31/5/2014, Yuri BARANCHIK, Strategic Culture
Traduzido pelo pessoal da
Vila Vudu
Os
especialistas ainda discutiam os resultados da cúpula histórica Rússia e China
e o estrategicamente importante acordo de gás assinado dia 21/5/2014, quando
outro evento não menos importante aconteceu, dia 29/5/2014. Em Astana, os
presidentes de Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão assinaram o tratado para
criar a União Econômica Eurasiana (UEE), também conhecida como União Eurasiana
(UEa) [orig. Eurasian Union (EaU)],
que entrará em vigência dia 1º de janeiro de 2015.
“Estamos
criando hoje coletivamente um poderoso e atraente centro de desenvolvimento
econômico, um grande mercado regional que reúne mais de 170 milhões de
pessoas”, disse o presidente Vladimir Putin da Rússia, acrescentando que a
união abriga um quinto de todas as reservas mundiais de gás e cerca de 15% das
reservas de petróleo do mundo. Além do que, Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão
têm bem desenvolvida base industrial e mão de obra qualificada.
O PIB total
da UEE está em cerca de US$ 2,6 trilhões. As barreiras alfandegárias serão
eliminadas, unindo os mercados de bens, serviços e mão de obra. Em 2015, o
processo de gradual unificação de energia, transporte, sistemas financeiros e
econômicos começará a criar as condições para mudarem todos para uma única
moeda. O PIB agregado dos estados que constituem a União Econômica Eurasiana
aumentará cerca de US$900 bilhões em 2030 – como disse o presidente do
Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev.
Alguns
pontos sensíveis nas relações bilaterais foram resolvidos, como os relacionados
ao álcool e ao tabaco entre Rússia e Cazaquistão, e aos custos de alfândega
para o petróleo entre Rússia e Bielorrússia. Os países fizeram algumas
concessões e, em troca, obtiveram vantagens. Todas as partes sabem bem que o
efeito geral positivo ultrapassa, em muito, qualquer possível perda pontual.
Viktor Khristenko |
Planeja-se
ter mercado unificado de energia até 2019 e mercado de petróleo e gás até 2025.
O presidente da Comissão Econômica Eurasiana, Viktor Khristenko, disse que as
regras unificadas que entrarão em vigência são resultado de esforços
coordenados. Observou que o tratado atualizou as metas e as ferramentas para
que se alcancem quatro liberdades de movimento: de bens, serviços, capitais e
mão de obra. “Por exemplo, o tratado toca em áreas que antes sempre foram
deixadas esquecidas fora do projeto de integração, a saber, energia, petróleo e
gás. O tratado claramente fixa o objetivo de formar um mercado comum e, também,
um cronograma preciso” – disse o presidente da Comissão Econômica Eurasiana.
Disse também que 2025 não é apenas uma data demarcada sem compromisso; e que há
muito trabalho para chegar como se deseja, até lá. Por exemplo, em 2016 os
estados-membros passarão a adotar um conceito político comum para os mercados
de petróleo, derivados do petróleo e gás.
O processo
de integração de mercados financeiros estará concluído em 2025. Em janeiro de
2016 os governos devem apresentar o plano para harmonizar a legislação
setorial. Regras comuns para bancos, corretores e autorizações para seguros
devem estar fixadas em 2017, para serem mutuamente reconhecidas depois de 2020.
Espera-se que a unificação das regulações para supervisão de bancos, empresas
de seguros e firmas de corretagem esteja pronta em 2019.
A introdução
da moeda única ainda não está na agenda. Segundo o serviço de imprensa da União
Econômica Eurasiana, as estimativas mostram que aquele nível de integração
econômica não é suficiente para a introdução de moeda única e assim
permanecerá, pelo menos, até 2025.
A união
monetária é a mais alta forma de integração a ser alcançada depois de tomados
os passos microeconômicos coordenados, particularmente a adoção de política
econômica comum, com o objetivo de criar um único mercado financeiro, esperado
para 2020. Indispensável é, isso sim, a convertibilidade direta das moedas. E
devem ser eliminadas todas as fases
intermediárias de pagamentos em que se usem o dólar e o euro.
A segunda queda do US$ |
Apesar de os
presidentes terem evitado comentários diretos sobre o significado político do
Tratado de Astana, é evidente que se trata de evento de alta importância, com
influência na política mundial. O acordo de larga-escala de venda de gás
Rússia-China também tem alto significado político. É prova de que toda a conversa
sobre a Rússia estar sendo “isolada” não passa de palavrório oco; o mundo dos
negócios não fala a língua das sanções à moda Washington.
Há uma nova
entidade econômica emergindo na Eurásia, com seus próprios interesses e metas.
Facilitará a proteção de interesses econômicos dos membros. Mais dois países –
Quirguistão e Armênia planejam unir-se à UEE ainda esse ano. A União Econômica
Eurasiana está localizada no coração do continente europeu. É difícil
implementar grandes projetos econômicos sem considerar os territórios dos
estados-membros.
A nova
associação fortalece a posição dos membros, no diálogo deles com EUA e Europa.
Depois de Xangai e Astana, ninguém mais poderá continuar a ver a Eurásia como “tabuleiro
de xadrez” no qual só os EUA movem peças e ditam caminhos.
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