Em
Buenos Aires ou em Montevidéu a surpresa é a mesma.
O
turista tem ao seu dispor no apartamento do hotel a TV a cabo que lhe mostra o
mundo e, apertando aqui e ali o controle remoto, surge a tal de Globo
Internacional.
Considerando
que a Argentina é o país mais importante do MERCOSUL, claro, depois do Brasil, o
que a Globo Internacional mostra é um desserviço ao nosso país. Não digo ao
Uruguai que é uma extensão cordial e carinhosa desta terra
brasileira.
No
Uruguai preferem receber o Real ao Dólar, fala-se um correto portunhol, até o horário é o de verão e,
com sinceridade, o brasileiro está em casa.
Na
Argentina, nada de horário de verão. Travelers Checks do Banco do Brasil, nem
pensar. Agência do nosso BB? Idem. O turista brasileiro tem de caminhar muito
para encontrar um tal de Banco da Patagônia, onde existe uma pequena placa com a
marca do nosso BB.
Tudo
isso passa. O que não pode passar é a Globo Internacional e os seus programas
nos horários mais curiosos, até que o brasileiro descubra que ela segue o
horário de Miami, Florida, EUA.
Toda a
programação é dirigida àquela cidade.
Novelas,
noticiários e, lamentável, as propagandas.
No
noticiário, uma entrevista com uma família fazendo compras em Miami, mais de 20
pares de tênis, trocentas bugigangas
e o locutor insistindo em dizer que, cada par de tênis custa 90% mais barato lá
do que no Brasil. Tudo, aprovado pela família brasileira, como bois de presépio.
E a nossa aduana, como fica na foto?
A TV
portuguesa mostra Portugal. A espanhola, a Espanha. A Globo Internacional, que
deveria ser brasileira, mostra ao MERCOSUL as maravilhas da Florida e as
vantagens de uma viagem de compras àquelas paragens.
Não se
entende bem o que se passa.
O Brasil
possui uma TV, digamos, estatal. Caberia a ela mostrar o país aos irmãos do sul,
do MERCOSUL, ou não?
Nada de
propaganda governamental, mas um convite para se visitar o Brasil, mostrar as
belezas do país, sua cultura e que tais.
Ainda
assim, argentinos e uruguaios visitam o Brasil. A Argentina é o maior exportador
de turistas e as nossas praias estão regurgitando de torcedores do Barça e do
Messi.
Nada de
mostrar aos irmãos do sul o hortifruti carnavalesco com exemplares das
melancias, melões e morangas.
Mostrar,
sim, a nossa música, a nossa literatura, o nosso povo, o nosso desenvolvimento e
milhares de atrações turísticas.
Sei que
isso é pedir demais, visto que ela não divulga isso nem aqui no
Brasil.
Porém, a
Globo Internacional não se presta a este serviço. Parece que, para ela, quanto
pior, melhor.
Visitem
a Florida, façam compras em Miami. Vejam os embates da polícia versus bandidos na Cidade Maravilhosa;
aqueles filmes que, em cada fotograma há, pelo menos, dois
palavrões.
Isso ela
sabe fazer como nenhuma outra TV, com (d)efeitos especiais, montagens e uma
impecável fotografia.
O
turista brasileiro que estava em Buenos Aires no dia do jogo em que o argentino
Messi ensinou o brasileiro Neymar a jogar futebol, nada se mostrou naquela terra
do futebol. Os argentinos almoçam, jantam e dormem futebol, mas não viram o
jogo, pelo menos, na TV a cabo.
Um canal
japonês mostrou fotos do jogo e o resultado.
A Globo
Internacional nada comenta sobre a invasão de produtos chineses na área do
MERCOSUL, em detrimento aos produtos brasileiros.
Um
turista carioca desabafou:
- No
século 19 o naturalista Sant-Hilaire registrou: “Ou o Brasil acaba com a saúva,
ou a saúva acaba com o Brasil”.
Não
entendi bem o que ele quis dizer, mas acho que é por aí...
Enviado por JFAbelha
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