Donald Tusk |
Primeiro-ministro Donald Tusk pediu ao Presidente
norte-americano uma explicação
Não é uma gaffe inédita, mas dita por Barack Obama
causou uma forte indignação. O Presidente norte-americano referiu-se aos “campos
da morte polacos” e o primeiro-ministro da Polônia pediu uma
explicação.
Barack Obama |
Obama estava discursando na
terça-feira, durante uma cerimônia de homenagem a Jan Karski, um antigo oficial polaco que
forneceu ao Ocidente os primeiros testemunhos sobre a política de extermínio
nazi, quando fez referência a “um campo da morte polaco”. Para a Polônia,
referir desta forma os campos de extermínio instalados no seu território, quando
este estava ocupado pela Alemanha nazi, é uma grave distorção da história, e as
reações não se fizeram esperar.
Jan Karski |
“Quando alguém diz campos da morte da
Polônia é como se não houvesse nazis, nem responsabilidade da Alemanha, nem
Hitler, e é por isso que a nossa sensibilidade polaca nestas situações é muito
mais do que um simples sentimento de orgulho nacional”, disse o
primeiro-ministro polaco, Donald Tusk. Sem exigir de Obama um pedido de
desculpas, Tusk deixou claro que as palavras do Presidente norte-americano
“feriram todos os polacos” e pediu uma explicação.
Um porta-voz de Obama, Tommy
Vietor, disse que o Presidente “se expressou mal”, mas Tusk pediu uma reacção
pessoal. “Estou convencido que os nossos
amigos americanos vão reagir de forma mais forte do que uma simples retificação
e um pedido de desculpas do porta-voz da Casa Branca; espero uma reação
susceptível de eliminar de uma vez por todas este tipo de erros”, afirmou.
Bronislaw Komorowski |
O Presidente polaco, Bronislaw Komorowski, anunciou que enviou uma carta a Obama e disse estar “convencido de que as palavras injustas e
dolorosas sobre o campo polaco não refletem as intenções nem as opiniões dos
nossos amigos americanos”. E a comunidade de judeus polacos disse também
esperar que Obama “retifique as suas palavras pessoalmente”.
O chefe da diplomacia polaca, Radoslaw
Sikorski,
lamentou, numa mensagem colocada no Twitter, que “a ignorância e a incompetência tenham
ensombrecido uma cerimônia solene”. Obama estava homenageando Jan Karski,
que denunciou as atrocidades cometidas contra judeus pelo regime nazi e mais
tarde se tornou professor de História na Georgetown University, tendo morrido em
Washington em 2000, com 86 anos de idade.
Radoslaw Sikorski |
Entre 1939 e 1945, os alemães
mataram perto de seis milhões de polacos, incluindo três milhões de judeus. E na
Polônia ocupada, Hitler instalou vários campos de concentração e de extermínio,
incluindo o de Auschwitz-Birkenau, onde mais de um milhão de pessoas foram
mortas, incluindo 300 mil judeus polacos.
Apesar de estes fatos serem mais
do que conhecidos e dolorosos para os polacos, a gaffe que Obama cometeu continua a ser
bastante comum.
O Ministério dos Negócios
Estrangeiros polaco disse em comunicado que já interveio cerca de 200 vezes ao
longo dos últimos dois anos para retificar este erro. Em consequência, jornais
como o Wall Street Journal, o New York Times ou a agência Associated Press inscreveram no seu
livro de estilo que não se pode escrever “campos polacos” mas sim “campos da
Alemanha nazi na Polônia ocupada”.
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