Os
“negócios” de Kassab, Serra, e dos amigos de Agripino Maia e do “operador”
João
Faustino
Laerte
Braga
Tem
horas que nem a chamada grande mídia consegue evitar que um ou outro, ou outros,
dos bandidos que integram a grande quadrilha das elites políticas e econômicas
do País, além de seus prepostos no Congresso, nas prefeituras, governos
estaduais, em mandatos públicos, saiam ilesos de tanta
bandalheira.
Quando
isso acontece a maior parte da mídia ignora o fato, ou noticia superficialmente.
O dinheiro que sustenta essa turma vem dessas quadrilhas (lembre-se do contrato
de Alckmin com a Editora Abril sem licitação, foi feito também por José Serra) e
o jeito acaba sendo a crucificação de um dos aliados, o bode expiatório, um anel
para salvar os dedos dos esquemas podres que sustentam o capitalismo no
Brasil.
É
o que começa a acontecer com o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab acusado de
corrupção num inquérito policial sobre contrato sem licitação com uma empresa de
nome CONTROLAR. Cuida da vistoria de veículos e outras coisas mais. Opera também
no Rio Grande do Norte, braço da quadrilha, ou vice versa, versa vice, tanto
faz.
No
caso de Kassab são dois aspectos. A necessidade de um bode expiatório para
livrar a cara de José Serra – Kassab e outros – e isolar o prefeito de São
Paulo. É que Kassab ao fundar o PSD imaginou-se maior do que é; e nesse jogo
sórdido tentou criar um partido/moeda para trocas vantajosas em curto e médio
prazo num primeiro momento, consolidando a longo prazo um poder sem tamanho nos
subterrâneos do Poder Público.
Pensou
que pudesse virar Serra, ou FHC. Pelo jeito vai se estrepar nos “negócios”, ou
nos sonhos. Nem por isso deixa a Prefeitura pobre ou vai para a cadeia em termos
de condenação, de cumprir sentença (tem sempre um Gilmar Mendes para salvar essa
turma).
O
que significa dizer que, numa certa e boa medida, o crime
compensa.
Quando
viajou para Londres Kassab estava informado que poderia ser preso, a tal prisão
administrativa e tratou de “negociar” com seu comparsas um jeito de evitar o
incômodo, digamos assim.
A
Operação Sinal Fechado (Polícia Federal, Ministério Público Federal e juízes
decentes), entre outras, resultou na prisão de João Faustino, suplente do
senador Agripino Maia (DEM/RN) e tucano de filiação. Foi sub-chefe da Casa Civil
do governo de José Serra em São Paulo (o chefe da Casa Civil é o atual senador
Aluísio Nunes, ex-ministro da Justiça de FHC), deputado federal pelo Rio Grande
do Norte em três mandatos e encarregado de arrecadar fundos para a campanha
presidencial do tucano em outros estados que não São
Paulo.
O
filho de Faustino foi solto no fim de semana passado de uma prisão em Minas
Gerais. Estava detido para responder sobre os “negócios”.
Kassab
foi da base política de Paulo Maluf, secretário do governo de Celso Pitta e
vice-prefeito na chapa de José Serra (2004). Assumiu a Prefeitura de São Paulo
quando Serra saiu para ser candidato a governador. Foi reeleito em 2008 depois
de uma disputa intra muros tucano/democratas com Geraldo Alckmin. O governador
José Serra peitado pelos DEMOcratas mandou Alckmin às favas – liderava as
pesquisas, Kassab era o terceiro colocado – e colocou todo o esquema a trabalhar
para o seu sucessor.
Peitar
Serra equivale dizer chantagear. Naquele momento Serra não tinha como sair da
chantagem, iria liquidar com sua campanha presidencial em 2010, pagou o preço.
Mais ou menos como FHC no escândalo da concorrência do SIVAM, logo no início de
seu primeiro mandato. Chantageado engoliu em seco, aceitou o acordo e pagou. São
fatos comuns entre bandidos, o tal rabo preso. Um com
outro.
No
Rio Grande do Norte esse esquema envolve desde João Faustino, um coordenador
geral, ao senador Agripino Maia, ao senador Garibaldi Alves, a ex-governadora
Wilma qualquer coisa, todos em partidos diferentes (PSDB, DEMO, PMDB e PSB), uma
oligarquia que tem o controle da máquina pública e se reveza no saque aos cofres
públicos, mais primos, sobrinhos, cunhados, genros, filhos,
etc.
O
ex-governador de Brasília, José Roberto Arruda, quando preso, era o preferido de
José Serra para seu companheiro de chapa. Os inquéritos abertos contra Arruda
mostravam que recursos públicos estavam, entre outros cofres particulares, sendo
desviados para a pré-campanha do candidato tucano. Serra, numa reunião em
Brasília, chegou a dizer que a chapa seria de “dois carecas”, ele e
Arruda.
A
quadrilha opera em todo o País.
Outro
fato que chama atenção são os telegramas da embaixada dos EUA para Washington,
dando conta da “indignação” das companhias petrolíferas estrangeiras com a
decisão de manter a PETROBRAS como operadora do pré-sal, o fracasso do lobby no Congresso (compraram muitos,
mas tem quem não se vende) e a declaração de José Serra, num dos telegramas. O
então pré-candidato às eleições de 2010 dizia que era para deixar eles fazerem o
que bem entendessem que quando fosse ele, Serra, o presidente, tudo chegaria ao
desejado pelos chefes maiores.
O
fecho de ouro do esquema iniciado com FHC. O Brasil entreposto do capital
estrangeiro. Uma espécie de vice-reinado para a América
Latina.
A
CONTROLAR começou a operar o esquema de vistoria de veículos no governo Paulo
Maluf, se manteve no governo Celso Pitta – já com restrições do MP e do Tribunal
de Contas, além de técnicos da Prefeitura – saiu do circuito no governo Marta
Suplicy e voltou a toda no governo Serra. Permanece intocada no governo Kassab.
Estendeu seu esquema para o Rio Grande do Norte e os planos de João Faustino
eram de um faturamento de um bilhão de reais neste ano com os
“negócios”.
A
íntegra da denúncia do Ministério Público pode ser vista no ANEXO
Já
no governo de Celso Pitta, promotores e juízes conseguiram impedir que o
“negócio” funcionasse.
Para
se ter uma idéia só dos ganhos em São Paulo, o quarto maior aglomerado urbano do
mundo e uma frota de sete milhões de veículos, a CONTROLAR inspecionou cerca de
um milhão e quinhentos mil desses veículos em 2009 e quatro milhões e meio em
2010,
a um custo de R$ 61,98 cada e um faturamento estimado para
o ano passado da ordem de R$ 278,91 milhões. O dono de veículo que não pagasse a
tarifa estaria impedido de renovar o licenciamento e a multa para tal era de R$
550,00.
Negócio
da China.
A
grande mídia nem toca no assunto, ou toca de leve. Esse tipo de maracutaia não
vai para a capa de VEJA. VEJA está no bolso, foi comprada por nove milhões de
reais e mais outros contratos semelhantes, só que em outras áreas de operação da
quadrilha.
A
CONTROLAR opera no Rio Grande do Norte, como os “negócios” da quadrilha se
estendem por todo o Brasil, foram feitas prisões em vários estados na Operação
Sinal Fechado. O Brasil, para esse tipo de gente, é apenas um “negócio” a mais.
Nada, além disso.
O
esquema da CONTROLAR no Rio Grande do Norte foi montado após o de São Paulo e
José Serra, como governador, estendeu as “operações” a outros 217 municípios
paulistas. E no meio do caminho a CONTROLAR foi vendida ao grupo CAMARGO CORRÊA,
“patrióticos” empreiteiros e bandidos que operam em todos os ramos de “negócios”
no Brasil.
O
assunto foi ignorado pelo jornal O GLOBO, pelo portal de Daniel Dantas, o IG, um
ou outro toque num ou noutro esquema da mídia e sempre de leve, como é que a
mídia vai sobreviver sem o dinheiro dessa turma?
Edson
José Fernandes Ferreira, o “Edson Faustino” foi preso em Minas, na Operação João
Barro, solto agora no dia 25 de novembro. É filho de João Faustino, o do Rio
Grande do Norte que operava em São Paulo e no estado nordestino. Serra não
trouxe só esse esquema do Rio Grande do Norte não. Roberto Freire veio também,
virou conselheiro dum trem qualquer em São Paulo; havia perdido as eleições em
Pernambuco e acabou de novo deputado, agora por São Paulo. Fundiu o PPS com a
quadrilha DEMO/PSDB/PMDB tucano/PSB e outros.
O
volume de “negócios” da quadrilha é maior que o revelado pela operação Sinal
Fechado. Cobre todos os setores do Estado brasileiro, das máquinas estaduais
onde a quadrilha colocou as garras, envolve as elites empresariais, financeiras
e latifundiários no País e fora do País.
Vai
da inspeção de veículos ao lixo, aos serviços de saúde terceirizados, tem campo
fértil em Minas Gerais onde Aécio pontifica com a aberração Antônio Anastasia.
As brigas internas são brigas de poder, coisa comum e corriqueira entre máfias.
Às grandes obras públicas, não há um setor onde não tenham presença,
tudo.
As informações obtidas e reveladas aqui passam pelo NOMINUTO, como por Sinal
Fechado: vejam como funcionava o esquema e quem está
envolvido
ou no
Território Livre da Laurita Arruda
(várias postagens desde 24/11/11)
e/ou,
ainda no blog do Ailton (também com
várias postagens desde 24/11/11)
mais
as postagens no blog
da Thais Galvão.
Há
um monte de operações da Polícia Federal onde a turma está envolvida, com um
detalhe fundamental. É grande o número de prefeituras em todo o País onde a
quadrilha tem ramificações.
Em
todos os estados sem exceção.
Não
existe alternativa dentro desse modelo, do chamado mundo institucional. O
cineasta Sílvio Tendler em proposta que faz para o Congresso Nacional mostra a
falência de toda essa estrutura e propõe reações que, certamente, os mafiosos
montados em cavalos com a bandeira da integridade – para inglês ver – não vão
aceitar.
O
que acontece em São Paulo, no Rio Grande do Norte, no Espírito Santo, em Minas,
no Rio com Sérgio Cabral e no Espírito Santo com Casagrande (fantoche), a luta
pelos royalties é fachada para a
entrega do pré-sal.
Os
caras são criminosos e o faturamento de Nem da Rocinha perto dessas quadrilhas
faz do traficante “micro-empresário”.
Acabar
com essas máfias é só querer. Não vão querer, eles próprios se julgam e se auto
absolvem a despeito de promotores e juízes dignos (tem sempre um Gilmar
Mendes).
A
luta é nas ruas, é contra eles e o modelo. E antes que o vendaval de podridão
caia sobre os trabalhadores e a própria classe média, embevecida porque troca de
carro todos os anos perca o sono, porque vai acabar andando a
pé.
Nessa
altura do campeonato Nem, Fernandinho Beira-Mar e outros devem estar imaginando
em suas celas que teria sido melhor virar tucano e tentar um mandato qualquer,
ou em qualquer partido.
Esse
modelo político e econômico foi desenhado para quadrilhas e os que lutam com
bravura de caráter, dignidade, acabam como na igreja onde o sino é de madeira.
Não ecoa.
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