9/6/2014, [*] Paul Craig Roberts – Institute for Political Economy
Traduzido por mberublue
David Cameron "poodle" de Barack Obama |
Em minha coluna de seis de junho, “As
mentiras tornam-se mais e mais audaciosas...” mencionei que Obama e o
primeiro ministro britânico, o “poodle” de Obama, da mesma maneira que Bush
tinha seu “poodle” britânico, Tony Blair, conseguiram celebrar a derrota do
nazismo alemão no aniversário dos setenta anos da Normandia sem mencionar os russos.
Salientei o fato de que, como bem sabem os historiadores e
pessoas instruídas, o Exército Vermelho já tinha derrotado o nazismo alemão bem
antes que os Estados Unidos sequer estivessem aptos a participar da guerra. Com
certeza a invasão da Normandia não foi o fato que derrotou os nazistas. O que
na realidade a invasão da Normandia evitou foi que o Exército Vermelho se
derramasse por toda a Europa.
Como já ressaltei em outras colunas, alguns norte
americanos, se não muitos, têm crenças que não são baseadas em fatos, mas em
emoções. Então, eu sabia que minha coluna deixaria pelo menos uma pessoa
furiosa... e ficou. JD, do Texas, escreveu para me elucidar. Foram “nossos
rapazes americanos” e mais ninguém, que ganharam aquela guerra. JD nem tem
conhecimento de que os russos estiveram na mesma guerra.
Antes de fazer o papel de palhaço, JD poderia ter
consultado uma enciclopédia, ou um livro de história, ou mesmo entrar na
internet e consultar a Wikipedia. Mas não. Ele preferiu descarregar sua raiva
em mim. JD é o exemplo perfeito da política externa dos Estados Unidos:
intrometer-se em cada luta da qual você não sabe patavinas, fazer um grande
escarcéu e ficar com os créditos da luta que outros venceram.
George W. Bush |
De repente me dou conta de que a IIª Grande Guerra
aconteceu há tanto tempo que restam poucas pessoas vivas que se lembram dela e
a esta altura até mesmo esses poucos provavelmente recordam a versão de
propaganda política que eles têm ouvido a cada comemoração do Memorial Day e 04 de Julho desde 1945. Não
é de se admirar que nem Obama nem Cameron ou os idiotas que escrevem seus
discursos não saibam coisa alguma sobre a guerra que estão comemorando.
Propaganda política sempre foi o nosso forte. A diferença é
que hoje, em pleno século XXI, nós só temos a propaganda política. Mais nada.
Só mentiras. Mentiras se tornaram a especialidade dos norte americanos. Tal
como é, o mundo real é desconhecido para a maioria dos norte americanos.
Em 1973 a
televisão britânica exibiu uma série de documentários que relatam a Segunda
Grande Guerra. Dos 28 episódios, em apenas três deles e em uma parte de um
quarto episódio reconhecem a participação russa na guerra. Do ponto de vista
britânico a vitória foi Anglo Americana.
Para o governo Soviético, isso não ficou bem. Seus arquivos
de filmes sobre a guerra foram oferecidos ao ocidente. Em 1978 um
seriado-documentário composto de 20 episódios de 48 minutos cada um, narrado
por Burt Lancaster, foi exibido na TV dos EUA . O título do documentário era:
“A guerra desconhecida”.
Criados ouvindo propaganda política como são os cidadãos
americanos, com certeza a guerra era para eles uma completa desconhecida.
O documentário “A guerra desconhecida” foi como uma
revelação para os norte americanos porque demonstra sem margem para dúvidas que
os nazistas da Alemanha perderam a IIª Grande Guerra no front russo. Dos 20 episódios, “Os Aliados”, isto é, os Anglo-Americanos
e a França livre aparecem apenas no de número 17. Mas um em vinte não passa da
proporção correta para a participação do ocidente na derrota da Alemanha
Nazista.
Se
você pesquisar na internet, encontrará “A guerra
desconhecida” com apenas uma entrada na Wikipedia. Pode ser que a série
ainda esteja disponível no YouTube.
Ela foi retirada do ar quando a União Soviética invadiu o Afeganistão, uma
besteira que ocorre repetidamente, provocada por beócios dos EUA. Para
Washington, era mais importante demonizar a União Soviética que qualquer
verdade histórica ser apresentada. Por isso, a verdade documentada na série “A
guerra desconhecida” foi expulsa da TV dos Estados Unidos.
Posteriormente, o documentário reapareceu no History Channel. O segundo capítulo (do total de 20 e já
disponibilizados no DailyMotion), “A
Batalha de Moscou”, pode ser assistido a seguir (em inglês e sem legendas):
Em meu artigo de 6/6/2014 eu disse, de acordo com o consenso
entre historiadores, que a Alemanha Nazista perdeu a guerra em Stalingrado. Em seu artigo artigo de 6/6/2011, no Global Research: “Hitler’s
Failed Blitzkrieg against the Soviet Union. The “Battle of Moscow” and Stalingrad: Turning Point of World War II”
o
historiador Dr. Jacques R. Paulwels diz que a Alemanha perdeu a guerra 14 meses
antes, na Batalha de Moscou (narrada acima) em 12/1941. É uma boa argumentação.
Concorde-se ou não com ele, os fatos que apresenta são reveladores para os
“americanos excepcionais, indispensáveis” que acreditam piamente que sem eles,
nada acontece.
A invasão da Normandia, em junho de 1944 aconteceu 2,5 anos
depois que a Alemanha perdeu a guerra na Batalha de Moscou. Como os
historiadores tornaram claro, em junho de 1944 a Alemanha tinha bem
pouco com o que lutar no front ocidental.
Tudo o que sobrou do exército alemão estava no front oriental.
Na comemoração dos setenta anos da invasão da Normandia, na
França, Obama informou ao seu capacho francês, o presidente Hollande, que ele,
Obama, o governador do país excepcional, não se sentaria à mesa para jantar com
Putin, o russo. Norte americanos são bons demais para comer na companhia de
russos. Daí, Hollande tinha que promover dois jantares. Um para Obama, outro
para Putin. A comida francesa ainda é muito boa, graças ao banimento dos
alimentos geneticamente modificados e provavelmente Hollande não se importou.
Eu mesmo gostaria de estar nos dois jantares, mesmo para comer sozinho.
Como
geralmente acontece com toda a notícia que é realmente importante, o jantar
para Putin e o que significa não foi objeto da atenção da mídia presstituta americana, a maior coleção
de putas que há no mundo. Se não me falha a memória, normalmente os russos são
deixados de lado nas comemorações sobre a Normandia. Afinal de contas, a guerra
foi ganha no ocidente, o que é que os russos têm a ver? Nada, é claro. “Nossos
rapazes” fizeram tudo, como bem me informou JD. Russos? Que russos?
Ocorre que desta vez a França convidou Putin para as
celebrações. Putin não foi orgulhoso. Compareceu. Nas horas de folga, Putin
conversou com políticos europeus, e esses políticos tiveram a oportunidade de
ver uma pessoa real, não uma farsa ambulante como Obama.
A superioridade flagrante da diplomacia russa sobre a de
Washington é clara como água para todos. A posição de Putin é: “estamos juntos
nisso. Podemos resolver as coisas”. A posição de Washington é: “obedeça ou será
bombardeado até voltar à idade da pedra”.
Vladimir Putin |
A Rússia acolhe seus estados clientes. Washington não.
Putin disse que está disposto a trabalhar para resolver as coisas com o
corrupto bilionário imposto por Washington para governar a Ucrânia, enquanto
Washington forçou os búlgaros a parar os trabalhos de construção do gasoduto South Stream. Este gasoduto para
transporte de gás natural, evita a Ucrânia e passa sob o Mar Negro indo até a
Bulgária. Como a Ucrânia, o novo estado fantoche de Washington não pagou nem
paga sua dívida bilionária (US$ 17 bilhões até 31/4/2014) de gás natural à
Rússia e ameaça romper os gasodutos para a Europa com o propósito de roubar o
gás que seria destinado aos europeus, a Rússia, apesar das sanções do ocidente,
preparou-se para construir um novo gasoduto dirigido à Europa, com a finalidade
de que os europeus não necessitem desligar as máquinas de suas indústrias, não
congelem no inverno e não tenham a economia em colapso por necessidades
energéticas não supridas.
Para Washington, o compromisso de Putin com a Europa não
passa de uma ameaça e trabalha para evitar qualquer fluxo de energia da Rússia
para a Europa.
Contrastando com a posição de Putin, a posição de
Washington é: Não damos a menor importância para nossos fantoches europeus.
Como o resto da humanidade, os fantoches europeus não contam e são
dispensáveis, um mero dano colateral na guerra do país indispensável pela hegemonia
mundial.
Tudo o que importa para Washington é causar algum tipo de
dano para a Rússia, sem se importar com os danos causados aos seus regimes
fantoches na Europa Ocidental e Oriental, o que inclui o imbecil governo
polonês, talvez o único governo em cima do planeta Terra que seja ainda mais
idiota que Obama.
Washington está tentando fortemente interromper as relações
econômicas da Europa com a Rússia. Prometeu suprir à Europa com gás natural dos
Estados Unidos, obtido através da exploração do gás de xisto. A promessa é mais
uma mentira, como é mentira tudo o que Washington diz.
Barack Obama |
Em 20/5/2014 o jornal Los
Angeles Times relatou que:
(...) as
autoridades federais cortaram em 96% a expectativa de óleo recuperável no
grande depósito de xisto de Monterey. A formação de Monterey de petróleo de
xisto contém cerca de dois terços da reserva total dos Estados Unidos e desta
reserva, apenas 4% é recuperável.
Quanto ao gás, William Engdahl relatou que, no melhor dos
mundos, os Estados Unidos tem cerca de 20 anos de gás natural recuperável
através do fracking, e que o preço
desta extração será a degradação das águas de superfície e subterrâneas dos
Estados Unidos. Especialistas assinalaram que a infraestrutura para transportar
o gás natural dos Estados Unidos para a Europa ainda não existe e que demorará
três anos para que essa infraestrutura seja construída. O que fará a Europa por
três anos enquanto espera pela energia dos Estados Unidos para substituir a
energia cortada da Rússia? A Europa ainda estará lá?
Que os vassalos europeus dos Estados Unidos tomem nota:
Washington está preparado para destruir a economia de seus vassalos a fim de
marcar pelo menos um ponto contra a Rússia.
Como é possível que até agora a Europa ainda não tenha
entendido como pensa Washington? Aquele saco de dinheiro deve ser bem grande.
Como já disse aqui muitas vezes um Secretário Assistente de
Defesa para Assuntos Internacionais de Segurança me falou anos atrás que
Washington compra políticos europeus com sacos cheios de dinheiro. Resta saber
se os “líderes” europeus estão dispostos a sacrificar seus povos e suas
reputações para se tornarem cúmplices na guerra que Washington está planejando
contra a Rússia, uma guerra que pode significar o fim da vida na Terra.
A Europa está sendo convocada. Se os líderes disserem a
Washington “não acontecerá, esquece!” o mundo estará salvo.
Se, ao invés disso, os políticos europeus quiserem o
dinheiro, o mundo estará condenado.
Os europeus seriam os primeiros a ir.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de
abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators
Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração
Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics.
Ex-editor
e colunista do Wall Street Journal,Business Week e Scripps
Howard News Service. Testemunhou perante
comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica.
Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch
e no Information Clearing House, escrevendo extensamente sobre os
efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra
contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos
americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido
processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos,
opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as
políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do
Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com
pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton,
Oxford University.
Ganhei o dia!
ResponderExcluirVenho, há mais de 30 anos, defendendo, e pagando o preço, que a Alemanha perdeu a guerra na batalha de Moscou; que se não fosse a URSS, Portugal hoje falaria alemão; que se não houvesse o desembarque na Normandia, Portugal hoje falaria russo e que a Polônia teve e tem, desde a década de 30, um dos governos mais imbecis do mundo; um país pobre, reacionário, cuja enorme fraqueza só é superada pela monstruosa arrogância.
É bom, pelo menos uma vez, ver que alguém como Paul Craig Roberts e o Jacques Paulwels(*) concordam comigo pelo menos em parte...
(*) - apesar deste ter escrito aquela porcaria de "Despertar dos mágicos".
[]'s
Perdão Fouché, mas
ExcluirO Despertar dos Mágicos é um livro de ficção escrito em 1960 por Louis Pauwels e Jacques Bergier, descrevendo vários fenômenos paranormais. Jacques Powels é historiador...
Abraço
Castor
Tem razão, Castor.
ExcluirEu estupidamente misturei os nomes: peguei o primeiro nome de um e o sobrenome do outro (deveria ter olhado a capa do livro pra confirmar).
Deve ser a idade. Tenho que tomar cuidado, pois na próxima vez talvez eu acabe escrevendo Louis Bergier...
[]'s
Percebe-se que não apenas os norte-americanos têm uma ideia equivocada da Segunda Guerra Mundia, mas grande parte do ocidente. Ainda com toda aversão a Stalin, o historiador Laurence Rees não consegue omitir o protagonismo da URSS na vitória desta grande guerra em seu livro "Stálin, os Nazistas e o Ocidente". A história recontada pelos nossos professores infelizmente ainda é carregada de ideologia norte-americana.
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