7/12/2011, *MK Bhadrakumar, Indian
Punchline
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
Vladimir Putin |
Apesar de feroz
campanha dos EUA para afastá-lo, Vladimir Putin formalizou hoje sua candidatura
às eleições presidenciais na Rússia, marcadas para 4 de março. A Internet e as
mídias sociais foram intensamente usadas para atacá-lo nas últimas semanas. Até
a Radio Free Europe/Radio Liberty, mantida pelo governo dos EUA,
recorreu à tática dos ataques pessoais a Putin, em campanha cuja ferocidade
ultrapassa tudo que se conhece nas relações EUA-Rússia.
Muito claramente, os
EUA estão extremamente preocupados com a perspectiva de Putin voltar à
presidência em momento tão crucial, formativo, da política mundial. O que mais
interessa aos EUA hoje é uma Rússia fraca ou dividida. Putin já falou de seu
projeto de constituir uma União Eurasiana, mal disfarçada iniciativa para fazer
frente à crescente expansão da ação de EUA e OTAN na Ásia Central.
O que mais preocupa
os EUA é o prestígio que Putin tem em Pequim, e uma união China-Rússia já está
operante para frustrar os projetos dos EUA para o Oriente Médio – a questão
crucialmente mais importante, hoje, da política mundial. Putin é conhecido por
seu compromisso com estimular a cooperação estratégica entre russos e
chineses.
Putin continua a ser
extremamente popular na Rússia, mas tem de vencer a eleição presidencial, e logo
no primeiro turno. Um segundo turno seria grave embaraço em termos políticos.
Mas vencerá. Putin já sentiu a mudança na opinião pública russa e não há dúvidas
de que apresentará plataforma eleitoral na qual levará em conta as lições que
aprendeu das eleições parlamentares do domingo, nas quais o partido governante
sofreu duro revés.
A questão é que os
“votos de protesto” mostram que a Rússia moveu-se claramente em direção à
“esquerda”. O Partido Comunista emergiu das eleições como principal força da
oposição, com mais de 20% dos votos. Será interessante observar como essa deriva
para a “esquerda” se traduzirá em termos de política exterior. Em campanha
eleitoral, Putin com certeza falará, como sempre faz, com clareza, para ser
entendido por todos, dando claros nomes aos bois.
Há inúmeras questões
que estão surgindo nas relações EUA-Rússia, agora que o espírito do “reset” já
se dissipou. A principal delas é a questão dos mísseis [ABM] de defesa. A Rússia
propôs consultas com China e Irã sobre o sistema antibalístico de defesa, a
realizarem-se em janeiro. A Rússia ameaçou implantar mísseis táticos nas
fronteiras com a Europa.
Verdade é que os
“liberais”, tão flagrantemente apoiados pelo ocidente, fizeram triste papel nas
eleições, e não estão representados no novo Parlamento. O público russo ainda
lembra a “terapia de choque” que os liberais impuseram ao governo de Boris
Yeltsin, na sociedade e na economia, no início dos anos 1990s e a humilhação
nacional que os russos sofreram.
Centenas de bilhões de dólares em
patrimônio foram transferidos para países ocidentais, pelos oligarcas
apadrinhados por países ocidentais, na era Yeltsin. Foi Putin quem pôs fim
àquela hemorragia que ameaçava o estado russo. Minha opinião é que esse
movimento feriu fundo, e que Putin não será facilmente perdoado pelo
ocidente.
*MK Bhadrakumar foi diplomata de
carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética,
Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e
Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre
temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as
quais
The
Hindu,
Asia
Online e Indian Punchline.
É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista,
tradutor e militante de Kerala.
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