“Descubram qualquer coisa,
mas arranjem um jeito qualquer de pôr Lupi no olho da rua e enterrar o PDT” –
IMPRENSA
“Esse filme eu já vi
antes: não é diferente daquela saraivada que levou Getúlio Vargas ao suicídio” –
Pedro Porfírio
“Só
há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar
nunca” - Darci Ribeiro
Guardadas as proporções históricas e as naturezas dos
cargos, vejo nessa enxurrada de balas disparadas para forçar a presidente Dilma
a demitir o ministro Carlos Lupi o retrato sem retoque daquela insidiosa
campanha patrocinada pela embaixada norte-americana que levou ao suicídio do
presidente Getúlio Vargas.
Pedro Porfírio |
Perdoe-me
a comparação, mas o ritual é o mesmo: hoje já não se fala nem nos contratos com
as ONGs, assinados geralmente através de governos locais. Essa não pegou. Aí
passaram a vasculhar até se ele fazia xixi na cama já grandinho. De algum lugar,
precisa sair qualquer coisa que leve à sua
demissão.
Sua
queda é a encomenda mais cara já feita pelas elites, porque ele, que nunca foi
de confrontos, que deu mole em muitos conflitos trabalhistas aceitando que
outros exercessem as faculdades de um Ministro do Trabalho, resolveu levar
adiante a implantação do PONTO
ELETRÔNICO, medida que exporia não apenas o desrespeito atávico
aos direitos dos trabalhadores, mas revelaria igualmente o turbilhão de
sonegações de um patronato que deita e rola, vive se queixando de altos
impostos, mas contrata os melhores contadores e os mais caros escritórios de
advocacia para sonegar suas contribuições obrigatórias, isso
sem falar na velha prática de distribuir propinas através do “Caixa
2” .
Porque
a sua demissão não é apenas uma questão de honra de uma mídia entre facciosa e
vaidosa, que não se deixa por vencida quando quer reafirmar sua pretensa
condição de PODER PARALELO.
Sobre
isso, expressou-se com paixão ideológica um funcionário de carreira de Furnas,
que, não obstante sua antiga militância no PDT (ao ponto de não acompanhar o
irmão quando este, vereador, se viu na contingência de acompanhar seu grupo indo
para outro partido) jamais foi chamado para um cargo de chefia por indicação
partidária.
Escreveu-me
Rudenilson Andrade, um cara muito íntegro, cujas atitudes desassombradas me faz
seu admirador:
Eu
tenho nojo de corrupção Pública e Privada assim com qualquer tipo de Ditadura,
mas tenho acompanhado atentamente esse processo e só entram nessa os tolos ou
falsos tolos.
O
grande embate que se está travando neste momento é uma encarniçada Luta de
Classes e como disse o velho Marx a Luta de Classes é multifacetada, então vamos
aos fatos bem sintéticos que é a forma que eu mais
gosto.
Quando
Lupi deseja e não é de agora implantar o Ponto Eletrônico com a emissão de
comprovante nas mãos do trabalhador e as empresas terem que enviar o movimento
eletrônico através de dados para o Ministério do Trabalho a burguesia começou a
se rebelar via as suas Confederações e Federações Industriais e Comerciais,
porque por esse processo a Classe Operária via Ministério do Trabalho começaria
a ter o controle da sua Mais Valia, seja ela Absoluta ou Relativa.
Descobriu-se,
também que as empresas pagam as horas extras, porem não recolhem o pagamento do
FGTS e INSS aos Cofres Públicos referente às essas mesmas horas extras. Hoje o
cálculo de aposentadoria do trabalhador pelo INSS não é mais feito pela média
dos seus últimos 36 meses de contribuição e sim se pega de 1994 até a presente
data e separa 80% das maiores contribuições, deste período, para fazer a média
e calcular o seu Salário de Benefício. Com toda certeza aquele trabalhador que
durante o(s) ano(s) vem fazendo hora extra será roubado no valor do seu salário
de aposentadoria do INSS, pois o não recolhimento para o INSS do valor sobre as
horas extras dele não ficara registrado no banco de dados do INSS de onde é
extraído, volto a dizer de 1994 até a presente data os valores para calcular a
sua aposentadoria. Assim sendo, escolham os seus lados cavalheiros porque o meu
eu já escolhi há muito tempo, não quero chegar a essa altura da minha vida como
um Renegado Kaustsky.
Lembro-me
quando do golpe militar de 1964, financiado pelos trusts internacionais o genial Darcy
Ribeiro, que ainda tentava resistir, desabafou:
“O
presidente João Goulart está caindo por suas qualidades e não pelos seus
defeitos”.
A
história está inflacionada de situações semelhantes, geralmente deturpadas.
Porque ela é escrita pelos vencedores e pelos monopólios da informação. Mas todo
mundo sabe, até um foca reles, que muita gente que se esconde à sombra nunca
engoliu a nomeação de Lupi para o Ministério do Trabalho, que implicou na
retirada dessa pasta do controle do Partido dos Trabalhadores, com o
deslocamento de Luiz Marinho, ex-presidente da CUT para a Previdência Social,
porque conselheiros de Lula temiam que o PDT não desse continuidade à punga que
até hoje torna infernal a vida de aposentados e
pensionistas.
Lupi
errou, sim, ao aceitar o Ministério sem condições de imprimir as premissas do
brizolismo em suas políticas, sentindo-se fraco para compor sua própria equipe,
com o que desprezou contribuições de correligionários preparados e íntegros,
inclusive alguns de marcante atuação sindical, levando-os a engrossar uma
dissidência que hoje é alimentada por amarguras
pessoais.
Mas,
em compensação, com sua personalidade flexível, foi o principal responsável pela
sobrevivência do seu partido depois da mor te de Brizola. E a visibilidade que
ganhou com um cargo no primeiro escalão do governo foi dedicada à costura de
alianças pragmáticas, sem as quais o partido teria sucumbido de vez, tal a sua
composição heterogênea, hoje muito distante das bandeiras brizolistas por conta
de erros cometidos inclusive pelo caudilho, diga-se com honestidade e
coragem.
A
presidente Dilma sabe de toda essa trama de cor e salteado. Sabe que está sendo
minada e perdendo a autoridade na hora em que vai cedendo às pressões da
direita, representada por políticos galhofeiros, como o herdeiro de ACM e o
tucanato insaciavel, e de uma mídia cujo manual de redação principia no
informe do seu passivo financeiro.
A
fritura de Lupi passa, principalmente, por esse insólito modelo de gestão do
país, no qual a Praça dos Três Poderes poderia ser enxertada de mais um pilar -
a mídia que hoje desempenha o mesmo papel das Forças Armadas no passado, desde
quando um manifesto de coronéis, em 1953, levou à queda de João Goulart, o
melhor ministro do Trabalho da história do Brasil, porque ele conseguiu
convencer Getúlio a reajustar em 100%, o salário mínimo, que o general Dutra
congelara por 4 anos.
O
país, hoje, 3 de dezembro de 2011, espera o desenlace montado e urdido pelos
mesmos entreguistas que se dedicaram à mais rendosa corrupção, com as
privatizações-doações que o governo do PT também não teve peito de reverter,
como aconteceu em muitos casos na Argentina, por conta de um acordo de
governabilidade.
Se
a trama tiver o epílogo funesto, com a queda de mais um ministro, como já disse
antes, Dilma que se cuide: seu governo é o grande alvo dos derrotados nas urnas.
Eles só não são mais frontais porque a crise bate à porta e eles esperam que a
presidenta derrape, como refém das maltas mesquinhas que dão as cartas no
Planalto.
Artigo escrito e enviado por Pedro
Porfírio e publicado originalmente no Blog do
Porfírio
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