domingo, 29 de janeiro de 2012

Manifestações digitais: DDoS é legítima desobediência civil



29/1/2012, Anonymous
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


A Interrupção Distribuída de Serviço [orig. Distributed Denial of Service (DDoS) é uma das táticas preferidas dos Anonymous. A mídia tem dito que a ação DDoS seria uma forma de hacking, mas não é. Na melhor das hipóteses, a mídia comete aí um erro técnico. A ação DDoS não provoca qualquer dano permanente e não implica invadir servidores nem capturar dados. O que se faz é, simplesmente, dirigir vários computadores para que enviem muitos pedidos de acesso a uma determinada página, cujo servidor fica sobrecarregado – é o equivalente a torcedores, numa partida de futebol, gritarem tão alto que o atacante do time adversário não consegue ouvir as instruções do técnico. Os quadrinhos abaixo explicam melhor:

Q1: [Locutora] “Hackers derrubaram ontem por pouco tempo o website da CIA...” 
Q2: [acima] O que os telespectadores ouvem: [no quadrinho] “Alguém invadiu os computadores da CIA!!” 
Q3: [acima] O que os especialistas em computadores ouvem: [no quadrinho] “Alguém rasgou um cartaz pendurado pela CIA!!

Nos EUA, as ações de DDoS são tratadas como crime, nos termos da Lei de Fraude e Abuso em Computadores [orig. Computer Fraud and Abuse Act], que prevê pena de 10 anos de prisão. Dada a semelhança entre as ações DDoS e outras táticas de desobediência civil aceitas há muito tempo, como os cidadãos sentarem-se no chão ou na calçada, para bloquear a passagem ou a entrada de prédios, a pena de 10 anos de prisão é desproporcional e injusta. 

Os Anonymous não são unânimes, e as opiniões divergem, talvez mais nesse caso que em relação a qualquer outra tática, sobre as ações de DDoS. De fato, muitos Anonymous, que consultaram a opinião de ONGs anti-ACTA, têm insistido, nos últimos dias, no sentido de que as ações DDoS sejam evitadas.


Mas depois que essa foto de deputados poloneses que protestavam contra o ACTA tornou-se viral ontem[1], é hora de todos reavaliarmos o papel e a legitimidade das ações de DDoS. Esses deputados usavam a máscara Guy Fawkes dos Anonymous, no mesmo momento em que a página do Parlamento polonês estava fora do ar, derrubada por uma ação DDoS dos mesmos Anonymous. Tudo quanto se diga é pouco! Não há dúvidas de que o jogo agora é outro! 

A ação DDoS foi tática muitíssimo efetiva para chamar a atenção mundial para a injustiça, tanto no caso da repressão na Tunísia e Egito, como no caso da censura que se implantará com leis como SOPA ou acordos comerciais como ACTA. Resposta simbolicamente rica, a ação DDoS declara: “Se vocês nos silenciam, nós silenciamos vocês.” Nesse sentido, funciona.

Mas a ação DDoS é apenas uma ferramenta, no nosso arsenal de protesto, não é a única. Temos também de nos envolver no processo político mais amplo – e para muitos de nós, profundamente frustrados depois das décadas em que só vimos corrupção e ausência de comprometimento nesse processo político – será preciso tampar o nariz. Como os eventos na Polônia mostraram, temos aliados nos locais mais inesperados.

Chegou um tempo em que temos de usar palavras para articular nossas demandas e desejos, em vez de só usarmos os pacotes User Datagram Protocol (UDP). 

Ainda há muito lulz a curtir – sob a forma de e-mails em massa, ações por fax e sobrecarregamento de serviços de telefone.

Assim sendo, convocamos os Anonymous e todos os internautas amantes da liberdade a fazer contato direto com os políticos eleitos.

O que dizemos é: “NÃO à lei SOPA! NÃO ao tratado ACTA!”. “Não toquem na Internet!” / “No SOPA! No ACTA! Hands off the Internet!”

Nos próximos dias, publicaremos informes sobre outras ações nas quais todos podem participar. 

Europa

Estados Unidos

Global

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