sábado, 28 de janeiro de 2012

Líbia racha, sem ter sido unificada


27/1/2012, Hurriyet Daily, Turquia
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu



Ver também
9/10/2011, “Resistência e guerra sem fim, na Líbia”, Pepe Escobar 
31/12/2011, “2012: guerras tribais na Líbia?”, Franklin Lamb 
27/1/2012, “O islã norte-americano avança no Oriente Médio”, MK Bhadrakumar

Entreouvido na Vila Vudu: “É IMPRESSIONANTE: sempre houve imensa quantidade de “jornalistas” ocidentais a postos, quando se tratou de divulgar os ‘feitos’ bélicos de EUA-OTAN na Líbia, ou a fundação do Banco Central do Conselho de Transição Nacional (a Líbia é o único caso na história da humanidade, na qual, antes até de haver novo poder constituído, os golpistas fundaram seu próprio banco!).
E agora, quando se trata de noticiar o fracasso político do golpe contra a Líbia e do tal “Conselho Nacional de Transição”, inventado pela secretária Hilária dos EUA, a Vila Vudu tem de recorrer a um JORNAL DA TURQUIA, para encontrar alguma notícia, insuficiente e truncada, mas, pelo menos, alguma notícia que tenha a ver com o que REALMENTE está acontecendo na Líbia. E nem se trata de investigação jornalística: quem está investigando a verdadeira situação da Líbia hoje não é nenhum jornal ou jornalista: é a ONU”.


Ex-“rebeldes” da Líbia se reúnem em 25 de janeiro um posto de controle perto de uma mesquita, a 60 quilômetros da cidade de Bani Walid, o ex-base das forças leais a-Kadafi. A violência entre as forças do CNT – Conselho Nacional de Transição e milícias locais, que começou a 23 de janeiro em Bani Walid, deixou pelo menos cinco pessoas mortas.


Bani Walid – Apesar do noticiário conflitante, o governo líbio reconheceu um governo de tribos em Bani Walid, comprovando o que a ONU tem relatado, que as chamadas “milícias” estão fora de controle, ao questionar a capacidade do Conselho Nacional de Transição para estabelecer a ordem no país. “Irrupções similares de violência podem espalhar-se pelo país” – diz a ONU, depois que combatentes pró-Gaddafi tomaram, dia 25/1/2011 um posto de controle militar próximo de uma mesquita, a 60 km da cidade de Bani Walid, ex-base de Gaddafi. A violência entre forças do Conselho Nacional de Transição e grupos gaddafistas, que começou dia 23/1 em Bani Walid, já fez pelo menos cinco mortos.

O Governo Nacional de Transição reconheceu um governo de caráter tribal em Bani Walid no dia 25/1, o que comprova a força de líderes tribais, que começam a fazer oposição ativa contra o frágil governo de transição. No mesmo dia, relatórios da ONU informam que outras milícias armadas mantêm milhares de prisioneiros em prisões secretas, sem que o governo de transição consiga impor qualquer ordem.

Essa semana, membros armados da tribo Warfallah, dominante na região de Bani Walid e a mais numerosa tribo líbia, expulsou da área a milícia que ali havia. Salah al-Maayuf, membro do Conselho de Anciãos dos Warfallah em Bani Walid, disse que a tribo designou um novo conselho local e que o ministro da Defesa do Conselho Nacional de Transição, em conversações com a tribo dia 25/1, já reconheceu o novo governo em Bani Walid. 

“O ministro da Defesa nos disse que se nós, como tribo, acreditamos que o novo conselho local conseguirá governar, ele também acredita” – disse Maayuf à agência Reuters falando de Bani Walid, região que concentrava grande número de apoiadores do governo de Gaddafi durante os ataques do ano passado. “Dissemos a ele que nosso desejo é manter a paz em todo o país, e que a unidade da Líbia é nossa prioridade” – Maayuf acrescentou. Funcionário do ministério da Defesa confirmou que o ministério havia aceitado o novo conselho, mas não acrescentou detalhes. 

O Conselho Nacional de Transição desmente 

Apesar de haver confirmado as notícias, al-Juwali disse à Agência France-Presse que Bani Walid continuava controlada pelo CNT, quando visitou a cidade. 

“A cidade continua sob controle do governo líbio” – disse al-Juwali. – “O problema que houve lá já foi resolvido” – continuou, referindo-se aos confrontos violentos na cidade no dia 23/1, que deixou cinco mortos.

Repetindo as mesmas queixas de moradores, segundo os quais soldados do Conselho Nacional de Transição haviam perseguido moradores, feito prisões e torturado prisioneiros, um dos anciãos do conselho da cidade disse, dia 24/1, que a cidade não aceitaria interferência das autoridades de Trípoli nem dos representantes do Conselho Nacional de Transição. Essas reações reacenderam as dúvidas quanto à capacidade do CNT para estabelecer qualquer controle sobre os grupos milicianos armados.

Representantes da ONU confirmam os conflitos

A Comissária para Direitos Humanos da ONU Navi Pillay e o Representante Especial da ONU na Líbia Ian Martin manifestaram preocupação quanto à ação dos milicianos que foram arregimentados para combater as tropas leais a Gaddafi mas que, depois do estabelecimento do Conselho Nacional de Transição, não foram desmobilizadas nem desarmadas pelas autoridades legais em Trípoli. Martin informou que os confrontos em Bani Walid – que inicialmente haviam sido atribuídos a gaddafistas – aconteceram entre a população local e uma unidade de soldados de Trípoli. Disse também que essa brigada foi responsável por ataques com mortes em Trípoli e em outras cidades, ao longo do mês. (...)

Pillay disse estar “extremamente preocupada” com milhares de pessoas que as brigadas mantêm em centros de detenção, muitos dos quais de outros países africanos, acusados de serem partidários de Gadhafi. Pillay disse que mais de 8.000 partidários de Gaddafi são mantidos prisioneiros das milícias, e que há denúncias de torturas.

Um comentário:

  1. (comentário enviado por e-mail e postado por Castor)

    A Polônia, onde vivi por mais um pouco de quatro anos (1967-71), lembra um certo país imenso, situado na América do Sul: é conservadora por índole, reacionária por vocação e fascistizante por formação. Fascinante como sua história se repete...

    Abraços do
    ArnaC

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