sábado, 12 de maio de 2012

Nem chorar nem assoar o nariz nem se lamentar


Recado (lenista) da Vila Vudu aos “éticos” e “indignados” de xororô e infindável de-lamentação metida a “ética”.

— M. Mallarmé, ne pleurez-vous jamais en vers?
— Ni ne me mouche. 
— Sr. Mallarmé, o senhor nunca chora em verso?
— Nem choro nem assoo o nariz. 
Stéphane Mallarmé apud Charles Rosen in Poetas Românticos, Críticos e outros Loucos. Cotia/Campinas (SP): Ateliê/Unicamp, 2004
[com uma correção de ortografia e duas pequenas intervenções].
Letteri Café  – um dos blogs mais bonitos do mundo (e em língua portuguesa do Brasil).

Os versos acima, que encontramos hoje no Blog Letteri Café aí vão, como lição aos petistas e “éticos” em geral que povoam nossa TL-Twitter (que usamos, porque também nos interessa, e por concessão interessada que nos faz a empresa Twitter) e nossa caixa postal g-mail (que usamos, porque também nos interessa, e por concessão interessada que nos faz a empresa Google). Para a empresa Facebook – que tem feito o diabo para nos atrair – nós decidimos não trabalhar de graça por lá. Por hora. Tornaram-se infinitamente chatas, aquelas lamentações em que os petistas se lamentam pelo muito que são perseguidos pelo Estadão, pela Folha de S.Paulo, pela revista (NÃO)Veja, O Globo e por outros ditos perseguidores.

A maioria lamenta-se pelo muito que são perseguidos pelas empresas; poucos são os que se lamentam pelo muito que são perseguidos por jornalistas empregados dessas empresas, a maioria dos quais são fascistas sinceros, com muitos fascistas de aluguel no plantel. Já aí, é de estranhar-se tanta lamentação metida a “ética”.

Empresas não existem para ser justas ou éticas ou elogiadoras de petistas “éticos”. Empresas existem para gerar lucros e permitir a acumulação de mais-valia, gastando para isso o mínimo possível e criando para isso o menor número possível de empregos e pagando para isso o menor salário possível. As empresas de jornalismo e mídia são empresas como quaisquer outras.

Nada, no mundo, obriga alguma empresa-mídia a elogiar petistas “éticos”, senão quando os elogios impliquem maiores lucros ou mais fácil ou mais rápida acumulação de mais valia, caso em que os elogios já nada significam e viram business (no plano comercial) e “espetáculo”, que é pura “ideologia objetivada” (no plano político).

Os petistas “éticos” – e os indignados “éticos” e Cansados-da-FEBRABAN de modo geral – nada sabem de Marx, mais valia e/ou objetivos das empresas no mundo do capital. Mas talvez entendam o recado de Mallarmé: em verso (como em qualquer discurso que se pretenda político-estético-revolucionário e na boa propaganda política de democratização) pode-se fazer praticamente tudo. Exceto chorar, xororô, se-lamentação triste e assoar o nariz.

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