linguajar não recomendáveis.
“A
III Guerra Mundial é guerra de guerrilha por informação sem divisão entre a
participação de militares e civis”. – Marshall Mcluhan
“Eles
são feitos de dinheiro. Nós somos feitos de galos”. [3]
—
Antisec Anonymous, contra prisões de
Anons.
Um homem, nos protestos de 17/11 de Occupy Wall Street, em New York, com a máscara icônica de Guy Fawkes/Anonymous, pintada com as cores da bandeira dos EUA. |
Desde
que aprendemos que populações, distâncias e dólares podem ser medidos aos
milhões, depois aos bilhões, a humanidade luta em busca de resultados: o que
cada ser humano pode fazer, que faça alguma diferença em mundo tão gigantesco? E
em 2011, depois de deixar para trás a identidade autoindulgente dos 4channers, os Anonymous enfrentaram esse dilema
existencial.
Uma
simples pergunta assombrava todos os vídeos, todas as matérias, todos os canais
das AnonOps [Operações de Anonymous] no Internet Relay Chat (IRC): O que os Anonymous fazem tem consequências? Não
que ter consequências seja indispensável; não esperamos que todos os atos das
estrelas do esporte e das celebridades em geral tenham consequências. Não
esperamos qualquer consequência, sequer, do que fazem os políticos eleitos!
Mas
os Anonymous haviam abraçado a ideia
de que as operações do final de 2010 teriam de fazer alguma diferença, mudar
alguma coisa no mundo. Sim, sim, os Anonymous são bombásticos, engraçados, às
vezes bem espertos, às vezes cruéis, quase sempre perversos e eternos amadores
adolescentes mal informados. Mas... as operações dos Anonymous mudam alguma coisa no
mundo?
Com
o passar dos dias, com Anonymous, seu
público online e a imprensa a avaliar seus movimentos,
foi-se tornando cada vez mais claro que, dados os crescentes movimentos de
protesto coletivo de 2011, o problema de ter ou não ter consequências não era
problema só para os Anonymous.
Em
todos os casos tratava-se de descobrir se ações que se empreendam de fora do
sistema – das quais nós, ou alguns de nós, podemos participar – podem, de fato,
mudar o mundo. Quando julgamos os Anonymous, estamos julgando também nossa
própria disposição para agir de fora dos limites da sociedade normal. Não
discutimos apenas se os Anonymous
podem deixar sua marca no mundo: discutimos também se nós mesmos podemos – ou
devemos, ou deveríamos – fazê-lo.
No
final de 2010, o problema das consequências das operações dos Anonymous já estava no ar, mas foi
preciso a primeira faísca que incendiou a Primavera Árabe, para que o problema
chegasse afinal ao centro do palco.
Relações
Internacionais dos Anonymous
Imagem que parece ser de Bouazizi, em selo postal emitido pelo Governo de Transição da Tunísia. |
Mohamed
Bouazizi era um vendedor de frutas na vila de Sidi Bouzid no interior da
Tunísia. Sempre foi homem simples, cuja vida ou morte não teriam consequências
para o mundo. Você nunca ouviria o nome dele. Então, por nenhum motivo
explicável, tudo isso mudou, dia 17/12/2010. As frutas que ele vendia foram
confiscadas pela polícia e Bouazizi foi espancado. Menos de uma hora depois
disso, Bouazizi andou para o meio da rua com uma lata de tiner (combustível
usado para diluir tinta) e a roupa encharcada de tiner, gritando “E como é que
eu vou ganhar a vida?” e deixou cair um fósforo aceso.
Bouazizi
estava no fim da sua capacidade de aguentar, em silêncio, a dor, o abuso, que o
haviam acompanhado por toda a vida. Mas aconteceu que, assim como ele, toda a
Tunísia e todo o Oriente Médio também haviam chegado ao limite da capacidade de
aguentar.
Em
algumas horas, as ruas começaram a encher-se de pessoas que queriam
manifestar-se contra a corrupção sistêmica que havia arrastado Bouazizi até a
autoimolação; e nas duas semanas seguintes as manifestações espalharam-se como
fogo pela Tunísia.
Era
dia 2/1/2011. Dali a 12 dias, Ben Ali estaria fora do poder. Mas ninguém sabia
disso.
“Havia dois postados no canal #operationpayback. O primeiro, sobre uma
lei a ser aprovada na Hungria. O segundo, sobre alguma coisa na Tunísia. Por
alguma razão, li o postado sobre a Tunísia, e outros também leram” – disse um
Anon que participou da Operação Tunísia (OpTunisia) [4]. O
postado dizia que o ditador da Tunísia Ben Ali estava censurando os telegramas
de Wikileaks que falassem da Tunísia. Havia notícias desencontradas sobre
Bouazizi (que seria estudante de computação, o que não é verdade); e que teria
posto fogo ao próprio corpo, para protestar contra a corrupção policial (o que
ele fez); e outras coisas.
Algumas
pessoas constituíram a rede #optunisia no IRC e começaram a discutir o que fazer.
O Anon de OpTunisia que falou com Wired.com disse que não supunha que nem a operação nem
a revolução tivessem qualquer chance. O mesmo Anon escreveu no chat online:
“Ninguém
se preocupava muito com a Tunísia, porque não é país muito conhecido. A coisa
foi meio “Essa porra é impossível. OK. Vam’bora fazer essa
porra”.
Nas
semanas seguintes, o pequeno grupo atacou [“DDoSed”] e desfigurou páginas
do governo tunisiano na internet e transportou notícias sobre o levante popular
na Tunísia, de dentro para fora e de fora para dentro do
país.
“Também
distribuímos um care package
[5]
com
ferramentas para fugir das restrições de privacidade na Tunísia, inclusive
um script Greasemonkey para evitar que o governo
da Tunísia interceptasse usuários do Facebook” – disse o mesmo Anon. (Scripts Greasemonkey são poderosos plug-ins de browser [6]).
No
pacote, ia também uma mensagem ao povo da Tunísia, enviada pelos
Anonymous:
“Essa
é a revolução *de vocês*. Ela não será tuitada nem televisionada nem [sic] IRCada. Vocês *têm* de sair às ruas, ou
vocês *perdem* a luta. Cuidem da segurança, se vocês forem presos, não podem
[sic] fazer nada, nem por vocês nem pelo seu povo. O governo *está* de olho em
vocês.”
Alguns no canal #optunisia eram tunisianos, entre eles
slim404, cujo verdadeiro nome é Slim
Amamou, blogueiro tunisiano muito conhecido [7] .
Amamou e outros arriscaram-se muito, passando notícias e softwares de uns para outros, entre os Anons e o mundo exterior, e gente que já
estava nas ruas.
Amamou
foi preso dia 6/1/2011. Os Anons na
#optunisia praticamente não dormiam.
A polícia estava atirando contra manifestantes, o governo censurava páginas,
inclusive do Facebook, mas as
notícias continuaram a circular, e os protestos cresciam. Então, menos de um mês
depois da imolação de Bouazizi, 23 anos de ditadura brutal chegaram ao fim,
quando Ben Ali fugiu da Tunísia.
“Lembro
que acordei dois dias depois, e minha casa ainda estava cheia de garrafas de
champanhe vazias” – contou o Anon. –
“Mas, em seguida, começamos OpEgypt
[Operação Egito], quer dizer, ninguém descansou”.
.
Os
Anonymous fizeram alguma diferença na
Tunísia?
“Melhor
você perguntar aos tunisianos, se acham que ajudamos” – respondeu o Anon. – “Fui fazendo o que achava que
podia fazer. Meu grãozinho de areia.”
Amamou
saiu da prisão para ser Secretário de Estado de Esportes e Juventude – talvez
tenha sido o primeiro ministro dos Anonymous –, mas renunciou em maio, em
protesto contra a censura que o governo de transição impôs à
rede.
Talvez
nunca saibamos o quanto os Anonymous
foram importantes para a Tunísia. Mas a Tunísia mudou tudo, para os Anonymous. A OpTunisia foi a primeira das operações
que ficaram conhecidas como “Operações Liberdade”, as Freedom Ops, operações dos Anonymous que, quase todas, começaram em
países do Oriente Médio, em apoio à Primavera Árabe, mas
espalharam-se.
Em
seguida, veio a OpEgypt, onde os
protestos eram muito maiores, e a situação muito mais
complexa.
Desde
o início da ocupação da Praça Tahrir e do dia 25 de Janeiro, “Dia da Revolta”,
os Anonymous trabalharam para criar
conexões ao vivo de internet e atacaram servidores do governo, para derrubá-los
(DDoS), como haviam feito na Tunísia.
Três
dias depois, Mubarak desconectou a internet. Os Anonymous enfureceram-se, tanto pela
evidente ameaça existencial a toda a rede como meio de expressão política, como
por verem-se reduzidos à impotência no caso, como aquele, de todo um país ser
desconectado.
Mas
Mubarak caiu dia 11/2; não durou muito mais que Ben Ali. Mais uma vez, os Anons gostaram da sensação de ser parte
da história. Por algumas semanas, os doidos-por-internet convertidos em
ativistas eram reconhecidos em todo o mundo por lutar um bom combate, ao lado do
povo. E os Anons gostaram. As
Operações Liberdade proliferaram.
As
Operações Liberdade são úteis para explicar como acontecem as operações dos Anonymous. A qualquer momento do dia ou
da noite, havia operações em andamento pelo IRC para vários países, não só no
Oriente Médio. Havia canais para Grã-Bretanha, Itália, Irlanda, EUA, Venezuela,
Brasil e muitos outros países, e também para Síria, Bahrain, Iêmen, Líbia e
praticamente todos os países do Oriente Médio. Muitas das operações tinham
poucos participantes conectados a um vídeo ou
press-release sobre
problemas naquele país, com convocação à ação; mas por longos períodos nada
acontecia.
Tudo
bem. Esse é o modo como os Anonymous
propõem-se ideias e questões a eles mesmos. Esse sistema invertia a ordem à qual
a imprensa estava habituada. Em praticamente todo o mundo, as proclamações
surgem depois da decisão de agir. Os manifestos hiperbólicos dos Anonymous, suas ações que convocam para
ações apocalípticas, mostram, sempre, que ali está uma questão sobre a qual eles
querem falar. Para muitos jornalistas que escreveram sobre eles, os Anonymous deram a impressão de ser muito
vento e pouca ação.
Mas
esse é o modo errado de vê-los. Para a
forma mentis do enxame
movido a lulz, a agitação do
vento pode ser exatamente o aspecto que mais conta. Outras vezes, ações menos
dramáticas, menos barulhentas, brotam e enchem o canal, que, na sequência, volta
a silenciar, quando os Anons já se
mudaram e já operam em outra ação. Para as Operações Liberdade, não era vergonha
passar algum tempo em silêncio; e, de repente, operações deixadas adormecidas
voltavam à vida, “acordadas” para responder a novos eventos, numa ou noutra
determinada região relevante.
É
importante entender o tipo de cada operação, se se quer entender se tiveram
sucesso ou não. Mas às vezes nem isso é possível.
A
mal fadada #OpCartel – convocação para atacar um cartel mexicano
de drogas – fracassou, se foi lançada com o objetivo de deflagrar verdadeira
guerra entre os Los Zetas e os Anonymous. Mas, se foi lançada para
criar confusão e ganhar espaço na mídia, nesse caso os Anons que estiveram por trás daquilo
sim, ganharam grandes dividendos em
lulz; como operação de trolagem, foi um sucesso. Mas sem saber
sequer quem criou aquela operação, nunca saberemos por que aquela operação foi
lançada – e essa, precisamente, é a situação em que se está sempre, em muitas,
talvez na maioria, das operações.
O
mês de janeiro dos Anonymous foi
integralmente doado à Tunísia, ao Egito e à Primavera Árabe, e foi o momento
mais sério da história do enxame Anonymous. Mas o mês seguinte dos Anonymous, fevereiro, foi integralmente
doado a uma até ali obscura empresa de segurança chamada HBGary Federal – e talvez, para os Anonymous, tenha sido o momento de mais
pleno de lulz de todos os tempos.
O
estranho caso de HBGary e HBGary Federal
Começou
com um artigo publicado no Financial
Times no qual Aaron Barr,
presidente de uma obscura empresa de segurança que trabalhava para o governo e
com ligações a outra empresa, mais conhecida, também de segurança, HBGary, dizia ter descoberto e
identificado o líder dos Anonymous.
Dizia
que seriam cerca de 30 membros, com dez membros “núcleo” que tomariam as
decisões. Barr dizia também que conseguira ligar suas identidades no IRC aos
seus nomes reais, usando análise de redes sociais. Estava marcando uma
conferência de segurança, para divulgar sua pesquisa.
“Estou
fazendo belo trabalho, identificando nomes chaves e iluminando o modo como
trabalham. Tudo está sendo feito com análise de redes sociais. Algumas
organizações governamentais talvez se interessem pelos meus dados, antes que eu
divulgue tudo (...). Acho que será um estouro” – Barr escreveu a um colega,
por
e-mail.
Os Anonymous reagiram como se tivessem
recebido um choque elétrico, mas não pelo motivo que se aventou. Não se
assustaram com a ameaça de prisão em si – o risco de serem presos já é parte da
rotina dos Anons, ao longo dos anos, desde que derrubaram a página da Igreja da
Cientologia
[8]. Os Anonymous ficaram absolutamente
furiosos, sim, mas por motivo mais próximo da indignação ante uma heresia, do
que do medo de alguma eventual invasão em suas fileiras. Ao dizer que o coletivo
sem líder teria líderes aos quais os demais obedeceriam secretamente, foi como
se Barr tivesse invadido o Vaticano dos Anonymous e declarado que a Virgem Maria
viveu de prostituição. Os Anonymous
responderam em fúria, em surto de ira santa.
O
desmanche do website de HBGary Federal
Uma
equipe de Anons (cinco, segundo
disseram) entrou em ação. Invadiram o servidor de HBGary Federal, abriram caminho, com
recursos de engenharia social também para os servidores da empresa-mãe, HBGary, e derrubaram até a página rootkit.com, do fundador de HBGary, Greg Hoglund, que rastreia rootkits in the wild. Extraíram de lá
mais de 71 mil e-mails e documentos secretos. Desmontaram as
páginas. Na página de HBGary Federal,
publicaram a seguinte mensagem: “Esse domínio foi invadido pelos Anonymous, nos termos da regra 14 das
Regras da Internet” (a Regra 14 diz: “Não discuta com trolls. Discutir
com troll significa que o troll ganhou a guerra”
[9]).
A
declaração pública sobre a invasão foi, em parte, dirigida a Aaron
Barr:
“Você
acha que tem nomes completos e endereços residenciais dos “líderes” dos Anonymous? Você não tem. Você pensa que
Anonymous tem um fundador e vários
co-fundadores? Não têm. Você espera vender ao FBI as suas informações? Falso. Os
detalhes pessoais de “membros” dos Anonymous que você pensa que tem são,
simplesmente, besteira.
Por
que você não consegue vender suas informações ao FBI, como planejou? Simples.
Porque nós vamos dar tudo a eles, grátis.”
Na
primeira vez, distribuíram, principalmente, material que pertencia a Aaron Barr
e a HBGary Federal; o material de
Greg Hoglund e HBGary permaneceu sem
ser divulgado, sob a guarda de alguns poucos Anons. Mas nem Barr nem os outros eram
usuários ingênuos de computadores; e Barr já fora Anonymous em canais de IRC durante algum tempo. Dia 7 de
fevereiro, dois dias depois do artigo no
Financial Times que iniciara a barulheira, Aaron Barr; Greg
Hoglund, fundador da HBGary; e Penny
Leavy, presidenta de HBGary e esposa
de Hoglund, entraram no IRC para falar diretamente no centro vivo do
enxame.
Num
diálogo que parece extraído de novela ciberpunk, os três executivos discutiram
em #ophbgary, negociaram, imploraram
pelo futuro de suas empresas com Anons cujos apelidos eram heyguise, PewPewPew, Sabu e n0pants. Barr apresentou-se, ele mesmo,
como CogAnon.
O
chat foi rápido e errático, semeado de piadas, declarações adocicadas de apoio e
aparente franqueza dos dois lados. Leavy e Hoglund assumiram tom conciliador no
contato com o coletivo – a certa altura, Leavy tentou seduzir a audiência,
falando sobre o jogo Fallout.
Mas
Barr dava a impressão de não conseguir controlar-se no contato direto com os Anons, nem em nome de ajudar seus
colegas cujas mensagens de
e-mail haviam sido
extraídas das empresas, mas ainda não haviam sido divulgadas. “Repito que só se
trata de pesquisa sobre vulnerabilidades das mídias sociais” – escreveu ele.
“Vocês pisaram na bola.”
A
resposta foi rápida: “Nada disso, CogAnon. Você pisou na bola”.
Os
Anons que tinham em seu poder os
e-mails de HBGary fizeram uma proposta a Leavy e
Hoglund. Exigiram que Barr fosse demitido. E que depositasse certa soma de
dinheiro na conta aberta a contribuições para pagar os advogados de Bradley
Manning.
Leavy
começou a discutir com os Anons sobre
a moralidade das ações de Manning, mas os Anons a declararam “fora do tópico”. Ela
entendeu, mas não antes de quase toda a sala voltar-se contra ela. Era
território virgem para todos os envolvidos. Ninguém ali, nem os Anons nem os altos executivos das
empresas de segurança, tinha sequer ideia de alguma etiqueta que se aplicasse a
negociações online entre os EUA
das grandes corporações e a rapaziada casca grossa do enxame em
rede.
Mas
os Anons não divulgaram imediatamente
os e-mails de Hoglund, até que se tornou evidente que a
atitude dos empresários no IRC não
passara de tática de negociação. Os Anonymous examinaram os e-mails e encontraram uma conversa em tom de triunfo
entre duas empresas, sobre o trabalho de Barr, em que Hoglund discutia o que HBGary publicara:
“Acho
que os caras vão ser presos e será interessante dar a boa impressão de que foi
Aaron quem os pegou e de que, sem Aaron, os Federais nunca saberiam tirá-los do
caminho. Deixe que Aaron apareça como herói para o público. De um jeito ou de
outro, eles vão ser presos”.
Essa
e algumas outras mensagens hostis de Hoglund, contra os Anonymous, para a imprensa, encerraram
as negociações. Todos os
e-mails foram
divulgados.
Apesar
das sombrias previsões de Hoglund quanto ao futuro dos Anonymous, nenhuma mão pesada da lei
caiu sobre eles. Até hoje, os raros Anons que chegaram a ser presos estavam
envolvidos em sofisticadas operações de
hacking, e dada a natureza do enxame, é difícil saber se alguém
prendeu as pessoas certas, caso a caso.
Os
empresários de HBGary mostraram aos
Anons que aqueles contatos podiam ser
excitantes e cheios de lulz, e
que a Polícia não estava à porta, pronta para prendê-los. Aprenderam que sabiam
ser mais frios e mais engraçados do que supunham. Que tinham meios para capturar
a imaginação da mídia e que não estavam sendo caçados como cães. Haviam
distribuído muitos dados por toda a internet, e, em todo o planeta, muita gente
pôde vasculhar os e-mails de HBGary e descobrir sobre os esquemas do
mundo da segurança, inclusive complôs em preparação contra WikiLeaks. HBGary ensinara aos Anonymous que eles poderiam continuar
cheios de lulz e, ao mesmo tempo, poderiam ser também uma
espécie de heróis anti-establishment.
Mas
esse novo modo de ser Anonymous não
desabrocharia plenamente senão em maio, quando o Lulzsboat [Barco
Lulz] foi posto n’água e partiu, de velas
pandas.
Depois
da Operação Tunísia e da Operação HBGary, a maioria das grandes ações dos
Anonymous em 2011 ficaram em um de
dois campos: o ativismo ou o puro
hacking em nome do lulz. A velha cultura também
continuou, com os lolcats do 4chan, os protestos à frente da Igreja
da Cientologia. Os Anonymous
tornaram-se ainda mais difíceis de caracterizar, e nenhum Anon concordava com tudo que o coletivo
fazia, exceto, talvez, que todos continuavam a gostar de
gatos.
Como
em qualquer cultura, havia facções que se detestavam entre elas. Para alguns Anons, os Anons hackers estavam estragando o enxame, criando riscos
para todos os Anons; para outros,
meter-se a ajudar revoluções em países minúsculos, distantes, era perda de
tempo. E alguns só gostavam, mesmo, de arranjar brigas e de enviar pizzas não
solicitadas para “vítimas” definidas ao acaso.
Em
abril, os Anonymous encontraram mais
alguém para adorar detestar, além de HBGary e ditadores no Oriente: a empresa
Sony. O console Sony PS3 havia sido um dos favoritos de muitos hackers, que usaram uma entrada
[orig. jailbreak] criada por
George Hotz (geohot) em 2010 para instalar programas customizados e rodar Linux
e outros sistemas operacionais. Rodar Linux era recurso que a Sony usara
originalmente para promover o
PlayStation, mas o recurso foi depois removido com um patch.
Em
janeiro de 2011, a Sony processou Hotz e outros,
acusados de violação de legislação federal contra invasão de encriptação. Hotz aceitou um acordo em
abril, o que não o impediu de continuar a criticar a Sony em seu blog pessoal e
de convocar outros a unir-se e boicotar produtos Sony.
Anonymous fez
mais: relançou a Operação “Dar o Troco” [Op Payback [10]] para
derrubar (DDoS) as páginas da Sony. Alguns Anons deram-se por satisfeitos, mas
outros queriam castigar a empresa. Em abril, foram invadidas e hackeadas 77 milhões de contas da PlayStation Network. A Sony acusou
diretamente os Anonymous; vários Anons negaram tudo. Hackers atacaram novamente em maio, dessa vez a rede
de Sony Online Entertainment: 24,6
milhões de contas foram invadidas.
A
Sony PlayStation Network esteve fora
do ar entre 20 de abril e 14 de maio. Quando os Anonymous afinal cansaram-se da Sony, o
preço das ações da empresa já caíra de $31 por ação, para perto de
$25.
Apesar das terríveis falhas na segurança da
Sony[11]
terem
sido expostas ao mundo em cerca de 19 ou 20 quebras de segurança entre abril e
junho de 2011, o caso que mais deu o que falar aconteceu com um ramo que se
separara dos Anonymous – Lulzsec [12].
Velas
ao vento, num mar de
Lulz
O dandy enofílico (logo de Lulzsec e, depois, também de Antisec) |
Em
maio, um pequeno grupo de Anons
separou-se do enxame e passou a identificar-se como Lulzsec, abreviatura de Lulz Security. Começaram com uma florada
de hacking que durou 50 dias, durante os quais
germinaram as sementes que o ataque contra HBGary deixara plantadas. No início de
2011, os Anonymous, apesar do modo
bombástico como editavam seus vídeos, ainda se mostravam em certo sentido
tímidos, atentos aos efeitos que os alvos sofressem, preocupados com alguma
eventual retaliação. Mas HBGary
ensinara muitos Anons a pensar maior
e picar mais forte. Lulzsec ensinaria
os Anonymous a mirar a Lua ou, pelo
menos, a trabalhar para derrubar (DDoS) a Lua.
Os Lulzsecs,
sob o slogan “Líderes mundiais de entretenimento de alta qualidade à custa de
vocês”, puseram-se a movimentar-se entre o político e engraçado, e o
completamente randômico e hilário. No início dos movimentos, hackearam o sistema público de rádio
e televisão dos EUA, PBS[13]
– para
criticar um documentário sobre WikiLeaks que o sistema pusera no ar; e
divulgaram informações de login do
sistema. Mas enquanto permaneceram dentro do sistema, inseriram lá notícias
falsas, de que os rappers Tupac e
Biggie Smalls (falecidos) estariam vivos, morando na Nova
Zelândia.
Adiante, Lulzsec
telefonou para magnets.com e, em seguida,
disseram, pelo Twitter, que o serviço
de Atendimento ao Consumidor não explicava aos consumidores como os ímãs
(magnetos) funcionavam. (Wired
especulou que a pergunta teria sido “Fucking magnets, comé que
aquilo funciona?”[14]) Como
retaliação, por não terem sido informados sobre o funcionamentos dos ímãs, os Lulzsecs não só derrubaram
(DDoSed) a página da empresa, como também invadiram e desmontaram o
sistema telefônico. No mesmo dia, derrubaram (DDoSed) a página cia.gov. Embora a página
não tenha sido realmente invadida, a ação mostrou o que, para muitos, seria
excesso de autoconfiança e arrogância: os Lulzsecs estariam dizendo ao mundo que não havia
ninho de formigas carnívoras que eles não
chutassem.
Invadiram
e hackearam seis vezes a página
da Sony; duas vezes a página do Senado dos EUA; um vez uma empresa contratada
pelo FBI (da qual tiraram dados que foram distribuídos na rede). Atacaram
Minecraft, Eve Online e Nintendo. Distribuíram dados de contas, logins e senhas de uma página de
pornografia e da polícia do Arizona. Atraíram para eles todos os holofotes da
mídia em maio e junho, mais do que qualquer grupo de hackers jamais antes conseguira, em tempo
algum.
Parte
significativa da indústria da segurança de computadores apaixonou-se pelos Lulzsecs. Não porque tivessem usado
esquemas ultrassofisticados, mas por razão bem diferente. Durante anos e anos,
os empregados das empresas de segurança repetiram aos chefes e gerentes que a
segurança tinha falhas e que em matéria de “privacidade”, os seus clientes
estavam já bem perto do zero. E em todos os casos, ouviam de chefes e gerentes
que não havia dinheiro para melhorar a segurança. Então, de repente, caía do céu
aquele grupo de hackers, que
faziam o que ninguém antes conseguira fazer: chamar a atenção para questões de
segurança.
Em postado intitulado “Por que amamos secretamente os LulzSec”[15]
Patrick
Gray admitiu que via com muito prazer aquela imensa
confusão.
“LulzSec
anda por aí detonando [sic] algumas da empresas mais poderosas do ramo. Por quê?
Pelo lulz! Para darem boas gargalhadas” – escreveu. “Não há dúvidas de
que agora todos sabemos o mais importante, sobre segurança de computadores: não
existe”.
Mas
depois de 50 dias de ação, Lulzsec
anunciou que deixava o campo (e a polícia já estava chegando perto).
Silenciosamente, se reintegraram ao enxame e criaram os Antisecs – uma ala “grã-fina” dos Anonymous. Embora os Antisecs mantivessem o humor e a voz
sarcástica dos Lulzsecs, eles também
sucumbiram aos eventos da hora, e seus ataques tornaram-se progressivamente mais
políticos. Eventos em todo o mundo mais uma vez estavam à beira de modificar os
Anonymous, incluindo a procura e a
prisão de gente acusada de ser associada aos próprios Lulzsecs.
Ensaio
geral para a revolução
Durante a Operação BART, um Anon carrega cartaz em que se lê “Parem de matar pobres” |
A
operação BART (OpBART) havia levado
os Anonymous para terreno improvável
para eles: o mundo complexo, distante da internet, das relações raciais e da
violência policial da segurança do sistema de trens urbanos da California Bay Area. Os protestos contra
a brutalidade policial passaram a ser frequentes em San Francisco e Oakland
desde os tiros, em 2009, que mataram Oscar Grant numa estação, em Oakland, do
sistema de trens Bay Area Rapid Transit
(BART).
Dia
11 de agosto, ativistas anti-BART
estavam planejando uma manifestação na estação Civic Center, em San Francisco, de
protesto contra a morte, a tiros, de um morador de rua, Charles Hill. A
manifestação foi noticiada em todo o país, e não seria preciso mais que um
tiroteio de rua para mobilizar os Anonymous, mas a reação da empresa BART, contra a manifestação que estava
sendo planejada, pôs a empresa diretamente no colo dos Anonymous. (...)
Para impedir que os manifestantes coordenassem seus
movimentos por telefones celulares, a empresa BART bloqueou o sinal para
celulares nas estações do centro da cidade.[16]
Pode
não parecer muito, mas uma coisa é ler e outra é estar lá. Encarar uma coluna de
policiais paramilitares não foi novidade para mim, e já os vi várias vezes,
quando cobria as manifestações dos movimentos OCCUPY para Wired. Os policiais berraram à minha
frente, empurraram, jogaram granadas de gás lacrimogêneo. Na estação da BART em San Francisco, os policiais não
se mexiam e até pareciam entediados. Mas o meu celular estava mudo, e eu,
impedida de me comunicar com o resto do mundo. Foi pior.
Quando
a notícia espalhou-se, os Anonymous
decidiram vingar-se da BART.
Começaram a aparecer dezenas de avisos da manifestação no YouTube; surgiram
contas de Anons Anti-BART no Twitter; #OpBart logo apareceu no IRC. Ao longo de todo o mês, os hackers Anon atacaram as páginas muito mal
protegidas da empresa e páginas de MyBART, e, num movimento que provocou
discussões públicas entre os próprios Anons, tentaram chantagear o porta-voz
da BART, Linton Johnson: queriam que
se demitisse, ou divulgariam fotos muito explícitas – o que, adiante,
fizeram.
À
medida que a Operação BART avançava,
foi-se tornando completo circo midiático. Os Anonymous divulgaram dados de
consumidores e da polícia, e anunciavam protestos eternos, sem data para
terminar. Estavam aperfeiçoando suas ferramentas para hackear também a mídia, e às vezes enviavam
mensagens diretamente aos jornalistas.
Alguns
Anons apareceram nas manifestações de
rua, usando máscaras. E foram cercados por jornalistas. Amplificavam e
estimularam vozes nas manifestações, sobretudo os grupos de militantes que há
muito tempo exigiam o fim da segurança policial da própria empresa BART. “No Justice No BART”.
Ninguém, na imprensa, sabia dizer onde terminava a manifestação dos Anonymous e começava a cobertura
jornalística.
Entre
o bombástico apoio dos Anonymous online e as ramificações nacionais de uma pequena
força policial regional ter poder sobre toda a infraestrutura de
telecomunicações (a agência federal de comunicações FCC abriu inquérito),
representantes de todos os níveis da imprensa apareceram em vários protestos (às
2ªs-feiras), com helicópteros que sobrevoavam as manifestações, saudados pelos
policiais. Algumas vezes, havia mais policiais e jornalistas nas manifestações,
que, propriamente, manifestantes. A polícia privada da empresa BART fechou algumas estações. O
departamento de polícia de San Francisco prendeu alguns ativistas fora das
estações.
Ninguém
sabia, naquele momento, mas foi um ensaio geral para o que seria o mais amplo
esforço de mobilização que os Anonymous jamais empreenderam até agora:
o apoio ao movimento Occupy Wall
Street. Não houve nem pausa: Occupy
Wall Street começou no momento em que a OpBART arrefecia.
Anonymous
<3 Occupy
Um monstro-tenda Anon dança na praça, em Occupy Oakland |
Occupy
Wall Street não
foi nem projeto nem plano dos Anonymous, mas os Anonymous acorreram em seu apoio no
final de agosto [17], e
conseguiram atrair muita atenção da mídia. Entre as pessoas que andaram de Lower Manhattan, dia 17/9, e chegaram ao
Parque Zuccotti, a imprensa só tinha olhos para quem usava máscaras de Guy
Fawkes, sempre seguidos pelos fotógrafos. Os Anonymous estavam usando as técnicas que
haviam aprendido durante a Operação BART, para criar alarido
midiático.
Com
as ocupações avançando pelo país, houve Anons em cada passo, estimulando. “Acho
que algum Anon leu meus tuítes e
escreveu que eu devia começar um movimento Occupy Boston” – disse Robin Jacks, em
Boston. – “E pensei: acho que vou fazer isso mesmo.”
Durante
os primeiros dias do movimento Occupy, o espírito que se via pelas
praças era contagiante: o humor normalmente cínico que sempre predominara no
enxame, começou a soar um pouco mais feliz – às vezes, quase pareciam hippies
– em apoio àquele pessoal das praças.
“Todos,
em todos os cantos, ocuparão as cidades, os Parlamentos e outros espaços
públicos” – ouvia-se num vídeo dos Anonymous, muito popular. “Vocês já
fizeram imensos avanços. A coisa hoje já é maior que você ou eu. Agora, é 99% coletivo.”
Nem
todos os Anons apoiam Occupy Wall Street. Mas muitos Anons disseram, quando perguntei sobre
Anonymous e OWS: “Mesma coisa.” Não estou
parafraseando. Disseram exatamente essas palavras: “Mesma coisa”. Depois de
setembro, Occupy parecia ter
deglutido boa parte da energia ativista dos Anonymous.
Mas
por que Occupy é tão importante para
os Anonymous? Em parte, porque foi
mais fácil para os Anons (imersos na cultura norte-americana e inglesa)
conectarem-se com Ocupantes locais próximos, do que com a Primavera
Árabe.
Mas
foi mais que isso. No movimento Occupy, os Anonymous parecem ter encontrado um
corpo no qual seu espírito peripatético pode encarnar.
Occupy
Wall Street não
foi como a Praça Tahrir no Egito, nem como as manifestações do verão na Espanha.
Tahrir atraiu heróis jovens, da elite letrada, culta, do Egito e seus grupos
ativistas. Na Espanha, reuniram-se todos os estratos da
sociedade.
Mas
Occupy, manifestação menor e mais
pulverizada que os demais levantes no resto do mundo, acolheu os desajustados,
os sem lugar na sociedade. Muitos, os esquecidos da sociedade, aos quais a
sociedade não dá nenhum poder. Em Occupy não se viram as massas oprimidas
que havia em outros locais. As pessoas que se mudaram para as praças em todos os
EUA e que em setembro criaram suas cidades de barracas nas quais viveram até
meados de outubro, são os rejeitados, os fodidos, o pessoal derrotado pelas
dívidas do financiamento universitário e da metanfetamina.
Eram
o exército dos sem-lugar, o exército dos desajustados, desarmado, mas resolvido
a sair do silêncio e da invisibilidade. Esse foi o espaço físico em que os Anonymous sentiram-se bem. Os dois
coletivos ligaram-se porque ali estava a gente que nunca antes encontrara lugar
confortável na sociedade.
Quando
começou a repressão, o que os ocupantes só tinham, para usar contra a polícia,
os próprios corpos. E usaram.
Os
Anonymous viram as expulsões, as
prisões, os espancamentos, as armas químicas durante semanas e semanas, às vezes
pela internet, às vezes ao vivo, presentes nas ocupações. Ante as imagens
terríveis que não paravam de surgir, a retórica do enxame escureceu. Os Antisecs começaram a atacar o próprio
estado policial.
Recentemente,
quando invadiram a página do Instituto Stratfor – empresa privada de
inteligência – um dos Antisecs
explicou, pelo IRC:
“Eles
[Stratfor] promovem a estabilidade do mercado global. Nós queremos que o mercado
global quebre” – quebradeira provocada contra, especificamente o 1%. “Trata-se
de criar sociedade igualitária, sem patrões nem mestres, de tratar de
redistribuir à força a riqueza e o poder na sociedade”.
O
mesmo Anon disse à revista
Wired.com, sobre a campanha de Natal (Lulzxmas) e o ataque
ao estado policial em geral:
“Achamos
que temos pleno direito de nos reunir em praças e dizer o que queremos. E eles
sistematicamente miram contra nós, para nos eliminar. Para muitos, as 18 cidades
em que o movimento Occupy foi atacado
há um mês foi a gota d’água. Resolvemos que era hora de nós mesmos coordenarmos
um raid, nós mesmos.”
5ª-feira
passada [5/1/], um Anon revelou, pelo
Twitter, que os Antisec conseguiram usar os logins de Stratfor, para chegar a 100
das principais empresas contratadas pelo governo dos EUA. Sugeriram que
podem hackear aquelas empresas e que divulgarão mais
material nas próximas semanas.
É
difícil dizer como esses
raids agressivos ajudam
os movimentos Occupy, e a maioria dos
ocupantes não entende nem jamais ouviu falar das ações dos Anonymous. “Antes de nosso primeiro
ataque” – disse o Anon que escreveu
sobre a OpTunisia –, “a causa parecia
causa perdida”. [Pensávamos] que ninguém se importaria com eles. Eles me
inspiraram a ter esperança na humanidade. Foi a primeira vez”.
Mas
pouca esperança pode ser coisa perigosa.
A
questão existencial que os Anonymous
ainda enfrentam é: E isso faz diferença? Se faz, quanta diferença fazem os Anonymous? Nossa vida algum dia mudará,
por algum papel que os Anonymous
tenham na história?
2011
trouxe a pergunta, não a resposta. Mas mostrou que Anonymous modificou os Anons. Os Anonymous ficaram mais assertivos, mas
estranhos, mais ameaçadores e, em diferentes momentos que se alternam, mais
reconfortantes. Em 2011, os Anonymous, como a Primavera Árabe e Occupy Wall Street, aceitaram a luta
contra os sistemas da sociedade. 2012 talvez nos mostre algum
vencedor.
_________________
(Fotos
por Quinn Norton/Wired)
Uns
poucos agradecimentos, por essa série. Agradeço a várias pessoas que, direta e
indiretamente, ajudaram no processo de aprender e escrever sobre os Anonymous e suas origens, ao longo de
alguns meses: Biella Coleman [18],
Gregg Housh, Moot, Alan Moore, Anonymous, Anonymous, Eris Discordia, Anonymous, Nate Anderson, Anonymous, Google, Anonymous, Tom Cruise & the Church of
Scientology, Anonymous, Anonymous, Anonymous e, sobretudo, agradeço o
estímulo de meu Anon preferido, Anonymous.
Notas
dos tradutores
[1]
Lulz:
corruptela
de “LOL” (na taquigrafia da comunicação
online,
significa “gargalhada”, “risos, risos, risos”. Também grafado “\o/”, “\O/” e
“1O1”).
[2]
NSFW, Not Safe For Work (Não Seguro para Ambiente de Trabalho). No
mundo da internet, a sigla é usada para indicar que o website inclui material que o chefe ou os colegas
considerarão inadequado para ser visto/lido em ambiente de trabalho (o oposto
de SFW, Safe For Work, Seguro
para Ambiente de Trabalho).
[3] Orig. “They are made of
money. We are made of cocks”. A
tradução acima é tentativa. Todas as correções são
bem-vindas.
[5] “Operation
Tunisia Fase 2”
[7]
Dia 13/1/2012, às
20h20, slim404 tuitou a seguinte
mensagem: “UN
Israeli arabs are spies that aproach US arabs masquerading as US
officials” [Árabes israelenses da ONU são espiões que se aproximam de
árabes nos EUA como se fossem funcionários dos EUA] Ver em: “Israeli
spies wooing U.S. Muslims, sources say” .
[10]
Sobre
isso ver 3/1/2012, “Anonymous
101: O moralismo derrota o Lulz”, Quinn Norton, Wired (Parte II) .
[18]
Autora
de “Hacker
and Troller as Trickster”, 7/2/2010, em Social Text, (em inglês), citado em 3/1/2012, “Anonymous”
101: Introdução ao Lulz ”, Quinn Norton, Wired (Parte I) .
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