20/12/2011, Science
Daily (in Scoop it!)
Traduzido pelo
pessoal da Vila Vudu
ATENÇÃO: Comentário conclusivo do pessoal da Vila Vudu
O
artiguinho abaixo não é nenhuma brastemp. Mas ajuda a confirmar o que
muitos já sentem e percebem, intuitivamente e pela prática na blogosfera, nas
listas de discussão e no Twitter:
(1) se nós ficarmos
REPETINDO matérias dos colunistas do GAFE (Globo/Abril/FSP/Estadão) e seus
blogueiros empregados, mesmo que se suponha que os estamos “criticando”, e mesmo
que os espinafremos de cima a baixo,
nós estaremos fazendo o trabalho de “espalhadores” do que
aqueles caras escrevam
(a coisa pode ser muito diferente, contudo, se RIRMOS
deles, mais do que ficarmos furiosos ou indignadinhos); e
(2) se queremos
recrutar pessoas para um movimento discursivo CONTRA os colunistas do GAFE e
seus blogueiros empregados, temos de
inventar alguma ação discursiva que não seja só criticar (e nem se os pode xingar muito!)
e REPETIR o que eles escrevem.
A ideia segundo a
qual quem leia o que o Noblat publique, imediatamente “VERÁ” que o que o Noblat
escreve é bullshit é ingênua. De fato, todos nós JÁ SABEMOS
TUDO que o Noblat e escreverá sobre praticamente TODOS os assuntos (pelo menos,
enquanto o blog dele continuar a ser blog do Globo).
O Noblat não
escreve para informar sobre coisas que as pessoas não saibam (se escrevesse
alguma coisa que todo o GAFE também não esteja escrevendo igualzinho, o Noblat
estaria fazendo concorrência ao patrão e seria demitido).
O que o Noblat
escreve tem duas funções:
(a) ele escreve para
dar mais argumentos e palavras AO PESSOAL já arregimentado pelo GAFE e seus
blogueiros empregados; nesse sentido, o Noblat é “espalhador” (na classificação
que o estudo abaixo propõe: ele não cria nada; só repete, pra espalhar; e
(b) para pautar a
discussão social.
Se nós REPETIMOS o
que o Noblat escreva, mesmo que para “criticá-lo” e responder a ele, nós estamos
AJUDANDO o Noblat – que entra aqui só como exemplo: vale para todos os
colunistas, jornalistas e blogueiros de repetição do GAFE– nas duas funções (a)
e (b) acima!
Aí vai o artigo,
pra começarmos a pensar um pouco sobre isso.
_________________
Sandra González Bailón |
Estudo feito pela
Oxford University e publicado no
jornal Scientific Reports descobriu que o grupo mais influente nas
mídias sociais é um pequeno grupo de usuários, próximos do centro de uma rede.
Esse grupo, descrito pelos pesquisadores como “de espalhadores”, tem papel
crítico em disparar cadeias de mensagens que chegam a grande número de pessoas.
Mas os participantes do início do protesto e os que iniciam o processo de
recrutamento não têm posição central na rede: são iniciadores do movimento e os
primeiros que se movem em pequenas redes locais. Esses disparam a atividade
inicial online que, em seguida, passa a ser espalhada pelos
“espalhadores”, mas há recrutadores espalhados por toda a rede, em todas as
redes – sugere o estudo.
A pesquisadora
Dra. Sandra Gonzalez-Bailon do Oxford
Internet Institute (OII) na Oxford University, em colaboração com
colegas da universidade de Zaragoza,
Espanha, coordenados pelo Dr. Yamir Moreno, analisou dados de atividade no Twitter durante os protestos de massa na
Espanha em maio de 2011. Esses protestos foram disparados por uma resposta à
crise financeira, e resultaram em demandas por novas formas de representação
democrática. O principal alvo da campanha foi uma manifestação de protesto
organizado no dia 15 de maio, que levou milhares de pessoas às ruas de 59
cidades em todo o mundo. Depois da passeata, centenas de participantes acamparam
em praças da cidade, até o dia 22 de maio, data de eleições locais e regionais,
em manifestações massivas que se repetiram todos os dias durante aquela semana.
O pesquisadores
acompanharam os tuítes de 87.569 usuários e rastrearam um total de 581.750
tuítes de protesto durante 30 dias. Descobriram que o crescimento do movimento
aconteceu mediante dois processos paralelos: (1) o recrutamento, iniciado por
pessoas que trabalhavam a favor do movimento desde os primeiros momentos, num
processo que o estudo chama de “envio randômico”; e (2) a difusão da informação, que
fez crescer o movimento a partir daqueles primeiros recrutadores; a difusão foi
feita pelos “espalhadores”.
Esses espalhadores estavam em pontos mais centrais
da rede, não necessariamente porque tivessem grande número de conexões, mas
porque eram conectados com usuários que também tinham boas conexões.
(...)
Segundo Sandra
Gonzalez-Bailon, “esse é o primeiro estudo empírico que tenta analisar os
mecanismos por trás do recrutamento para protestos de massa por redes online.
Mostra que a mobilização de grandes massas não depende da influência dos
usuários centrais, embora esses sejam crucialmente importantes para o
crescimento do movimento, mas da ação de muitos usuários em redes locais,
menores, que acabam chegando aos grupos influentes de opinião que existam nas
comunidades.”
“O motivo pelo
qual se apóia uma causa depende de muitos fatores e está diretamente relacionado
ao que acontece no mundo
offline. Examinando o comportamento de usuários online das redes sociais, conseguimos estabelecer
que muitos são influenciados pelo que fazem as pessoas à sua volta. Se são
expostos a muitas mensagens que conclamam a agir, em curto período de tempo, é
muito provável que respondam à urgência da convocação e unam-se ao movimento.
Assim se criam bolhas de recrutamento que podem converter-se em cascata global
com efeitos realmente dramáticos – como demontram as grandes manifestações de
massa e as várias ocupações que se seguiram” – diz Sandra Gonzalez-Bailon.
Estudo
completo
Sandra
González-Bailón, Javier Borge-Holthoefer, Alejandro Rivero, Yamir Moreno.
The Dynamics of Protest Recruitment through an Online
Network.
Scientific Reports, 2011; 1
DOI: 10.1038/srep00197
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