Quinn Norton |
25/1/2012,
Quinn Norton, Wired
Traduzido pelo
pessoal da Vila Vudu
Ver também
3/1/2012, “Anonymous” 101: Introdução aoLulz [1], Quinn
Norton, Wired (Parte I)
23/1/2012, “A únicaentrevista que Anonymous jamais deram” , The shorty interview
11/1/21012
– “2011: Anonymous contra polícia,ditadores e ameaça existencial” – Quinn Norton, Wired
Na semana passada, os Anonymous lançaram sequência sem precedentes de ataques a páginas de governos e empresas, por todo o mundo. A fúria do enxame, que ano passado atacou Mubarak no Egito, volta-se agora contra outros governos em todo o mundo.
Repetidos
ataques DDoS e de
hacking, pelos Anonymous, parecem ser em boa parte uma
resposta a propostas de arrocho na lei de propriedade intelectual à custa de uma
internet aberta; e ao que os Anonymous veem como excessos no
exercício do poder, por vários governos. Depois de atacar páginas de agências do
governo dos EUA e dos grandes grupos proprietários de direitos autorais, em
resposta contra a prisão de empregados da página de compartilhamento Megaupload,
iniciou-se um novo round
internacionalista, depois de mensagem distribuída por AnonyOps, numa espécie de “conta
oficial” dos Anonymous no Twitter, no sábado [aqui
traduzido]:
Se você odiou #SOPA, vai super odiar #ACTA [1].
Negociado
em segredo. Buscas no iPod estão em jogo.
O
controvertido tratado será votado em breve na Polônia, o que contribuiu para
transformar convenientemente a indignação contra uma lei norte-americana de
censura à internet, em proposta transnacional.
Os
Anonymous uniram-se a ativistas
digitais poloneses, para responder. No Facebook, ativistas montaram um protesto
físico e criaram um dia de blackout, na 3ª-feira, semelhante ao blackout de protesto contra a lei SOPA. Os Anonymous deflagraram um ataque DDoS contra páginas do governo polonês e
anunciaram que teriam invadido computadores de ministérios dos quais teriam
extraído documentos.
A
combinação de ataques anônimos e reação das autoridades polonesas trouxe à luz o
sempre obscuro tratado ACTA e ampliou a discussão na Polônia sobre se o
tratado ACTA realmente interessa à Polônia e à internet
polonesa. O ministro da Administração e Digitalização Michał Boni declarou que o
tratado seria assinado, com ou sem ameaças dos Anonymous ou protestos da população na
Polônia; mas o tratado ainda terá de ser aprovado no Parlamento polonês, antes
de ser convertido em lei.
Com
o início das manifestações de rua na Polônia, alguns Anons distribuíram uma nota, dizendo que
era hora de suspender os ataques
DDoS e, com isso, caíram
também os ataques DDoS contra alvos nos EUA. Na 4ª-feira, milhares
de manifestantes saíram às ruas em várias cidades da Polônia, cantando e
exibindo cartazes de protesto contra a assinatura do tratado, prevista para
acontecer dia 26/1.
O
tratado ACTA é acordo secreto, promovido e possivelmente
redigido, pelo menos em parte, pelos mesmos interesses que acabam de ver
atacados em pleno voo, pela internet, os planos que tinham para aprovar a
lei SOPA: a indústria do
entretenimento. Os termos do
ACTA jamais foram bem
discutidos publicamente, mas vazaram algumas versões do tratado, que revelaram
que o ACTA inclui um dispositivo de lei pelo qual três
acusações de infringir a lei implicariam o “acusado” ser expulso da Internet e
uma volta ao estilo dos “portos seguros” do
Digital Millennium Copyright Act (DMCA) de 1998, que permitiram o funcionamento de
empresas como YouTube, Flickr, Tumblr, Twitter, Facebook e Google.
O
governo Obama também já disse que não é necessário que o Congresso aprove o
tratado, para torná-lo vigente nos EUA, e que será implementado por ordem
executiva. A incapacidade da comunidade de internet para avaliar leis que podem
afetar todos muito profundamente continua a ser
frustrante.
“Todo
o governo, basicamente, é sempre ‘levado no bico’, em todos os aspectos” – disse
um Anon, no IRC envolvido com as
ações anti-ACTA.
Na
França, o movimento para deter a tramitação do Tratado ACTA floresceu em milhares de canais francófonos
de servidores IRC dos Anonymous.
Houve muitos ataques DDoS contra o império de mídia francês Vivendi.
Centenas de falantes de francês, polonês e português tornaram os servidores AnonOps mais globais do que nunca
antes.
Brasil:
a violência policial em Pinheirinho
Outra
parte dessa missão de envolvimento planetário veio à superfície no Brasil, onde
um ataque de força policial contra uma favela chamada Pinheirinho também
provocou a indignação e a ação do grupo Antisec – enquanto a expulsão violenta
de mais de 5.000 moradores entra no quarto dia.
Hackers brasileiros
pediram ajuda aos Anons “chapéu
preto”, que informaram que teriam conseguido invadir dúzias de caixas no Brasil,
cujos documentos teriam sido saqueados; informaram também que as chaves teriam
sido passadas aos hackers brasileiros.
“Antisec ajudou os brasileiros, porque
eles pediram ajuda” – disse um Anon,
num chat online, à revista
Wired. “Eles consideram-se fãs e membros de Lulzsec e Antisec.”
Entre as páginas
hackeadas estava uma
página das Organizações Globo, grande conglomerado de mídia latino-americana que
tem sede no Brasil [2]. Numa das páginas
liam-se agradecimentos a Sabu e #antisec, e a frase que talvez já seja a
mais perfeita tradução do “espírito do tempo” na internet, semana passada: “Que
porra está acontecendo no mundo?!”
Segundo
Biella Coleman, professora da cátedra Wolfe, de Alfabetização Científica e
Tecnológica [orig. Chair in Scientific and Technological Literacy] da McGill University, o que está
acontecendo é que uma geração de pessoas, cujo modo de vida já é inseparável da
rede, sente sua cultura ser ameaçada e decide lutar.
“A
operação tem raízes em algumas questões chave, que mobilizam profundamente os Anonymous e os entusiastas da internet:
liberdade de expressão, censura e restrições de propriedade intelectual” – disse
Coleman.
É
impossível saber por quanto tempo o enxame manterá a energia e o foco, na
disputa contra os governos do mundo. Muito dependerá de como os cidadãos, nos
países afetados, apoiarão o que os Anonymous estão fazendo, nos próximos
meses. Seja como for, ao longo dos últimos meses os Anonymous parecem estar-se transformado
em força unificada de ativismo pela rede, a única força que está conseguindo
ultrapassar barreiras nacionais, de jurisdições, de protocolos e de
idiomas.
Desde
a 4ª-feira passada, muitos Anons estão praticamente sem dormir, saltando de alvo
para alvo, tentando derrubar páginas de governos e grandes empresas, ou atacando
servidores, ou até, em alguns casos, os computadores pessoais de representantes
de governos. “Mas o momento é crucial” – disse um Anon, no IRC, à revista Wired – “e a batalha nunca foi mais
importante”.
Eles
concordam que a ação tenha sido disparada pelo caso MegaUpload, alimentada depois pelo
sucesso dos protestos difundidos pela internet contra as leis SOPA/PIPA, mas dizem que, depois, a
ação ultrapassou essas duas questões. Um Anon viu a notícia das prisões [MegaUpload] e conectou-se para
distribuí-la; mas as operações já estavam em andamento. Esse Anon previu que os Anonymous “vão ficar
doidos”.
A1:
Acho que é mais que isso. MegaUpload
fazia serviço válido pra todos nós
A2:
e eles entraram e acabaram com tudo
A2:
Quero dizer: essa é a parte principal
A1:
Estamos doidos, porque hoje perdemos um grande sistema
E
não ficou nisso, porque vários outras páginas de hospedagem de arquivos foram
derrubadas ou saíram voluntariamente do ar nos últimos dias, talvez tentando
fugir à ação da lei norte-americana, ou desconectaram-se dos EUA e de países que
seguem o regime de IP dos EUA.
No
IRC, um Anon de Antisec chamou a atual situação de “a
mais grave ameaça à nuvem”.
“Os
Federais fecharem uma página por força judicial é a mão de ferro em luva de
veludo” – disse um Anon envolvido nas
ações de DDoS e de antisec.
Durante
os ataques, legais e não legais, na França, Polônia, EUA, Brasil e outros, a ala
Antisec “chapéu preto” dos Anonymous
hackearam e desmontaram a página OnGuardOnline.gov, da Comissão de
Comércio Federal [ing. Federal Trade
Commission website], onde estão reunidas várias agências federais que ali
recebem online informação de segurança de computadores. Antisec diz ter centenas de servidores
já rastreados, mas essa ação visava a transmitir mensagem específica aos
chamados “chapéus brancos” – os
hackers profissionais que
trabalham para grandes empresas e governos. A mensagem dizia
(excerto):
#ANTISEC
SEZ É HORA DE RETALIAR CONTRA SOPA/PIPA/ACTA. APROVEM ESSE LIXO E POREMOS ABAIXO
METADE DA INTERNET CORPORATIVA (...)
Se
as leis SOPA/PIPA/ACTA forem aprovadas, será guerra infinita contra a internet
corporativa. Destruiremos dezenas e mais dezenas de páginas de governos e
empresas. Enquanto vocês lêem aqui, estamos arregimentado nossos exércitos de
sombras aliadas, arquitetando o próximo raid. Estamos sentados em centenas de
servidores, nos aprontando para derrubar
e-mails e serviços de vocês. As senhas? Suas
preciosas contas bancárias? Detalhes de seus
sexy-encontros virtuais?
Vocês nem sabem o que os espera.
Não
é a primeira vez que o coletivo distribui manifestos dramáticos e apocalípticos,
ou movidos por húbris-arrogância
hacker ou movidos
pelo lulz, mas a ação, dessa
vez, foi mais ampla e mantida por mais tempo que qualquer outra ação dos Anonymous, desde que se envolveram na
Primavera Árabe. “Mostra também que os Anonymous continuam capazes de colher
uma emoção generalizada e difusa de descontentamento e amplificá-la, torná-la
visível, mediante a campanha de
DDoS e as ações de
publicidade e divulgação que eles criam e distribuem muito rapidamente. A grande
novidade, de fato, nas operações recentes, é o grande número de páginas que
conseguiram derrubar ou desmontar num único dia. A ação foi impressionantemente
ampla” – disse Coleman.
Na
4ª-feira, a Comissão Federal de Comércio disse, pelo Twitter: “Essa Comissão levará a sério
esse ato criminoso” –, num de uma longa série de tuítes sobre o assunto. A página
continua fora do ar, até que todas as vulnerabilidades de segurança sejam
identificadas e corrigidas.
Depois
de derrubarem (ação que causou grande prejuízo) toda a rede PlayStation da Sony, na primavera
passada, e depois que, em dezembro,
hackers invadiram a
empresa de inteligência privada Stratfor, de cujos servidores extraíram
muitos dados (o que causou grande embaraço), o mundo das grandes corporações
começa a temer os Anonymous. Medo de
verdade.
Notas
dos traditores
[2]
Hoje, 26/1/2012, há mensagem
dos Anonymous ao Brasil.
sou um dos apoiadores publico do anonymous, parabens por esta luta de guerrilha contra os Ditadores do Mundo. E em especial rebenta o PIG, Podre Judiciario e os Politicos brasileiros. vamos a luta camaradas!!! contem comigo para qualquer parada. bravo, guerreiros.
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