Raul
Longo
(à
Camila de Sousa,
artista visual
e
ativista
moçambicana)
Para
os covardes
é
alvo.
Para
quem as guarda,
proteção.
Aos
que as dão,
desprezo
à quem
se as
deu.
Aos
que se as
entrega,
confiança.
“- É
azul!”
-
sorriu o astronauta
ao
descortinar das costas da Terra.
As da
Lua sorriem no minguante
e
choram no crescente.
Para
os fenícios,
semitas
que descobriram
a
Europa,
Isphania
–
depois Espanha –,
era a
Costa dos Coelhos.
Os
navegantes,
quando
viram se desenhar
lá no
horizonte
as
verdes costas de América,
gritaram
eufóricos:
“-
Terra à vista!”
Costas:
pouso
para beijos
e
carinho.
Ontem
uma mulher
me fez
chorar
com
fotos da África.
Das
costas roxas da África.
Parem
de espancar
as
costas das mulheres da África!
As
costas de minhas irmãs
da
África.
Minhas
mães
da
África
mãe do
mundo
que
leva às costas.
Parem
de espancar
as
costas das mulheres
de
África.
E
os seios também.
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