Recado (lenista) da Vila Vudu aos “éticos” e
“indignados” de xororô e infindável de-lamentação metida a
“ética”.
— M. Mallarmé,
ne pleurez-vous jamais en vers?
— Ni ne me
mouche.
— Sr. Mallarmé,
o senhor nunca chora em verso?
— Nem choro nem
assoo o nariz.
Stéphane
Mallarmé apud Charles Rosen in Poetas Românticos, Críticos e outros Loucos.
Cotia/Campinas (SP): Ateliê/Unicamp, 2004
[com uma
correção de ortografia e duas pequenas intervenções].
Letteri Café – um dos blogs mais bonitos do mundo (e em língua
portuguesa do Brasil).
Os versos acima, que encontramos
hoje no Blog Letteri
Café aí vão, como lição aos petistas e “éticos” em geral que povoam
nossa TL-Twitter (que usamos, porque
também nos interessa, e por concessão interessada que nos faz a empresa Twitter) e nossa caixa postal g-mail
(que usamos, porque também nos interessa, e por concessão interessada que nos
faz a empresa Google). Para a empresa Facebook – que tem feito o diabo para nos
atrair – nós decidimos não trabalhar de graça por lá. Por hora. Tornaram-se
infinitamente chatas, aquelas lamentações em que os petistas se lamentam pelo
muito que são perseguidos pelo Estadão, pela Folha de S.Paulo, pela revista
(NÃO)Veja, O Globo e por outros ditos perseguidores.
A maioria lamenta-se pelo muito
que são perseguidos pelas empresas; poucos são os que se lamentam pelo muito que
são perseguidos por jornalistas empregados dessas empresas, a maioria dos quais
são fascistas sinceros, com muitos fascistas de aluguel no plantel. Já aí, é de
estranhar-se tanta lamentação metida a “ética”.
Empresas não existem para ser
justas ou éticas ou elogiadoras de petistas “éticos”. Empresas existem para
gerar lucros e permitir a acumulação de mais-valia, gastando para isso o mínimo
possível e criando para isso o menor número possível de empregos e pagando para
isso o menor salário possível. As empresas de jornalismo e mídia são empresas
como quaisquer outras.
Nada, no mundo, obriga alguma
empresa-mídia a elogiar petistas “éticos”, senão quando os elogios impliquem
maiores lucros ou mais fácil ou mais rápida acumulação de mais valia, caso em
que os elogios já nada significam e viram business (no plano comercial) e
“espetáculo”, que é pura “ideologia objetivada” (no plano político).
Os petistas “éticos” – e os
indignados “éticos” e Cansados-da-FEBRABAN de modo geral – nada sabem de Marx,
mais valia e/ou objetivos das empresas no mundo do capital. Mas talvez entendam
o recado de Mallarmé: em verso (como em qualquer discurso que se pretenda
político-estético-revolucionário e na boa propaganda política de democratização)
pode-se fazer praticamente tudo. Exceto chorar, xororô, se-lamentação triste e
assoar o nariz.
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