6-8/6/2014, [*] Andre Vitcheck,
Counterpunch,
Traduzido por mberublue
O dragão enfrenta o neonazismo dos EUA |
Não é
prudente nem seguro enfiar barra de ferro em brasa em boca de dragão. Digam o
que disserem no ocidente sobre dragões, aqui na Ásia, o dragão é venerado, a
mais poderosa entidade da terra e do céu. Paciente e sensato, o dragão quase
nunca usa a força em primeiro lugar. Mas se desrespeitado ou agredido, pode
acontecer de ele revidar de forma determinada, forte, perigosa, mortal.
Aterrorizar
urso que dorme também é modo bem estúpido de agir. É evidente que se você desce
até a caverna de um urso que hiberna e põe-se a lhe cutucar a cabeça, que, pelo
menos, não espere coisa boa, quando o urso acordar.
Ocorre que
aparentemente a prudência não é obsessão dos que comandam atualmente o império.
Mesmo envolvidos sem parar em pequenos conflitos por todo o globo terrestre,
agora parece que se cansaram. A Líbia não foi o bastante, nem bastou o Congo.
Eles querem coisa grande, mas grande de verdade; ainda maior do que já conseguiram
há algumas décadas, como a destruição da Indochina inteira ou a ruína da
Indonésia.
Agora, o
império quer luta mortal com adversário poderoso que valha a pena.
Quer
cobrir o mundo inteiro com cadáveres insepultos, em vez de ajudar a construir
um mundo pacífico decente. Se puder fazer isso desta vez, como fez há setenta
anos, dezenas de milhões de pessoas, talvez muito mais, desaparecerão. Mais uma
vez, aí estão um urso e um dragão, a bater de frente com o fascismo e lutar
pela sobrevivência do mundo.
Os uivos
insanos da divulgação manipulada de fatos e ideias anti-Rússia e anti-China vêm
atingindo nível ensurdecedor, especialmente na Ásia. Os meios de comunicação
ocidentais disseminam mentiras, de maneira ostensiva, tanto pelos seus próprios
veículos como também por suas afiliadas nos estados que as hospedam e que são,
na sua maioria, propriedade de grandes empresas.
Agora,
Rússia e China estão sendo vilipendiadas, insultadas abertamente e
responsabilizadas pelo aumento das tensões na região da Ásia e do Pacífico, e
também pela escalada militarista. Toda a máquina de divulgação do ocidente está
agora trabalhando para demonizar China, Rússia e qualquer outro país
independente que a máquina considera oponente.
O urso russo acordou na Crimeia... |
O ocidente
está levando o mundo à guerra e a todas essas consequências. Só com muito
esforço, para não ver isso. Na frente das câmeras de televisão, desfilam
políticos, um após o outro, jurando fidelidade ao capitalismo, ao modo de vida
ocidental, ao regime, ou simplesmente ao império. Todos esses discursos
inflamados e depreciativos contra os que consideram “inimigos” são vergonhosos
e transparentes, mas ninguém ri deles, nem na América do Norte nem na Europa,
pois já estão virando norma.
A coisa
pode levar a uma guerra mundial, alertam muitos, para os quais o ocidente perdeu completamente o controle e
está pronto a promover um banho de sangue planetário, mais uma vez. Há um
quarto de século, as aparências indicavam que, com a quebra do bloco do leste
europeu, e com a China aparentemente seguindo curso cada vez mais capitalista,
o ocidente teria conseguido finalmente aquilo pelo qual lutou durante séculos:
total e absoluto controle do planeta inteiro.
Mas
recentemente, alguma coisa deu errado nos planos ocidentais. A América Latina
cresceu, e a maior parte dela se libertou, abandonando a Doutrina Monroe. A
China começou a implantar reformas socialistas nos serviços médicos, culturais,
educacionais e em muitas outras esferas. Já a Rússia, não se deixou intimidar
ou humilhar, lembrando tanto à Europa quanto aos EUA que ainda é forte como
sempre foi e não será pisada e humilhada como aconteceu antes, nos governos de
Gorbachev e Yeltsin.
Irã e
Coréia do Norte (que jamais atacaram país algum, na história moderna)
perceberam que a única maneira de não serem reduzidos a pó e sobreviver é ter e
desenvolver capacidade nuclear. Assim, todas essas nações, e são várias na
América Latina, além de China, Rússia e Irã, decidiram juntar forças e dizer:
“nunca mais”.
Nunca mais
permitir que o mundo desça ao horror do colonialismo ocidental.
O sonho
dourado do ocidente, de um mundo sem regras e sem oposição, começa a
desvanecer-se no ar. Será que o ocidente se arriscará a destruir o planeta, só
porque não será ele o único dono
Em 31 de
maio de 2014, a
agência de notícias Canadian CBC News
noticiou que “Stephen Harper atacou Vladimir Putin e o mal do comunismo”, referindo-se ao “longo discurso inaugural” que o
Primeiro Ministro canadense de direita proferiu em evento para angariar fundos
em Toronto. A linguagem do discurso “lembra o auge da Guerra Fria”.
Stephen Harper, MENTIROSO |
O
presidente dos Estados Unidos, de longe o país mais agressivo na Terra,
grotescamente prometeu “parar a agressão” da Rússia e da China, dois países que
não invadiram nenhum outro país nas últimas décadas.
Em
discurso cuidadosamente pensado para provocar a China, o Secretário da Defesa
dos Estados Unidos, Chuck Hagel, falou mais como delinquente, que como
autoridade de estado: “os Estados Unidos não desviarão o olhar, quando
princípios fundamentais da ordem internacional estão sendo desafiados”.
É o caso
de perguntar: Mas, afinal, que ordem? Estaria falando da ordem imposta por todo
o mundo por Washington e as capitais europeias, ao longo de séculos, à custa de
centenas de milhões de vidas humanas? Bela ordem!
Christopher
Black, advogado especialista em Direito Penal Internacional, com escritório em
Toronto, analisou a fala de Hagel:
O discurso do presidente Barack Obama na academia militar
de West Point, que teve como fulcro a política americana, que seria destinada a
conter a “agressão” de Rússia e China, foi imediatamente seguido pelo
Secretário da Defesa Hagel em Cingapura, no qual acusou a China de
desestabilizar a região do Mar do Sul da China, e foi acertadamente
caracterizado pelo tenente-general, Wang GuanZhong como cheio de “ameaças e
intimidações”. Mas aquele discurso manifesta a clara intenção dos Estados
Unidos de fazer guerra contra os dois países poderosos, os quais,
atrevidamente, estão-se desenvolvendo independentemente do domínio norte
americano.
Christopher Black |
Desde a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos têm
atacado a China em várias ocasiões; primeiro na Guerra da Coréia; depois, foram
décadas de tentativas de sabotagem e isolamento, culminando com o bombardeio da
embaixada chinesa pela OTAN em Belgrado, em 1999. Atualmente, a pressão
continua mediante a tentativa de desestabilizar a China por dentro, por vários
mecanismos de infiltração de grupos de “direitos humanos” na sociedade chinesa
e mesmo no contexto dos mecanismos administrativos e no exército chineses e de
uma propaganda política constante a fim de difamar a China e seu povo ao redor
do mundo. O impulso desta estratégia foi recentemente incrementada como os
recentes ataques de grupos fanáticos muçulmanos do oeste da China contra cidadãos
chineses nas principais cidades e centros de transporte. Além disso, houve
ataques de provocação contra interesses chineses no Vietnã, na Tailândia, nas
Filipinas e na África, finalizando com a recente e absurda acusação contra
oficiais militares chineses por supostos ciberataques.
Eventos recentes na Ucrânia mostram o ritmo acelerado e
agressivo das tentativas de cercar completamente a Rússia e a China, com avanço
da OTAN na direção das fronteiras russas, e ao reposicionarem-se cerca de 60%
dos ativos militares dos Estados Unidos no Pacífico.
Até aí,
nada de novo sob o Sol. Mais uma vez, os agressores culpam as vítimas, pela
“agressão”. A Alemanha nazista e seus propagandistas usaram a mesma “lógica” e
os mesmos “argumentos”, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Os franceses
também usaram a mesma técnica na Argélia e em outras colônias, da mesma forma
que os britânicos em todos os seus “protetorados”.
Na Ásia, a
imprensa é servil e zelosa de sua vassalagem, a tal nível que muitas vezes
supera as ordens recebidas dos amos ocidentais, manipulando as notícias ainda
mais que aqueles.
Samuel Locklear III |
O jornal The Star Filipinas, em 25/5/2014
pôs-se a agredir a China, desta vez citando palavras do Almirante Samuel Locklear III, comandante das forças norte-americanas no Pacífico, para o qual
“a Rússia faz seu próprio pivô para a Ásia”. E o jornal publicou o que seriam
suas próprias brilhantes peças de análise: “Fontes oficiais disseram que a
incursão russa na Ucrânia tem preocupado Washington no sentido de que a China
pode tentar algo semelhante, à guisa de proteção aos seus cidadãos no exterior”.
Como
assim? Que “incursão russa na Ucrânia”? Soa parecido demais com a propaganda
política manipulada publicada todo santo dia nas páginas da imprensa diária
ocidental, nos EUA e a Europa. Depois de quinze anos trabalhando na região, sou
obrigado a testemunhar, depois de interagir com centenas de pessoas da mídia do
sudeste asiático, que o que acima se lê não foi escrito por jornalista local. O
conhecimento sobre a Europa ocidental beira o zero absoluto por aqui. Alguém de
fora escreveu aquela matéria. Quem? Nós todos sabemos. Vem da mesma fonte, que
manda trolls para atacarem todas as matérias que envio
para transmissão por rádio.
Além do
mais, na mais espantosa unanimidade, toda a imprensa filipina, de repente,
chegou à conclusão de que os Estados Unidos não têm outra coisa a fazer a não
ser expandir-se militarmente... por causa dos “agressivos movimentos chineses”.
Praticamente todos os jornais mencionam o alto custo que os EUA suportam, com
suas bases militares na região; e argumentam a favor de que haja novas
“bases-eixo”, mantidas pelos países locais, mas a serem usadas pelas forças dos
EUA. Tais bases também se localizam nos territórios da Austrália e do Japão e possivelmente
em Cingapura e na Tailândia, assim como na Malásia.
Com
certeza agora a Tailândia já estaria “segura”, depois que o exército matou
milhões de pessoas na região por conta do ocidente, derrubando o governo
progressista e democraticamente eleito e assumindo o controle do país. Bem
oportuno esse golpe, não é?
Mas isso
ainda não é o bastante. Não basta ter várias bases na África, no Oriente Médio,
no Japão, na Oceania e em alguns estados vassalos que sobraram na América
Latina. O problema é que esses países estão longe dos alvos prioritários...
Rússia e China.
A mídia
tradicional das Filipinas não se preocupa sequer em questionar, um pouco que
seja, a integridade de acordo militar assinado nestes termos, que violam
diretamente a Constituição da nação. Acontece que os jornalistas do sudeste
asiático são pagos para escrever o que a elite e os patrões do estrangeiro os
mandam escrever.
Eduardo
Tadem, professor de estudos asiáticos da Universidade das Filipinas, nos
explicou numa recente conversa em Manila:
O acordo recentemente assinado entre as Filipinas e EUA é
chamado EDCA (Economic Defense
Cooperation Agreement – Acordo
Econômico de Cooperação para a Defesa). Mediante este acordo, o governo das
Filipinas oferece aos soldados dos EUA, por período de dez anos, acesso total a
virtualmente todas as bases militares das Filipinas. Mas na realidade não se
sabe por quanto tempo... A situação é muito perigosa, dado que todas as
instalações militares das Filipinas já estão agora abertas para a “entrada” das
forças dos EUA. Com certeza, isso vai contra as determinações da Constituição
Filipina, que barra o estabelecimento de qualquer força estrangeira dentro de
nosso território.
Eduardo Tadem |
Na
realidade, o que aconteceu? Por que mudança tão repentina?
Tem a ver com certos fatores. Um deles, é claro, é o
chamado “pivô” dos EUA para a Ásia. Sob o regime Obama, existe uma estratégia
de “pivoteamento para a Ásia”. Segundo, há também a proposta do acordo chamado
parceria Trans-Pacífico dos Estados Unidos; o qual visa à construção e à
integração de uma espécie de mercado na região da Ásia e do Pacífico. E a
Tailândia ainda não é parte desta parceria... Por fim, o terceiro item tem a
ver com as disputas territoriais que estão acontecendo no Mar do Sul da China e
no Mar do Norte da China.
China
Trata-se também de uma questão de nacionalismo, somado ao
fato de que aqui eles estavam sempre pedindo por mais assistência, inclusive
militar. A maneira de conseguir essa ajuda é esta. Lembre-se também que o
presidente das Filipinas é constantemente apoiado pelos EUA. Você deve ter
visto uma pesquisa que mostra que a população da Filipina ama os EUA mais que
os próprios norte-americanos. Assim, para os americanos foi fácil conseguir
aqui o apoio para a sua política para a China.
Perguntei
a Teresa Tadem, professora de Ciência Política da Universidade das Filipinas,
como ao professor Eduardo Tadem, como é possível que um país, as Filipinas, que
sofreram sob uma ocupação severa pelos EUA durante a era colonial, com
violações dos direitos humanos, massacres... Como é possível que, nesse país,
haja sentimentos tão positivos em relação ao antigo e brutal colonizador?
Teresa Tadem |
Tem a ver com o uso de forma intensa da máquina de
propaganda política americana, que mostra a era colonial como tempos de
colonialismo tipicamente benevolente. As atrocidades cometidas durante a guerra
dos EUA contra as Filipinas, em 1898-1901, quando um milhão de filipinos foram
massacrados, o que compunha então cerca de dez por cento da população,
desapareceram lentamente da consciência das pessoas... O genocídio, as
torturas. As Filipinas eram conhecidas como “o primeiro Vietnã”. Tudo isso tem
sido sistematicamente apagado, esquecido convenientemente dos livros de
história. Além disso, somos bombardeados com as histórias de Hollywood e a
imagem que mostram dos EUA.
Se é
perigoso antagonizar a China, e mesmo a Rússia? Durante séculos, a China tem
sido país realmente pacífico, e assim continua em nossos dias. Muitos filipinos
vieram da China, que é aliado histórico natural. Enquanto o ocidente está
bombardeando, liquidando e destruindo países, derrubando governos, se a China
tira uma plataforma de extração de petróleo de águas disputadas e dispara
canhões de água contra alguns navios, já é imediatamente chamada de agressora.
Tudo se
resume, mais uma vez, à propaganda política manipulada.
A China é retratada como comunista, e por estas bandas
sempre se atribuiu uma conotação negativa a essa palavra, disse a
professora Teresa Tadem.
O país mais perigoso da Terra atualmente, é para mim, os
EUA, Sempre foi o mais
agressivo... Intervindo em muitos países ao redor do mundo, a milhares de
quilômetros de sua costa, para tentar impor no planeta sua visão de um sistema
global capitalista. Então, se você precisar o que a China está fazendo nos
arredores de seu território e comparar com o que os Estados Unidos fazem no
mundo inteiro em várias partes do mundo, em todos os continentes... Você verá
claramente a disparidade na imagem que se está criando, impingindo à China o
rótulo de ameaça à paz no mundo - continuou Eduardo Tadem..
Os dois
professores expressam assim a sua profunda preocupação sobre o fato de que a
propaganda política do ocidente está disparando a sinofobia entre os filipinos
e em outros povos asiáticos. Para eles, os EUA estão implantando a ideia de
ultranacionalismo, que facilmente se transforma em fascismo. Muito perigoso,
segundo os professores – plantar sementes de sinofobia no continente asiático.
Podemos chegar a um ponto de não retorno.. Meu medo é de
que seja exatamente isso o que está acontecendo neste mesmo instante nas
Filipinas, bem como em outras partes da Ásia, onde disputas territoriais têm
acontecido, explica Eduardo Tadem.
Lógico que
a sinofobia sozinha não levará à destruição do mundo, mas também é certo que
pode fazer parte desse acontecimento. Os mestres ocidentais de propaganda
política manipulada estão plantando o ódio contra a Rússia como se pode ver
claramente no seu programa como um todo. Os irracionais discursos anti-Rússia
disparados por Stephen Harper, do Canadá, bem como de políticos da Polônia e do
Báltico parecem levar a um resultado assustador: a fabricação artificial de uma
espécie de “racismo” contra nações que se coloquem no caminho dos Estados
Unidos e da Europa em seus planos de dominação mundial.
Desumanizar
o “inimigo”, insuflando sentimentos racistas e pejorativos em relação a eles é
o primeiro passo da “arte” ocidental da guerra, o primeiro passo que pode levar
a um confronto total.
Por tudo
isso, temos de exigir informação aproveitável sobre o que se passa.
E já há
quem começa a questionar.
Geoffrey
Gunn, proeminente historiador australiano e professor emérito da Universidade
de Nagasaki no Japão, enviou-me o seguinte comentário:
Geoffrey Gunn |
Em grandes manchetes, a mídia internacional chama a China
de “grande ameaça!”. Mas afinal, quem provoca? Observamos o primeiro ministro
japonês em Singapura (30 de maio/2014) se oferecendo para liderar uma coalizão
internacional para verificar a extensão da “agressão” chinesa, prestativamente oferecendo
navios de guerra “de qualidade” para países interessados como Filipinas e
Vietnã. É uma loucura, vinda de uma nação sem exército oficial, que agora pensa
desfazer-se de sua “Constituição da Paz”. Enquanto isso, o governo neocon da
Austrália se excede na retórica de alinhamento subserviente, tecendo armadilhas
junto com o Secretário da Defesa dos Estados Unidos, ao oferecer seu próprio
pivô para o Mar do Sul da China. Quero é ver os nacionalismos asiáticos (China,
Vietnã, Japão, Coreias) resolverem por si mesmos, diplomaticamente, os próprios
problemas – afinal, o Império do Meio está no mesmo lugar há milênios – deixarem
de lado os forasteiros, obrigarem os militares a olhar com cuidado onde pisam e
deixarem a China crescer em paz.
Do Vietnã,
triste com a nova onda de hostilidades entre dois vizinhos comunistas, Vietnã e
China, um renomado artista ocidental que não quis se identificar, explicou a
situação:
Tenho certeza de que o ocidente está encantado com o rumo
que tomam os acontecimentos e fará o possível para aumentar ainda mais a
fissura entre a China e o Vietnã. Claro que vem a calhar para o pivô para a
Ásia e outras agendas ruins da OTAN e dos EUA. Os vietnamitas apenas estão
irritados com a posição de força tomada pela China, e é normal que estejam. O
primeiro ministro do Vietnã tem enviado mensagens de texto pela rede móvel
alertando as pessoas para não darem ouvidos a “bandidos” e protestarem apenas
dentro da lei nacional e internacional...
É
surpreendente o quão audacioso vai-se tornando o Vietnã, considerando-se que
faz atualmente o mesmo que a China: perfura poços em área disputada.
Muitas
pessoas entendem que as tensões entre China e Vietnã remontam à época da
expedição punitiva chinesa contra o Vietnã (que em seguida entrou no Camboja e
depôs o Khmer Vermelho) conhecida como a Guerra Sino-Vietnamita de 1979. É
quase nonsense o quanto o Vietnã é duro contra a China e
como se reconciliou facilmente com os Estados Unidos.
Cerca de
10.000 civis vietnamitas perderam a vida durante a guerra sino-vietnamita –
número nada insignificante. Mas não se pode sequer comparar com os milhões de
cidadãos do Vietnã que foram massacrados na “Guerra Americana” (ou “Guerra do
Vietnã”, como é conhecida no ocidente). No transcorrer da Guerra Americana,
cidades inteiras foram reduzidas a ruínas, campos foram envenenados, mulheres
foram estupradas e muitas pessoas foram queimadas por napalm e outros produtos químicos.
Assim como
no caso das Filipinas, a crescente propaganda política do ocidente também apagou
os horrores da mente das pessoas. Passei três anos em Hanói. Com cidadania
americana, nunca foi hostilizado, sempre fui tratado com respeito e jamais ouvi
um insulto. Bem diferente disso, hoje as empresas chinesas são atacadas e
queimadas, e perseguem-se cidadãos chineses que são espancados e assassinados (como
acontecidos no interior da China e também de Taiwan e noutros lugares).
Fang Fenghui |
Enquanto
isso, a rede Rússia Today relatou:
Ao visitar Washington, o general Fang Fenghui também culpou
o “pivô” da administração Obama para a Ásia como a razão do aumento das tensões
na região. Disse que algumas nações asiáticas usam essa mudança de estratégia
para fomentar a discórdia nos mares do Sul e do Leste da China.
Estaríamos
sendo arrastados para um confronto final, para uma possível Terceira Guerra
Mundial? Infelizmente, se levarmos em consideração as observações a partir da
Ásia e do Pacífico, parece que sim, e bem visivelmente.
Christopher
Black não tem dúvida de que antagonizar, provocar e insultar países poderosos e
independentes como a Rússia e a China pode ser o próximo passo para a
destruição total da raça humana na Terra:
Todas essas ações são preparação para a guerra. De fato, o
posicionamento de baterias de mísseis antibalísticos na Europa Oriental é
preparação para um primeiro ataque nuclear da Rússia. A implantação dessas
baterias tem o único propósito de tentar interceptar um ataque retaliatório
pelas forças nucleares russas, depois de um primeiro ataque dos Estados Unidos.
Não há outro propósito ou finalidade. Estas preliminares para uma guerra de
agressão, na realidade uma guerra nuclear, são clara violação da Carta das
Nações Unidas e das leis internacionais e podem ser caracterizadas como crime
de guerra. Mas, dado que os Estados Unidos jamais respeitaram qualquer lei
internacional ou norma civilizada de comportamento, deve-se esperar que
prossigam estas preliminares para a guerra nuclear.
A humanidade espera impotente, à beira da aniquilação, e
só porque os EUA insistem em buscar lucro ilimitado. São os fundamentalistas e extremistas do sistema do
capital.
Enquanto isso, cabe-nos confiar na hábil diplomacia de
russos e chineses, no incremento do ritmo de sua cooperação bilateral com
outros países e nos seus esforços para alcançar a cooperação multilateral do
mundo inteiro a partir da América Latina, para a África, Europa e Ásia, que
deverá mudar a dinâmica do poder mundial, pelo menos o suficiente para impedir
que os norte-americanos e aliados alcancem seus objetivos. Só a cooperação
multilateral dará aos povos do mundo uma chance de viver em paz e empregar suas
energias não em guerras, mas na solução dos tantos problemas urgentes que a
humanidade enfrenta.
[*] Andre Vltchek é romancista, cineasta e repórter. Cobriu guerras e conflitos
em dúzias de países. Seu livro sobre o imperialismo ocidental no Pacífico Sul,
Oceania foi publicado pela editora Lulu (VLTCHEK, André. Oceania, 2010. Sobre o
livro, que tem prefácio de Noam Chomsky, ver em: “Oceania
by Andre Vltchek - Book Review by Jim Miles”). É autor também deIndonesia
– The Archipelago of Fear (Pluto),
sobre a Indonésia pós-Suharto e o modelo de livre mercado fundamentalista.
Depois de viver e trabalhar por muitos anos na América Latina e Oceania,
Vltchek vive e trabalha atualmente no Leste da Ásia e África. Pode ser
encontrado por sua página na Internet.
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