Meryl "Thatcher" Streep em ação |
Publicado em
07/01/2012 por *Rui
Martins
Nada
melhor para assinalar as recentes decrepitudes financeiras do neoliberalismo,
provocando crises nos EUA e na Europa, que rememorar a grande incentivadora do
liberalismo inglês, cena do surgimento dos prepotentes yuppies na City londrina, a hoje também senil
ex-primeira-ministra inglesa Margareth Thatcher.
Essa
a grande atualidade do Urso de Ouro a ser entregue pelo Festival Internacional
de Cinema de Berlim à atriz americana Meryl Streep (foto), cujo último filme,
que estreou nesta sexta-feira em Londres, A Dama de Ferro, revive a líder
conservadora Margareth Thatcher que conquistou essa alcunha por governar com
mão-de-ferro, sem clemência para os sindicatos e dura como o metal na resposta
aos argentinos na Guerra das Malvinas.
Margareth
Thatcher não poderá ir a Berlim ver a projeção do filme de sua vida dirigido por
Phyllida Lloyd, pois seus 86 anos já lhe roubaram a força dos anos 70 e seu
cérebro se confunde numa espécie de demência senil, contada por sua própria
filha num livro recentemente publicado.
Embora
o filme, que estará também em exibição nos próximos dias no Brasil, mostre os
principais lances políticos da Dama de Ferro, Phyllida e Meryl Streep garantem
que não se trata de um filme político, mas de uma história humana. A roteirista
Abi Morgan, compiladora da história, quis mostrar o trajeto da
primeira-ministra, filha de dono de mercearia, que se tornou a líder inconteste
da direita conservadora inglesa. E não poupou cenas de seu envelhecimento e
decadência natural causada pela idade, razão das críticas ao filme, e de sua
rejeição pela família de Margareth Thatcher.
Mas
existe um consenso, depois da estréia na Inglaterra, de que Meryl Streep está
num dos seus melhores papéis. E os numerosos cartazes do filme espalhados por
Londres farão muitos pensarem em Thatcher com rosto de Meryl
Streep.
Seis
dos melhores filmes de Meryl Streep serão projetados em Berlim, entre eles os
dois que lhe valeram o Oscar, Kramer contra Kramer, de Robert Benton, e A
Escolha de Sofia, de Alan Pakula.
Extremamente
versátil, Meryl Streep se impõe em qualquer gênero de filme, como Mama Mia,
comédia musical da mesma Phyllida Lloyd. Entre seus 40 filmes, muitos não
esquecem The Bridges of Madison
County (As pontes de Madison), dirigido e com a participação de Clint
Eastwood.
Aqui,
o trailer oficial de A Dama de
Ferro:
______________
Filme
francês abrirá o Festival de Berlim
Um
filme francês marcará o início do Festival de Berlim, de 9 ao 19 de fevereiro. O
diretor é Benoit Jacquod e o filme é Adeus à Rainha, baseado num romance
premiado de Chantal Thomas. A atriz principal no papel de Maria Antonieta, a
rainha decapitada durante a Revolução Francesa, é Diane Kruger, alemã formada em
Paris e com carreira cinematográfica iniciada na França. Uma de suas últimas
interpretações foi no filme de Quentin Tarantino, Inglorious
Bastards.
A
abertura do Festival de Berlim, com diretor francês, atriz alemã e atores
franceses, na passarela de tapete vermelho, vai bem na onda franco-alemã da
aproximação política e quase camaradagem da chanceler Angela Merkel com o
presidente Nicolas Sarkozy, ambos em evidência na liderança dos esforços para
reduzir os efeitos da atual crise econômico-financeira na União
Europeia.
Além
dessa atualidade, ao mostrar as centelhas da revolta popular chegando da
Bastilha ao Palácio de Versalhes, o filme Adeus à Rainha retrata o mesmo
imprevisível clima que, num repente incendiou os países árabes da costa
mediterrânea, provocando a queda de três tiranos e a desintegração de suas
cortes.
O
filme de Benoit Jacquod conta os últimos dias da austríaca Maria Antonieta, como
rainha da França em Versalhes, sob o olhar de sua dama de companhia, Agathe
Sidonie (vivida por Lea Seydoux, também atriz no filme de Woody Allen,
Meia-noite em Paris), cuja função principal era a de fazer a leitura de romances
para a rainha. A chegada da revolução a Versalhes provocou a fuga da corte e a
fuga do próprio casal real disfarçados em empregados domésticos. Tentativa
frustrada que levaria ambos à guilhotina.
Ainda
inédito, com estréia em Berlim e na competição internacional, o filme vai
retratar a futilidade da rainha e do seu desconhecimento da realidade vivida
pelo povo, a ponto de pronunciar a célebre frase “se não têm pão por que não
comem croissant?”. Chantal Thomas,
historiadora, autora do livro inspirador do filme, quis retratar o clima
reinante no distante, enorme e soturno Palácio de Versalhes e como a
personalidade de Maria Antonieta era julgada pelas suas empregadas mais
próximas.
*Rui
Martins – (direto de Berlim) -
jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder
emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao
Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes,
vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e
agência BrPress.
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por Direto
da Redação
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