[*] Adriano Benayon - 29 de maio de 2014
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pelo autor
Ilustrações:
redecastorphoto (catadas na internet)
1. O
sistema monetário internacional que prevalece desde 1971, é ainda pior que o
criado pelos Acordos de Bretton Woods, em 1944, meses antes de acabar a IIª
Guerra Mundial.
2. Esses
acordos - que instituíram o Banco Mundial e o FMI - deram primazia ao US$ dólar
como moeda de reserva mundial, mas estabeleciam limite à tirania financeira
anglo-americana-sionista, porquanto os EUA se comprometiam a vender ouro em
troca de dólares, à taxa fixa de US$ 35,00 por onça-troy (31 gramas).
3.
Entretanto, em agosto de 1971, os EUA romperam oficialmente os acordos de
Bretton Woods, que já descumpriam na prática, desde, pelo menos, 1968, ao
dificultar, a entrega do ouro.
4. Não
lhes foi difícil virar a mesa, a seu talante, uma vez que eram satélites dos
EUA os países que acumulavam maiores saldos de transações correntes em dólares
- como Japão, Alemanha e Itália, ocupados militarmente desde o final da Guerra.
Charles de Gaulle |
5. A exceção foi a França, cujo presidente, general De Gaulle
praticava política independente. Exigia a conversão em ouro dos saldos de seu
país, pois colocava os interesses nacionais acima da ideologia, inclusive em
seu posicionamento em face da Guerra Fria.
6. A oligarquia financeira anglo-americana-sionista visa
exclusivamente ao poder mundial ilimitado e tampouco acredita em ideologias.
Usa qualquer uma, em qualquer lugar, que a ajude, conforme o momento, a avançar
naquele objetivo.
7.
Assim, os serviços secretos dos EUA, Israel e do Reino Unido, juntamente com as
máquinas de corrupção de instituições públicas e privadas desses países,
fomentaram, na França, lideranças estudantis esquerdistas, com apoio da grande
mídia e até de partidos e organizações de esquerda.
8.
Assim, mobilizaram massas no movimento de maio de 1968, que espalhou a desordem
e o caos pela França e, até hoje, é considerado libertário pela opinião
majoritária.
9.
Apesar de alvo das manobras anglo-americanas-sionistas de desestabilização, De
Gaulle manteve-se no governo até 1969, renunciando, ao ser derrotado em um
referendo, pela primeira vez.
Gaddafi assassinado pelos EUA-OTAN |
10. Esse
tratamento, dado pela tirania imperial a De Gaulle, foi menos brutal que o
dispensado a Saddam Hussein em 2003 e a Muammar Gaddafi em 2011. Afinal, a
França era potência nuclear e aliada, ademais de fonte das tão traídas ideias
democráticas, formalmente adotadas nos EUA.
11. Pela
mesma tentativa, de livrar seus países da extorsão pelo US$ dólar, Hussein e
Gaddafi foram assassinados, com seus filhos e famílias, e seus países
destruídos por agressões militares genocidas.
12. Daí
se infere a importância para o império de continuar obrigando suas vítimas a
custear até as armas com que são trucidadas ou chantageadas.
13.
Pode-se estimar o que está em jogo pela proliferação dos ativos financeiros em
dólares. Os derivativos nessa denominação passam de US$ 500 trilhões.
14.
Vê-se, ainda, a inflação do dólar comparando a taxa de conversão do ouro até os
anos 60, e sua ascensão posterior no mercado: de US$ 35,00 por onça-troy ele
foi para os atuais US$ 1.300,00.
15.
Chegou a US$ 1.800,00 em 2011, e só caiu por meio de manipulações dos grandes
bancos, que fazem o que querem nos “mercados financeiros”, como vender quantidades
enormes de certificados de ouro que não existe em cofre algum.
Conto do paco |
16.
Esses certificados não passam de papel pintado, como o dólar foi descrito pelo
general De Gaulle, nos anos 60. Hoje, nem isso, pois basta um clique nos
computadores dos bancos do sistema do FED para passar o conto
do paco no mundo inteiro.
17. A situação de um país em relação aos EUA é semelhante à de
um particular ou de uma empresa em relação ao banco com que opera. Quando o
banco faz empréstimos, cria dinheiro: abre, do nada, créditos na conta do
tomador, e este fica obrigado a pagar amortizações e juros com dinheiro de seu
salário ou de outra receita do trabalho individual ou empresarial.
18. Sob
“governos” traidores, que começaram a entregar o mercado às empresas transnacionais
após o golpe de agosto de 1954, o Brasil ficou fadado a ter déficits crônicos
no comércio de bens e serviços (transações correntes) com o exterior, a origem
das dívidas externa e interna.
19. O
déficit de conta corrente tem crescido aceleradamente e somou US$ 81,4 bilhões
em 2013. No primeiro quadrimestre, já atingiu US$ 33,5 bilhões, projetando mais
de US$ 100 bilhões em 2014 (quase 5% do PIB).
20. De 2008 a 2012, totalizou US$
204,1 bilhões, devendo, pois, ao final de 2014, acumular mais de US$ 400
bilhões, salvo se a crise econômica desabar sobre o País antes de o ano
terminar.
Novo valor do dólar |
21. O
rombo é mal tapado pela entrada de investimentos estrangeiros, porquanto estes
implicam intensificar a causa do mal, pois o grosso dos déficits externos
decorreu dos lucros, inclusive disfarçados em despesas, remetidos ao exterior,
relacionados também com o desequilíbrio inerente ao comércio entre países que
se desenvolveram e os que patinam no atraso tecnológico, proveniente da
desnacionalização da economia.
22. A moral, ou antes, a imoralidade da história é que para
“investir” as transnacionais só precisam de dólares que seus bancos criam à
vontade, enquanto as dívidas que o Brasil acumula, têm de ser pagas com bens,
patrimônios e trabalho nacionais.
23. Com
efeito, valendo-se do privilégio dado ao dólar como divisa internacional, os
emissores dessa moeda e as empresas a eles ligadas não têm dificuldade alguma
para comprar patrimônios, empresas e consciências em qualquer país que não
restrinja essas aquisições.
24.
Instituído no final de 1913, em trama na qual o Congresso cedeu seus poderes à
oligarquia, o FED, banco central dos EUA, cria dólares e os fornece aos bancos
anglo-americanos-sionistas que formam o cartel controlador do próprio FED.
25. Sair
do dólar gerará represálias das potências anglo-americanas-sionistas e
satélites, também dominadas pelos manipuladores dos mercados financeiros.
Entretanto, é medida de sobrevivência para quem não quiser continuar sendo
satélite ou colônia da oligarquia anglo-americana-sionista mundial.
BRICS |
26. A alternativa é ser subjugado através da ilimitada criação
de moeda, que permite a essa oligarquia adquirir praticamente tudo, em qualquer
lugar do mundo, além de financiar sua máquina de guerra.
27. Os
EUA, de há muito, investem em armas mais que o dobro que o resto do mundo, e
são as armas que, por exemplo, obrigam países exportadores de petróleo e a
vendê-lo por dólares.
28. A questão está na ordem do dia. Haverá reunião em julho
deste ano, em Fortaleza, na qual se espera que os chefes de Estado dos BRICS
formalizem a criação de Banco de Desenvolvimento (BRICS Bank) e assinem Acordo
Contingente de Reservas.
29. Mais
promissora, por ora, é a realização, nas moedas da Rússia e da China, dos
pagamentos referentes ao novo e expressivo
acordo de fornecimentos de gás russo e às
exportações chinesas relacionadas.
Xi Jinping (China) e Vladimir Putin (Rússia) em manobras militares comemorativas do Acordo Santo Graal de US$ 400 bilhões assinado poucos dias antes |
30.
Essas potências já realizam, em suas moedas, algumas transações com terceiros
países, principalmente asiáticos, e a amplificação disso é fundamental para o
ainda distante fim do domínio mundial do US$ dólar.
31. Para
contribuir nessa direção, o Brasil precisa, desde logo, revogar o art. 164 da
Constituição e nacionalizar o Banco Central.
32. De
fato, entre outros atos lesivos aos interesses nacionais, o BACEN, rejeita
operações pelo Convênio de Créditos Recíprocos, firmado, em 1968, com países
latino-americanos, e através do qual as operações de comércio exterior podem
ser liquidadas nas moedas dos países membros, e os saldos, financiados pelas
autoridades financeiras respectivas.
______________
[*]Adriano
Benayon: Consultor em finanças e
em biomassa. Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em
Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Diplomado no Curso
de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira, postos
na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México. Delegado do
Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica e tecnológica. Consultor
Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na área de economia.
Professor da Universidade de Brasília (Empresas Multinacionais; Sistema
Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no Brasil). Autor de Globalização
versus Desenvolvimento, 2ª ed. Editora Escrituras, São Paulo.
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