Anna Malm |
*Anna Malm - Estocolmo: para o Irã News
SALVADOR, 24 DE
JANEIRO DE 2012
Enviado por Walter Xeu, via Vila Vudu
Representantes da União Europeia |
Não só as vastas reservas de
energia e recursos naturais do Irã atiçam a cobiça dos dirigentes dos países
economicamente impotentes da união européia assim como do líder delas todos os
Estados Unidos. Sabemos que sempre foi essa cobiça de mãos dadas com a
debilidade econômica que esteve por detrás das guerras ilegais dos últimos vinte
anos, a última das quais a da Líbia.
Agora temos que os caminhos que
levam à Moscou e a Pequim passam por Teerã, capitais essas localizadas
respectivamente na Rússia, China e Irã. O que se tem passado em relação às
atitudes ocidentais agressivas dos últimos anos em relação à Síria e ao Irã
enquadra-se também num ramo de maiores considerações políticas geoestratégicas.
No estudo apresentado em [1] considera-se que os caminhos que
levam à Moscou e à Pequim passam por Teerã do mesmo modo que os caminhos que
levam à Teerã passam por Damasco na Síria, Bagdá no Iraque e Beirute no
Líbano.
Ressalta-se que os Estados Unidos
querem controlar o Irã por razões políticas e econômicas assim como para
satisfazer as suas próprias necessidades de energia. Eles querem também poder
controlar a forma de pagamento da exportação do petróleo do país. Querem que o
pagamento das exportações de petróleo do Irã seja feita em
dólares.
Isso é para que o uso global e
contínuo do dólar nas transações internacionais seja mantido e não dilapidado,
como tem sido nos últimos tempos. Lembramo-nos que o uso do dólar como moeda de
pagamento internacional é uma das duas pernas em que o controle americano sobre
o mundo se sustenta, apesar dos pesares. Digo apesar dos pesares porque o dólar
não tem valor nenhum por si mesmo. Poderia e deveria ser trocado por sistemas
de pagamento mais condizentes com a realidade de 2012 e não condizente com a
realidade de 1945, como é o caso. A outra perna em que o poder americano sobre
o mundo se sustenta é a força militar.
Controlando o Irã através de um
regime de marionetes posto no poder através de uma guerra dirigida pelos Estados
Unidos e executada pelos seus aliados (como foi o caso na Líbia e como estão
ameaçando a fazer na Síria) Washington também estaria colocando uma corda no
pescoço da China.
Essa corda deveria ser apertada ou
afrouxada de acordo com os interesses norte americanos, dando a eles o controle
da segurança energética da China. Se a China não se comportasse de acordo com os
interesses americanos lá estariam eles a enforcá-la através do corte do
fornecimento do petróleo. Corte este que seria garantido pelas eventuais
marionetes estabelecidas no Irã ao custo do sangue de muitos milhares e milhares
de inocentes no Irã e no Oriente Médio, assim como à custo de uma
desestabilização econômica no mundo inteiro, se não por uma catástrofe
global.
É fato de conhecimento geral que a
ameaça de guerra aberta que vemos hoje é uma continuação dos acontecimentos
desencadeados por ações encobertas há já alguns anos. Essas ações encobertas
incluem serviços de informação específica, ataques e vírus cibernéticos, grupos
militares secretos, espiões, assassinos, agentes de provocação e sabotadores
agindo contra o Irã em favor dos interesses ocidentais.
O sequestro e assassinato de
cientistas iranianos e de comandantes militares é de conhecimento público.
Sabe-se de diplomatas iranianos sequestrados no Iraque e de iranianos visitando
a Arábia Saudita e Turquia que foram detidos e sequestrados. Sabe-se de oficiais
sírios, assim como vários palestinos e representantes de Hezbollah que também
foram assassinados. Ressalta-se que esses foram assassinados e não detidos e
colocados perante um tribunal de justiça.
Pressupõe-se que Israel tenha
atacado o Líbano não só para exterminar ou pelo menos enfraquecer Hezbollah, mas
também para estrategicamente ferir a Síria.
É como dito, os caminhos que ferem
a Síria vão através do Líbano. Os caminhos que estrategicamente ferem Irã vão
através da Síria. Os caminhos que estrategicamente ferem ou afetam a Rússia e a
China vão através da Síria e do Irã.
Síria é o apoio e o eixo do bloco
da resistência contra os abusos ocidentais na região. Essa resistência é apoiada
pelo Irã. Há já cinco ou seis anos que os Estados Unidos seguido dos seus irmãos
em armas tentam desligar a Síria do Irã. Essa tentativa vinha sido feita por
esforços de seduzir a Síria. Sendo que a Síria não se deixou seduzir pelas
ofertas ocidentais as tentativas de sedução já se transformaram em ameaças e
preparações de guerra.
Combater a Síria é combater o Irã.
Esse é um ponto central a se ter em conta no contexto atual. A balança do poder
e da influência política hoje na região tende a favor do Irã, mas nada
enfraqueceria mais o Irã do que a perda da Síria.
Há aqui cenários potenciais e
devastadores. Iria o Irã manter-se passivo frente a um ataque à Síria, ataque
esse liderado pelos interesses ocidentais? Podemos pressupor que não. Os Estados
Unidos não desejam que esse potencial cenário veja a luz do dia. O que eles
querem é atacar a Síria e depois atacar o Irã, não os dois juntos. Seria demais
até mesmo para os EUA-EU-OTAN. Isso já para nem se mencionar a cadeia de
acontecimentos imprevisíveis que seriam desencadeados.
A marcha para uma guerra total e
devastadora continua enquanto os Estados Unidos intensificam a guerra política e
econômica da qual a decisão de embargo da União Européia só é um passo a mais. É
uma marcha fúnebre dirigida por loucos falidos e letalmente
armados.
REFERÊNCIAS E
NOTAS:
[1] Mahdi Darius Nazemroaya, é
sociólogo e autor consagrado especializado em questões do Oriente Médio e da
Ásia Central. Tendo estudado e analisado em extenso a situação atual ele
argumentou em favor do núcleo das idéias que aqui retransmitimos. Originalmente
o núcleo sequencional das idéias e conclusões aqui apresentadas foram publicadas
em “News”- “Obama´s Secret Letter to
Tehran: Is the war against Irã on Hold? - Strategic Culture Foundation,
Moscou.
*Anna Malm, é Licenciada em Psicologia
Econômica, Bacharelado em Ciências Sociais: - Política e Economia Nacional da
Universidade de Estocolmo e correspondente do Pátria Latina na Suécia.
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