Chu Zhaogen |
13/1/2012, Chu Zhaogen ,
China Daily, Pequim
Traduzido
pelo pessoal da Vila Vudu
O
Irã enfrenta esse ano teste sem precedentes, porque as tensões entre a República
Islâmica e o ocidente não dão sinais de arrefecer em futuro
próximo.
Apesar
de, no final do ano passado, o Irã já ter proposto que se reiniciassem
conversações sobre seu controverso programa nuclear com EUA, Rússia, China,
França e Alemanha, a confiança entre o Irã e o ocidente exauriu-se e todos estão
presos num “dilema do prisioneiro”. Além disso, há pouca probabilidade de o Irã
voltar à mesa de negociações, apesar de a pressão ocidental só
aumentar.
Dia
31/12/2011, o presidente dos EUA Barack Obama sancionou e converteu em lei novas
sanções, dessa vez contra o Banco Central e o setor financeiro iraniano, em
jogada para cortar os ganhos do petróleo que chegam ao Irã. Dado que o Banco
Central do Irã é encarregado de receber os pagamentos pelo petróleo que o país
exporta, as novas sanções, se chegarem a ser estritamente implantadas, deixarão
sem abastecimento muitas refinarias.
Além
disso, muitos diplomatas da União Europeia dizem já ter chegado a acordo
preliminar para impor um embargo ao petróleo iraniano, o que sugere que o
ocidente está decidido a forçar Teerã a submeter-se.
O
ocidente, liderado pelos EUA, procura manter a marcha de sua expansão
estratégica. Encorajado pela “Primavera Árabe”, os EUA usaram comandos super
treinados para assassinar Osama bin Laden, retirar soldados combatentes de solo
iraquiano e prometer fazer o mesmo, no Afeganistão, em curto
prazo.
Derrubados
os governos da Tunísia, Egito e Líbia, e com Ali Abdullah Saleh já deixando o
poder no Iêmen, a “Iniciativa do Oriente Médio Expandido” de Washington – que
para muitos não passaria de castelo no ar – evoluiu excepcionalmente bem em
2011. Agora, os EUA veem o Irã e a Síria como grandes obstáculos ao sucesso de
seu ambicioso plano para o Oriente Médio.
É
possível que o ocidente atire primeiro contra o Irã, por liderar os países
antiamericanos. Mas, independente de qual país – a Síria ou o Irã – o ocidente
ataque primeiro, qualquer ataque vindo de fora do mundo árabe deflagrará uma
reação em cadeia na região do “Crescente Xiita”.
Além
do mais, a recente declaração do secretário de Defesa dos EUA Leon Panetta, de
que o Irã terá uma bomba atômica no prazo de um ano, se não antes, e que um Irã
armado com armas nucleares é “inaceitável”, pode servir com indicação do
cronograma com o qual os EUA trabalham para resolver a questão nuclear
iraniana.
Para
aumentar a tensão, há também Israel, o mais próximo aliado dos EUA no Oriente
Médio, para o qual a questão nuclear iraniana é obsessiva, e que se prepara para
atacar o Irã desde que o presidente Mahmoud Ahmadinejad do Irã ameaçou “varrer
Israel do mapa”.
A
paisagem política no Oriente Médio e no Norte da África passa realmente por
mudanças dramáticas, o que piora o ambiente para Israel. Os governos pró-EUA e
pró-Israel no Egito e na Tunísia caíram, e o conflito árabe-israelense foi
reativado. Forças islâmicas crescem, nas eleições na Tunísia. O Egito endureceu
em relação a Israel. Por sua vez, Israel quer atacar o Irã para consolidar sua
segurança nacional e obter vantagens no Oriente Médio. E tudo parece confirmar
que Israel conseguirá sequestrar a política dos EUA para o Irã, em ano de
eleições presidenciais.
China
e Rússia têm razões suficientes para oporem-se ao uso da força contra o Irã,
porque os dois países têm altos interesses em jogo na questão iraniana. Um
conflito entre o Irã e o ocidente, mesmo o mero agitar de sabres, pode fazer
subir dramaticamente o preço do petróleo, o que fará da China vítima de inflação
importada, porque a China depende do cru estrangeiro para mais de 50% de suas
necessidades.
A
porção norte do Irã é próxima da região do Cáucaso russo, rica em reservas de
petróleo. Assim, exposição direta do Irã aos EUA criará ameaça à segurança
nacional da Rússia.
Apesar
de tudo isso, China e Rússia não conseguiram impedir que a questão iraniana
deteriorasse. Hoje, é dever de Irã e EUA resolverem a questão por meio
pacífico.
Se
o Irã mudar diametralmente sua rota nuclear, talvez escape a ataques militares.
O que não implica que esteja ante ataque iminente, se não o
fizer.
Se
a opinião pública nos EUA opuser-se firmemente a ação militar contra o Irã, o
governo Obama poderá impedir que Israel inicie uma guerra. Afinal, fazer-se
surdo à opinião pública pode custar a Obama a reeleição. Mas, em sentido oposto,
se lançar o país em uma guerra puder ajudar Obama a obter seu segundo mandato na
Casa Branca, o Irã não escapará de ser atacado
militarmente.
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