domingo, 15 de junho de 2014

A queda de Mosul − Quem é Abu Bakr al-Baghdadi?

12/6/2014, [*] Patrick Cockburn, Information Clearing House
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Entreouvido na Tenda do Barrossorto na Vila Vudu: A única coisa certa é que toooooooda a imprensa-empresa mundial já começou a inventar oooootro Bin Laden, cuja caçada justificará ooooooootra invasão ao Iraque. A matéria mais completa, nessa direção está sendo distribuída pela Reuters, já repetida, de cabo a rabo, por exemplo, pelo Huffington Post dentre vários outros jornais em todo o mundo.Vê-se claramente, também, que tooooooda a imprensa-empresa mundial já voltou a repetir o mantra de que a guerra na Síria seria efeito de “luta sectária” entre sunitas e xiitas – o que já se sabe que não é, mas é a ficção em que investem EUA-e-canalha-aliada. A Síria enfrenta ataque de vários grupos terroristas. Entre os terroristas há sunitas, sim, mas provavelmente muitos xiitas e muitos, de fato, até, talvez, cristãos, católicos, protestantes, ateus e até mórmons de Utah e outros, porque ninguém nunca pergunta a religião dos bandidos da CIA nem dos mercenários da tal empresa de segurança do tal de Prince... Vamkevamo, então, de Cockburn: é jornalista liberal-melhorzinho que os fascistas militantes do Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão) e faz “jornalismo” menos péssimo.

Regiões do Iraque e da Síria controladas pela ISIS
No espaço de um ano, ele se tornou o comandante jihadi mais poderoso do planeta. Na noite de 2ª-feira passada, suas forças capturaram Mosul, capital da região norte do Iraque.

Abu Bakr al-Baghdadi, também conhecido como Abu Dua, comandante do grupo islamista Estado Islâmico do Iraque e Levante [orig. Islamic State of Iraq and the Levant (ISIS)] emergiu, do dia para a noite, como figura capaz de modelar o futuro de Iraque, Síria e do Oriente Médio estendido.

Abu Bakr al-Baghdadi
Al-Bahgdadi começou a sair das sombras no verão de 2010, quando se tornou líder do grupo al-Qa’eda no Iraque (AQI), depois que os então comandantes foram mortos em ataque por soldados dos EUA e Iraque. Com o colapso da rebelião sunita, na qual desempenhara papel crucialmente importante, o grupo AQI estava em mau momento.

Mas, com a revolta dos sunitas na Síria em 2011, o grupo ressurgiu e, ao longo dos últimos três anos, também no Iraque e na Síria, com várias campanhas cuidadosamente planejadas.

Não se sabe exatamente até que ponto al-Baghdadi seria diretamente responsável pelas estratégias e táticas militares do grupo ISIS, antes chamado AQI: sabe-se que ex-oficiais do exército e da inteligência iraquiana do tempo de Saddam têm sido citados como atores centrais, mas estariam trabalhando sob liderança de al-Baghdadi.

Militantes da ISIS desativaram a refinaria de Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein
Há muita discussão sobre sua história e carreira militar, dependendo de se a fonte é o próprio ISIS ou a inteligência dos EUA ou do Iraque, mas pode-se entrever, pelo menos, um quadro geral razoavelmente claro. Al-Baghdadi nasceu em Samarra, cidade predominantemente sunita ao norte de Bagdá; e é homem culto. Cabelos negros e olhos castanhos, há uma foto dele de quando se acredita que fosse prisioneiro dos norte-americanos em Bocca Camp, no sul do Iraque, de 2005 a 2009: um iraquiano comum, semelhante a milhares, em torno dos 30 anos.

Acredita-se que seu verdadeiro nome seja Awwad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai, com graduação em Estudos Islâmicos, incluindo poesia, história e genealogia, na Universidade Islâmica de Bagdá. É possível que já fosse militante islamista durante o governo de Saddam, como pregador na província de Diyala, a noroeste de Bagdá, onde, depois da invasão norte-americana de 2003, manteve seu próprio grupo armado. Todos os movimentos rebeldes têm bons motivos para distribuir informação falsa sobre a própria estrutura de comando e liderança, mas acredita-se que al-Baghdadi tenha sido prisioneiro dos norte-americanos durante cinco anos.

Grupos étnicos e religiosos predominantes na população do Iraque 
Depois que os líderes da AQI foram assassinados em abril de 2010, al-Baghdadi assumiu o comando, e a partir daí o grupo foi-se tornando cada vez mais bem organizado, distribuindo inclusive relatórios anuais detalhados das atividades nos dois anos anteriores, com listas itemizadas de operações em cada província do Iraque. Referindo-se ao assassinato dos que o precederam na liderança da AQI, al-Baghdadi insistia no extremo sigilo; daí que poucos conhecessem sua verdadeira identidade ou localização. Prisioneiros da AQI dizem que jamais o viram ou, quando estiveram com ele, al-Baghdadi sempre usou máscara.

Aproveitando-se da guerra na Síria, al-Baghdadi enviou combatentes experientes e dinheiro para a Síria, para organizar [a Frente] Jabhat al-Nusra como afiliada da al-Qa’eda na Síria. Ano passado, rompeu com a [a Frente] Jabhat al-Nusra, mas permanece no comando de grande porção de território no norte da Síria e no Iraque.

Contra uma oposição fragmentada e disfuncional, al-Baghdadi move-se agora na direção de fixar-se como Emir de um seu novo Estado Islâmico do Iraque e Levante [Síria].
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[*] Patrick Cockburn (nasceu 05 de março de 1950) é um jornalista irlandês que tem sido correspondente no Oriente Médio desde 1979 para o Financial Times e, atualmente, The Independent.
Está entre os comentaristas mais experientes no Iraque; escreveu quatro livros sobre a história recente do país. Recebeu o vários prêmios por seu trabalho incluindo o Prêmio Gellhorn Martha em 2005, o Prêmio James Cameron em 2006 e o Prêmio Orwell de Jornalismo em 2009. 

Cockburn escreveu três livros sobre o Iraque: One, Out of the Ashes: The Resurrection of Saddam Hussein, escrito em parceria com seu irmão Andrew Cockburn, antes da guerra no Iraque. O mesmo livro foi mais tarde re-publicado na Grã-Bretanha com o título: Saddam Hussein: An American Obsession. Mais dois foram escritos por Patrick sozinho após a invasão dos EUA e após a sua reportagem premiada do Iraque. Escreve também para CounterPunch e London Review of Books.

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