30/5/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido do inglês pelo
pessoal da Vila Vudu (original em russo) [3]
The Saker |
“O mês crítico, a esperar, é dezembro-2014”
Simon Uralov |
O nível da
discussão analítica pela Internet russa está perfeitamente avaliado pelo
cientista político Simon Uralov: “Dizer que a crise ucraniana enlouqueceu a
cabeça dos colegas em Kiev e os converteu em histéricos sedentos de sangue é
fundamentalmente errado. Entre os colegas em Moscou também surgiu número
incrível desse mesmo tipo de histéricos”
O objetivo
desse artigo é dar um passo para fora da histeria e analisar friamente a
situação na Ucrânia.
Começo pelos
necessários esclarecimentos em vários tópicos emocionalmente importantes:
Por que não
há intervenção militar russa?
Igor Strelkov |
Se esse
artigo tivesse sido redigido há alguns poucos dias, parte significativa dele
teria de ter sido dedicada a explicar por que enviar tropas à Ucrânia era não
adequado; e que seria simples e puramente estúpido, mesmo depois do
referendo. Por felicidade, o comando da Resistência em Slaviansk, Igor
Strelkov, deu conta dessa missão melhor que eu: em sua mensagem por vídeo, ele
claramente falou da inércia da população local de Lugansk e Donetsk em termos
de ação real para defender os próprios interesses contra a Junta.
Antecipando
discussões sobre o referendo, apresso-me a dizer que fazer uma marca na cédula
de voto é certamente ótimo, mas não é muito diferente de outros tipos de
comportamento de manada – como o “curtir” [ing. “like”] de Facebook. Porque
a marquinha “curtir” que se faz na célula do referendo não muda coisa alguma. O
referendo foi ação necessária, mas não suficiente.
O quanto o
Kremlin estava preparado para os eventos na Ucrânia e o quanto está tendo de
improvisar, mesmo agora?
Aconselho
que leiam o telegrama
distribuído por WikiLeaks [1]
–
no qual se lê que o Kremlin já apontara claramente aos EUA em 2008 os
cenários que se veem hoje em campo:
Especialistas nos dizem que a Rússia está
particularmente preocupada com as fortes divisões que se veem na Ucrânia sobre
o país integrar-se ou não à OTAN, com grande parte da comunidade russo-étnica
posicionada contra a integração, o que pode levar a divisão do país, o que
implicará violência e, no pior dos casos, guerra civil. Naquele caso, a Rússia
terá de decidir se intervirá ou não; e é decisão que a Rússia não deseja ter de
encarar.
É lógico
assumir, portanto, que esse desenvolvimento absolutamente não foi surpresa para
o Kremlin, e que agora estamos num script ainda mais desagradável, mas com
menos nuanças: alguma coisa equivalente a um “Plano E”.
Para
compreender o que o Kremlin fará a seguir, fixemos alguns objetivos:
- Não permitir que a Ucrânia seja incorporada à OTAN.
- Não permitir o estabelecimento e a estabilização, na Ucrânia, de um regime russófobo (o que pressupõe a des-nazificação).
- Não permitir o genocídio da população russa do sudeste.
Idealmente,
é indispensável implementar simultaneamente os três objetivos, ao mesmo tempo
em que, enquanto são implementados, a economia russa não quebre, no momento em
que vai sendo reorientada para a Ásia; e é preciso, também ao mesmo tempo,
impedir que os EUA façam avançar seus objetivos econômicos à custa da União
Europeia.
Como se podem
alcançar todas essas metas?
Consideremos
o cenário mais simples, e vejamos quais são as vulnerabilidades e as
consequências negativas:
— Suponhamos
que o exército russo entre na Ucrânia e, alguns dias depois, chegue a Kiev; e
que, na sequência, logo assuma o controle de toda a Ucrânia. “Patriotas”
festejarão muito, haverá desfiles na Khreschatyk e coisa-e-tal.
— Parecerá
que os três objetivos acima teriam sido alcançados, mas teriam simultaneamente
emergido os seguintes problemas:
1. Na União Europeia, a elite empresarial
europeia já pisou delicadamente no pé de seus políticos e meteu o pé nos freios
em relação às sanções; e o “Partido da Guerra” (também chamado “Partido dos
EUA” ou, melhor dito, “Partido da Pax Americana”) vence bem
evidentemente. Contra a Federação Russa, o efeito máximo de sanções reais
aconteceu contra as próprias economias europeias, que entram em recessão. Mas
não é evento que gere júbilo.
Cuidado com as minhas sanções! |
Nesse
contexto, os norte-americanos podem forçar a assinatura da versão
norte-americana da “Parceria Trans-Atlântica para Comércio e Investimento”
[orig. TTIP, Transatlantic Trade and Investment Partnership],
pacto comercial, que converte a União Europeia em apêndice da economia dos EUA.
Nesse
momento, as negociações daquele tratado estão em andamento e, para os EUA, a
entrada de tropas russas na Ucrânia seria presente caído dos céus.
Sanções
contra a Rússia destruiriam negócios europeus, e barreiras comerciais e de
negócios contra os EUA completariam o serviço. No final, teríamos o quê? A
União Europeia em estado semelhante a um pós-guerra; os EUA em festa e uniforme
de gala, absorvendo mercados europeus nos quais não teriam concorrentes, nem
agora, nem em curto prazo; a Federação Russa em situação que deixaria a
desejar, longe da sua melhor forma. Alguém ainda não percebeu que, nesse
contexto hipotético, o bobo da roda absolutamente não são os EUA?
Aliás, nem
é preciso levar em consideração os argumentos de que os políticos europeus “não
cometeriam” suicídio econômico. Os euroburocratas são capazes, sim, de cometer
qualquer coisa, isso e coisa pior que isso, como a prática mostra.
2. À parte o fato de que o Kremlin
estaria prestando um serviço a Washington, é preciso considerar o que
aconteceria à própria Rússia.
• Se as
sanções tivessem incapacitado a Rússia antes de ser assinado o megacontrato de
30 anos com a China, nesse caso a China estaria em condições de negociar a
partir de uma posição de força. De fato, estaria em posição ideal para fazer
chantagem (o que se observa mesmo assim no comportamento da China, embora não
claramente).
• Se as
sanções tivessem incapacitado a Rússia antes de ser assinado o megacontrato de
petróleo com o Irã, mediante o qual a russa Rosneft controlará 500 mil barris
adicionais de petróleo por dia, o Irã estaria em condições de negociar a partir
de uma posição de força.
• Todas as
tentativas subsequentes de construir qualquer coisa, até receber as importações
de que os russos precisamos agora, nos custariam muito, muito caro.
• Se as
sanções tivessem incapacitado a Rússia antes da assinatura do acordo que cria a
Comunidade Econômica Eurasiana, avaliem o trunfo com que contariam Lukashenko e
Nazarbayev, para torcer o braço de Putin nas negociações. Um pouco mais
disso, e Moscou, para criar a Comunidade Econômica Eurasiana, teria de pagar
pelo próprio petróleo!
Ashton (UE): "Sanções contra a Rússia" Putin: "Agito das Bucetas!" |
3. A Federação
Russa teria de assumir total responsabilidade pela restauração da economia
ucraniana e pela des-nazificação: e onde encontrar número suficiente de
“des-nazificadores” (...[2]) para lutar
contra grupos compactos de nazistas ucranianos, que terão apoio e suprimentos
vindos do exterior?! Tudo isso somado, é claro que esse cenário muito beneficia
os EUA e a China.
Caberiam à
Rússia: uma sensação profunda de satisfação moral, problemas econômicos a
resolver e anos de amaldiçoamentos futuros, que virão dos “generosos” (щирых)
ucranianos, infelizes com “a vida sob ocupação”.
Quais os
pontos vulneráveis da Rússia, no tempo?
- Contrato de gás com a China (maio-junho) (assinado dia 21/5/2014!)
- Contrato de petróleo com o Irã no verão (por isso os EUA levantaram o embargo, com a Rosneft muito intimamente conectada à British Petroleum, e nem tanto à Exxon Mobil. E para onde flui o petróleo? Para a China).
- Importante! Eleições para o Parlamento Europeu, que dará muitos votos a eurocéticos aliados da Rússia. Depois da eleição, reunir-se-á uma Comissão Europeia de composição muito diferente, com a qual será mais fácil trabalhar (eleições marcadas para 25 de maio). E ainda mais importante: depois do contrato de gás assinado com a China, será mais fácil empurrar a favor do [oleogasoduto] South Stream (Ramo Sul), os deputados recém eleitos.
- Coleta de todos os documentos/autorizações/licenças/etc. para a construção do [oleogasoduto] South Stream (Ramo Sul) – em maio/2014.
Oleogasoduto South Stream (em azul) |
Isso é o
que se pode ver a olho nu, mas há outros aspectos muito importantes, os quais,
contudo, são difíceis de distribuir claramente em cronograma:
1.
Transição para pagamentos em rublos, por
energia. Petróleo e gás não são sacos de batatas: o fornecimento depende de
contratos de longo prazo e que não podem ser alterados unilateralmente, e
exigem muito trabalho cada vez que têm de ser substituídos, ou, mesmo, apenas
alterados.
2.
Transição para cotar preços em rublos, por
energia (para negócios em rublos) nos mercados russos – é trabalho
absolutamente enlouquecedor, além de ser muito, muito trabalho, por várias
razões, uma das quais é que é trabalho que jamais foi feito antes, nem esse nem
algum trabalho semelhante a esse.
3.
Um sistema próprio de pagamentos.
4.
Preparação para substituição de importações
ou melhora do trabalho que fazemos com fornecedores asiáticos (mas não é ação
em contexto de emergência).
Essa lista
prossegue. Até aí só o que consigo ver, e o Kremlin tem horizontes muito mais
amplos.
Acrescentem-se
aí interessantes iniciativas do Ministério de Relações Exteriores, que não está
sentado ocioso, de braços cruzados.
Grigory Karasin |
Por
exemplo, o vice-ministro [de Relações Exteriores] Karasin esteve em Doha dia 6
de maio, em reunião com a elite qatari. Os resultados desse encontro, em minha
opinião, são grande, enorme, surpresa. Segundo o Ministério de Relações
Exteriores, o emir do Qatar declarou que muito aprecia a “política regional convincente
e coerente da Federação Russa” – o que é altamente surpreendente, em país que
não apenas é aliado dos EUA e braço político da Exxon Mobil no Oriente Médio
como, também, é 100% adversário da Federação Russa na Síria.
Mas fato é
que a caixa afinal foi aberta: os sonhos dos EUA de inundar o mundo com gás
barato são sentença de morte para os sonhos de riqueza infinita do Qatar e sua
elite. Sem preços ultra-altos para o gás, o Qatar não apenas perde qualquer
esperança de grandeza regional, mas vira, ele próprio, cadáver. Doha
reorienta-se rapidamente e já está oferecendo proposta que interessa: “Ao mesmo
tempo [o emir do Qatar] enfatizou a importância de acelerar a coordenação do
Fórum de Países Exportadores de Gás [orig. Forum of Gas Exporting Countries
(GECF)” – cuja próxima reunião de cúpula acontecerá (que coincidência!) no
Qatar.
Fórum de
Países Exportadores de Gás é organização que inclui Rússia, Irã, Qatar,
Venezuela, Bolívia e outros exportadores, e que o Kremlin, por muito tempo, mas
sem sucesso, tentou converter em entidade “do gás”, análoga à OPEP. Talvez
tenha chegado afinal a hora certa para um potencial cartel de gás. Para
começar, os três maiores exportadores: Rússia, Qatar e Irã têm agora interesses
muito assemelhados e devem conseguir trabalhar juntos para assumir partilhar e
o mercado e os dutos do gás natural liquefeito. Esse cartel de gás, ainda que
em formato reduzido (só com Federação Russa, Qatar, Irã) controlará no mínimo
55% das maiores reservas mundiais de gás e terá oportunidades significativas
para influenciar fortemente os mercados de energia da União Europeia e Ásia.
É claro que
tal projeto envolverá muitos problemas e enfrentará oposição, não há qualquer
garantia de que venha a funcionar. Mas é importante ver que Moscou trabalha
ativamente à procura de oportunidades das quais obtenha mais vantagens estratégicas
na luta contra os EUA.
Espera-se
que agora já esteja bem claro os itens aos quais o Kremlin está dedicando mais
empenho – o que está tentando obter da situação ucraniana, e por que são itens
que interessam.
Voltemos
aos problemas diretamente relacionados à Ucrânia, para constatar que nem a
implementação de todos os projetos importantes de política exterior ajudará na
des-nazificação de Kiev ou fará com que tropas russas ou o exército rebelde de
Novorossia sejam bem recebidos sequer na região central. Se o exército de
Novorossia já tem problemas com mobilizar combatentes em Lugansk e Donetsk,
trabalhar nas regiões zumbificadas será muito, muito difícil.
Mesmo assim,
parece que, para combater ao lado da Federação Russa, logo aparecerão o “Coronel
Fome” e as “Forças Especiais da Hiperinflação” – que mudarão dramaticamente o
equilíbrio do poder.
A economia
ucraniana está acabada. Dada a semeadura desastrosa da primavera, as colheitas
de legumes destruídas (congeladas), a falta de crédito, problemas com o gás, o
salto no preço dos combustíveis, pode-se dizer com segurança que a economia
virá como a besta do norte, com toda a força e toda a fúria. Ninguém dará
dinheiro à Junta de Kiev, nem o FMI, que prometeu algo em torno de US$17
bilhões (exatamente 50% do que a Ucrânia necessita para esse ano), mas incluiu no
contrato uma “cláusula de escape”: se Kiev não controlar as regiões, Kiev não
receberá um centavo. Fome, frio e hiperinflação (causada pelo colapso da hryvnia
[moeda ucraniana], operarão ativamente para debilitar a Junta de Kiev corrigir a mente dos “generosos” [shchirykh] ucranianos: não passarão a
amar a Rússia, mas verão que é fatalmente necessária. E também fatalmente começarão
a recordar os tempos de Yanukovich como uma doce era de sonho já hoje
inalcançável [por ação da Junta de Kiev].
O caos
inevitável e o total colapso das estruturas sociais, combinados à guerra de
baixa intensidade, asseguram que a OTAN não aceitará a Ucrânia, uma vez que a
Europa, então, já estará “nos trilhos” e nem os políticos medianamente
moderados dos EUA farão movimento algum, o que obviamente não levaria a nenhuma
vitória norte-americana e só faria arrastar o país para uma guerra atômica.
Além do mais,
no contexto de total colapso econômico, para os mineiros, os trabalhadores
metalúrgicos e outros camaradas que estão hoje firmemente agarrados aos
empregos, por medo de perdê-los e na esperança de “conseguir sobreviver e
manter-se sempre (à beira do precipício, mas, pelo menos, não no fundo do
precipício)”, já não haverá sequer essa possibilidade. Terão de participar de
uma forma ou outra, nos problemas políticos e econômicos da Nova Rússia. E
provavelmente terão de participar também em armas.
Ao mesmo
tempo, Poroshenko-nomeado-pela-Junta de Kiev, imposto (ao país) pela União
Europeia, terá forte incentivo para fazer concessões, para conseguir negociar
com Moscou. A nova Comissão Europeia, que precisa de paz no leste e de trânsito
estável para o gás, estará empurrando Poroshenko nessa direção.
Petro Poroshenko em seu discurso da vitória |
Poroshenko
também será empurrado nessa mesma direção por levantes da sociedades causados
pelo Coronel Fome e por Hiperinflação, o Sabotador.
Todos esses
fatores, em resumo, abrem grandes oportunidades para o Kremlin reformatar a
ex-Ucrânia em algo apropriado aos interesses da Federação Russa. Esse é
precisamente o cenário que os EUA tentam evitar; e é por isso que os EUA têm
sérias razões para acelerar a translação do conflito para fase “mais quente”,
com uso de tropas e derramamento massivo de sangue.
Se se somam
o tempo necessário para que a Fome aja, e o tempo necessário para resolver
problemas de política externa em termos de estabelecer o trabalho com China,
Irã, sair do dólar, substituição de importações, etc. (em termos calculados
muito em geral), pode chegar à conclusão de que se precisa de algo bem próximo
de 5-9 meses (o que nos leva àquele mesmo dezembro pelo qual Yanukovich tentou
negociar) para oferecer soluções à questão ucraniana e outras, de modo a obter
vantagem máxima para a Rússia.
Durante
esse período, é preciso que se preserve a Ucrânia, no mínimo, num estado de
guerra civil (i.e., apoio aos partidos da Nova Rússia, mas não é necessário
tomar Kiev depressa demais de modo a não criar problemas adicionais
desnecessários) e idealmente, combinado com a guerra civil, negociações
prolongadas, enroladas, dentro da Ucrânia, com a participação de observadores
internacionais, algo semelhante ao formato 2 +4, quer dizer: Poroshenko +
Tsarev + Rússia, União Europeia, OSCE, EUA.
E o toque
final. Em meses recentes, os EUA seguraram a rédea de sua prensa de imprimir
dinheiro, reduzindo a impressão de papel-dinheiro, de 85 para 55 bilhões de
dólares por mês. Muitos
e muitos esperam, que a máquina seja completamente desligada até o
final desse ano. – Outra vez, o mesmo próximo mês de dezembro. – Isso é
impossível, porque o dólar, dado que é a principal moeda internacional, não
pode ser impresso indefinidamente.
Imprimindo tantos DÓLARES que logo só vão servir pra limpar seu traseiro |
Segundo
várias estimativas, os EUA já usaram quase completamente o “recurso força” do
dólar, o que lhes permitiu fazer o diabo com a máquina (financeira). Além do
mais, corolário e efeito inevitável desses truques é a redução de juros sobre
os papéis dos EUA, o que, por um lado, ajuda Washington a pagar menos por suas
dívidas, mas, por outro lado, está destruindo todo o sistema de aposentadorias
dos EUA e o sistema de seguros, construído sobre a expectativa de retornos
muito diferentes dos seus portfólios.
Em termos
muito gerais, é o mesmo que dizer que, à altura do final do ano, os EUA poderão
escolher entre explodir o sistema de assistência social para manter a máquina
de imprimir dinheiro, ou reduzir enormemente o apetite dos que vivem de
imprimir dinheiro, para preservar alguma chance de estabilidade em casa.
A julgar
pela redução da quantidade de dólares que está sendo jogada dentro do sistema,
Washington decidiu que impedir uma explosão é mais importante que suas ambições
de política externa.
Agora, para
completar o quebra-cabeças, aqui vão nossas previsões:
- Os EUA tentarão por todos os meios agravar a crise na Ucrânia, para enfraquecer a Rússia e pôr todo o mercado europeu sob seu “controle”, antes de ter de parar as máquinas que imprimem dinheiro.
- O Kremlin tentará traduzir a crise na Ucrânia, da forma aguda para a fase crônica (guerra civil, mais negociações arrastadas, em pleno colapso econômico da Ucrânia). Ao mesmo tempo, o Kremlin usará o tempo para criar condições favoráveis para a transição para a confrontação aguda com os EUA – o trabalho de separar-se do dólar com China, Irã, Qatar, criação da Comunidade Econômica Eurasiana, etc..
- Fim total da crise em dezembro de 2014, possivelmente antes, se os EUA desistirem de tentar exacerbar as hostilidades.
- E se os EUA não desistirem? – Nesse caso... uma grande, grande guerra... guerra por recursos, porque, como já se sabe, o tal “boom” do gás de xisto/fracking não passava de bolha, das mais ordinárias.
Notas dos tradutores
[1] Telegrama assinado pelo Emb. William J. Burns dos EUA e intitulado “
‘Não’ é ‘não’: os russos não admitirão nenhum movimento de ampliação das linhas
vermelhas da OTAN” – datado de 1/2/2008 (ing.).
[2] Trecho cujo significado metafórico não
conseguimos decifrar: “[where to get the needed number of
“denazifiers”] in “dusty helmets” (if anyone has forgotten, according to
Okudzhava, it was the commissars in dusty helmets that bent over the dead hero
of the Civil War)”.
[3] Original. em
russo, recomendado e traduzido ao inglês em The Vineyard of the Saker,
1/6/2014. Aqui se traduziu a versão em inglês. Todas as
correções e traduções complementares colaborativas – sobretudo de leitores de
russo que tenham acesso ao texto original – são
bem-vindas.
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