sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ele que a quis com z


ele que a quis com z
Homero Mattos Jr


solitário em canto quieto ele bebe e a mulher brilhosa deslumbrada qual novela das oito vem vê acha que vai vencer e a seu lado senta. mas ela não é a mulher quele tem. é a mulher que ela poderia ser se ser pudesse a mulher quele tem. mas não é. então caetano que o perdoe ela não o supreende por ser óbvia mas por insistir em permanecer exótica quando melhor seria ter ficado oculta. porém longe de oculta ser ela assume quele é tímido e pergunta se é assim mesmo desse jeito que ele é. não. ele não é tímido coisa nenhuma apenas não é de graça oferecido. mas sim sou sou tímido ele diz ao quê ela confessando gostar de homens tímidos completa não sei acho qué porque eles tem um jeito assim assim quela não sabe explicar direito. nem ele. que não é tímido ao ponto de ficar surpreso com o você é casado? que logo em seguida vem. não não sou mas é como se fosse ele responde. ela ri e pergunta como é que é esse se fosse. mas ele não sabe assim ao certo pois não faz a mínima idéia a respeito de como se fosse poderia ser pois com ele nada é como é é tudo como se fosse. acho qué com zê ele conclui. com zê como assim? ela quer saber e então tomado talvez pelo sibilino daquelas sibilâncias todas sem eiras em torvelinho tornadas e pelas beiradas sua alma sszchrup! como sopa sorvida sendo tomada ele diz assim por exemplo repare e começa a declamar para ela eu que te quis com zê ríspido como a marca do zorro indecifrável como uma incógnita algébrica monótono e ruidoso como um ronco de mangá como tal foi possível te ter tão a torto e tolo querido assim esquecido de qué com ésse o querer queu suave e sutil como um caractere sino japonês simples e sereno como uma aquarela em tons pastéis sentida e saudosamente como uma curva do sena com um êne ou do senna com dois tanto faz rio ou autódromo é tudo a mesma estrada só nunca quis pois equívoco é  querer com zê tanto quanto o é desejar-te sem que separação haja. mas nessa loucura toda se vai e se um maluco dispara do empire state outro dispara da rocinha e assim inconscientes coletiva e indiscriminada mente todos vão disparando por quê não é mesmo? não podemos eu e você de onde ninguém espera só desespera sair em disparada dessa parada desesperada onde ninguém diz pára! fugir para um daqueles agora ex paços onde em noites seguras haviam árvores de verdade fantasmas de mentira  e ladrões de coração logo presos pelos próprios corações que roubavam e que mais não existem. é isso. foi isso que por fim desse jeito ele disse.
posso tomar um golinho do seu copo? ela pergunta confiante de que vai descobrir o segredo dele. vai nada. o segredo dele nem está com ele. está com a mulher que ela poderia ser se seu segredo soubesse.
mas não sabe.

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