Laerte Braga ao microfone |
Laerte
Braga
Carlos Cachoeira é um dos
“cavalheiros” da Távola Redonda do capitalismo e daí? O resto? O próprio jornal
O GLOBO – parte de qualquer esquema de corrupção que existir aqui e além mar –
afirma que a Norberto Odebrecht deve “herdar” as obras da DELTA e isso seria um
“alívio” para todo mundo.
Todo mundo quem? Como é que
funciona esse trem de “herdar” obras, o que vai rolar por baixo dos panos na
transação DELTA/Odebrecht? A DELTA vai entregar as obras assim sem mais nem
menos? Vai ser vendida, como vem sendo dito, ou essa venda é aquela conversa de
“sujou para você, finge que sai para acalmar a turba e depois a gente volta com
tudo, fique tranqüilo garantimos o seu?”.
Será que tem quem acredite que a
Odebrecht usa esquemas diferentes dos usados por Cachoeira? Não, claro que não
usa. A diferença é de padrão de qualidade na bandidagem. Só isso. Eficiência no
quesito corrupção.
O mesmo O GLOBO publica
entrevista, edição de sábado, dia 5 de maio, com Andressa Mendonça, mulher de
Cachoeira, em que a dita afirma ter sido convidada pela revista PLAYBOY para
posar nua e recusou. Todas as CPMIs de maior impacto na opinião pública tiveram
esse esquema posto em prática para desviar o foco do principal, a escolha da tal
musa da CPMI.
Foi assim com a secretária de
Marcus Valério, que depois virou candidata a deputada e perdeu. Se CPMI ou não,
mas com a mesma dimensão, aquela que rifou um presidente da Câmara – Severino
(?) - figura tão ridícula que nem dá para lembrar o sobrenome. Exigia propina
dos concessionários de restaurantes na tal “representação popular.” A revista à
época andou atrás da mulher do dono do restaurante e antes que ela dissesse não
o marido deu o aval. Medo de perder a concessão.
Putz! O GLOBO está impossível com
medo de cachoeiras maiores. Na coluna PANORAMA POLÍTICO, sábado, cinco de maio,
está lá que o presidente nacional do PSDB e o líder do partido na Câmara,
respectivamente o senador Sérgio Guerra e o deputado Bruno Araújo, pediram ao
deputado Carlos Leréia de Goiás, que se licenciasse do partido por conta de suas
ligações com Carlos Cachoeira. Resposta do deputado:
“Peraí. Deixa eu ver. Vocês querem se livrar de mim porque sou
amigo do Cachoeira há trinta anos. E o deputado Eduardo Azeredo que é réu na
Justiça? E o (senador) Cicero Lucena que foi preso? E vocês querem expulsar a
mim?”.
O deputado Leréia poderia ter
citado o ex-governador José Serra, o senador Aécio Neves, todos dois com
“ligações” com Cachoeira. Aécio se esqueceu que nasceu em Minas Gerais (alias,
se solto na capital assim, no centro, só chega a um destino de táxi; do
contrário não sabe onde está) e disse que nomeou a prima de Cachoeira para um
determinado cargo em seu governo “pelas qualificações” da moça.
Essa história toda de Cachoeira
tem conexão com a então governador de Brasília José Roberto Arruda, vem de lá
também, um punhado de negócios de peso em Brasília, passa pelo Caixa 2 do PSDB e
da campanha presidencial de José Serra (Cachoeira e os demais “cavalheiros” da
Távola Redonda da corrupção do capitalismo), aporta na prefeitura de São Paulo,
no governo do estado, em Minas nos desvarios de Aécio – o estado está falido e
Anastásia foi festejar seu aniversário de 51 anos na Itália – se espraia pelo
Rio de Janeiro de Sérgio Cabral e no fim de tudo o paladino da moral e dos bons
costumes é Anthony Garotinho, bandido de quatro costados, isso em falar em Paulo
Hartung , o dileto de Cachoeira no Espírito Santo.
VEJA fica fora a despeito das
conversas gravadas – legalmente – que indicam as ligações da revista com
Cachoeira através do seu diretor Policarpo Júnior. Matérias com denúncias
inventadas para fortalecer o esquema do empresário. Pelo menos até agora os
integrantes da CPMI não convocaram o dito cujo.
A capa da última edição começa a
bombardear Cachoeira e Demóstenes. Ou um grande acordo por baixo dos panos, ou
chumbo trocado não machuca, ou o poder de chantagem da revista sobre o
empresário e o senador é maior do que um e outro supunham.
O que é mais provável, já que a
mídia de mercado vem como um touro desembestado chifrando tudo que vê pela
frente, na defesa da intocabilidade de determinados bandidos, os
próprios.
Essa é uma parte da história da
semana.
Há outra, tétrica. As denúncias
sobre o uso de usinas de açúcar em Minas e no Rio para a queima de corpos de
presos políticos durante o período da ditadura militar e a cândida declaração do
coronel Brilhante “Pústula” que “nunca matei ninguém”, tentando desmentir a
conversa que o delegado Sérgio Paranhos Fleury foi assassinado pelos próprios
aliados, no interesse da segurança da repressão (complicado, mas é, segurança da
repressão) e dos “negócios”, óbvio, já que a ditadura militar foi um movimento
concebido em Washington e adjacências, com o fito – ainda existe essa palavra? –
de manter intocados os “negócios”.
É difícil imaginar uma cachoeira
sendo “queimada” numa usina de açúcar em Minas, ou no Rio de Janeiro. Os tempos
são outros, a turma voltou para os porões e paira uma farsa democrática sobre o
País. A despeito dos banqueiros, latifundiários, da FIESP/DASLU, das polícias
militares, mas paira.
Os “negócios” não. Esses são os
mesmos. A guerra entre os “negociantes” é canibalesca. Terminado o festim, os
ossos aos cães.
Vamos a um exemplo.
No Estado do Espírito Santo o
engenheiro Lauro Koehler desenvolveu o projeto CAMINHOS DO CAMPO destinado a
permitir a construção de estradas vicinais a um custo reduzido, beneficiando
ponderável parcela da população do estado. Projeto liso, limpo e pronto. Por
volta de 2005 o governador era Paulo Hartung e o secretário da Agricultura o
atual senador Ricardo Ferraço, PMDB, então PSDB (foi tesoureiro de
campanha).
O projeto foi executado em algumas
áreas do estado a partir da Secretaria da Agricultura e o custo era de 600 mil
reais, então, para cada estrada se observado o projeto do engenheiro Koehler.
Esse custo cobria cinco quilômetros. Segundo o senador e “tocador” do projeto a
DELTA fez treze estradas ao custo de 33 milhões, logo dois milhões e trezentos
mil por estrada. Quase quatro vezes mais o custo previsto no projeto CAMINHOS DO
CAMPO. O golpe do material de segunda, custo mais baixo, propina mais larga,
lucro maior. O engenheiro aqui citado não tem nada a ver com o secretario
Ferraço, hoje senador, pelo menos “até prova em contrário”.
Várias outras foram executadas por
empresas diversas e isso é realidade no País inteiro.
Com um detalhe, o senador Ferraço
é integrante da CPMI do Cachoeira. Como é que fica? Bandido apurando fatos
criminosos de outro bandido, de um parceiro?
No duro mesmo todo esse rolo tem
um nome só, capitalismo. O modelo da “competitividade”, da “eficiência” e vai
por aí afora.
Os telejornais das tevês
brasileiras não mostraram uma única imagem dos imensos protestos de primeiro de
maio dos trabalhadores nos Estados Unidos e a retomada do movimento Ocuppy Wall
Street.
Não dão tiro no pé, como agora a
mídia de mercado como um todo, no caso Carlos Cachoeira. O azar de Cachoeira é
não ter sangue azul como Odebrecht, ou Andrade Gutierrez, ou Queiroz Galvão. Vai
sair chamuscado, pegar um tempo de cadeia (se não aparecer nenhum Gilmar Mendes
no meio do caminho), mas garantir uma aposentadoria tranquila e quem sabe uma
volta aos “negócios” por baixo dos panos?
A usina em qualquer versão, cinemascope ou preto e branco, é sempre
o capitalismo. O que varia é a forma da barbárie. Uns são animalescos, caso de
Brilhante Pústula, outros se assentam civilizadamente à volta de u’a mesa
redonda.
Não são nem cavaleiros e nem
“cavalheiros”.
Enviado por Sílvio de Barros
Pinheiro
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