5/11/2011, *MK Bhadakumar, Indian
Punchline
Traduzido pelo
Coletivo da Vila
Vudu
A
reunião do Grupo dos 20 (G-20) em Cannes deixou à vista o quanto todos os
líderes ocidentais foram encurralados contra as cordas [1].
Ao oferecer-se
para sediar a reunião do G-20, o presidente Nicolas Sarkozy da França contava
com servir-se do evento para exibir ao mundo seus talentos de liderança. O
fracasso da reunião do G-20 pode ter comprometido todas as chances de Sarkozy
reeleger-se nas eleições presidenciais marcadas para daqui a seis meses.
Sarkozy está em
boa companhia, todos também encurralados contra as cordas: George Papandreou,
Silvio Berlusconi, Jose Luis Rodriguez Zapatero, David Cameron; a crise na zona
do euro pode ter custado alto preço político a todos esses.
Soldados dos EUA interrompidos em seu lazer por camponês afegão... |
Nos EUA, o impacto
da situação no Afeganistão também pode ser muito forte. Com a casa pegando fogo,
a guerra será a menor das preocupações dos governos ocidentais. Nesse quadro, só
restará Barack Obama, condenado ao triste posto de “líder do ocidente”, quando
seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) reunirem-se em
maio, para a Cúpula de Chicago.
Nesse sentido,
nada há de surpreendente na matéria publicada no Wall Street Journal [2] – sobre o governo Obama já estar
considerando apressar a “mudança de função” dos soldados dos EUA no Afeganistão,
de soldados combatentes para “funções de aconselhamento”, para viabilizar uma
“retirada mais rápida”, antes do final de 2014, prazo limite.
Muito claramente,
trata-se de tirar da linha de combate as tropas dos EUA, para reduzir o número
de baixas e, também, os riscos políticos contra Obama, em ano de campanha
eleitoral.
Evidentemente,
esse tipo de decisão sempre pode ser explicada em termos das exigências da
guerra – quanto antes as forças afegãs assumirem a responsabilidade pela
segurança do país, melhor, etc. etc. etc. Mas trata-se, essencialmente, de
retirada.
Mais importante
que isso: os guerrilheiros afegãos interpretarão o movimento dos EUA como
retirada apressada. Dessa percepção virá a sensação de triunfalismo que
reforçará a decisão para uma avançada mais forte até a vitória, que eles já vêem
ao alcance da mão.
A análise da AFP sobre a ideia de apressar a retirada termina
numa nota sombria:
“A OTAN
supervisionou expansão dramática das forças de segurança [afegãs]; até outubro
de 2012, o exército terá aumentado para 195 mil homens, e a polícia, para 157
mil. Mas, dos 173 batalhões afegãos, só um, segundo avaliação pelo Pentágono,
foi considerado capaz de operar independentemente da coalizão liderada pelos
EUA”. [3]
Notas dos
tradutores
*MK Bhadrakumar foi diplomata de
carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética,
Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e
Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre
temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as
quais
The
Hindu,
Asia
Online e Indian Punchline.
É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista,
tradutor e militante de Kerala.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.