sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

COSTAS


Raul Longo
(à Camila de Sousa, artista visual e ativista moçambicana)

Para os covardes
é alvo.
Para quem as guarda,
proteção.

Aos que as dão,
desprezo à quem
se as deu.

Aos que se as
entrega,
confiança.

“- É azul!”
- sorriu o astronauta
ao descortinar das costas da Terra.

As da Lua sorriem no minguante
e choram no crescente.

Para os fenícios,
semitas que descobriram
a Europa,
Isphania
– depois Espanha –,
era a Costa dos Coelhos.

Os navegantes,
quando viram se desenhar
lá no horizonte
as verdes costas de América,
gritaram eufóricos:
“- Terra à vista!”

Costas:
pouso para beijos
e carinho.

Ontem uma mulher
me fez chorar
com fotos da África.

Das costas roxas da África.

Parem de espancar
as costas das mulheres da África!
As costas de minhas irmãs
da África.
Minhas mães
da África
mãe do mundo
que leva às costas.

Parem de espancar
as costas das mulheres
de África.

E os seios também.

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