21/5/2012, Parti
du Front de Gauche, Assembleia
Nacional, Paris
Vídeo
e entrevista transcrita e traduzida pelo pessoal da Vila Vudu
Alexis
Tsipras, da Coalizão Syriza, da esquerda radical grega, foi recebido na
Assembleia Nacional Francesa pela Frente de Esquerda e saudado por Martine
Billard, Jean-Luc Mélenchon e Pierre Laurent.
“Não
sei se estamos causando medo na Europa, mas acho que, sim, surpreendemos um
pouco. Pelo menos, se se avaliar pelo número de jornalistas aqui [riso].
Esse
é, mesmo, um dos nossos objetivos: forçar a inteligência europeia a considerar
os fatos, a olhar de frente a realidade. É preciso que todos compreendam que a
crise não é grega, não concerne exclusivamente à Grécia, concerne a todos os
povos europeus. Trata-se portanto de encontrar solução europeia comum, para um
problema que é comum.
Queremos
que todos tomem consciência do fato de que povo algum, seja onde for, no
planeta, na Europa, jamais se deixou levar, sem resistência, a uma espécie de
suicídio induzido. O que se passa na Grécia há dois anos é uma espécie de
indução ao suicídio do povo grego.
Ouve-se
muito falar de programa de ‘austeridade’, mas o que está sendo implantado na
Grécia não é simples programa de ‘austeridade’: trata-se de uma experiência, de
uma experimentação europeia, do que possa vir a ser uma “solução neoliberal ‘de
choque’”.
A
Grécia vive hoje uma crise absolutamente sem precedentes, com características de
crise humanitária. Estamos por isso hoje em Paris, e amanhã na Alemanha, para
dizer aos povos europeus que absolutamente nada temos contra nenhum deles.
Na
Grécia, estamos em pleno combate, uma luta que combatemos em nome do povo grego,
do povo francês, do povo alemão e de todos os povos da Europa.
Porque,
se prosseguir aquela experimentação, aquela experiência de aplicar na Grécia
aquela “solução neoliberal ‘de choque’”, a experiência, imediatamente depois,
será exportada para outros países europeus.
Mas
a guerra que vivemos hoje na Europa não é guerra entre nós, os povos europeus: é
guerra em que se enfrentam, de um lado, as forças do trabalho e, de outro lado,
as forças invisíveis da finança e dos bancos. Para nós, é difícil afrontar para
vencer esses nossos inimigos.
Nossos
adversários políticos, como todos vimos durante a campanha eleitoral, não têm
qualquer projeto, não têm programa, não estão representados por nenhum partido
ou coalizão clara de projetos ou ideias. Apesar disso, são eles que governam.
“Eles”,
os que governam, são o capital financeiro, os bancos, os que detêm os capitais,
e que se aliaram, no seio de uma Europa que faz guerra à Europa, guerra aos
europeus, guerra ao povo grego, para arregimentar os meios necessários para,
amanhã, poder generalizar a sua ‘solução’ de choque neoliberal, contra outros
povos europeus.
Mas,
afinal, depois das eleições de 6 de maio, estamos às vésperas de um novo pacto,
que o povo grego espera conseguir construir, para firmar sua vitória. Queremos
mudar as coisas na Grécia, para, assim, emitir, bem clara, uma mensagem de
esperança para toda a Europa. Para fazer lembrar, aos que esquecem a história,
que o Memorando nos levou ao desastre.
E
para buscar, com todos os povos europeus, uma refundação da Europa – outra
Europa que, dessa vez, será criada sob princípios de solidariedade e coesão
social.
Muito
nos alegra constatar que, mesmo que ainda não tenhamos chegado aos cargos e
responsabilidades de governo, já sopram ventos de mudança em todo o
continente.
Prova disso é que haja aqui tantos jornalistas.
Prova disso é que haja aqui tantos jornalistas.
Prova
disso, também, é que questões e ideias que, há bem pouco tempo, pareciam
absolutamente extemporâneas, são hoje fatos que se veem e discutem-se por toda
parte. Até nossos adversários são obrigados a discutir. E temos, sim, de
obrigá-los a discutir, porque estamos sob chantagem, mas a verdadeira chantagem
que se arma contra nós é outra, muito mais séria que a que vemos hoje à
superfície.
A
verdadeira chantagem não está em nos ameaçarem com o fim da Grécia, se não nos
acomodarmos sob o imperativo do choque neoliberal.
A
verdadeira chantagem, hoje, é ameaçarem toda a Europa com o fim do euro e da
União Europeia enquanto tal.
Por
tudo isso, acreditamos que, dia 17/6, na Grécia, as forças da esperança vencerão
o medo. A esquerda grega alcançará vitória decisiva, histórica, contra o Sr.
[ininteligível], que nada é além de simulacro, cópia, do que foi, na França, o
Sr. Sarkozy.
Entendemos
que nossa vitória será o começo de grandes mudanças em toda a Europa.
Estou
à disposição dos senhores, se houver perguntas [fim do vídeo].
______________________
Assista
também (em francês):
Alexis Tsipras e
Mélenchon, em Paris:
Front de Gauche Europeia
21/5/2012,
2ª feira, Paris – E o moço também é bom de palanque!
Segunda-feira,
21 de maio, 2012,
a Europa estava na agenda dos líderes da Frente de
Esquerda francesa e europeia. Sob a bandeira da PGE, Pierre Laurent, Alexis
Tsipras e Jean-Luc Mélenchon falaram na Praça Herriot Edouard, a poucos passos
da Assembleia Nacional
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