12/6/2014, [*] Patrick Cockburn, Information Clearing House
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Entreouvido na Tenda do Barrossorto na
Vila Vudu: A única coisa certa é que toooooooda a
imprensa-empresa mundial já começou a inventar oooootro Bin Laden, cuja caçada justificará
ooooooootra invasão ao Iraque. A matéria
mais completa, nessa direção está sendo distribuída pela Reuters, já
repetida, de cabo a rabo, por exemplo, pelo Huffington
Post dentre vários outros jornais
em todo o mundo.Vê-se claramente, também, que tooooooda a imprensa-empresa
mundial já voltou a repetir o mantra de que a guerra na Síria seria efeito de
“luta sectária” entre sunitas e xiitas – o que já se sabe que não é, mas é a
ficção em que investem EUA-e-canalha-aliada. A
Síria enfrenta ataque de vários grupos terroristas. Entre os terroristas há
sunitas, sim, mas provavelmente muitos xiitas e muitos, de fato, até, talvez,
cristãos, católicos, protestantes, ateus e até mórmons de Utah e outros, porque
ninguém nunca pergunta a religião dos bandidos da CIA nem dos mercenários da
tal empresa de segurança do tal de Prince... Vamkevamo,
então, de Cockburn: é jornalista liberal-melhorzinho que os fascistas
militantes do Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão) e faz “jornalismo” menos
péssimo.
Regiões do Iraque e da Síria controladas pela ISIS |
No espaço de
um ano, ele se tornou o comandante jihadi mais poderoso do planeta. Na noite de
2ª-feira passada, suas forças capturaram Mosul, capital da região norte do
Iraque.
Abu Bakr
al-Baghdadi, também conhecido como Abu Dua, comandante do grupo islamista
Estado Islâmico do Iraque e Levante [orig. Islamic
State of Iraq and the Levant (ISIS)] emergiu, do dia para a noite, como
figura capaz de modelar o futuro de Iraque, Síria e do Oriente Médio estendido.
Abu Bakr al-Baghdadi |
Al-Bahgdadi
começou a sair das sombras no verão de 2010, quando se tornou líder do grupo
al-Qa’eda no Iraque (AQI), depois que os então comandantes foram mortos em
ataque por soldados dos EUA e Iraque. Com o colapso da rebelião sunita, na qual
desempenhara papel crucialmente importante, o grupo AQI estava em mau momento.
Mas, com a
revolta dos sunitas na Síria em 2011, o grupo ressurgiu e, ao longo dos últimos
três anos, também no Iraque e na Síria, com várias campanhas cuidadosamente
planejadas.
Não se sabe
exatamente até que ponto al-Baghdadi seria diretamente responsável pelas
estratégias e táticas militares do grupo ISIS,
antes chamado AQI: sabe-se que ex-oficiais do exército e da inteligência
iraquiana do tempo de Saddam têm sido citados como atores centrais, mas
estariam trabalhando sob liderança de al-Baghdadi.
Militantes da ISIS desativaram a refinaria de Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein |
Há muita
discussão sobre sua história e carreira militar, dependendo de se a fonte é o
próprio ISIS ou a inteligência dos EUA ou do Iraque, mas
pode-se entrever, pelo menos, um quadro geral razoavelmente claro. Al-Baghdadi
nasceu em Samarra, cidade predominantemente sunita ao norte de Bagdá; e é homem
culto. Cabelos negros e olhos castanhos, há uma foto dele de quando se acredita
que fosse prisioneiro dos norte-americanos em Bocca Camp, no sul do Iraque, de 2005 a 2009: um iraquiano
comum, semelhante a milhares, em torno dos 30 anos.
Acredita-se
que seu verdadeiro nome seja Awwad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai, com
graduação em Estudos Islâmicos, incluindo poesia, história e genealogia, na
Universidade Islâmica de Bagdá. É possível que já fosse militante islamista
durante o governo de Saddam, como pregador na província de Diyala, a noroeste
de Bagdá, onde, depois da invasão norte-americana de 2003, manteve seu próprio
grupo armado. Todos os movimentos rebeldes têm bons motivos para distribuir
informação falsa sobre a própria estrutura de comando e liderança, mas
acredita-se que al-Baghdadi tenha sido prisioneiro dos norte-americanos durante
cinco anos.
Grupos étnicos e religiosos predominantes na população do Iraque |
Depois que
os líderes da AQI foram assassinados em abril de 2010, al-Baghdadi assumiu o
comando, e a partir daí o grupo foi-se tornando cada vez mais bem organizado,
distribuindo inclusive relatórios anuais detalhados das atividades nos dois
anos anteriores, com listas itemizadas de operações em cada província do
Iraque. Referindo-se ao assassinato dos que o precederam na liderança da AQI,
al-Baghdadi insistia no extremo sigilo; daí que poucos conhecessem sua
verdadeira identidade ou localização. Prisioneiros da AQI dizem que jamais o
viram ou, quando estiveram com ele, al-Baghdadi sempre usou máscara.
Aproveitando-se
da guerra na Síria, al-Baghdadi enviou combatentes experientes e dinheiro para
a Síria, para organizar [a Frente] Jabhat al-Nusra como afiliada da al-Qa’eda
na Síria. Ano passado, rompeu com a [a Frente] Jabhat al-Nusra, mas permanece
no comando de grande porção de território no norte da Síria e no Iraque.
Contra uma
oposição fragmentada e disfuncional, al-Baghdadi move-se agora na direção de
fixar-se como Emir de um seu novo Estado Islâmico do Iraque e Levante [Síria].
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[*] Patrick Cockburn (nasceu 05 de março de 1950) é um
jornalista irlandês que tem sido correspondente no Oriente Médio desde 1979
para o Financial Times e, atualmente, The
Independent.
Está entre os comentaristas mais experientes no Iraque; escreveu quatro
livros sobre a história recente do país. Recebeu o vários prêmios por seu
trabalho incluindo o Prêmio Gellhorn Martha em 2005, o Prêmio James Cameron em
2006 e o Prêmio Orwell de Jornalismo em 2009.
Cockburn escreveu três livros sobre o Iraque: One, Out of the
Ashes: The Resurrection of Saddam Hussein, escrito em parceria com seu
irmão Andrew Cockburn, antes da guerra no Iraque. O mesmo livro foi mais tarde
re-publicado na Grã-Bretanha com o título: Saddam Hussein: An American
Obsession. Mais dois foram escritos por Patrick sozinho após a invasão dos
EUA e após a sua reportagem premiada do Iraque. Escreve também para CounterPunch e London
Review of Books.
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