segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Meryl “Thatcher” Streep em Berlim


Meryl "Thatcher" Streep em ação

Publicado em 07/01/2012 por *Rui Martins

Nada melhor para assinalar as recentes decrepitudes financeiras do neoliberalismo, provocando crises nos EUA e na Europa, que rememorar a grande incentivadora do liberalismo inglês, cena do surgimento dos prepotentes yuppies na City londrina, a hoje também senil ex-primeira-ministra inglesa Margareth Thatcher.

Essa a grande atualidade do Urso de Ouro a ser entregue pelo Festival Internacional de Cinema de Berlim à atriz americana Meryl Streep (foto), cujo último filme, que estreou nesta sexta-feira em Londres, A Dama de Ferro, revive a líder conservadora Margareth Thatcher que conquistou essa alcunha por governar com mão-de-ferro, sem clemência para os sindicatos e dura como o metal na resposta aos argentinos na Guerra das Malvinas.

Margareth Thatcher não poderá ir a Berlim ver a projeção do filme de sua vida dirigido por Phyllida Lloyd, pois seus 86 anos já lhe roubaram a força dos anos 70 e seu cérebro se confunde numa espécie de demência senil, contada por sua própria filha num livro recentemente publicado.

Embora o filme, que estará também em exibição nos próximos dias no Brasil, mostre os principais lances políticos da Dama de Ferro, Phyllida e Meryl Streep garantem que não se trata de um filme político, mas de uma história humana. A roteirista Abi Morgan, compiladora da história, quis mostrar o trajeto da primeira-ministra, filha de dono de mercearia, que se tornou a líder inconteste da direita conservadora inglesa. E não poupou cenas de seu envelhecimento e decadência natural causada pela idade, razão das críticas ao filme, e de sua rejeição pela família de Margareth Thatcher.

Mas existe um consenso, depois da estréia na Inglaterra, de que Meryl Streep está num dos seus melhores papéis. E os numerosos cartazes do filme espalhados por Londres farão muitos pensarem em Thatcher com rosto de Meryl Streep.

Seis dos melhores filmes de Meryl Streep serão projetados em Berlim, entre eles os dois que lhe valeram o Oscar, Kramer contra Kramer, de Robert Benton, e A Escolha de Sofia, de Alan Pakula.

Extremamente versátil, Meryl Streep se impõe em qualquer gênero de filme, como Mama Mia, comédia musical da mesma Phyllida Lloyd. Entre seus 40 filmes, muitos não esquecem The Bridges of Madison County (As pontes de Madison), dirigido e com a participação de Clint Eastwood.

Aqui, o trailer oficial de A Dama de Ferro:


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Filme francês abrirá o Festival de Berlim

Um filme francês marcará o início do Festival de Berlim, de 9 ao 19 de fevereiro. O diretor é Benoit Jacquod e o filme é Adeus à Rainha, baseado num romance premiado de Chantal Thomas. A atriz principal no papel de Maria Antonieta, a rainha decapitada durante a Revolução Francesa, é Diane Kruger, alemã formada em Paris e com carreira cinematográfica iniciada na França. Uma de suas últimas interpretações foi no filme de Quentin Tarantino, Inglorious Bastards.

A abertura do Festival de Berlim,  com diretor francês, atriz alemã e atores franceses, na passarela de tapete vermelho, vai bem na onda franco-alemã da aproximação política e quase camaradagem da chanceler Angela Merkel com o presidente Nicolas Sarkozy, ambos em evidência na liderança dos esforços para reduzir os efeitos da atual crise econômico-financeira na União Europeia.

Além dessa atualidade, ao mostrar as centelhas da revolta popular chegando da Bastilha ao Palácio de Versalhes, o filme Adeus à Rainha retrata o mesmo imprevisível clima que, num repente incendiou os países árabes da costa mediterrânea, provocando a queda de três tiranos e a desintegração de suas cortes.

O filme de Benoit Jacquod conta os últimos dias da austríaca Maria Antonieta, como rainha da França em Versalhes, sob o olhar de sua dama de companhia, Agathe Sidonie (vivida por Lea Seydoux, também atriz no filme de Woody Allen, Meia-noite em Paris), cuja função principal era a de fazer a leitura de romances para a rainha. A chegada da revolução a Versalhes provocou a fuga da corte e a fuga do próprio casal real disfarçados em empregados domésticos. Tentativa frustrada que levaria ambos à guilhotina.

Ainda inédito, com estréia em Berlim e na competição internacional, o filme vai retratar a futilidade da rainha e do seu desconhecimento da realidade vivida pelo povo, a ponto de pronunciar a célebre frase “se não têm pão por que não comem croissant?”. Chantal Thomas, historiadora, autora do livro inspirador do filme, quis retratar o clima reinante no distante, enorme e soturno Palácio de Versalhes e como a personalidade de Maria Antonieta era julgada pelas suas empregadas mais próximas.

*Rui Martins – (direto de Berlim) - jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.

Enviado por Direto da Redação

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