Laerte
Braga
A
figura mais importante do governo de Ronald Wilson Reagan, exerceu dois mandatos
presidenciais, foi Billy Graham, à época o mais influente pregador
neopentecostal nos EUA e chamado aqui no Brasil (veio ao País a convite do
governo militar) de Billy Grana.
Ronald
Reagan era democrata no início de sua carreira política e virou republicano com
a seguinte explicação:
“O
Partido Democrata me abandonou ao deixar de ser o partido de Thomas Jefferson,
Andrew Jackson e Grover Cleveland, para se tornar o partido de Karl Marx,
Vladimir Lênin e Josef Stalin”.
Ronald Reagan |
Reagan,
além de ator – papel que desempenhou na Casa Branca – era porta-voz da General
Eletric e foi governador da Califórnia em dois mandatos. Eleito presidente em
1980 e reeleito em 1984. O vice era George Bush, pai do outro George, o bêbado
tresloucado.
Ao ser
eleito já era portador do mal de Alzheimer. Sua mulher, Nancy Reagan, cuidava
das tarefas de governo nas crises presidenciais e mantinha as aparências de um
casamento feliz, enquanto vivia um relacionamento paralelo com o cantor Frank
Sinatra. As visitas de Sinatra à Casa Branca eram semanais.
A
invasão neopentecostal na América Latina começou no início da década de 60,
governo John Kennedy, com o programa Aliança para o Progresso. Entre outras
coisas farta distribuição de leite em pó entre as populações mais pobres. O
detalhe fica por conta de esterilizantes na composição do leite. E na chegada de
pastores norte-americanos ligados ao esquema de Billy Graham, no papel de
coordenadores do esquema. No Brasil o alvo principal era o Nordeste.
As
transformações vividas pela Igreja Católica desde a ascensão do cardeal Giuseppe
Roncale (João XXIII) preocupavam Washington. A “opção preferencial pelos
pobres”, as reformas do Concílio Vaticano II e a ação conscientizadora de
clérigos católicos, tudo isso somado às simpatias despertadas em toda a América
Latina pela revolução cubana, viraram pesadelo para a Casa Branca em tempos de
guerra fria.
Os
primeiros pastores aportaram, no entanto, no Chile, onde os americanos temiam a
ameaça eleitoral; a vitória de Salvador Allende em eleições
presidenciais.
Chegaram
com a bíblia, todo o arsenal de um agente da CIA – Central Inteligence Agency – e se
espalharam pela região afora, com especial atenção ao Brasil, o maior e mais
importante país latino-americano, também sob um governo que desagradava a
Washington. O de João Goulart.
Há
todo um processo nesse caminho, acabou, entre nós, resultando no golpe militar
de 1964, quando juntaram as elites econômico/financeiras, latifundiários e parte
das forças armadas (cooptada e comandada por um general norte-americano, Vernon
Walters), como anos depois, na deposição e assassinato de Allende e um banho de
sangue em toda a America Latina, a exceção de Cuba, evidente.
Os
primeiros pastores tinham também a tarefa de formar seus congêneres brasileiros
e aí surgem figuras nefastas como Edir Macedo e toda uma corja trazendo atrás da
fachada, a religião, um projeto político de extrema-direita, recheado de
preconceitos, da velha hipocrisia da sociedade norte-americana e com a tarefa,
entre outras, de anular os impactos da nova Igreja Católica (isso até quando
puseram as mãos no Vaticano, quando compraram o colégio cardinalício elegendo o
polonês Karol Woytila, o papa João Paulo II. Registre-se que para isso tiraram o
banco do Vaticano da falência e evitaram a eleição do cardeal brasileiro Aloísio
Lorscheider, um dos favoritos para suceder João Paulo I).
Essa
missão de comprar os cardeais coube ao cardeal norte-americano Marcinkus que,
anos mais tarde, já principal mentor de João Paulo II, teve a prisão decretada
pela justiça da Itália por fraudes bancárias. Bandido lato sensu.
Billy Graham |
Segundo
o pastor Billy Graham o “homossexualismo era coisa do diabo”. Um dos mais
íntimos amigos de Graham era diretor do FBI – Federal Bureau of Investigation –
J. Edgard Hoover, um homossexual.
Os
neopentecostais chegam ao Brasil vestido do puritanismo norte-americano. Acham
um público alvo fácil de ser alcançado, num País marcado pelas enormes
desigualdades sociais e por uma cúpula da Igreja Católica, até então
majoritariamente conservadora, refletindo a luta entre esses e os que emergiram
na Teologia da Libertação, dentre eles figuras notáveis como o arcebispo Dom
Hélder Câmara.
São
inexpressivos quando do golpe militar de 1964, mas têm consciência do papel que
lhes cabe e das perspectivas do “mercado religioso” para o futuro. Em curto,
médio e longo prazo.
Crescem
e prosperam aliados a ditaduras militares em toda a América Latina. A principal
missão, a de aquietar a classe trabalhadora prometendo-lhe mansões no céu
(proporcionais ao dízimo pago) em troca do sofrimento aqui na Terra.
Ao
longo dos anos montam um aparato de tal ordem, uma estrutura de tal peso, que
hoje controlam bancos, canais de televisão, emissoras de rádio, jornais,
revistas, têm partido político e uma bancada no Congresso Nacional – a bancada
evangélica. Divididos em várias confissões (o olho grande do lucro percebido por
vários dos “bispos” e “pastores”), com raras exceções, juntam-se na maior
quadrilha religiosa que o País já conheceu.
O
maior deles, Edir Macedo, bispo e dono da Igreja Universal, mora em Miami,
responde a vários processos por fraudes, lavagem de dinheiro, etc. (há um vídeo
na rede de computadores onde ensina pastores a tomar dinheiro dos fiéis), mas
tem a cobertura dos podres poderes da extrema-direita aqui e lá nos EUA.
Numa
entrevista recente à sua própria rede de tevê, a Rede Record; afirma que seu
sonho é criar igrejas nos países muçulmanos. Na prática é uma operação política
financiada por Washington e o que Washington representa. Tem várias igrejas em
Israel, com o consentimento do governo terrorista de Tel Aviv, numa espécie de
“abre caminho” junto a muçulmanos residentes em Jerusalém e outras cidades
israelenses. Um Cavalo de Tróia em países de maioria muçulmana.
Há
algum tempo os principais líderes neopentecostais deixaram de lado os ataques
virulentos contra a Igreja Católica (um deles num programa de tevê chutou a
imagem de Nossa Senhora da Aparecida, padroeira do Brasil causando reações
indignadas de católicos e não católicos) e começaram a investir contra religiões
afro-brasileiras. Umbanda e Candomblé. E muitas vezes com uma agressividade que
requer ação policial para evitar problemas maiores.
Magno Malta |
Quando
um senador pedófilo, pastor, Magno Malta (o inquérito foi aberto na cidade de
Cachoeiro do Itapemirim e sumiu misteriosamente) numa reunião no Senado Federal
para discutir o projeto de lei que criminaliza a homofobia, afirma que “ninguém
pede para nascer negro, ninguém pede para nascer índio” e distribui asneiras e
preconceitos desse jaez, ao condenar às fogueiras do inferno o homossexualismo,
está, por exemplo, na hipocrisia que serve de fachada a outros objetivos, o
capitalismo em sua forma mais perversa e cruel (se bem que o capitalismo por si
só é perverso e cruel), condenando às fogueiras do inferno toda a obra de
Leonardo Da Vinci. Ou de Oscar Wilde. Todo o legado de Sócrates trazido ao
conhecimento da humanidade por Platão. Está querendo ver arder em chamas o
trabalho da extraordinária escritora Simone de Beauvoir e vai por aí
afora.
E
acima de tudo ao sugerir que se nasce negro ou índio sem pedir, afirmando a
superioridade branca.
Magno
Malta comprou, com as tais verbas parlamentares, uma ambulância por 400 mil
reais e está indiciado na CPI dos Sanguessugas.
Não
está nem um pouco preocupado com a questão do homossexualismo.
Desfralda
uma bandeira recheada do falso moralismo, da hipocrisia, do cinismo, num projeto
político que tem como meta transformar o Brasil num País sepultado sob o
fanatismo religioso, enquanto figuras como ele, se transformam em imperadores da
verdade absoluta e de todos os grandes “negócios”.
As
elites econômicas torcem o nariz em suas festas regadas a Chiquinho Scarpa e
“socialites recentes”, mas na penumbra dos porões fétidos que freqüentam,
desmancham-se em sorrisos.
Valem-se,
os neopentecostais, da fraqueza da Igreja Católica sob papas de extrema-direita
e geradores de um retrocesso sem tamanho na Igreja de Roma, como das debilidades
naturais de uma parcela ponderável da sociedade soterrada numa avalancha de
problemas tanto de natureza financeira, de sobrevivência, como existenciais, num
mundo de espetáculo gerado pelo capitalismo. Sabem aproveitar isso, são parte
disso, desse mundo.
Magno
Malta, por exemplo, no episódio da prisão dos donos da cervejaria Skincariol,
emvolvidos em fraudes contra o fisco, lavagem de dinheiro, era o canal, através
de uma de suas igrejas, para esse tipo de prática. Várias obras públicas
realizadas pelo DNIT (antigo DNER) foram superfaturadas e um dos irmãos do
senador era o responsável, foi afastado por isso, tinha alto cargo no
Departamento. O dinheiro era lavado nas igrejas dirigidas pelo
senador.
Mas é
senador, continua solto, impune, pior, vendendo o peixe do fascismo/evangélico,
uma das mais perigosas hecatombes – sem exagero – que se abate gradativamente
sobre os brasileiros.
O ramo
é tão próspero, que já é possível encontrar em uma das igrejas neopentecostais
do Brasil, um spray desenvolvido por um espertalhão (pastor) que se usado,
espanta o demônio.
Não
significa que não existam pastores sérios, uns dois por cento, ou que os fiéis
sejam cúmplices. São apenas incautos; ludibriados em sua boa fé e suas
dificuldades por bandidos travestidos de emissários divinos.
A
maior parte dessas igrejas/seitas usa ONGs como agentes para recebimento de
verbas públicas, lavagem de dinheiro e práticas outras, pois o espectro
criminoso desse pessoal é o mais amplo possível.
OGNs
são pragas inventadas pelo capitalismo no seu braço corrupção, braço, lógico,
que lhe é implícito. Nasce com ele, inventado desde o cisma de Martin Lutero,
ainda que tenha passado por várias denominações.
Quando
Karl Marx disse que “a religião é o ópio do povo”, não o fez em sua
extraordinária obra, O Capital, mas num poema texto, analisando as condições dos
trabalhadores britânicos, em sua época e naquele espaço, a brutalidade de
jornadas de até 20 horas diárias, sem folga semanal, sem qualquer direito
mínimo, elementar. Não estava definindo a religião em sua essência como algo
nocivo, mas cúmplice do processo capitalista de exploração do homem pelo
homem.
É uma
realidade brutal até nossos dias. Existe na China e seu milagre econômico. Nos
trabalhadores escravos na Indonésia, no Timor, nas fazendas do latifúndio
brasileiro e nos zumbis que andam pelas ruas e shoppings de nossas cidades
fazendo do espetáculo do consumo o combustível do vazio da vida até que chegue a
hora do Valium ou o desespero do nada. Ai senta e chora porque Fátima Bernardes
saiu do Jornal Nacional.
Parafraseando
um senador de direita, Luís Vianna Filho, ao criticar a obra de Raimundo
Magalhães Júnior sobre Rui Barbosa, “Magno Malta é apenas uma mosca na asa da
águia”, se tomarmos o ser humano – com muita bondade tal o grau de alienação –
como águia.
O que
essa gente produziu, gerou? Anthony Garotinho, Rosinha, etc., etc., etc.. Na
minha cidade o “pastor” Carlos, ex-prefeito conhecido como Bejani, lavando o
dinheiro público roubado ao cidadão e ludibriando o cidadão em suas “pregações”,
movidas a dízimo.
Magno
Malta não é homofóbico. É bem mais que isso, é sem vergonha.
A
palavra de ordem em suas igrejas costuma ser “QUEEEEIMA ELE SENHOR!”
Rende
rios de dinheiro e mantém escancaradas as portas para o capitalismo e sua
crueldade.
A
bênção meu pai Xangô, minha mãe Iansã. Salve São Jorge, vencedor de demandas
impossíveis, legionário de Ogum.
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