27/6/2014, [*] Moon
of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
A trégua
(temporária) na Ucrânia está para acabar e o exército ucraniano tentará, outra
vez, por todos os meios, esmagar a insurgência. É pouco provável que consiga.
Petro Poroshenko, posa com
José Manuel Barroso (E) e Herman Van Rampuy (D) em 27/6/2014 na assinatura do acordo com a União Europeia |
Hoje o
presidente do golpe assinou, em Bruxelas, o acordo de associação à União
Europeia. Portanto, o status de parceiro comercial preferencial da Rússia, de
que a Ucrânia gozava, acabou; e a Ucrânia entrará em depressão profunda. A
indústria não é competitiva contra os países da Europa Ocidental e não pode ser
sustentada sem os mercados russos. Os engenheiros e trabalhadores mais
qualificados, especialmente das grandes fábricas de armamento, mudar-se-ão para
a Rússia e deixarão a indústria ucraniana para trás, apodrecendo.
Mark Adomanis |
O acordo de associação sempre foi visto em
termos altamente politizados e simbólicos, como uma “escolha civilizacional”
pela qual a Ucrânia deixaria para trás o seu passado oriental obscuro e rumaria
avante para a segurança e o conforto da União Europeia. Que imenso erro! Na
realidade, o acordo de associação nada tem a ver com cultura ou história e é
coisa muito mais simples: passo altamente tecnocrático de liberalização da
economia. Não há meio ‘'europeu'’ para pôr fim aos subsídios para o gás, e não há
meio ‘civilizado’ para reduzir aposentadorias e pensões. Esses são passos que
se dão ou que se evitam. Dado que a liberalização econômica não é muito popular
na Ucrânia, porque os ucranianos continuam a manifestar ideias econômicas
acentuadamente de esquerda, a luta para implantar o livre mercado será
provavelmente longa e sangrenta.
O acordo terá
de ser aprovado e só depois implementado, por um novo parlamento ucraniano.
Tenho sérias dúvidas de que isso venha a acontecer.
Enquanto
isso, a luta no leste continuará e, quando o próximo assalto pelo exército
fracassar, como provavelmente fracassará, veremos passos na direção de obter
mais independência para as regiões do leste.
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também
conhecida como “Whisky Bar” ou
“Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille
(1927) de Bertolt Brecht, com música
de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A
Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece
cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a
ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês.
Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e
The Doors (1967). A seguir podemos ouvir versão em performance de Tim van
Broekhuizen.
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