17/6/2014, [*] Paul Craig Roberts − Institute for Political Economy
Traduzido por mberublue
A IIIa. Guerra Mundial será NUCLEAR |
Gostaria
muito de ter apenas boas novas para apresentar a meus leitores, ou pelo menos
uma singela boa notícia. Infelizmente as boas novas não mais são uma
característica da política dos Estados Unidos e simplesmente não podem ser
encontradas em palavras ou atos originários de Washington ou das capitais de
seus estados vassalos na Europa. O mundo ocidental entregou-se totalmente ao
mal.
Eric Zuesse |
Eric
Zuesse, em seu artigo publicado
pelo Op-Ed News, apóia meu relato sobre as evidências de que Washington
se prepara para um primeiro ataque nuclear contra a Rússia.
A
doutrina de guerra dos Estados Unidos mudou. As armas nucleares até há pouco
tempo restringiam-se a uma força retaliatória, mas mudaram de patamar e
avançaram para um ataque nuclear preventivo.
Washington
abandonou o tratado Anti Mísseis Balísticos (ABM,
sigla em inglês - NT) com a Rússia e desenvolveu e implantou
um escudo ABM. Ao mesmo tempo, a vergonhosa máquina de propaganda política e de
mentiras está demonizando a Rússia e seu presidente, como forma de preparar a
população dos Estados Unidos e se seus estados vassalos para a guerra contra a
Rússia.
Os
neoconservadores convenceram o governo dos Estados Unidos de que as armas
nucleares estratégicas da Rússia estão defasadas e em más condições e que são
atualmente um alvo fixo para o ataque. Esta falsa crença tem base em
informações ultrapassadas, velhas de uma década, como o argumento apresentado
em “The
Rise of US Nuclear Primacy” (O avanço da
supremacia nuclear dos Estados Unidos – NT) escrito por Keir
A. Lieber e Daryl G. Press em abril de 2006 como tema de “Foreign Affairs”,
uma publicação do Conselho de Relações Exteriores, organização das elites
americanas.
Steven Starr |
Independentemente
das condições das forças nucleares russas, o sucesso de um primeiro ataque
nuclear de Washington e o grau de proteção proporcionado pelo escudo ABM de
Washington contra a retaliação, o artigo postado por Steven Starr “The
Lethality of Nuclear Weapons” (A
letalidade das armas nucleares - NT), deixa bem claro que não
há vencedores em uma guerra nuclear. Todos morrem.
Em
um artigo
publicado em dezembro de 2008, no “Physics Today”, três cientistas
atmosféricos (ou cientistas espaciais) assinalaram que apesar da redução dos
arsenais nucleares que o Tratado de Redução Estratégica Defensiva (SORT, sigla em inglês – NT) esperava
alcançar, de 70.000 ogivas (nucleares) em 1986 para alguma coisa entre
1.700/2.200 ogivas pelo final de 2012, não se reduziu a ameaça que a guerra
nuclear representa para a vida na Terra. Os autores concluem que, somando-se
aos efeitos diretos das explosões nucleares, que causariam a morte de centenas
de milhões de seres humanos, “os efeitos indiretos provavelmente provocariam a
eliminação da maioria da população humana”. A obliteração estratosférica
causada pelas tempestades que as explosões provocam resultaria em um inverno
nuclear e colapso agrícola. Aqueles que não perecessem pelas explosões e pela
radiação, morreriam de fome.
Ronald
Reagan e Mikhail Gorbachev compreenderam isso. Infelizmente, nenhum de seus
sucessores no governo dos Estados Unidos o fez. No que concerne ao governo em
Washington, só morreriam os outros, não “o povo excepcional”. (O acordo SORT
aparentemente falhou. De acordo com o Stockholm International Peace Research
Institute – SIPRI os nove países com poder nuclear possuem ainda um total de
16.300 armas nucleares).
É
um fato que Washington tem políticos influentes que pensam, incorretamente, que
a guerra nuclear pode ser ganha e que a consideram como um meio de prevenção
contra o crescimento da Rússia e da China, assim como forma de manter
controlada a hegemonia de Washington sobre o mundo. O governo americano no
poder, partidos à parte, é uma grande ameaça à vida na Terra. Os governos
europeus, embora se considerem civilizados na realidade não o são, por permitir
a busca de Washington por hegemonia. Essa busca é o motivo da ameaça de
extinção da vida no planeta. A ideologia que atribui aos Estados Unidos o
direito à supremacia pela sua categoria de “excepcional, indispensável país” é
uma imensa ameaça ao mundo.
A
destruição, total ou parcial de sete países pelo ocidente no século XXI, com o
apoio da “civilização ocidental” e da mídia do ocidente, prova de maneira
irrevogável que a liderança do mundo ocidental não tem moral, consciência ou
compaixão humana. Agora que os EUA se armaram com a falsa doutrina da “primazia
nuclear”, a perspectiva para a humanidade é realmente sombria.
Washington
começou a seguir na direção da Terceira Guerra Mundial e os europeus parecem
estar a bordo. Recentemente, em novembro de 2012, o Secretário da OTAN, “general”
Rasmussen, disse que a OTAN não considerava a Rússia como um inimigo. Agora,
que os idiotas na Casa Branca e seus vassalos europeus convenceram a Rússia de
que o ocidente é um inimigo, Rasmussen declarou que “temos que nos adaptar ao
fato de que a Rússia nos considera agora como seus adversários” para reforçar o
exército da Ucrânia e de toda a Europa central e oriental. No último mês,
Alexander Vershbow, antigo embaixador dos Estados Unidos para a Rússia e
atualmente Secretário Geral adjunto da OTAN declarou que a Rússia é um inimigo
e disse que os pagadores de impostos dos Estados Unidos e da Europa precisam se
esforçar pela modernização militar “não apenas da Ucrânia, mas também da Moldávia,
Geórgia, Armênia, Azerbaijão”. É possível que estes apelos por mais gastos
militares sejam apenas o funcionamento normal de agentes do complexo
exército/segurança dos Estados Unidos. Tendo perdido a “guerra ao terror” no
Iraque e no Afeganistão, Washington precisa substituí-la e começou a
ressuscitar a Guerra Fria.
Arsenal Nuclear - Número de ogivas ativas por país |
Provavelmente,
tudo seja apenas uma isca da indústria de armamentos, e parte de Washington vê
isso. Acontece que os neoconservadores são muito mais ambiciosos. Eles já não
querem apenas mais lucros para o complexo exército/segurança. Sua meta é a
hegemonia dos EUA sobre o mundo, o que significa ações irresponsáveis como a
ameaça estratégica que o regime de Obama, com a cumplicidade de seus vassalos
europeus impõe à Rússia na Ucrânia.
Desde
o último outono, o governo dos Estados Unidos tenta cravar os dentes na
Ucrânia, culpando a Rússia pelas consequências das ações de Washington e
demonizando Putin, exatamente como foi feito contra Gaddafi, Saddam Hussein,
Assad, o Talibã e o Irã. A mídia prostituta (presstitute no original – NT) e as capitais europeias
têm feito coro às mentiras e à propaganda política repetindo tudo
infinitamente. Por conseqüência, a atitude pública dos Estados Unidos em
relação à Rússia mudou fortemente para conotações negativas.
O
que pensarão a Rússia e a China a respeito? A Rússia assistiu a OTAN ser
colocada em suas fronteiras, a violação dos acordos Reagan-Garbochev. A Rússia
assistiu os Estados Unidos abandonarem o tratado ABM e desenvolver um escudo “star wars”. (Se o escudo vai funcionar
ou não é irrelevante. Seu objetivo é convencer os políticos e o público de que
os norte americanos estão a salvo). A Rússia assistiu os EUA mudarem sua
doutrina sobre armas nucleares de “armas de dissuasão” para “primeiro ataque
preventivo”. Agora, a Rússia ouve todo santo dia um monte de mentiras do
ocidente e assiste o massacre perpetrado pelos vassalos de Washington em Kiev
contra civis na Ucrânia russa, chamados de “terroristas” por Washington,
através de armas de fósforo branco, sem um pio de protesto do ocidente.
Intensos
ataques aéreos e de artilharia contra casas e apartamentos na Ucrânia russa
aconteceram no 25º aniversário da Praça Tiananmen, enquanto Washington e seus
fantoches condenavam a China por um evento que não aconteceu. Como sabemos
atualmente, não houve massacre algum na Praça Tiananmen. Foi apenas mais uma
mentira dos EUA, como o incidente do Golfo de Tonquim, as armas de destruição
em massa de Saddam Hussein, o uso por Assad de armas químicas, as armas
nucleares iranianas, etc.. É uma coisa espantosa que o mundo ainda acredite nas
falsas realidades criadas pelas mentiras de Washington.
Matrix |
Matrix,
o filme, é uma descrição exata da vida no ocidente. A população acredita numa
falsa realidade criada por seus dirigentes. Um punhado de seres humanos escapou
da falsa existência e luta para trazer a humanidade de volta à realidade. Eles
resgataram Neo, o “número um”, que acreditam corretamente ter poder para
libertar os seres humanos da falsa realidade onde vivem. Morpheus, o líder dos
rebeldes, explica a Neo:
A Matrix é um sistema, Neo. É o nosso inimigo. Mas
quando você está dentro do sistema e olha em volta, o que você vê? Homens de
negócios, professores, advogados, carpinteiros. É a consciência verdadeira
dessas pessoas que lutamos para libertar. Mas até que tenhamos sucesso, esse
povo ainda é uma parte do sistema e eles nos olham como seus inimigos. Você
precisa entender que a maioria dessas pessoas ainda não está pronta para ser livre.
E muitos deles estão tão acostumados, tão completamente dependentes do sistema,
que eles lutarão para protegê-lo.
Experimento
isso toda a vez em que escrevo uma coluna. Protestos dos determinados a não
serem desplugados chegam através de emails e naqueles sites que expõem os
autores à difamação pelos trolls do
governo em seções de comentários. Não creia na realidade real, insistem
eles, creia na realidade irreal.
A
Matrix engloba ainda parte da população russa e chinesa, especialmente aqueles
educados no ocidente e aqueles suscetíveis à propaganda política ocidental, mas
a grande maioria da população desses países sabe a diferença entre mentira e
verdade. O grande problema para Washington é que a propaganda política que
prevalece sobre o povo ocidental não prepondera sobre os governantes da Rússia
e da China.
Bases dos EUA no Mar do Sul da China |
Como
você pensa que reage a China quando Washington declara que o Mar do Sul da
China é área de interesse nacional dos Estados Unidos, coloca 60 por cento de
sua vasta frota no Pacífico e constrói novas bases aéreas e navais nas
Filipinas e no Vietnã?
Acho
que tudo o que Washington pretende, de verdade, é fazer os pagadores de
impostos manterem vivo o complexo forças armadas/segurança, que lava parte do
dinheiro desses pagadores de impostos e o faz retornar como contribuição de
campanhas políticas. Podem a Rússia e a China correr o risco de ver as palavras
e atos dos EUA nessa linha limitada?
Até
agora, os russos e somente os russos (e chineses) se mantiveram sensatos.
Lavrov, o Ministro de Relações Exteriores da Rússia disse:
Neste estágio, temos que proporcionar a nossos
parceiros a oportunidade de se acalmar. Vamos ver o que acontece em seguida. Se
as acusações absolutamente infundadas contra a Rússia continuarem, se houver
novas tentativas de nos pressionar por meio de poder econômico, então será
tempo de reavaliar a situação.
Se
os imbecis na Casa Branca, as putas da mídia de Washington e os vassalos
europeus convencerem a Rússia de que a guerra é provável, a guerra será
provável. Já que não há qualquer perspectiva de que a OTAN seja capaz de montar
uma força que ameace a Rússia que seja pelo menos aproximadamente do tamanho e
com o poder de destruição da invasão alemã de 1941, que reuniu a maior força de
invasão já conhecida, a guerra será nuclear, o que significa nada mais nada
menos que o fim de todos nós.
Guerra Nuclear - o dia seguinte |
Não
se esqueça disso, quando os EUA e suas prostitutas da mídia continuarem a tocar
seus tambores de guerra. Tenha em mente ainda que a história prova, ao longo do
tempo, sem qualquer sombra de dúvida, que tudo o que Washington e a mídia
prostituta (presstitute no original – NT) lhe diz é mentira e
segue uma agenda não declarada. Você não arrumará a situação votando em
republicanos no lugar de democratas ou vice versa.
Thomas
Jefferson nos contou qual é a solução desse enigma: “A árvore da liberdade
precisa ser renovada de vez em quando com o sangue dos patriotas. É seu adubo
natural”.
Há
poucos patriotas nos EUA, mas abundam os tiranos.
[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de
abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators
Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração
Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista
do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News
Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de
política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado
em Counterpunch e no Information Clearing House, escrevendo
extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama)
relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção
das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas
corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de
ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra
o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos.
Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade
de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na
Faculdade de Merton, Oxford University.
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