Embora a imprensa-empresa finja
que não vê...
23/5/2012, Arun
Gupta [de Salon], Al-Jazeera, Qatar
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Occupy Wall Street estava no auge em
outubro-2011, quando milhares de pessoas convergiram para o Parque Zuccotti e
conseguiram fazer gorar os planos do bilionário prefeito Michael Bloomberg, de
varrer a ocupação, sob o pretexto de que haveria ameaça à saúde pública. Daquele
ponto até hoje, a impressão geral é que o movimento esvaziou-se e não conseguiu
nada parecido com greve geral dia 1º de maio – depois de meses de repressão a
passeatas gigantes, de bloqueios e cercos policiais.
A chamada “grande imprensa” é
sempre rápida em decretar ritos finais. A rede CNN declarou que “o MayDay gorou”; o New York Post
fez rima “Gúd bái, ocupái”; e o New York Times dedicou aos acontecimentos
do dia menos de 400 palavras, praticamente todas sobre as prisões
em New York City.
Historiadores e militantes de
organizações sociais respondem que o movimento Occupy tem de ser visto
em termos
relativos. Conhecido sociólogo, coautor de Poor People's
Movements [Os movimentos de pobres], Frances Fox Piven diz:
“Não há notícia de movimento
popular algum que se implante em menos de dez anos. O pessoal é impaciente,
alguns falam antes de pensar. Mas o que se vê agora é só o começo, me parece, de
um grande movimento. Um, de uma série de movimentos que, vez ou outra, mudaram a
história, embora não sejam incluídos no modo como narramos a história dos
EUA”.
Para Brooke Lehman, figura central
do movimento global contra a transnacionalização das empresas, há dez anos,
“Comparado
ao que se viu no passado, o nível de atividade é incrível! Uma geração de
ginasianos e universitários, está aqui, recebendo educação
radical”.
Outros lembram que houve
movimentos de protesto em mais de 110 cidades, no MayDay, de reconhecimento à resistência
e à solidariedade dos trabalhadores, o que não é pouco, dada a hostilidade
contra o trabalho, que se vê na elite dirigente nos EUA. Ao mesmo tempo,
praticamente ninguém nega que o movimento Occupy tem encontrado dificuldades
para voltar aos números do ano passado; muitos ativistas admitem, pelo menos
em conversas
privadas. Alguns dizem que a ação da polícia e a hostilidade da
mídia operam como jabs: um soco para
desconcentrar, o outro para derrubar; que essa ação coordenada pode derrubar
movimentos como Occupy, o que é verdade, como se
explica adiante. Mas outros movimentos também foram igualmente atacados por esse
tipo de jabs e, mesmo assim, se
impuseram. No Canadá, acima da fronteira com os EUA, centenas de milhares de
universitários no Quebec mantêm greve militante que dura três meses, contra
aumento das taxas escolares, desafiando políticos-feitores, jornalismo de
escândalo e a Polícia.
Falta
“espaço”
O
ponto difícil de ultrapassar, onde o movimento Occupy tropeça é,
simultaneamente, a razão de seu sucesso: o espaço ou, como hoje, a falta dele.
Entender a significação do espaço político e a incapacidade que
Occupy tem demonstrado para reocupá-lo revela por que o movimento
está tendo dificuldades para novamente ganhar impulso.
Os
norte-americanos tornaram-se tão autocentrados, tão preocupados com a
precariedade do emprego, da vida, da moradia, do lazer, das finanças e tão
ocupados num espaço virtual online que não para de proliferar, que é
fácil esquecer que só a ação coletiva, em espaço físico partilhado, pode mudar a
sociedade; e que é assim que se fazem mudanças de baixo para cima. O movimento
trabalhista, por exemplo.
A
história da luta dos operários de fábricas começou pelo insight de que os
capitalistas teciam a corda em que seriam enforcados, ao reunir num espaço comum
– a fábrica – todos os operários. Ali os trabalhadores perceberam que tinham
interesses comuns e que, juntos, poderiam parar as máquinas do capital. Vale o
mesmo para os movimentos estudantis. O espaço educacional confina os estudantes
em torno de problemas de todos e metas e soluções comuns. E, no movimento pelos
direitos civis para todos, nos EUA, as igrejas, nos bairros onde viviam os
negros, também tiveram papel decisivo.
Occupy Wall
Street é
diferente, na medida em que o movimento apropriou-se de um parque público e o
reconfigurou como espaço político. Foi manifestação do conceito central do
movimento Occupy: não pode haver democracia política, sem
democracia econômica. Sua potência brotou da mesma fonte da qual jorraram a
Primavera Árabe, os Indignados na Espanha e o
levante trabalhista em Wisconsin – que, pacificamente liberaram espaço público,
que passaram a ocupar e governar mediante democracia participativa.
Antes
de o contágio social aparecer à tona pela primeira vez na Tunísia, no final de
2010, o principal movimento global de massas ocorrera dia 15/2/2003, no dia de
protesto contra a então iminente invasão do Iraque. O problema é que foi só um
dia, em movimento que não era especificamente pró-democracia. Bush conseguiu não
apenas ignorá-lo (seria um “grupo focal”), mas, além disso, os protestos foram
distorcidos como legitimação para os EUA agressores (que foram apresentados como
estado que admitia o protesto, ao contrário do estado terrorista de Saddam
Hussein).
Colonizados
pelo consumismo
Os
protestos antiguerra já têm pouco impacto, porque se converteram em reuniões de
fim de semana na capital política, marchas por ruas desertas com cartazes
produzidos industrialmente, cantos sem entusiasmo e discursos que são amontoados
de clichês. É movimento previsível, que os governantes ignoram, porque vivem
isolados dos governados por muitos dólares e muitos cassetetes. Mas ter um
espaço ocupado, no coração da cidade, que não há força que faça sumir, isso sim,
é desafio insistente ao poder do Estado.
Um
ativista disse, do acampamento em Wall
Street:
“A
qualquer momento, alguém iniciava uma marcha até o prédio de Goldman Sachs, e
centenas o seguiam.”
A
noite de 5/10/2011 foi exemplo espetacular. Depois de uma marcha encabeçada
pelos sindicatos, pelo centro de Manhattan, centenas de pessoas apareciam, em
várias marchas por todo o distrito financeiro, durante horas. Com tanta gente
nas ruas, ouvindo o som do apoio popular nos calcanhares, Wall Street sentiu-se vulnerável e a
Polícia da Cidade de New York
sentiu-se sitiada.
Manter
um espaço continuadamente, usando formas democráticas de autogestão recria os
comuns, que permaneceram colonizados, durante décadas, por todo o vaso espectro
do consumo – comprar, comer, beber, entretenimento e espetáculos pagos.
Occupy Wall
Street atraiu
legiões de jornalistas e curiosos, porque era espetáculo absolutamente
diferente. Era uma sociedade miniatura que rejeitava o privado, o individualismo
e o capitalismo.
A
visão de centenas de pessoas que trocavam comida, arte, conhecimento, política,
assistência médica, teto, raivas, ideias, habilidades, competências e amor era
absoluta novidade em nossas sociedades de consumo – porque nenhuma daquelas
trocas se fazia mediante dinheiro (claro que os bens haviam sido pagos por
alguém, em algum momento). Dentro das acampadas e ocupações, milhares
partilhavam a experiência de viver sob democracia direta, numa sociedade que
estavam ajudando a reerguer do fundo do poço.
Essas
sociedades democráticas, mais de 300 que pipocaram pelos EUA em outubro de 2011,
deram fôlego ao movimento Occupy, levando grande número de recém
chegados à participação política a unir-se em movimento orgânico.
O
verdadeiro poder de um movimento social, sejam os dos anos 1960s ou o Tea Party, não está em o movimento
recombinar ativistas já ativos em nova formação; está em atrair para si pessoas
às quais, antes, a atividade política não chegava.
Nas
ocupações, organizadores sociais muito experientes deslumbravam-se com a
quantidade de conversas “fortes”, significativas, com gente que, noutros
espaços, seriam considerados adversários ou, no mínimo, muito distanciados em
termos de origem social e opção política (ou apolítica). Em visita a cerca de 40
ocupações em todo o país, encontrei muitos que se autoidentificavam com
conservadores ou Republicanos e, até, alguns membros do movimento Tea Party, que se diziam parte, também,
dos 99%.
O
movimento Occupy criou o povo – “os 99%” –, não o contrário.
Os
campos e as questões políticas variavam muito, mas, com espaço para discussão coletiva, os
ocupantes tiveram tempo para mastigar a ideia de que os problemas sociais brotam
da concentração de riqueza e poder em mãos “dos 1%”.
Os
sem-assistência de saúde, os sem-casa, porque tiveram de entregar as casas aos
bancos credores, os desempregados, os algemados ao subemprego, os sem-teto
crônicos, os acuados pelas duras leis de imigração, os atolados em dívidas
estudantis, os que se opõe à extração desordenada de recursos naturais, ou
acossados pelo terror do emprego em grandes corporações desumanizadas ou pela
sujeição a um sistema político corrompido pelo dinheiro, encontraram causa comum
a defender e puderam unir-se contra o inimigo de todos.
O
silêncio da mídia-empresa
Mas
não se via ali só a ira ou o ressentimento. Diferentes visões de sociedade
também floresceram naquele espaço ocupado. Como disse Michael Premo, de
Occupy Wall Street:
“Você
acaba sem saber como sonhar, a menos que, às vezes, você tenha algum vislumbre
de como as coisas poderiam ser diferentes. A ocupação destravou a imaginação
criativa, radical”.
Ver
modos diferentes de organizar o trabalho e a vida em comunidade disparou vários
projetos por todo o país, como hortas urbanas, centros comunitários,
cooperativas de trabalhadores, escolas abertas e ocupação, para moradia dos sem
abrigo, de casas e prédios abandonados.
Tudo
isso mudou. Embora algumas raras ocupações ainda se mantenham no interior do
país – em
cidades como Little Rock e Tallahassee – praticamente todas as
demais foram expulsas de seus espaços coletivos ao longo dos últimos seis meses.
Em muitas cidades, mais significativamente em New York, as assembleias gerais
desintegraram-se, porque a prática democrática passa a ser abstração vaga,
flutuante, se não houver espaço no qual possa ser ancorada. O espaço ajuda a
manter próximas e conectadas as diferentes tendências, porque as decisões brotam
de dentro para fora e tem de ser implantadas, igualmente, de dentro para fora,
embora conectadas às comunidades alternativas que crescem em torno dos espaços
ocupados. Nas cidades nas quais as assembleias continuam, reúnem-se hoje,
talvez, um décimo das pessoas que havia no início do movimento. Ruth Fowler,
escritora que trabalha com Occupy Los Angeles, diz que:
“...hoje,
o movimento Occupy está
esquisito. Ficaram aqui os marginais da marginalidade extrema, e os mais
brilhantes. Todos os que se situam entre um e outro desses extremos, estão em
casa”.
Apesar
de novos ativistas terem deixado de chegar às ocupações, o movimento
Occupy absolutamente não desapareceu. Por todo o país, continua a
existir, defendendo famílias ameaçadas de despejo e impedindo leilões de casas
retomadas pelos bancos credores. Há uma campanha nacional para forçar o governo
a dividir o Bank of America em vários
bancos regionais.
Os
estudantes lutam contra aumentos nas taxas escolares e de acompanhamento escolar
e a favor de uma moratória para a dívida estudantil. Membros do movimento
Occupy estão trabalhando com os sindicatos, na luta contra cortes
de salários e benefícios trabalhistas. E muitos grupos de Occupy
uniram-se aos movimentos em defesa da assistência pública à saúde e contra
perfurações e pesquisa ambientalmente agressivas, feitas por grandes empresas de
petróleo e gás.
David
Solnit, que trabalha com o movimento Occupy San Francisco, indica
uma das razões pelas quais há a impressão generalizada de que
Occupy esvaziou-se:
“Todos
os movimentos populares têm momentos de mobilização de massa e momentos de
refluxo... Ainda nos falta uma régua mais precisa, que os números de
participantes em passeata e de acampamentos em espaços públicos, sobretudo
porque os números que se divulgam são divulgados pelas empresas de mídia que,
todas, são propriedade do 1%.”
Em
termos mais simples, as empresas de imprensa tendem a reduzir a importância de
um movimento que é anticorporações e que, em alguns casos, gostaria de vê-las
desaparecer completamente do mapa. Estudo de dois sociólogos aponta também nessa
direção. Em pesquisa realizada em mais de 2.200 veículos da imprensa escrita nos
EUA, Jackie Smith e Patrick Rafail constataram que a cobertura dos movimentos
Occupy caiu a um terço desde novembro, apesar de ainda haver
centenas de grupos Occupy ativos, e milhares de projetos de
organização social e atividades que são extensões do MayDay. E um dado ainda mais
esclarecedor: desde o outono, a cobertura que os jornais impressos dão aos
problemas da desigualdade social nos EUA foi reduzida em cerca de
70%.
O
estado repressor
Pode-se
discutir muito se o movimento Occupy continua vivo e efetivo ou
não. Mas não há como não ver que as desigualdades de renda e riqueza alcançam
hoje picos históricos nos EUA; e que 2/3 da população norte-americana – e 55%
dos Republicanos – dizem que há conflitos “muito fortes” ou “fortes”, no país,
entre “os ricos e os pobres”, segundo o Pew Research Center.
O
silêncio da mídia acoberta também as ações de repressão policial. De fato, a
violência da repressão é também medida de sucesso do movimento, porque mostra o
quanto o estado e os governos o veem como ameaça:
· Em
Oakland, a Polícia usou um tanque, contra manifestantes, no MayDay.
· Chicago
aumentou as penas impostas a manifestantes em espaços públicos e tornou mais
difícil obter credenciais de imprensa, nas vésperas da reunião da OTAN (contra a
qual se previam muitos protestos).
· Funcionários
da University of California estão
processando 11 estudantes e um professor de Poesia, ameaçados de serem
condenados a 11 anos de prisão e multas de um milhão de dólares, por
participação em manifestações pacíficas, contra o Bank of
America.
· Mais
grave que isso, o FBI, criado no
ambiente pós I Guerra Mundial e do medo dos “vermelhos”, está voltando a usar
velhos truques. Servindo-se das mesmas técnicas que usa para envolver muçulmanos
em “complôs terroristas”, o FBI prendeu cinco anarquistas em Cleveland, e
acusou-os de participação num plano para explodir uma
ponte.
· Recentemente,
um ativista em Salt Lake City ,
denunciou que três agentes do FBI invadiram sua casa, sem mandato, perguntando
pelos nomes de pessoas que estariam planejando protestos anti-OTAN em Chicago.
A
repressão visa a impedir que Occupy conquiste espaço, o que o
romancista Arundhati Roy, há meses, já previra que
aconteceria:
“O
mais difícil para o movimento [Occupy] será ocupar e manter seu
território, num estado poderoso e violento como os
EUA”.
Desde
março, Occupy Wall
Street tentou, por quatro vezes, retomar espaços públicos em Lower Manhattan; quatro vezes foram
violentamente atacados pela Polícia. A tentativa mais recente, na noite do May Day, Wall Street foi tomada por gigantesco
contingente de policiais, que ameaçavam de prisão qualquer transeunte que lhes
parecesse “protestador?
Deixe
marinar
Só
o cinema e do vídeo dão ideia justa das calçadas e ruas cobertas de milhares de
policiais em uniforme antitumultos, unidades de vigilância, esquadrões de
atiradores de elite, investigadores, policiais antichoque, policiais de rua,
comandantes em uniformes brancos, falanges de motocicletas policiais, quatro
helicópteros da Polícia e legiões de veículos, automóveis, SUVs, ônibus de
transporte de policiais, caminhões, todos com luzes e sirenes de emergência
ligadas.Tudo isso, contra alguns poucos milhares de pessoas, a maioria jovens,
reunidos em assembleia democrática, animados por uma frágil esperança de que
conseguiriam recriar a magia de Occupy Wall
Street.
Passei
horas na área com outros jornalistas, e fui ameaçado cinco vezes de prisão. Mas
não vi nenhum relato, na grande mídia, daquela ostensiva mostra de força
policial. Mesmo assim, apesar do duro punho do estado, que tantas vezes se vê
bem claro na narrativa jornalística, os movimentos populares, algumas vezes,
escapam pelas brechas e triunfam. Aconteceu no levante popular no Egito.
Multidões em grande número e organização, conseguem fazer o estado recuar e, às
vezes, conseguem por abaixo toda complexa construção do poder. Aconteceu também
dia 14 de outubro, quando Occupy Wall
Street reuniu muita gente, aliados e, até, alguns veículos da grande
mídia, para forçar o prefeito Bloomberg e a polícia a desistir da ameaça de
expulsar a ocupação.
A
grande questão para Occupy é como construir um sistema dual de
poder, como os ativistas egípcios fizeram, ao longo de anos, com sindicatos
revitalizados, movimento organizado contra a violência policial e jovens e
mulheres politizadas das microempresas que existem em grande número nas áreas
urbanas do Cairo. Para tudo isso é preciso organização, o que também nos leva de
volta à questão do espaço. A alienação, a fragmentação e a suspeita são tão
difundidas na sociedade norte-americana, que as pessoas precisam de zonas de
segurança onde possam encontrar-se e partilhar experiências e as próprias
histórias, ouvir e debate, criar laços, forjar elos de mútua confiança e
organizar a ação.
Os
locais nos quais os norte-americanos reúnem-se em grandes números, como parques,
praças, fábricas, shopping centres, locais de trabalho, estádios, escolas e
locais de culto são hoje, praticamente todos, espaços privatizados e sujeitos a
estrito controle pela polícia. O sucesso futuro de Occupy depende
hoje de encontrar – ou de inventar – formas de espaço nas quais se possa
reproduzir.
Até
que as encontre ou invente, Frances Fox Piven acerta ao dizer que os movimentos
populares precisam de uma década, ou mais, para gerar efeitos. Passaram-se 22
anos entre a marcha fracassada de Phillip Randolph em 1941, em Washington, e a
marcha de Martin Luther King Jr, em 1963, que marcou o fim das leis de
segregação racial nos EUA. Transcorreram dez anos, desde a primeira marcha
antiguerra em 1965, até o fim da Guerra do Vietnã. E mais de 20 anos, até que o
movimento de LGBT visse o presidente dos EUA declarar-se favorável ao casamento
homoafetivo.
Foram
anos de organização sindical, antes das grandes greves de 1937 e seus
sit-ins (que também são formas de ocupação), que conquistaram direitos de
negociação coletiva para os sindicatos dos trabalhadores nos EUA. O movimento
Occupy está só começando.
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